Adulto
O adulto que não consegue discutir a relação, que é tempestuoso e já pensa em terminar, foi a criança que cresceu no meio de brigas e só deseja fugir. O adulto que se isola quando está chateado, foi a criança que aprendeu a lidar com as emoções sozinho. O adulto que cuida de todo mundo, menos de si, foi a criança que entendeu que só seria amada se fosse útil aos outros. O adulto que não se posiciona mesmo quando necessário, foi a criança que aprendeu a ficar calada para evitar conflitos e fugir de embates.
Dan Mena
“O Adulto que Não Coube no Molde”
Chamaram-me de criança...
Porque ao invés de endurecer, escolhi sentir..
Porque ao invés de calar, decidi questionar..
Porque ao invés de engolir o mundo seco, escolhi mastigar cada parte com consciência, mesmo que amarga..
Minha mãe — reflexo de uma geração sufocada —
Me aponta o dedo e diz que ainda não cresci..
Mas será que crescer, para ela, é apenas silenciar, obedecer e aguentar?
Será que ser adulto, para ela, é viver cansado, sobrecarregado e cego, sem jamais tocar o próprio coração?
Eu vejo o mundo..
Observo..
Silencio, mas não fujo..
Minha calma não é passividade — é profundidade..
Fui chamado de “criança” porque cuido do corpo,
Como se um músculo forte fosse vaidade e não templo..
Porque analiso emoções..
Como se o pensamento crítico fosse desrespeito..
Mas o que não veem
É que ser adulto não é vestir uma máscara de frieza..
É despir-se dela..
Ser adulto é ter coragem de chorar onde outros gritam..
É amar as crianças sem medo de parecer frágil..
É falar de amor, de sexo, de corpo e de alma, com consciência, com ética, com beleza..
Minha mãe me chama de imaturo
porque eu aponto o que ninguém ousou mostrar..
Mas o espelho dói mais do que qualquer ofensa..
E ela não quer se ver — apenas me silenciar..
Ela fecha a porta na minha face, mas não é para mim..
É para si mesma..
Porque minha evolução revela o que ela nunca soube fazer por si:
Escolher crescer com ternura e consciência..
Eu sou o adulto que não quer cargos, apenas caráter..
Não quer aparência, mas essência..
O adulto que escuta crianças como mestres,
Que corre enquanto os outros dormem,
Que sente enquanto os outros fingem,
Que ama sem precisar ser amado primeiro..
Eu não me tornei esse adulto por sorte —
Eu lutei..
Na infância ignorada,
Nos insultos calados,
Nos treinos solitários,
Nas noites de fome e vazio..
Eu me lapidei..
Com as mãos trêmulas e a alma firme..
Então não..
Não sou criança..
Sou o novo adulto..
O que não cabe no molde,
Mas cabe em si mesmo..
E se minha mãe ou o mundo não entende,
Não é problema meu..
Porque no fim,
Ser homem não é ser duro,
É ser inteiro, compreensível..
É saber ouvir quem não foi ouvido, é cuidar das crianças sem obrigação, mas com afeto genuíno..
Ensinar racismo a pessoas brancas, às vezes, cansa tanto quanto explicar a um adulto que não se joga lixo no chão.
Seja o adulto ciente dos seus surtos.
Empenhado em preencher essa fresta, para caminhar mais firme.
“O Adulto que a Infância Esperava”
Num campo aberto, entre as linhas invisíveis do tempo e da ausência, pisava um homem — ainda jovem no corpo, mas já antigo na alma.. Ele não era mais uma criança, mas carregava dentro de si todas as feridas de quando foi.. E naquele dia, entre rejeições e corridas solitárias, o destino o conduziu ao verdadeiro jogo da vida..
Enquanto os garotos negavam-lhe a felicidade, sem saber que estavam recusando muito mais — estavam negando a sabedoria disfarçada de humildade — ele seguiu, correndo com ela, não por pontuação, mas por disciplina.. Porque correr era como fugir de um passado, mas também como correr ao encontro de um propósito..
E o propósito veio.. Veio com nome, voz e pureza.. Veio com Yasmin, e depois com outros pequenos.. Veio em forma de infância ainda crua, ainda salva, pedindo direção — e encontrou nele o que os livros não ensinam, o que o mundo não oferece com facilidade: presença, afeto, amor e verdade..
Ele não era pai, mas foi mais que isso.. Foi o adulto que ouviu, que ensinou, que protegeu sem dominar, que aconselhou sem medo de parecer sensível.. E enquanto os outros adultos da cidade se afogavam no álcool e se escondiam na fumaça, ele se sentou com crianças para acender as luzes da consciência..
Quando disse: “Cuidado com quem fuma ou bebe, eles podem fazer mal ao corpo de vocês, até sexualmente”, não foi só um aviso.. Foi um escudo.. Foi um amor em estado puro, que nasce não da obrigação, mas da empatia.. Porque ele sabia — com a dor marcada no próprio peito — que a maldade muitas vezes começa pelo silêncio dos bons..
E quando Yasmin o chamou para falar, como se ele fosse um professor, era o universo respondendo: sim, você é.. Professor de presença, de respeito, de cuidado..
Ele falou do que amava: correr, treinar, alimentar-se bem, viver com caráter.. E ao fazer isso, ele semeava esperança..
Esse homem não apenas liderou naquele instante.. Ele reescreveu o papel masculino que o mundo tantas vezes distorce.. Mostrou que é possível ser firme sem ser bruto, ensinar sem humilhar,
proteger sem controlar.. Ele foi o que ele não teve.. Foi pai sem ter gerado.. Foi amor sem ter exigido..
Talvez nunca saiba o impacto das palavras que disse. Talvez aquelas crianças o esqueçam disso..
Mas dentro de cada uma, algo mudou: uma semente de consciência, de que o mundo pode ser mais seguro, de que existem adultos que amam sem segundas intenções, que cuidam porque sabem o valor da infância — e porque não querem que ninguém sinta a dor que um dia os silenciou..
Esse homem é prova de que não é preciso título, nem sangue, para ser farol..
É preciso apenas ter alma e amor..
O corpo humano adulto é composto por cerca de 70% de água, somos mais água no planeta água, equivocadamente chamado de terra. Felizes aqueles que liquefazem sua breve existência, esparramam se pelos rios da vida pois afinal, nossa inevitável eternidade será fazer parte ínfima do Grande Oceano.
Não se esquecer que
um dia já foi criança,
e que dependeu de um adulto
para chegar até aqui,
pode fazer um mundo novo,
Trazer viva essa lembrança
sempre que uma criança
precisar é sinal vivo
que ainda há esperança
de seguir adiante.
O mundo da criança é formado por aquilo que o adulto mostra e fala. Por isso, cuidado com as palavras. A criança poderá se tornar um adulto que contempla a beleza da vida ou um adulto que acredita que toda beleza não passa de uma miragem enganosa e sem valor.
Infantilizar um adolescente é limitar sua sabedoria. Tratar o mesmo como adulto é aproveitar de sua ignorância. Trate-o como um estudante de sua vida.
A paz é uma criança brincando na rua,
A violência é o adulto com fúria brutal.
Ambientes diferentes,
E o combate feito no lugar errado.
E eu que imaginava que ser adulto era deixar de fazer as coisas de criança. Ô dó!!! Como criança se engana.
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