Amiga Mensagem Ana Maria Braga
Maré -
Quando um dia eu morrer
como os rios ao correr
quero ser espuma do mar;
hei-de ser um Céu estrelado
ser vento desnorteado
que me leve pelo ar.
Quando um dia eu morrer
e alguém por mim sofrer
quero o mar por sepultura;
a maré como um caminho
barco triste, tão sozinho,
que o infinito procura.
Quando um dia eu partir
direi adeus a sorrir
saberei como voltar;
voltarei em dia vão
no rimar da solidão
e na espuma do mar.
À Deriva -
Recordo meu Amor aquele dia
tão longe das promessas que fizemos
recordo meu Amor o que dizias
os sonhos, as palavras que dissemos.
Das noites que passei em solidão
à deriva no pulsar da minha dor
das horas que sofreu meu coração
deixa que te lembre meu Amor.
Minh'Alma caminhando pelas ruas
foi vivendo esse desgosto que é só meu
erguendo minhas mãos eu toco as tuas
olhando o meu retrato vejo o teu.
Dois barcos sem destino, dois lamentos,
dois corpos à deriva pelo rio
dois olhos que não veem, dor, tormento
dois peitos que se amarram no vazio …
Quadras de uma Alma despojada -
Num tampo de mesa fria
escrevi da minha solidão,
amargas dores que sentia
como espinhos no coração...
Nessa dor que remoemos,
nesse querer e nunca ter,
há sempre alguém que não temos
nessas horas de sofrer.
À mesa do que não temos
nem a vida nos diz nada
só lembrando o que perdemos
dessa vida já passada.
À mesa do destino
vai passando a nossa história
meus cansaços de menino
'inda me toldam a memória.
Estes versos, por piedade,
tem minha dor por filha,
nesta mesa, na verdade,
só o nada se partilha.
Num doer que não esquecemos
num esquecer qu'inda nos dói,
o porquê de não morrermos,
desta ângustia que nos mói?!
Se eu pudesse tirar da mente
esta dor que me esvazia,
não era o poeta que hoje sente
neste tampo de mesa fria.
Retracto de Celeste -
És filha do Fado! Irmã do Tejo ...
Um verso de Poema! Uma guitarra ...
És silêncio de seda, Lisboa de mil beijos,
que sobre a vida se debruça e amarra!
És a glória do meu punho de poeta
que treme ao sentir o coração ...
És a cor de uma imensa aguarela
que alguém pinta ao vencer a solidão.
Teu cantar é de cetim, em mim, é saudade,
de Camões, a voz, num semblante Portuguez!
És poema inacabado, tempo sem idade,
que repousa no regaço da eterna D. Ignês!
Óh Celeste derradeira, Fonte de Leanor,
descalça pela cal da madrugada,
pisando lirios, alabastros, sobre a dor,
indo e caminhando pela vida, tão amada ...
tão amada ...
(Para Celeste Rodrigues)
Quero Envelhecer -
Quero envelhecer!
Preciso envelhecer!
Sair desta nefasta juventude
que me queima a liberdade!
E poder te acompanhar ...
Sou jovem, prisioneiro
desta triste juventude.
Quão triste! ...
Quero envelhecer!
Preciso envelhecer!
Sair deste corpo
onde a beleza paga preço.
Tão alto! Tão alto!
Beleza e juventude -
- a minha solidão ...
Sou jovem - infeliz!
Por não ser eu - o que quero -
- quero ser ...
Juventude é violência,
velhice é silêncio e harmonia.
Calma quente em dia frio!
Quero envelhecer!
Preciso envelhecer!
E poder te acompanhar ...
Meu Retrato -
Minha angustia sem fim
solidão que me prende
ai distancia de mim,
ninguém a entende.
Meu lamento sem tecto
minha casa sem porta
tao longe do afecto
sou filho que se aborta.
Ai loucura de quem
só vive de loucura
sou nada que vem
num passado que perdura.
Tão distante da Vida
tão frágil e forte,
ai esperança perdida
à espera da morte.
Minha infancia marcada
meu canto de fado
numa triste fachada
algures meu retrato.
Infortunio -
Sinto não saber quem sou!
Porque habito neste corpo!
Porque vivo neste mundo!
Trago por ilusão uma ilusão
comigo ...
Não sou nada! E por nada ser,
nada posso ...
Nem bem, nem mal ...
Aonde ir ... não sei ... também!
Talvez peça demais à Vida!
Talvez lhe queira o que nunca
me dará!
Conhecer meu Ser sem fundo ...
Mas se a Vida me deu a Vida,
e isso é Grande, porque ma deu
infeliz e bloqueada, mal amada?!!
Melhor seria que ma não tivesse dado!
Não a pedi! Não a queria! ...
Esperando por Alguém -
Vontade que me escalda!
Sentir teu corpo no meu corpo,
olhar teus olhos,
entre frémitos e espasmos.
Ai loucura dos teus dedos
percorrendo as teias longinquas
do meu medo ... eu desejo ...
ser noite, madrugada,
auroras floridas, radiantes,
de petalas no leito, secas,
perfumadas, debruçadas sobre o nada
que somos um do outro ...
... hora amarga, hora doce,
hora de espuma e de espanto!
Onde as linguas, humidas,
tecidas de loucura,
se erguem, tacteando a lucidez
do pensamento sem pensar ...
Por trás de uma Moldura -
É longa a hora onde
começa a noite escura
e toda a gente se esquece
que o tempo nos adormece
num retrato que se esconde
por trás de uma moldura.
Passa o vento devagar
hora breve de ninguém
hora turva onde somos
lembrados, que já fomos,
quem o tempo nos quis dar
esperando por alguém.
Dança a Lua em dia claro
brilha o Sol em noite escura
num sopro que a Vida esconde,
nessa longa hora onde
fica o tempo que é tão raro
por trás de uma moldura.
Há Noites -
Há noites esquecidas nos teus braços
embalando a solidão dos dias puros
suspirando de silêncio em meu regaço
nascem goivos dos meus passos prematuros.
Há noites que guardamos num só grito
à hora das mentiras de um amor
há palavras que nos deixam sem sentido
caminhando pela vida numa dor.
Há noites que nos deixam para trás
tropeçando no que a vida tem de duro
esquece-las quem me dera p'ra ter paz
pudesse eu apagar teu olhar puro.
Há noites, tantas noites sobre o dia,
e do dia, nada resta, só a noite,
um dia amei alguém que não me via,
e vivi, dias e dias sobre a noite.
Infidelidades -
Dão-lhes uma vida
num mundo tão belo
mas deixam-na esquecida
numa arca de gelo.
Fazem covas na Alma
p'ra não serem si mesmos
mentem, dizem que amam
parecendo cordeiros.
Depois travam o Espírito
que se ergue na vontade
numa Pátria de Proscritos
num viver que é maldade.
Alegram-se de não saberem
o destino a seguir
vão vivendo sem quererem
fugindo sem pedir.
Penteiam na saudade
as Histórias do Passado
numa falsa Virgindade
de um Credo rezado.
Nossos crânios de vidro
estão prestes a quebrar
por sentimentos partidos
de tanto pensar.
E porquê viver a vida
entre gentes tão frias
minha morte é mais querida
minhas noites são dias.
Que só a morte me leva
à verdade e à vida
deste mundo de treva
desta gente fingida ...
Guitarra -
Uma guitarra gemia
a um canto da saudade
se cantava ou se sofria
ninguém via na verdade.
Numa viela sombria
há um canto peregrino
uma guitarra perdia
o pisar do seu destino.
E num cantar de solidão
há uma voz que se levanta
recostada ao coração
é uma guitarra que canta.
Traz uma glória perdida
nos braços tristes de ninguém
há uma guitarra sofrida
chorando triste por alguém.
Tristeza Amparada (ser Poeta) -
Não sei se quero ser poeta!
Amparado ao ombro da solidão,
não sei se quero estar só,
nos braços dos meus versos,
nas rimas do meu fado,
num pensar sem coração ...
Não sei se quero este sentir d'água,
este estar só, acompanhado,
em dias angulares, de amargas culpas,
tão frias como o mar!
Que ser poeta é morte anunciada,
é saudade, turva saudade,
num peito a palpitar,
num corpo a bombear ...
E afinal a que me dei?! ...
Ser poeta é tristeza amparada!
Se a quero, não sei ... não sei ...
A Sós com o Mar -
Nas descalças areias deste mar
recordo o mar que nunca tive ...
... meu sonho feito ao mar!
O destino que sonhei é longe do que sou!
P'ra outro destino não vou!
Dor, espuma, espanto na solidão das ondas
que esbatem nestas rochas!
Eu e Ele a sós! O mar! O mar! ...
É de pedra a minha dor,
é d'água o meu sonho,
meu corpo feito de pó,
minhas lágrimas sem cor ...
E há um pássaro que voa,
um Sol que se esmurece,
eis que passa uma pessoa,
viver assim, ninguém merece!
Raiva e Solidão -
Trago em mim a solidão de um dia triste
trago a raiva de uma noite que não chega
trago a ânsia que me escorre, que persiste,
minha taça de veneno e incerteza.
Meu cálice de piedade e solidão
são as horas que te espero e tu não chegas,
a raiva que me aperta, amarga o coração,
derrama no meu peito flores secas.
É raiva, é loucura, é tormento,
desde aquela hora triste em que te vi,
um cavalo que me sulca o pensamento,
num galope, num passar, longe de ti.
Trago as dores de um poeta que se cala
trago em mim um sofrimento sem perdão
na distância dos teus olhos, que me embala,
agonia é silêncio, raiva é solidão.
Destino sem Rumo -
A minha voz ao cantar
traz um lamento desfeito
é como as ondas do mar
que se enrolam no meu peito.
Canto um fado e outro fado
numa saudade sentida
trago o destino marcado
e a minha vida perdida.
Cantar é saber da vida
o que a vida sabe do mar
quando a vida está perdida
outra vida há que esperar.
À deriva p’la cidade,
procurando outro caminho,
não me deixo ter saudade,
quem se vai, segue o destino.
Brevidade do Tempo -
A vida é breve ...
A vida é curta ...
E não há tempo suficiente
para perceber a ligação
entre todos os acontecimentos
que vivemos!
Há que decidir! Caminhar!
Ir em frente! Avançar!
Estar inteiros em cada instante
e em cada momento de vida
por onde passamos.
É só isso que nos resta.
Cada momento como sendo unico
e ultimo ...
Meu Estar ... agora -
Agora só num mundo que me apavora ...
Agora só numa ângustia que me bebe ...
Agora só no pulsar da Vida ...
Agora só! Tão só! Que dó!
Dois lamentos, dois destinos,
dois corpos que se entrechocam
no passar das coisas vãs ...
Um é meu! Outro da vida!
Agóra só! Tão só! Que dó!
Nada é longo! Tudo é breve!
Como a morte que sucede
ou a vida que arrefece.
Agora só! Que dó!
À chegada e à partida - sou nó!
Tão só! Tão só!
E alembro os olhos verdes,
espelhados, sem fim,
de uma aurora que me criou!
De uma "velha" que me amou
numa infância JAZ morta.
Minha Avó! Minha Avó!
Que é morta - também!
Estou só! Tão só! Que dó!
Partiu! Não volta!
Minha Avó! Minha Avó! ...
Doce Madrugada -
Numa noite, madrugada,
minha triste solidão
que me vive além do tempo,
numa cama já cansada
de esperar teu coração
enlaçou meu pensamento.
Eu dormi no teu silêncio
e acordei este lamento
minha doce madrugada,
meu amor, triste silêncio
meu amor este tormento
não me deixa ver mais nada.
Tua falta, meu amor,
arrefece a confiança
torna grande o meu cansaço,
ai da vida a minha dor
que me deixa sem esperança
na esperança de um abraço.
A minh’Alma tão cansada
já não pode mais fingir
que não está de si perdida,
adeus, triste madrugada,
vou-me embora, vou partir,
p’ro outro lado da vida.
Toada -
Tenho em mim uma ilusão
no raiar da madrugada
vou salvar meu coração
ao cantar esta toada.
É um fado que me eleva
numa esperança que se ergue
dessa dor que tudo leva
já mais nada me persegue.
Desse Amor perdi o jeito
já nem lembro o seu olhar,
não o quero, não aceito
que me torne a enganar.
Vem a sorte e vem a vida
em seguida outro amor
nunca mais estarei perdida
por quem não veja o meu valor.
Outro amor há-de chegar
é a minha confiança
corre a vida sem parar
e com ela a minha esperança.
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