Coleção pessoal de RamaAmaral10
Se tu me julgas até nos momentos mais difíceis da vida, mesmo sabendo tão pouco sobre mim, como posso agir igual a ti, se sou menor que um grão de areia sob o sol que me vê todo dia.
Todo idiota se satisfaz em círculos de imbecis, é naturalmente predominante a harmonia neste ambiente, tudo entre eles conspira para um mundo essencialmente livre de sábias intervenções cognitivas alheias.
Julgam-me descaradamente à mediocridade, e ainda creem que me defenderei de acusações idiotas num tribunal constituído por hipócritas.
Escrever, escrever, escrever...
Para quê? Fugir? Não, para ser...
O verbo conjugado, conjurado, julgado.
Solidão
Na escuridão ninguém te ouve, ninguém te vê, ninguém te percebe...
Na escuridão ninguém te nota, ninguém quer saber do que tu não tens...
Na escuridão você não tem voz, não tem face, não tem presença...
Cadê a luz que não te ilumina? Cadê o amor que não te adota? Cadê os amigos que não te abraçam? Que não te percebem?
Cadê você que não me nota no escuro? Na escuridão você não é ninguém! No escuro não sou ninguém!
Na escuridão você é apenas medo, angústias, terror! No escuro sou apenas medo, angústias, terror!
Na escuridão ninguém me ouve, ninguém me vê, ninguém me percebe!
Palavra'rt's
A palavra tem poder!
É um tiro concreto de
invenções ao tempo:
ruídos, artes, ecos, códigos,
comunicações, alegrias, risos, cânticos, rimas, amor, poesia e prosa... circo, povo e pão...
Vida, elementar!
Terra, fogo, água,
ar, religação, respiração, domínio, conquistas, imposição, submissão, dor,perdas... lágrimas, fome e morte!
Massas de Manobras
Por enquanto nada fazem!
Estão em si, por enquanto.
Quando os fingidores voltarem
sorrindo e com suas faces volúveis,
elas seguirão aplaudindo sem nada e nem porquê.
Ainda assim não tomam decisão,
até hoje jamais souberam o que fazer na pista, por enquanto.
Mas não se sabe para onde vão,
só que haverá delírios no meio da multidão, e dançarão a canção hipócrita outra vez...
.
Lucro Selvagem
Alguém na esquina ainda rir,
apesar do espanto e desconsolo
na selva, onde o leão ruge faminto
com sua enorme boca aberta e com seus dentes afiados almejando tudo
em torno de si,
no solo sufocado sob
os pés de uma criança talvez ainda esconda a mais bela planta, que não
germina diante de olhos perversos,
do olhar obscuro da fera eclodiu a
violência à velocidade do caos,
e da pureza do pulso puro e inocente
entre os dentes dos leões e dos vampiros sedentos, pinga a mancha vermelha no asfalto quente dos dias de confusão,
na selva o silêncio é aspecto fúnebre, apesar do luto triste de outros bichos na cidade, à hora seguinte o que conta é o menosprezo à vida, diante do famigerado lucro a qualquer custo,
ao ínfimo luto à morte.
Face do caos
Não é esquisito superficiar
a dor ou a ternura num tempo
de flores artificiais, se o que vale
o sentimento é apenas a tinta fresca
que a leve chuva desfaz em
despercebidos segundos.
O sinônimo de bem é fingimento, não sentido, mas reinventado com fragmentos de hipocrisia ao ápice do bloch.
Se o brilho o tempo apaga do
sorriso nem mesmo um adjetivo
de qualidade expressa o mesmo sentido no paladar ou no dicionário, este há tempo marginalizado de modismo, futilidades e palavras relativas.
Todavia, o que se eleva à vida
atualmente nada mais é que
a palidez da própria
mecanização sistêmica
de tempos fingidos, quando a
originalidade se perdeu no vazio, desfigurada de sentimentos,
valores e reflexões...
Hoje é Dia de Consciência Negra!
Nossa história foi construída com chibatadas, torturas, suor e sangue. As senzalas e as casas grandes ainda existem por todos os lugares do mundo. Não se trata apenas da Consciência Negra, mas da Consciência Humana. E essa Consciência deve imperar todos os dias! Houve gritos, sim, todos os dias. Houve e haverá mortes e gritos todos os dias. Mas houve e haverá resistência, união, lutas e conquistas todos os dias! Houve e haverá esperança, compreensão respeito e liberdade com a vida, isso deverá acontecer SEMPRE! Os sonhos não devem deixar de existir!
Rotina de Um Desempregado
Segunda – feira
a mesma rotineira:
desempregado e
na Bobeira!
Terça, sem eira
quarta, sem beira
quinta, sem ramo
sexta, sem figueira
sábado, sem namorar
domingo, sem zoeira -
com o aluguel na cumeeira!
Na cabeça - apenas besteira.
Na barriga - migalhas de feira.
Ô parasita, que luxo não é a
morte para um boneco à rotineira!?
Que tédio não é a
vida para quem sobrevive à peneira!?
Pouco na mesa ou remédio na
prateleira, à velhice, a certeza
da cegueira, esquecimento,
submissão, desilusão...
O resultado é o cemitério
à caveira.
Coveiro?
Coveiro! Caveira!
Coveiro! Caveira!
Coveiro! Caveira!
Coveiro! Caveira!
Caveira! Caveira!
Caveira!!!
Caveira?
Fútil Aparência
Cumprimente simplesmente patético sem deixar de ser estético, invente um sorriso fingido e ria cinicamente até confundir-se com à gentileza forçada ao seu lado.
Sem tristeza e nem pudor suavize a hipocrisia até deixar-se absoluto, ainda que no luto você se reinvente com seu “jeitinho à brasileira” e sobreviva na sombra da superficialidade do caos atual...
Fazendo de conta que a essência humana define-se apenas como um conto de fada camuflado sob a bestialidade da fútil aparência, enraizada de podridão e fétida dentro de nós.
Estarei sempre dentro de mim, sempre à minha essência, mesmo que eu esteja por fora de tudo que dizem que estou ou de tudo que acontece no mundo em que estamos.