Trovas de Amor
" ME LIGA "
Me liga, às vezes, longe, do passado,
em meio à madrugada, uma saudade,
distante, vinda lá de outra cidade,
de algum lugar, de um lance recordado!
Me fala com ternura e com bondade
num papo extenso, longo, demorado
qual se estivesse, mesmo, do meu lado
sentindo-se, feliz, bem à vontade.
E como fala… Horas! Sem ter pressa…
Não vejo como e nada que lhe impeça
de me ligar em meio à qualquer hora…
Então, desta conversa, amiga, boa,
um sentimento agudo me ressoa
que, o tempo, em nada ajuda nem melhora!
" TAL COMO "
Pra ser, se era, romance, uma aventura,
instantes de loucura e de paixão
ou se era mesmo a voz do coração
a me indicar caminhos de ventura,
não saberei dizer na exatidão
nem dar real valor ao que era jura,
se promoveu-me o mal ou deu-me a cura,
se foi real história ou ilusão!...
Só me entreguei por força do momento
sem questionar qual era o sentimento
pro trás do instinto puro e verdadeiro…
O olhar quebrou-me, assim, de tal maneira
que promoveu, ali, real cegueira
tal como foi no meu amor primeiro!
" ESQUEÇA "
Passou, jogou-me o olhar feito em malícia
acompanhado de um sorriso ao rosto
e ali se fez o curso, então, proposto
de que, lhe ter, seria uma delícia!
Vontade de provar-lhe a carne, o gosto,
mas isso se faria uma estultícia..
Teria, ao fim, história é pra polícia
e assunto, de luxúrias mil, composto.
Sorri de volta, a lhe guardar segredo
de qual seria o rumo desse enredo
que já não tinha nem pé nem cabeça…
Não sou mercadoria de vitrine
e antes que isso, em vendaval, culmine
melhor deixar prá lá. É fato. Esqueça!
" INSPIRAÇÃO "
Não parta, inspiração! Fica comigo…
Não sei viver sem ter a tua presença
a me exalar a luz, o tom, a crença,
a força, o amor, a paz de um ombro amigo!
Preciso-te, ao cumprir minha sentença
de poeta ser na, estrada em que fatigo…
A mim, pois, não imputes tal castigo
de abandonar-me em tal tristeza imensa.
Abraça-me por réu junto ao teu peito
em que, de tua poesia, me deleito
ao te sugar os seios de mulher…
Comigo, fica aqui, inspiração!...
Não quebres, num adeus, meu coração
que sempre quis de ti (e ainda eu quero)!
" FINGES "
Só finges que não notas! Na verdade
o teu olhar não perde nenhum lance
e, mesmo quando eu olho de relance
me flagras na maior cumplicidade!
Percebes a intenção nesse romance
e a tratas como singularidade;
um vício herdado lá da mocidade
que ainda se mantém ao meu alcance.
E te divertes com o que flagrado
à espera de colher do resultado
já visto que ficou tudo evidente…
Me flagras! Tu só finges que não notas…
Percebo na postura, então, que adotas
que o meu olhar te deixa bem contente!
" DESIGUAL "
O desigual, às vezes, favorece
e, o que fora de prumo, dá sentido
ao belo, ali contido e adormecido,
que, sob o nosso olhar, então, floresce!
A estética diria haver despido
o que a beleza, aos olhos, enaltece
e não se sabe como isso acontece,
mas fato é que há o perfeito no descrido.
As diferenças não são mais notadas
e, as formas desiguais, lá, desprezadas
porque o conjunto todo, ao fim, agrada…
E, o que era pra ser feio, fica lindo
enquanto essa beleza vai remindo
ao que tocado foi por mãos de fada!
" PROPOSTA "
Deixei-te sem palavras, sem resposta,
sem dúvidas que, até, desconcertada,
surpresa, constrangida, apavorada
quando eu te perguntei se estás disposta!
Assim, de bate-pronto, na jogada,
o susto ajuda na questão suposta
deixando tu’alma totalmente exposta
sem ter qualquer suspeita arquitetada.
Então, fala mais alto a carne em jogo
do que a razão, ao ponderar o rogo,
abrindo, ao fim, caminho pra paixão…
E, sem palavras, sem resposta pronta,
ponderas que a proposta não te afronta
e acabas, pois, na palma, aqui, da mão!
" DISCUSSÃO "
Nem sempre tem confronto, discussão,
conversa franca e aberta sobre a mesa,
e o amor se vai aos poucos, sem defesa,
sem ter quem, de argumentos, lance mão!
Uma união já não se faz coesa,
firmada em ser eterna, a relação,
mas deixa a porta aberta a uma ilusão
de que é bobagem lucidez, franqueza…
Conversa não foi feita pra mostrar
quem pode mais! Sequer pra revelar
quem tem razão, mas como está o amor…
A discussão, por vez, é necessária
contudo não constroi, quando diária,
nem leva a nada o grito a bem do autor!
" EM COMPANHIA "
E vamos nós aqui bebendo a vida
em goles de tristeza e de alegria
sem ter qualquer noção de qual é o dia
da hora derradeira da partida!
Alguns dão tragos loucos de euforia
e alguns amargam dores sem medida,
mas todos têm a chance, já estendida,
de aqui viver conforme se queria.
Prefiro essa cachaça que é o amor
e o afogar das mágoas nesse andor
provido de amizades, de carinho…
Se eu vou beber a vida que é me dada
que seja em companhia me ofertada
que é bem melhor do que morrer sozinho!
" LUTE "
A vida é uma constante e longa espera
pra quem não tem ideia pra onde ir!
Não há momento aqui nem no porvir
que dê suporte a quem não se supera.
Quem fica, pois, sentado, a se iludir,
a própria sepultura cava e gera
pois existência alguma, assim, prospera
sem luta pela causa de existir.
Par’onde queres ir? Qual a razão
que faz pulsar, enfim, teu coração
e que alimentas com total fervor?...
Levanta! Sai da espera que te prende
e lute pelo que é que te surpreende
pois que te aguarda, ao certo, ao fim, o amor!
" PEREGRINA "
A tarde estava quieta, pensativa,
olhando a insensatez da humanidade
com que ela conviveu na tenra idade
e viu perder-se egoísta, vil, lasciva…
Se entristeceu sabendo a brevidade
do tempo que teria a chama viva
por sobre os homens que, o de mal, cultiva
sem perceberem ir-se a eternidade.
Deixou-se desmanchar trazendo a noite
a salpicar estrelas neste açoite
de um coração dorido e maltratado…
Insana humanidade! Triste sina
aos olhos de uma tarde peregrina
que a vê vagar, sem rumo, o amor lhe dado.
" EXPLOSÃO "
Numa explosão de cor, morre o meu dia
crepusculando a tarde nessa estrada!...
A mente lhe acompanha a paz, cansada,
distante da paixão e sua euforia!
Mas perto faz-se a eternidade doada
e sinto que o caminho já se esfria
sem dar-me carta alguma de alforria
dos meus pecados na alma depravada.
Que fiz deste que sou? Cumpri o destino
ou simplesmente vim, num desatino,
apenas existindo e não vivendo?
Morre o meu dia em explosão de cores…
Morrer eu sinto a vida, os meus amores,
enquanto apenas vou sobrevivendo!...
" LABAREDAS "
Eis que a paixão em mim se fez guerreira,
disposta a conquistar amplo terreno
e o amor, antes pacato, enfim, sereno,
entrou na luta a dois, por brincadeira!
E reviraram meu mundo pequeno
botando fogo nessa sementeira
até romper as raias da fronteira
entre a razão e os males que condeno.
Selvagem e agressiva, essa paixão
não mais poupou, da dor, meu coração
e, o amor, fincou bandeira à propriedade…
Ruí, ante seus pés, por derrotado,
e, nesse fogo ardente, consumado
há labaredas vivas de saudade!
" OFERTADO "
Serviste, em puro cálice, o veneno
do teu desejo incauto e sem juízo
e foi o amor que viu-se em prejuízo
sem ter, da despedida, um leve aceno.
Sorvi-lhe o conteúdo num sorriso
bebericando o sonho, leve, ameno,
e toda a dor cruel que agora enceno
me vem do ir contigo ao paraíso.
Sequer tivestes pena ou compaixão
ao me envolver, incauto, na ilusão
de que seria mais que um mero instante…
Bebi todo o veneno me ofertado
no anseio meu de amar e ser amado
sem me atentar a tudo o mais restante!
" FOI-SE "
Já teve um tempo que, hoje, é só passado
em que tudo era charme, era elegância,
com romantismo em voga e na fragrância
de um puro amor que, agora, é ultrapassado.
Não foi um culto ao belo! A circunstância
nos era de pós-guerra e o resultado
pedia amor ao mundo estraçalhado,
a paz, toda harmonia, a tolerância.
O olhar nos era ingênuo e inocente;
queríamos, apenas, ir em frente
sem carregar os medos lá de outrora…
Por isso que a beleza era evidente:
o amor se punha em tudo, displicente…
Perdemos disso tudo! Foi-se embora!
" ENCONTRO "
O encontro permitido, planejado,
se dava em clima de total paixão
pulsando a carne dessa excitação
de estar-se junto de quem desejado!
O resto, o amor traria ao coração
se, dessa experiência, o resultado
mostrasse o sentimento cortejado
que foi, para o desejo, a inspiração.
O olhar fazia o jogo do secreto
de um jeito misterioso e bem discreto
evidenciando o apêlo à carne posto…
Por fim, o encontro demarcava o enredo
fazendo despertar o amor mais cedo
por bênção do querer, a dois, proposto.
" ESCONDES "
Te escondes como quem teme a paixão
por pura insegurança e timidez,
qual se ela fosse a tua primeira vez
no jogo do querer e sedução!...
Mas, na verdade, tens por lucidez,
sabendo, assim, cuidar do coração
e não lhe alimentar dessa ilusão
por compreender que amar é insensatez.
No entanto, o amor persegue os passos teus
querendo não te dar do seu adeus
qual fosses sua presa favorita…
Tal se temesse o amor nessa armadilha
te pões distante, assim, de sua forquilha
sem dar paixão qualquer à sua escrita.
" A TRIBUTOS "
Assim já é demais! Apelação!
É querer pôr na lona o oponente
sequer sem dar-lhe chance, frente a frente,
de preparar-se pra recepção!...
É golpe baixo, sem ter quem aguente
o impacto de tamanha dimensão
se exposto à área inteira da explosão
quando, a conquista plena, a fera intente.
Devia haver censura a tal artigo,
limitações, barreira e, até, castigo
tamanho o risco todo que isso causa…
Apelação! Eu digo que é demais!
Evoca-nos as pretensões carnais,
abate, suga, geme e não faz pausa!
" BRINQUEDO "
Eis que a lembrança, ainda, te visita
no teu jardim da alma, em certo instante,
e a emoção que é, disto, resultante
ficar por tempo mais, em ti, cogita!
Te inquietas do momento, relutante,
consciente que o amor real te habita
e, embora exista manchas nesta escrita,
saudades tens de quem te foi amante.
És responsável por quem tu cativas
e é este amor que faz com que revivas
o essencial oculto neste enredo…
Sim! Te visita, ainda, uma lembrança
que, todo o sentimento teu alcança
fazendo, da saudade, o teu brinquedo!
" EMBIRROU "
Ela embirrou igual mula teimosa
e se fechou negando-me conversa
em meio à tempestade lhe adversa,
fazendo-se difícil, má, manhosa…
A sua mudez se fez razão reversa
e não lhe deixa mais doar-me prosa!
Nem mesmo na poesia ela se entrosa
ficando, para assuntos meus, dispersa.
Pra quê tal pessimismo e mau humor
pra com quem lhe estendeu a mão do amor
e lhe acolheu nas raias da paixão?!
Que desembirre logo, mula brava,
pois, birra, a vida encurta, cessa, trava
e só traz mais sofrer ao coração!
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