Amiga Mensagem Ana Maria Braga
Confissão sem Padre -
Sou Poeta
um sem-nome
alguém que nunca veio
alguém que sempre foi
esquecido de existir
turvo de pensar
desejoso de morrer
cansado de rezar!
Sou Poeta
um sem Pátria
sem familia nem destino
com destino de ficar
a caminho de onde vai ...
E aonde vai
este neto de si-mesmo
sem mãe nem pai?!
Sou Poeta
por caminhos de ninguém
sem ninguém a quem falar
com vontade de comer
a dor, a solidão,
meu destino é sofrer
onde irá meu coração
nessa ânsia, a correr?!
Sou Poeta
de si perdido
por Deus esquecido
de nadas feito
palavra amarga
ser Poeta
estar desfeito!
Figuras de Estilo -
De sonhos passados
a fogo rasgados
vestidos de nada
meus dias toldados
acrisolados na Alma
que me afastam dos lábios
o sorrir e a calma.
São dias sem noites
são noites sem dias
tão perto da morte
tão longe me vias ...
Ser poeta é ter Sorte!!!
Destino sem Norte
porque mentias???
Eu sou uma analepse
que a vida não esquece
uma antitese ou hiperbole,
prolepse, repetição,
eu sou a falha da Nação
sou o Poeta que parece
nesta Pátria não ter chão.
Tenho Sede -
Tenho sede de viver
como as dores que me abraçam
como as mãos que se entrelaçam
tenho sede de te ver!
Tenho sede de esquecer
aquela hora em que partiste
aquela hora em que não viste
que por ti me ia perder!
Tenho sede de saber
as coisas que viveste
os poemas que escreveste
por quem andas a sofrer!
E esta sede de amor
que me deixa perdida
é uma sede sentida
que me adormece na dor!
Minha sede do Fado
minha sede sem calma
no cansaço da Alma
meu destino marcado!
Tenho sede podes crer
podes crer na minha sede
e quem há que nunca a teve
esta sede de viver!
Divida herdada -
Despi-me dos cansaços
das loucuras de menino
e esperei p'los teus abraços
nas dolências do destino.
Fiz da vida um serão imberbe
numa casa sem ninguém
e como um pobre qu'inda deve
fiquei da divida refém.
Mas o que devia e a quem?!
Não me lembro de pedir
herdei a divida de alguém
sou um louco a fugir.
A fugir da solidão
a fugir dos dias turvos,
fujo à dor do coração
por caminhos que São escusos.
De uma Velha Solidão -
Há um peso tão grande dentro em mim
nestas horas em que a vida não me escuta
um tormento que parece não ter fim
como espada que nos fere numa luta!
E há um pranto que me escorre em solidão
um vento que se agita pelas curvas
sou filho das pedras pisadas pelo chão
um poço de amargura e água suja.
A minha dor vestida de brocados
foi traje de amargura num corpo de sereia
e adorei-a, de joelhos, prostrado,
como um naufrago morto na areia.
Destino Derradeiro -
Venho aqui dizer-vos
que o destino é o destino
e que ao destino ninguém foge!
Que do destino somos servos
na vida peregrinos
e fugir-lhe ninguém pode!
Venho aqui em solidão
dizer que a vida é breve
e que o tempo é passageiro!
Venho aqui sem pretensão
pedir memória breve
p'ró destino derradeiro!
Agosto -
E já se foi Agosto!
Um dia e outro dia
horas de loucura
lembrança e desgosto
d'um amor que se perdia.
Só ficou este silêncio
o silêncio de Setembro
que o mês de Outubro
'inda trazia.
Dois loucos calados
na casa de ninguém
vestidos de negro
em corpos fechados
das mortes que fui
em memória de quem?!...
Dois mortos calados
na casa de ninguém!
Banquete -
Ao nascer fui chamado a um banquete!
Deixei tudo e aceitei. Mas quem era aquela gente?!
Entre eles me sentei, mas nao fui aceite,
nem eu os queria tais parentes ...
Fiz tudo o que se faz. Até brindei!
Fingi estar lá, não estando,
sorri, falei, escrevi e até cantei,
mas no peito, o coração, ia secando ...
Ao tempo, pensaram ser um deles,
mas era tarde e o destino era reles!
Foi então que uma voz se levantou:
"- Nesta mesa houve alguém que não comeu!"
Fui eu! Respondi com prontidão ...
E não comi porque o banquete é vosso nao é meu!
Olhos Inclinados -
Meus olhos são dois lirios
no Portal daquela Igreja
são dois cantos, dois martírios
Nossa Senhora os proteja.
Num lamento Virgem Santa
trago a ti minha oração
meu olhar não se levanta
vai aos tombos pelo chão.
Horas mortas que passaram
de uma vida mal vivida
que meus olhos enxugaram
no teu manto, dia-a-dia.
Fica a minha Solidão
no portal daquela Igreja
e meus olhos pelo chão
Nossa Senhora os proteja.
Celeste Rodrigues -
Chegaste e eras vida ...
Chegaste - eras ar- ternura,
gestos e palavras
que a própria vida
te dava por loucura!
Chegaste e eras tempo ...
Chegaste - eras areia - praia,
ondas e marés
e o próprio vento
bordava a tua saia.
Chegaste e eras xaile ...
Chegaste - eras Sol - calor,
a mantilha dos poetas
eras musica e baile
um poema ao amor.
Chegaste e eras fado ...
Chegaste - eras verso - tão só,
guitarra e lamento
caminho destinado
a dar corpo à voz.
Resta-nos ser o que Tu és
esse fado a que te davas
ter nos versos tanta fé
ser um campo de rosas bravas.
Esperança Imortal -
Pus nos versos uma esperança
que nem a noite mais forte
ou o desejo da morte
me tiraram por vingança.
Nem a pessoa mais culta
ou alguém que até duvida
nem a vida que dá vida
ou a morte que sepulta.
Ninguém de mim arranca
cheio de dor e solidão
estes versos que serão
quem dá vida à minha esperança.
Que a minha vida é assim
esperar por ti como um louco
vestir a dor em meu corpo
chorando lágrimas sem fim.
Para Natália Correia -
Eras Poeta
e esta gente não entendia!
Eras noite
mas a Lua, por inveja,
não te queria,
e o dia, com medo, de ti,
também fugia!
Eras vida
e até a morte te procurava...
Mas a tua dimensão
não era a vida nem a morte
mas sim a solidão!
Porque ninguém te entendia ...
Eras tu, aurora dos poetas,
eterna madrugada
que antecede os dias puros...
Eras poeta
e esta gente não entendia,
não te queria, nem te via.
Por isso, em teus versos, teu olhar, sofria...
E ninguém entendia ...
Ninguém entendia ...
Aos Caidos -
Ando na vida aos caidos
procurando quem resgate
meus olhos tristes, perdidos,
antes que uma noite os mate.
Ando na vida aos caidos
num esperar que é ilusão
soluçando mil gemidos
no pulsar do coração.
Ando na vida aos caidos
procurando quem me entenda
e destes versos proibidos
ter alguém que me desprenda.
E tanta noite perdida
na loucura dos sentidos
tanta gente esquecida
pela vida aos caidos.
A dor do Mar -
Um Pintor pôs numa tela
um lamento por adorno
e fez do Mar uma aguarela
na pressa de um retorno.
Um Poeta pôs nos versos
a saudade da amada
o Mar secou-lhe os beijos
por a ter nele afogada.
Um Fadista pôs no canto
a mentira de um amor
e afogou-se de quebranto
no Mar alto, sem pudor.
Ó Mar que tanto inspiras
a arte das viagens
porque trazes e agitas
tanta dor nas tuas margens?!
Ó Mar que na neblina
tantas mágoas se dissolvem
tanta esperança se fulmina
tantos mortos em ti dormem.
E como as ondas que se enrolam
do mar alto até à margem
minhas dores já não choram
são no Mar uma miragem.
Vidros Quebrados -
Trago vidros quebrados
no mais intimo da vida
e nunca tive telhados
na minha casa partida.
E se verde é a esperança
a minha é cor de solidão
da loucura de quem avança
pelo mar do coração.
Pois da vida que me vedes
sou apenas um Asceta
meus olhos não são verdes
mas minh'Alma é de Poeta.
E fui louco até ao fim
jogando a vida sem ter dados
neste mar de mim a mim
só trago vidros quebrados.
Já vai alta -
Já vai alta a madrugada
que se levanta pela noite
traja liquidos de prata
traz um verso que nos mata
num poema que nos coube!
Já vai alta a solidão
que se ergue pelo espaço
deixa um lastro pelo chão
é loucura, é paixão
que nos mata de cansaço.
Já vai alta a minha dor
é intensa, tão profunda
que vá a vida onde for
da loucura que a inunda
vai tão alto o meu amor.
Na Exactidão da Partida -
É como se antes de nascer
a dor me conhecesse
e a poesia me escolhesse
no momento de viver.
É como se antes de viver
a loucura me vestisse
e a morte me seguisse
como um galgo a correr.
É como se antes de correr
este mundo me evadisse
e a noite me despisse
vivendo nú sem saber.
E ao lado da saudade
passo a passo fui vivendo
pela vida fui sofrendo
à deriva, sem vontade.
Na verdade quis a morte
quis à vida pôr um fim
quis voltar p'ra onde vim
em procura d'outra sorte.
Mas fiz da vida uma cadeia
da minha casa um jazigo
do meu caminho fui mendigo
e tanta gente na plateia.
Vou-me embora sem esperar
abandono toda a gente
solto a corda que me prende
aqui não é o meu lugar.
Ode ao Limbo -
Há um grito que me envolve ...
Vem da terra - cresce em mim...
Nada nele me devolve
à beleza de um jasmim!
Na solidão de que me alimento
sou da noite, sou assim,
sou do fado, vil tormento,
um lamento sem ter fim.
E na raiz de que sou feito
está a força de pensar
minha raça vai ao peito
vai no punho o meu penar.
Mas se trago no pensamento,
as palavras, uma a uma,
sou um verso escrito ao vento
na mentira que é a bruma.
Então a bruma é a vida
e a vida são estilhaços
somos Almas combalidas
morrendo passo a passo.
Nesta humana Eucaristia
não há pão e não há vinho
só a morte dia a dia
a tolher-nos o caminho.
E não há bem! E Nao há mal!
Nesta demência que nos mente
ir do berço ao pó da cal
é o destino de toda a gente.
Tragédia -
Trago a minha dor na ponta de uma espada!
Eu sou a vontade. Alguem é a solidão.
Levo a minh'Alma da cor da madrugada!
Alguem é a saudade. Eu sou o coração.
Levo a minha angustia numa espera em dia vão!
Eu sou a loucura. Alguem é o meu corpo.
Trago nos meus ombros uma oculta maldição!
Alguem é a ternura. Eu sou um pobre louco.
Trago nos meus versos a certeza que não tive!
Alguem não é verdade. Eu apenas iludido.
Levo no meu peito o vazio que tu não viste!
Eu sem liberdade. Alguem de mim perdido.
Levo horas, tristes horas, em mim a soluçar!
Eu sou o vazio. Alguem a ousadia.
Trago versos,tantos versos, que em mim estão a chamar!
Alguém é o meu frio. E eu sou a poesia.
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