Amigo sem Vc Nao sei o que seria de Mim

Cerca de 714838 frases e pensamentos: Amigo sem Vc Nao sei o que seria de Mim

O FLAMENCO DA POVEIRA

⁠Como ela dançava e cantava o flamenco
Nas praças da minha infância,
À compita com Juvenço
Moço tropa de bota alta
Tipo peralta,
Mas homem sem substância.
Rodopiava louca
E batia em sincronia
O tacão
Dos sapatos da ilusão
E cantava com voz rouca,
Já com energia pouca,
Nos tempos de servidão.
Emília, a ti Poveira,
Mulher de raça
Sem trapaça
E dos copos
Só, sem tremoços,
Que a esmola não dava trocos
Para mais que o copito
Absorvido
Engolido
De súpeto
Feito ímpeto
Na garganta ressequida,
Ferida,
Naquela tarde de esfolar o pito.

(Carlos De Castro, in Poesia Num País Sem Censura, em 30-07-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠QUANDO O MALABARISTA É TAMBÉM MANIPULADOR

Nasceu na ralé dos seres impuros
Fruto de sexos inseguros
De sífilis que atacavam a esmo
Mesmo
Quando procriavam
No cio que inventavam.
Mostrava cabeladura farta
Escondendo nos entrefolhos
Rimas e rimas de piolhos
À conquista da cidade
Que não era dele na idade
Nem na pureza das raças
Das couraças
Da verdade tripeira
Por inteira.
Tocava, diz com nostalgia,
Em conjunto de esfolar ao bicho
Nas guitarras e batuques do prolixo
Que vozes, de verdade não havia!
Hoje, um dos tantos vadios,
Homem sem caráter e de palavra falsa,
Arranjou uma senhora de brios
E faz relação com ela, como se fosse valsa
Dançada ao som da vaca fria.
É um malabarista
Que se diz artista
De manipulador,
Esterco, o estupor.

(Carlos De Castro, in Praia dos Pescadores, em 31.07.2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠C O N S T R U O

Construo.
Pontes e açudes,
Casas e palheiras,
Amizades rudes,
Pipas de almudes,
Sem vinho de levar
À construção
Das bebedeiras
Por embebedar.
Na singular
Imaginação
De tantas asneiras
E maluqueiras
Ainda por contar
Nestas construções
Sem alicerces de raiz,
Nem tetos,
Só ilusões
Como a vida
Que não chega a netos,
Sem bons arquitetos.
Num desabafo, eu digo:
Gosto mais de construir
O meu dia sereninho
Como um passarito
Bonito,
Constrói também o seu ninho
Com os fios do chão
Que a natureza dá de mão,
A cada pobre irmão.

(Carlos De Castro, in Poesia num País Sem Censura, em 01-08-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠⁠DORME MINH'ALMA

Que felicidade, que maldita sorte!
Conseguir que a minha durma!
Mesmo sem ser já na morte
Nem nas vésperas da soturna!

Dorme, minha alma, dorme
Em teus lençóis, tão tranquila
Enquanto descansa a fome,
Da minha miséria sibila.

Ó, forças da natureza,
Deixai minh'alma dormir
Em silêncio e singeleza,
Na incerteza do que há de vir...

Lá, pelas encostas da vida,
Naquelas montanhas de calma,
Eu peço, eu rogo à gente dormida,
Que deixem dormir a minh'alma!

(Carlos De Castro, in Poesia Num País Sem Censura, em 02-08-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠Quando vemos, ouvimos e lemos, mas ignoramos os males da sociedade, sem escrever sequer uma letra ou articular uma só palavra, ficamos a pertencer irremediavelmente ao clube dos mais covardes da história do mundo.

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠Nem sempre eu amo a quem quero, mas quero sempre a quem amo.

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠Para poucos fiéis, missa curta; a minha.

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

TRISTE QUIETUDE

⁠As árvores cansadas da dor
Deixavam cair seus braços tão tristes
E o sol castigava as pedras do chão
Como ferro quente a marcar o gado,
Na tarde já morta de sede.
Só uns cabelos de oiro
Esvoaçavam loucos na brisa infernal...
Eram os teus procurando os meus,
Na triste quietude da tarde defunta.
Fugiram os pássaros e tudo o que é vida
Da vida que tem sangue nas veias.
Dolorosamente, em prantos de cinzas
As árvores tornaram-se pó
E os ramos partiram-se numa chuva
De mil pedaços queimados.
O sol escondeu-se amedrontado;
A tarde e a brisa quente
Feneceram de saudade.
Só ficaram os teus cabelos de oiro
Sempre à procura dos meus,
Revoltos na triste quietude...
Mas tudo tão inútil.

(Carlos de Castro, in Poesia Num País Sem Censura, em 27-08-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠ADORAÇÃO DOENTIA

Como eu te adoro amor sagrado,
Se tu soubesses tanto tanto
Que por vezes eu garanto
O quanto no pranto,
O tenho abafado.

Como náufrago que vai a nado
Com um poema erguido
Na mão cansada, fremido,
Como se carregasse um fado
No fardo às costas sentido.

No destino de dor suprema
Num cântico de heresia
Pão, sopa e vinho, poema
Como eu te amo, minha pena,
Minha louca poesia!

(Carlos De Castro, in Poesia Num País Sem Censura, em 27-08-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

QUADRAS DESATADAS

⁠Bom dia, é uma saudação
Aos amigos que escolhemos
Mas é também reflexão
Para os desafios que temos.

Pensei que o ser já o era,
Enganei-me estupidamente,
Ao ver uma terrível fera
Beijar a pomba inocente.

É um exemplo a seguir,
Nesta jornada de perigos,
E assim se fazem os amigos
E outros que estão por vir.

Na praia, uma branca rosa
Marca o nosso sítio de amar,
A nossa flor tão chorosa
Ao ser levada pelo mar.

Não longe vem o Outono,
Adeus Verão que já rodou
Como a roda da tua saia
Na saudade que ficou.

(Carlos De Castro, in Poesia Num País Sem Censura, em 28-08-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

I N V E N Ç Ã O

⁠Fui eu que inventei o amor,
Mesmo sem saber se era dor
Aquele ardor que se sente
Logo que se pronuncia
A palavra amor.

Senti-lo, é bem pior
Do que praticá-lo?
Eu sei lá!
Só sei que o amor
É uma coisa
Que quase deixaram
De pronunciar
Com medo do bicho amor.

Afinal, não fui eu
Que inventei o amor
E jamais
O inventarei.

(Carlos De Castro, in Poesia Num País Sem Censura, em 01-09-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠BARCO AO PERTO

Quem me dá um barco?
Sim, um barco à vela.

Onde eu possa navegar
Ao perto do longe,
Que muito longe
Eu tenho medo
De navegar.
Eu só navego sem medo,
Nas ondas brandas,
Calmas,
Do teu olhar.

(Carlos De Castro, in Poesia Num País Sem Censura, em 01-09-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

DIZ-ME NUM VÓMITO

Diz-me, porque estás triste ?
Amor rebelde, sem meu coração
Do sangue que pedias
Com a tua espada em riste,
Nessa mão,
Tremulando
Velhinha de emoção
Como a minha ficando
Apalpando o que não existe.

Diz-me, porque estás triste ?
Assombramento meu,
Sempre ao cimo da minha cama
De penas,
Tão apenas
Nas noites claras de breu,
Quando eu tinha medo de mim
Ao subir as escadas da cama musical
De bacanais infernal,
Que dizem ser ruim,
Até a do Orfeu.

Maldito seja eu
E quem me desafia
Em euforia,
Nesta noite tão só, tão fria,
Em que vou, sem vir
Mais que tempo de ir
Sem pena
Nem pensar
De voltar.

Diz-me, porque estás triste?...

(Carlos De Castro, " in Portugal Sem Censura, No Brasil, Sim", Em 06-09-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

SENHORA DAS ÁGUAS

Mulheres grávidas,
Mas ainda castas...

Dizei-me, ó águas
Revoltas,
De placentas soltas
Quais as origens
Da senhora das águas
Virgens,
Como a senhora
Governadora
Das águas do mar?

Dizei-me também, senhora:
Quando nasceram as águas
Das minhas mágoas
Sem mandrágoras,
Sem fé,
Em sacrilégios, até?

Vieste sozinha,
Senhora minha,
Ajudar ao parto
Das águas da vida
Guardadas em tua guarida.

Por isso, nunca nasço
Nem nascerei sem águas
E sem o sangue que não se vê
À partida,
Senhora das Águas
Das mágoas
Da minha vida. ⁠

(Carlos De Castro, in Poesia Num País Sem Censura, em 09-09-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠Um homem só deixará de ser livre, quando lhe roubarem as chaves da sua gaiola.

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

NA VARANDA

⁠Dois, na varanda.

Duas cadeiras baloiçando
Como a brisa esvoaçando
Por entre macieiras sem fruto.

Ouvia-se a bola chutada por um puto
No sussurro da tarde triste
Que mesmo magoada resiste
Ao sonho do bem-amar
O que não existe
Na solidão dum olhar.

Dois, na varanda,
Duas cadeiras baloiçando...
Era só eu, num sonho que manda
E a nostalgia do vento brando.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 21-09-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠CONSTRUÇÃO

Ele construía tudo.

Desde o alicerce mudo
Até ao telhado
Que lhe cobria o pecado
De pintar as paredes
Com cordas e redes
Para sustentar o verbo
Das falas que adjetivava
Um presente sem futuro
Quando mergulhava
Nos advérbios do obscuro
Sem pretéritos perfeitos
Ou mais que imperfeitos.

Ele, o poeta, contruía tudo,
Mas a si próprio, não!
Arquiteto de ar sisudo,
Com a pá da paz na mão.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 21-09-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠RISO DA MANHÃ

Sempre que rio pela manhã,
À tarde choro lacrimoso,
À noite vem o pranto doloroso
Com lágrimas que queimam,
Sulfúricas,
As minhas ilusões telúricas,
Sempre que rio pela manhã.

E neste signo de afã,
Eu prometi a mim mesmo:
Não rir mais pela manhã!

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por escrever, em 23-09-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠Que perigosas são as mentiras ou as verdades mal confessadas,
quando houver quem queira metê-las no mesmo saco, asfixiando a pureza da verdade.

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

DOU-VOS

⁠A minha tonta cabeça.
Fazei dela bola de futebóis
Nas vossas disputas de álcoois.
Dou-vos os olhos quase mortos
Tristes e absortos.
Dou-vos o peito magoado
Sem jeito de construção
De um novo estrado
Para tapete de chão.
Dou-vos barriga e vísceras
Algumas com úlceras.
Dou-vos os braços e pernas
Já de ossos com cavernas.

Só não vos dou o meu coração
Esse órgão de eleição -
Já o dei a alguém
Que Deus tem -
Desde que nasci até então,
Àquela que me deu a vida
Sofrida,
À minha querida
Mãe!

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 26-09-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.

Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.

Entrar no canal do Whatsapp