Alma do Guerreiro
A Vida Passa... A Alma Não
Na velocidade do vento a vida passa
A lentidão da infância o tempo abraça
Os ganhos e perdas ora caçador ora caça
A biografia e as lendas nossa carcaça
Fervilhando nas macambúzias alegrias
Entre as expectativas e melancolias
Nas promessas feitas pelos momentos
Tudo passa com os seus contratempos
Renascem as flores da confiança
Morrem primaveras de esperança
No vai e vem da eterna mudança
Firme é o Espírito, sua semelhança.
Na estória a doce loucura teórica
Confabulada em silenciosa retórica
De paixão, desilusão, recordação
Pois a vida passa... A alma não...
QUARESMEIRA
Floresce em fascínio e reflexão
A Quaresmeira em sua poesia
É silêncio, alma, esplendor, perfeição
No céu do cerrado colorido de magia
Encanta, embevece, nos conduz
Quaresmeira eterna emoção
Simplicidade ,saudade, luz
Aos olhos passo a passo canção
Quaresmeira desabrocha a promissão
Seus olhos são duas contas tristes
De uma chegada de uma partida
De uma saudade, de um'Alma ferida
Na busca sempre da perfeita batida
Metamorfose
Em cárcere,
no casulo minh'alma estava
Quando passaste por mim
Com seu olhar brando
Seu sorriso peculiar
Aí minh'alma ficou a lhe desejar
Então a saudade passou a apertar
O coração
A emoção
Tentando libertar a paixão
Desnuda de ódio, de rancor
De futilidade
E o que seria amizade
Metamorfoseou-se em amor
Alquimia
-uma pitada
-um montão
-alma apaixonada
-um coração
-palavras à sorte
-sentimento forte
-arrepio no cangote
-pensamento à levar
-estrelas verso luar
-olhar contra olhar
-mesclado no sentir
-dose de ouvir
-bucado de emoção
Mistura-se tudo a paixão,
até dar ponto de amor...
Poetar é uma explosão de alma tão intensa, que nada acalma, só papel e tinta e os conselhos do vinho...
Trovador
Da poesia nasce ilusão
É magia da inspiração
Pulsar da alma em comunhão
Com o poetar em segredos
Narrando dos fados enredos
Em feitiço dos dedos
Desenhando fantasia
De sentimentos de dor e alegria
Do poeta, em sua romaria
De letras indiscretas
E iluminações secretas
Destes eternos profetas
Da rima, do amor, da emoção
Que metrificam a paixão
Em compartimentos do coração...
Trovadores da imaginação.
Luciano Spagnol
07/12/2014, 20’17”
Cerrado goiano
Silêncio do Poeta
O poeta fala e a alma escuta
Teus versos de palavra bruta
Lapidados pelo sentido absoluto
Com as tuas rimas em tributo
Grifam a inspiração em poema
Nodoados de satisfação, dilema
Que teu silêncio inteiro trova
Teus amores, alegra, tua alcova
E quando emudece, se acoita
Nas sobras das estrelas afoita
Versejando os teus lamentos
Lamentando teus sentimentos
Com quimeras de um profeta
Nas falas do silêncio do poeta
E no alarido e silêncio em disputa
O poeta cala e fala e a alma escuta
21/10/2015, 21’22”
(Horário de verão)
Cerrado goiano
Poeta
O poeta fala e a alma escuta
Teus versos de palavra bruta
Facetados na rima absoluta
Que no poema a vida tributa
A inspiração quimera e labuta
No alarido e silêncio em disputa
O poeta cala e a alma executa
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Epílogo
Eu desperto no cerrado em cada alvorada
Sem acaso no destino, alma esbaforida
A fé de uma confiança vaga, indefinida
O poetar de encontro numa encruzilhada
O tempo se fazendo em horas, estirada!
Dum vulto da estória na história recolhida
Em sobras de ir e vir, querendo despedida
E o fado se deslocando em outra jornada
Não vejo um ideal estampado na vida
Do avanço veloz e distante da passada
O fim do horizonte aumenta a corrida
Neste vazio do hoje, o epílogo é morada
Criando e recriando as perdas já vencidas
Numa entusiasta esperança de virada...
Luciano Spagnol
Maio, 2016
Cerrado goiano
Desfaçatez
Ao me ver sorrindo, não imagina que estou chorando
Pois minha alma vai fingindo este porquanto
Das lágrimas de um árido coração em pranto
Se todas as dores dos amores querem lamentar
No meu peito,
que seja em breves sussurros pra aliviar
Pois sofrer sem querer aos outros mostrar,
é o mesmo que ter soluços e se calar
Quem me vê sorrindo, pensa que eu não possa estar chorando...
Uns sabem na solidão do amor viver, outros choram amando
Com ou sem pranto... Eu prefiro ser brando.
Luciano Spagnol
24 de maio de 2016
Cerrado goiano
APENAS POETA
O silêncio cai solitário neste coração amante
São ruídos que aram a alma profundamente
Dos sonhos que terminaram secretamente
Derrubando castelos e até mesmo o instante
Não há remissão e tão pouco dor clemente
Somente o vazio em um rodopiar constante
Soluçaste por estar tão só, e tão arrogante
Sentado à beira do caminho, ali pendente
As quimeras terminaram, não mais sonante
Não há sentinelas, nem armas, só vertente
Da realidade eu não soube ser um vigilante
A sensibilidade alanceou, agora no poente
Sou apenas poeta, na poesia um imigrante
Já amor! Ah, este, meu eterno confidente!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano
À ALMA DE MINHA MÃE
Partiu-se o cordão do amor absoluto
No meu desditoso fado então trincado
E as preces no rosário assim de luto
Rezam tristuras no chão do cerrado
Lacrimoso eu, debalde na dor soluto
Soluça a baixa deste relicário delicado
Minha mãe, tão jovem em seu atributo
Pôs suspiros no meu peito instigado
Tal um ramo que seca sem dar fruto
Em um outono tão frio e desfolhado
Assim, o meu afeto se faz convoluto
E na continha de saudade, ao lado
Das lembranças dum amor resoluto
À alma de minha mãe, louvor ofertado!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
