Algumas Pessoas Nao Merecem nosso Amor

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Não poucas vezes esbarramos com o nosso destino pelos caminhos que escolhemos para fugir dele.

O pior pecado contra nosso semelhante não é o de odiá-los, mas de ser indiferentes para com eles.

Não é só a razão, mas também a nossa consciência, que se submetem ao nosso instinto mais forte, ao tirano que habita em nós.

O nosso bem tal como o nosso mal não existem senão na nossa vontade.

A provação vem, não só para testar o nosso valor, mas para aumentá-lo; o carvalho não é apenas testado, mas enrijecido pelas tempestades.

O problema do nosso tempo é que o futuro não é o que costumava ser.

Não há penitência melhor do que aquela que Deus coloca em nosso caminho todos os dias.

«O nosso próximo não é o nosso vizinho, mas o vizinho deste» - assim pensam todos os povos.

O nosso arrependimento não é tanto um remorso do mal que cometemos, mas um temor daquilo que nos pode acontecer.

Não existe desespero tão absoluto quanto aquele que surge nos primeiros momentos de nosso primeiro grande sofrimento, quando não conhecemos ainda o que é ter sofrido e ser curado, ter se desesperado e recuperado a esperança.

Todo o nosso mal provém de não podermos estar sozinhos: daí o jogo, o luxo, a dissipação, o vinho, as mulheres, a ignorância, a desconfiança, o esquecimento de nós mesmos e de Deus.

O nosso direito de consumir felicidade sem produzi-la não é maior do que o de consumir riquezas sem produzi-las.

Não escolhemos a forma do nosso destino, mas podemos dar-lhe conteúdo. O que procura aventura encontrá-la-á — à medida da sua coragem. O que procura o sacrifício, será sacrificado — na medida da sua pureza.

O Natal... não é um acontecimento, senão uma parte de seu lar que levamos sempre em nosso coração.

Chamamos perigosos àqueles cujo espírito é diferente do nosso e imorais aos que não têm a nossa moral.

O nosso eu é edificado pela superposição de estados sucessivos. Mas essa superposição não é imutável, como a estratificação de uma montanha. Levantamentos contínuos fazem aflorar à superfície camadas antigas.

O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.

O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade.

Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem.