Alma do Guerreiro
Revinda
Vim morrer em Araguari
Cidade sorriso, eterna
Que a mocidade é daqui
E o meu berço governa
Em uma banda a revinda
Na outra a fonte fraterna
Entre ambas a falta ainda
De a história que hiberna
E sinto, sinto: ganas nuas
O sentimento na berlinda
A ternura vagar pelas ruas
E rir. Antes que tudo finda
Vim morrer, no aceitar vim
Cá para as bandas das gerais
Vim. Outrora chama por mim
E, e por fim, não chama mais...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/04/2020, 08’01” – Cerrado mineiro
ESTÁ A AMAR (soneto)
O amor não é somente
Uma poesia a se compor
São versos dum sedutor
No coração em semente
Cresce no desejo, é sabor
Mais que o simplesmente
Que o propósito da gente
Mais que ser um rimador
Tem na trova algo maior
Que a rima nunca mente
E o cheiro de prosa no ar
Na inspiração cortês vetor
Uma composição diferente
Ao poeta que está a amar...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/04/2020, 16’24” – Cerrado mineiro
SONETO OCULTO
Tua poesia veio a mim. Donde viera?
Que canto? Que harmonia? Encanto
Rima doce: - tão sossegada quimera
De leve compasso verso sacrossanto
Inspiração de furiosa paixão sincera
Magnetizando os meus olhos, tanto
Em cada estrofe, que o ledor espera
A todo a leitura, e a todo o recanto
Ai! eu nunca mais consegui esquecer
A fleuma das trovas que ali exalava
E em cada linha o sentimento eleito
E a emoção subiu ao peito sem conter
Os suspiros, que cada verso provocava
Ah! versar: terno, amoroso e perfeito!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/04/2020, 22’32” – Cerrado mineiro
Encontro
Inspiração, agarrei-te
Pelo cangote da poesia
E, contigo, nesse deleite
Ri, chorei, e na ousadia
Dei ao meu eu devaneio
Que a imaginação fantasia
E os versos, dela recheio...
Delirei passo a passo
E tão pouco sabia
Que ali seria laço
Que a alma quisera
Ter como compasso
E a cada trova, nova era
De colher cada meu pedaço
Que vivia em espera
Em segredo no coração
Assim, então, achei-te
Ó poesia, Divina criação
E para cada afeite
Uma emotiva razão!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/04/2020, 07’37” – Cerrado mineiro
Não quero só sonhar
nem quero ser sonhador
Não quero só amar
nem quero ser amador
nesta mixórdia:
- O que quero está ao alcance do olhar, simples, encantador. Misericórdia.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/04/2016
Paráfrase Manoel Bandeira
Embate
À volta de incerta inspiração
Ocupei as minhas mãos.
.... e foi a poesia sua combinação!
Brinquei de poetar a vida
Só por tê-la.
Ai! como é incontida
Misteriosa e bela
Cheia de medida!
Em rima discreta, branda
Fui poetando, fui poetando
O que a emoção manda...
E, o que o fado me foi dando
Talvez fiquei devendo à poesia
Um canto de delírio, trovando
Ou talvez mais alegria!
Quiçá! Uns versos amando.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/04/2020, 17’52” – Cerrado goiano
SONETO INDOMÁVEL
Ó pranto! À dor, quando, entranho
Fico sem rumo certo pelo cerrado
O anoitecer, quando, chega calado
Tudo é solidão, e em nada é ganho
Tristura, fria, que pesa no passado
O vento é poeira de ardor estranho
E a hora lenta e tão sem tamanho
Que o olhar vazio, alheia, fissurado
No meu alvo silêncio, rude insônia
Clamo por todo o arrimo, em vão
Nada escuta, indigente cerimonia
Invento um verso, tento, e tento
E rasgo-o, continuas sem demão
Tudo é indomável no sentimento
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04 de março de 2020 – Cerrado goiano
COBRA CEGA (soneto)
Era a saudade, saudade crua que vela
A solidão. Com a impostura do pranto
Que sente falta, partida em um canto
Do coração, que se veste da dor dela
Era a lembrança! Curvada na janela
A esperar que se quebre o encanto
E no horizonte desanuvie do manto
Da noite vazia, e se torne leve e bela
Era a angústia com a sua tristura cada
Era o seu silêncio e o seu tempo lasso
O desespero na negrura da madrugada
Que brincam, com o desanimo crasso
De olhos vendados, e a ventura atada
De cobra cega com o prazer escasso...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/04/2020, 15’11” – Cerrado goiano
O Amor nos traz os sonhos;
os sonhos nos traz a liberdade;
Quando se unem: Amor, liberdade e sonhos,
Simplesmente se traduzem em Felicidades!
Poema perfumado
O meu poetar anda na ilusão
Mesmo assim, ele vai além
Sofrência? Não. Por onde for
Nas rimas do seu amor
És poesia, senso, refém!
Não o tenho pra mais ninguém (só você)
Tentaram detê-lo na saudade
Mas abri-lhe a porta do bem
Na trova solitária, humildade
Porém, nas tuas linhas, sonhos
E aquela romântica vontade
Me fez ter temores medonhos
De um amor com felicidade....
Ai! a lembrança! - dor doída
Ai! Tu! - memória prazerosa
Que acalma a alma sofrida
E perfuma a vida com rosa! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15/04/2020 – Cerrado goiano
AME PRIMEIRO (soneto)
Quem quiser ter poesia, que ame primeiro
O poetar onde, total, caiba na haste da flor
Ai dos que trovam, e dele não é por inteiro
Se apartam das quimeras e do afável amor
Os versos sorriem, enfim, ao ser certeiro
No peito do poeta que está um amador
No sonho passageiro, da ilusão é herdeiro
O bardo romântico, um eterno sonhador
Ai de quem, gerando-os, nada lhes trouxer
Ai dos que tem o dom e não tem o afeto
Hão de ali perder-te o que a emoção quer
Aí, no silêncio do senso um rimar inquieto
Coração sofredor e da ventura sem saber
Então, redigi solidão no corpo do soneto!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/04/2020, 06’37” – Cerrado goiano
RONDA SILENCIOSA
Solidão cerrada, aquietada, escura
Afora a janela, o cerrado tão calado
Na imensidade do céu não fulgura
Um só brado, um ermo imaculado
Cá dentro, a mudez flébil murmura
E a melancolia no vento é fustigado
Escoriando a alma, áspera candura
Em um rasgar do silêncio denodado
Ecoa surdamente sôfrega bofetada
De escora frouxa, completamente
Aflando ali a apertura tão abafada
E, a letargia, assim, vorazmente
Faz tácitos claustros de morada
Em ronda silenciosa, lentamente
© Luciano Spagnol- poeta do cerrado
Cerrado goiano, 5 de dezembro, 2019
Olavobilaquiando
A poesia dá voltas, aquieta, agita, chora, ri, liça, reconcilia. Na alegria sempre latente, e na alma presente...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2012, Rio de Janeiro
noite fria
de nada vale orelha de cobertor
sem ter companhia...
a companhia do meu amor.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Cerrado goiano, 13 de dezembro de 2015
E, Por Falar de Amor
Hoje acordei com o coração aos espinhos
De uma saudade
Sem os teus carinhos
Imensidade
Esta solidão
Que poeta pela metade
Versos de emoção...
Pelas lágrimas um aroma rijo
Do árido sertão
Um esconderijo
D’Alma na contramão
Do teu olhar...
Me agarrei no timão
E a navegar
No mar de suspiros
Pus-me a chorar!
Hoje acordei com o dia empanado
Escuro
Você não estava ao meu lado
Tudo era vazio, impuro
Coalhado
Duro
Propalado...
Desconjuro!
Eu só queria ser carregado
Dali
Pelo desejo imaculado
Que sempre tive de ti
E não essa dor
Que hoje senti
Ao falar de amor
Aqui!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Cerrado goiano, 10 de dezembro, 2019
ENFADA DANÇA
Oh, meu melancólico sofrimento
Por que no silêncio recomeças
Ritmando o árduo sentimento
Numa agitada dança, as pressas
Eu vago sozinho pelo lamento
Na solidão, que queres?... Peças!
No dia, na noite, és só firmamento
Assim, sem que nada te impeças
Tu danças ao amuo do vento
Ao relento, trazendo o medo
E o pranto. Oh doce fomento
Um enredo... sou desesperança
Vago só e errante neste lajedo
E tu me leva nesta enfada dança
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13/12/2019, cerrado goiano
ARIDEZ NO CERRARDO
A sequidão ainda a porta
Lá fora, por aí, acinzentado
Espalha o sertão com vida semimorta
Brilhante o sol roborizado
A secura parece que corta
E o silêncio destrói...
À melancolia pouco importa
Em nada corrói
E aos sonhos, não comporta...
Aridez, rodeia a minha casa
Com uma manta marrom de poeira
Em algum lugar você dorme, em brasa
Em algum lugar, assim, como queira!
Não ao meu lado, desasa...
Junho se vai lentamente
Em algum lugar, longe
Como eu, o teu sono ausente
Inconstante, monge...
Você está em algum lugar
No meio da minha saudade
Não vai entender, vai julgar
Dessaber, do amor, deslealdade...
O vento está girando ao lado
O pequizeiro está tranquilo
O meu poema está fustigado
Embriagado a ilusão, restilo
Escassez, de você no cerrado!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13/12/2019, cerrado goiano
copyright © Todos os direitos reservados
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol
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