Amizade um Principio de Reciprocidade

Temos na filosofia uma medicina muito agradável, pois, nas outras, sentimos o bem-estar apenas depois da cura; esta faz bem e cura ao mesmo tempo.

Muito se perde por falta de inteligência, porém muito mais por preguiça e aversão ao trabalho.

A demasiada atenção que se emprega em observar os defeitos dos outros, faz que se morra sem ter tido tempo de conhecer os próprios.

A paixão da leitura é a mais inocente, aprazível e a menos dispendiosa.

São curtos os limites que separam a resignação da hipocrisia.

Poucos homens foram admirados pelos seus criados.

O pobre lastima-se de querer e não poder, o avarento ufana-se de que pode, mas não quer.

Nunca devemos dizer tudo, pois seria tolice; mas é indispensável que aquilo que se diz corresponda ao nosso pensamento; de contrário, é maldade.

Se, por vezes, o juiz deixar vergar a vara da justiça, que não seja sob o peso das ofertas, mas sob o da misericórdia.

Quando não podemos gozar a satisfação da vingança, perdoamos as ofensas para merecer ao menos os louvores da virtude.

Todo o nosso mal provém de não podermos estar sozinhos: daí o jogo, o luxo, a dissipação, o vinho, as mulheres, a ignorância, a desconfiança, o esquecimento de nós mesmos e de Deus.

Nenhum animal é mais calamitoso do que o homem, pela simples razão de que todos se contentam com os limites da sua natureza, ao passo apenas o homem se obstina em ultrapassar os limites da sua.

O compromisso multiplica por dois as obrigações familiares e todos os compromissos sociais.

Não existe nada igual ao sabor do pão partilhado.

A igreja é o único lugar onde alguém fala comigo e não tenho de responder.

O mal do nosso tempo é a superioridade. Há mais santos do que nichos.

Uma fealdade e uma velhice confessada são, a meu ver, menos velhas e menos feias do que outras disfarçadas e esticadas.

Os anos que uma mulher subtrai à sua idade não são perdidos. Ela acrescenta-os à idade de outras mulheres.

Todo o universo poderia ser conduzido por uma única lei, se essa lei fosse boa.

Saber de cor não é saber: é conservar aquilo que se deu a guardar à memória.