Textos eu Preciso
Não vou mais lutar comigo mesmo. Essa guerra íntima sempre foi injusta: eu de um lado, tentando caber; o mundo do outro, oferecendo moldes apertados demais. Passei tempo suficiente tentando negociar minha existência, arredondar arestas, suavizar excessos, traduzir quem sou para ver se assim eu era aceito. Não funcionou. Nunca funcionou.
Nunca coube nas expectativas porque elas nascem pequenas demais para o que pulsa em mim. Nunca me ajustei para pertencer porque pertença, quando exige mutilação, vira cárcere elegante. Aprendi isso do jeito mais cansativo: insistindo. E só agora entendo que insistir contra si é uma forma sofisticada de abandono.
Sou o que sou. Não por rebeldia, nem como defesa. Sou o que sou como quem finalmente pousa as armas no chão e senta. Há uma paz estranha nisso. Não a paz da acomodação, mas a paz de quem para de se ferir tentando ser outra coisa. Sustentar-se dá trabalho, mas lutar contra si cobra um preço alto demais.
Escolho, então, essa trégua radical comigo. Não para me tornar imutável, mas para mudar sem me violentar. Não para agradar, mas para existir com decência. Sou o que sou — e isso, hoje, não é sentença. É abrigo.
Quem sou eu ?
Pé no chão, cabeça firme e coração leal.
Posso até demorar, mas quando decido ir, ninguém me para.
Não vivo de promessa, vivo de constância.
Não falo muito, faço.
Não corro atrás de aplauso, corro atrás de resultado, aprendendo e buscando fórmulas
Quem anda comigo sabe,
sou tranquilo até me testarem,
paciente até abusarem,
forte porque aprendi a lei da espera.
não pulo etapas.
Faço Construção interna
E quando chego, fico.
By Evans Araújo
O que é o impossível?
O que é o impossível?
Isso muda de pessoa para pessoa.
Eu já não vejo o impossível em lugar nenhum; sou a prova viva de que ele não existe.
Ao longo da minha vida, olhei muitas vezes para fotografias do passado, de forma saudosista, sentindo falta de mim mesma.
Hoje, olho para fotos do futuro, para coisas que aparentemente ainda não aconteceram, mas que estão por vir.
Impossíveis para alguns, mas não para mim. Porque eles não existem.
O que existe é a falta de esperança, a falta de fé e a ausência de crença em si mesma e na própria força.
Já me perdi. Já me vi em encruzilhadas e pensei que havia errado o rumo de toda a minha existência.
Mas eu só tinha errado o caminho.
Eu só tinha errado o caminho.
Voltei e recomecei.
Nildinha Freitas
Fui buscar a resposta em mim
Mas quando falo comigo
Eu sou silêncio
Me calo ...
Não me acho e não me busco
Sou negação de mim mesmo
Buscando no fundo da taça
Alguma palavra
Talvez ...
Oração
Creio num Deus mas humano
Do que os humanos ...
Um Deus puro e vivo
Mas, também, mudo
Agindo como eu
em silêncio
Sem frases longas ou perguntas
Somente agindo
Muitas vezes meu Deus
Senta comigo na areia da praia
Ou vai do meu lado até o trabalho
Observa minha refeição
E bebe comigo
Sempre em silêncio
Ela não liga para nada
E me ensinou a ser assim
Amo muito meu Deus
Como ele me ama
E nele confio
Continuamos em silêncio
Mas vivendo juntos
Gosto de ouvir suas palavras
Você fala e fala
Com tanta sabedoria ...
Que, ainda assim, me mantém em silêncio
Eu te amo mais
Te observo ...
Em desejo sempre mas mudo
Troco todas as palavras
Para te ter na minha vida
Gotas de lágrimas
Quando eu era criança presenciei inúmeras vezes a minha mãe chorar, horas para pedir a clemência de Deus, horas para agradecer pela clemência que Deus concedera a ela.
Presenciei inúmeras vezes suas lágrimas ocasionadas pelo preconceito que ela sofria por conta da vida humilde que ela tinha, quantidade de filhos que sustentava, e por que ganhava a vida sozinha.
Zombavam da sua casa simples Que era feita de alvenaria sem estrutura, enquanto minha mãe chorava de felicidade por sair da tapera cujo teto e as paredes eram feitas de tapete.
Sem entender o motivo de suas lágrimas, por conta da pouca idade que eu tinha, me perguntei inúmeras vezes porque tantas lágrimas caia.
Hoje eu sendo mulher, mãe de dois filhos e sozinha, vejo os mesmos motivos das lágrimas da mãezinha.
E como ela chorou, eu também posso chorar horas para agradecer a Deus por tanta clemência, horas para pedir de Deus clemência.
Nesse momento eu me calarei, não direi uma só palavra, deixarei que minha lágrima caia,
Que fale por mim como as lágrimas da minha mãe falavam.
E como inúmeras vezes por tanta clemência agradecem as minhas lágrimas, por clemência elas rolam de novo, molhando meu rosto pouco a pouco.
Não tenho mais palavras, nesse momento tudo que tenho são gotas de lágrimas.
A suíte
A casa era grande.
Grande demais para o que eu sentia, talvez. Ainda assim, deixei a luz acesa. Não por alguém, mas porque apagar seria admitir o escuro. E eu ainda confundia claridade com salvação.
Houve um tempo em que acreditei que abrir era virtude. Que permitir era sinal de força. Hoje sei que abertura demais também cansa. Também fere. Também confunde.
O quarto ficava ao fundo. Sempre fica. Não por mistério, mas por necessidade. O íntimo não gosta de ser primeiro. Gosta de ser alcançado. Chegaram sem chegar. Entraram sem perceber que não se entra assim.
O cuidado morreu sem alarde. O medo continuou. No chão, marcas. Não sei dizer de quem. Sei que eram muitas. Sei que eram minhas também.
Deixei ficar porque era confortável. E porque havia em mim uma fome antiga de partilha. Achei que emoção se ensinava pela convivência. Errei. Emoção não se aprende por uso. Emoção é nascimento ou é ausência.
As sandálias vieram da rua. Trouxeram o mundo para dentro do lugar onde eu me limpava. Algo em mim percebeu, mas tarde. Sempre tarde. Retirei a sandália com um gesto simples. Às vezes, a lucidez não faz barulho.
Arrastei coisas que não eram minhas. Não por amor, mas por cansaço. Quando a força vira rotina, a gente chama de vida o que já é peso. E segue.
Eu morava no silêncio. Não como quem se isola, mas como quem respira. A pressa não me alcançava ali. A casa era grande demais e, talvez por isso, eu tenha achado que precisava ser ocupada.
Quem entrou espalhou-se. Confundiu abrigo com posse. Deitou onde eu sonhava. Comeu do que eu guardava. Aos poucos, fui ficando estrangeira daquilo que era meu. É estranho perceber isso. Mais estranho ainda aceitar.
Bebi da água errada. Não por ignorância, mas por sede. A sede explica muita coisa. O lar, então, deixou de ser lugar e passou a ser pergunta. Fechei portas por dentro. Pela primeira vez, não quis olhar.
Os nomes vinham como vento. Ficavam. Ocupavam. Não pediam. Usavam. Tudo era palco de um movimento que eu não dirigia mais. E não era destruição. Era desgaste. O que se perde devagar dói diferente.
Até que a noite cansou. Ou eu cansei da noite. Não sei bem.
Retirei a sandália. Abri a porta. Não para receber. Para deixar ir. A saída aconteceu sem drama. O que precisava passar, passou.
Voltei à cama. Sentei. Respirei. Há momentos em que respirar é uma decisão.
Ainda moro na bagunça. Porque reconstruir não é limpar, é sustentar o vazio enquanto ele se organiza. A porta de entrada permanece fechada. Não por medo.
Por atenção.
Por mim.
Há um silêncio entre as horas que só o teu nome sabe preencher; nele eu deposito todas as palavras que o medo não deixou nascer. Teu riso é mapa e abrigo, e eu me perco feliz nas curvas suaves do teu olhar, onde encontro a promessa de um dia inteiro de paz. Cada gesto teu acende um farol dentro de mim, e eu navego, sem pressa, guiado por essa luz que é só tua.
És amada pelo meu amor com a força das marés que não se explicam, apenas obedecem ao chamado da lua. Amo-te como quem guarda um segredo sagrado: com reverência, com ternura, com a certeza de que o mundo inteiro cabe num suspiro teu. Quando penso em nós, vejo um jardim que floresce mesmo nas noites mais frias, porque teu afeto é sol que não se apaga.
Quero ser o lugar onde repousas quando o cansaço pesa, a voz que te lembra que és inteira e preciosa, o abraço que traduz em silêncio tudo o que as palavras tentam dizer. Prometo cultivar teus sonhos como quem rega uma planta rara: com cuidado, paciência e alegria. E se algum dia a dúvida vier, lembra-te deste verso simples: meu amor te escolhe, hoje e sempre.
Fica comigo nas pequenas coisas — no café da manhã, nas músicas que dançam pela casa, nas conversas que viram madrugada. Fica comigo nas grandes promessas também, porque o que sinto por ti não é fogo de passagem, é lenha que aquece e constrói lar. Te amar é aprender a ser melhor a cada dia, é descobrir que a vida tem mais cor quando és parte dela.
Eu só to mal.
Será simples?
Será saudade?
Será chatice?
Parece tantos motivos para me fazerem querer desabar, mas ao mesmo tempo, só um em específico.
Eu me sinto frustrado.
Eu me sinto insuficiente.
Eu me acho sem graça.
Eu me acho desinteressante.
Eu só queria conversar mais.
Eu só queria que gostassem mais de mim.
Queria ser uma bom filho.
Um bom amigo.
Um bom abraço.
Uma boa conversa.
São tantas coisas, tantas micros histórias. É uma de 3 anos, é outra de meses, e em nenhuma, eu abandono o papel de figurante, de parede.
Eu nunca pensei que me importaria de fato em ser o preferido, mas eu me importo muito. Não é que era cansativo, eu só tinha medo de desagradar, de me verem demais e perceberem que eu nem sou tudo aquilo.
Nada funciona. Eu edito minhas fotos, eu sorrio até pro vento, rio de piadas sem graças, do atenção a banalidades, estou ali, mas nunca sou eu! Ninguém me percebe completamente.
Eu nem sei mais o que falar.
já alguma vez olhaste para o céu e perguntaste te:
Quem sou eu, no meio de tantos biliões ? Para que é que servirá a minha existência? Porque é que Deus me quis imperfeito como sou, pecador como sou, eu como sou?
A resposta não está lá, nem no chatgpt nem mesmo na bíblia ... a resposta está só em ti e em Deus, que foi quem te deu a oportunidade de escolheres ser que és
Para esse Natal, eu não vou pedir.
Vou agradecer os livramentos. 🤚
Principalmente agradecer as bênçãos 🙏
Os novos integrantes que chegaram à família 🚼
Fazer muita oração pelos nossos doentes.
Comprar um panetone de frutas ao invés de roupa nova, ir ver a árvore em Botafogo com minhas visitas e se possível fazer um luau num dia de noite perfeita, Se a lua brilhar, eu irei vibrar
Esse será o momento incrível desse Natal.
Que o Espírito Santo me invada e eu consiga transformar essa data não num momento de comercialização, e sim de união e amor.
Amor, a minha áurea e que ela irradie luz a todos à minha volta.
E que tudo tenha sentido, em forma de sentimentos verdadeiros que só a presença traz.
Não os presentes 💝
2026 vem com calma que eu tô bem tranquila...
"Hoje é o aniversário do meu irmão, e mesmo ele não estando mais aqui, eu sei que ele gostaria que a gente se unisse mais. A vida é curta e frágil, e a gente não leva nada quando vai embora. Vamos aproveitar o tempo que temos para nos amar e apoiar, para transformar mais sorrisos e menos tristeza. Porque, no fim, somos todos feitos de água e pó, e é o amor que fica."
*Que Deus esteja contigo e, acima de tudo, que você esteja com Deus.*
É difícil unir todos os sentimentos que tenho hoje e, se juntarmos as nossas fotos e brincadeiras da infância, num segundo que não volta mais, pedir desculpas pelas brigas bobas e os apelidos chatos que você me colocava e eu me irritava, será que se o tempo voltasse eu teria oportunidade de ser mais presente e menos jurada das atitudes que eu não sabia que hoje fariam tanta falta? Porque você era um pé no saco, rsrs não vou mentir, mas também era carinhoso e compreensivo, não tinha maldade, era um menino-homem, menino, irmão. Hoje, esteja onde estiver, sinta meu carinho e minha lembrança e olhe por nós aqui.
#luto #festanocéu #somosaguaepoeira
PORMENORES
Eu fiz uma canção.
Ela exprime meus anseios.
Eu não tinha tal entendimento,
Mas a canção se fez rainha nos meus sonhos.
Qual a um erudito, fiz nos pormenores
As causas de sua construção.
E entoei um grito sufocado.
Eu já não tinha um porquê de entoá-la.
Mesmo assim, a fiz!
Desejei que o mundo ouvisse!
Mas, depois, compreendi...
Que só eu a entenderia!
MINHA ESCURIDÃO É INFINITA
Eu medi a minha escuridão e descobri que ela é infinita. Diante disto, propus-me a me olhar com outros olhos. Procurei luz na alma, mas só havia sombras. Isso inquietou-me diante da improbabilidade de ver a luz. Então me recolhi, mantendo-me na minha pequena insignificância, porém, não me dei por vencido.
Eu já tinha visto a luz, mas o ego a sufocava. Procurei me despir dele; havia camadas, e lutei com as forças que me restavam. Eu estava cego, pobre de espírito e nu! Mas quem disse que eu estava nu? Meu próprio ego. A briga sempre foi intensa, de causar exaustão.
Procurei sair da bolha em que me meti. Tentei alçar voos, mas sempre era reprimido. Quase tudo que me cercava eram trevas, devido à bolha. Tornei-me um monstro, um ser sem vida, buscando vidas em outras dimensões.
A batalha dual se acirrou, sendo que eu mesmo era o espectador. Eu torcia pelo mais forte, só que, no momento, o mais forte era o obscuro. Os outros "eus" que existem em mim, ambos os lados, não levantavam a bandeira branca, e eu seguia inquieto na expectativa do vencedor!
Por fim, alcancei o chão e, de espectador, resolvi entrar na briga. Foi quando comecei a enxergar um filete de luz na minha vasta escuridão!
O Jardineiro do Cosmos
No jardim do cosmos, eu semeei estrelas,
Sementes de luz que germinam em sonhos,
Raízes de tempo que se entrelaçam no espaço,
Um jardim de possibilidades, onde o infinito floresce.
Eu sou o jardineiro que cultiva o universo,
Um arquiteto de sonhos que constrói o infinito.
Eu sou a semente que germina em estrelas,
Uma partícula da fonte que se expande no cosmos.
No espelho do tempo, eu vejo reflexos
De vidas passadas, de futuros possíveis,
Um caleidoscópio de experiências que se desdobram
Em lições de amor, de sabedoria e de luz.
Eu sou o jardineiro que cultiva o universo,
Um arquiteto de sonhos que constrói o infinito.
Eu sou a semente que germina em estrelas,
Uma partícula da fonte que se expande no cosmos.
No silêncio do vazio, eu ouço a música
Das esferas celestes, que cantam em harmonia,
Uma sinfonia de vibrações que ecoam no universo,
Uma linguagem secreta que só o coração entende.
Eu sou o jardineiro que cultiva o universo,
Um arquiteto de sonhos que constrói o infinito.
Eu sou a semente que germina em estrelas,
Uma partícula da fonte que se expande no cosmos.
O CARTÃO POSTAL
Eu fiquei pensando em nós. E, em cima da mesa, vi um cartão postal
De algum lugar onde você está, desde o dia em que você se foi.
Meio confuso estava nosso amor, entre outras histórias que a vida traz...
E eu me vi dizendo adeus. Na despedida, trouxe um cartão postal,
E eu me vi dizendo adeus; só então reconheci os erros meus...
Eu esperei o tempo apagar as lembranças que me perseguiram,
E no meu quarto já não mais estão memórias, sua e minha.
Meio confuso ficou o nosso amor, entre outras histórias que a vida traz...
E eu me vi dizendo adeus...
Lembranças
Lembrei-me de você
Tão longe, longe de mim.
Eu faço barcos de papel
Que vão pelos mares a ti,
Como uma lembrança.
Lembre de nós, quando crianças,
Juntos a brincar, a sorrir.
O mundo era nosso:
Você a lua e eu o sol,
Com olhares inocentes.
Quem ouvir o nosso pranto
Vai entender que não queremos
Ouvir a palavra "adeus".
Se algum dia nos unirmos,
Falaremos a sós
Nossos segredos:
Essa nossa dor por não ter
A quem amamos.
POEMA INEVITÁVEL
Eu queria falar sobre deus, sexo, política, amor e trivialidades; mas me colocaram uma carapuça, e fui treinado a ser um personagem.
Depois, quis me tornar poeta, músico, filósofo e até ator. Porém, descobri que, desses, eu já tinha me tornado ator, não por opção, mas por imposição das situações, e sufoquei os outros personagens.
Eu quis me tornar um humanista, um sociólogo, talvez antropólogo, filólogo e até defensor de causas perdidas ou ganhas. Acontece que meu personagem não discute muito com minha dignidade: meu lado ator sempre vence quando a conveniência grita mais alto!
Enfim, decidi partir para as trivialidades da vida, já que não me restavam muitas escolhas. Eu tentei ser muitos, e acabei não sendo eu. Então, fiz da vida minha luta, minha sobrevivência, minha causa (também por imposição). Ergueri um castelo de sofismas, e o meu estandarte foi tremular pequenas ideias que não eram minhas. Lutei bravamente para anunciar, dentro de mim, um poema inevitável, confrontando meu personagem que, por conveniência, acabou sufocando o eu iludido que achava que era eu!!!
#israelsoler
ME PROPUS
Eu me propus...
Me propus a ser quem sou,
a andar de cabeça erguida,
sem olhar o mundo à minha volta.
Aaah, o mundo das coisas
que permeia a minha volta...
Com seus encantos e lamúrios,
balbuciando aos meus ouvidos
sons e conselhos vãos,
atestando em minha alma
seus conflitos inglórios,
transformando cada passo meu
em um fardo que não carregarei
por culpa ou desatino.
Sofrer as consequências por ter
simplesmente nascido não me faz
atirar-me sem máscaras a esmo
em um mundo que já
cambaleante caminhava na sua autoestrada.
Pois então, neste exato momento,
estou confinado no agora
e já não tenho qualquer compromisso
com o futuro que me resta.
Sim, o futuro sempre é feito de especulações.
Não posso aguardá-lo,
não sei se estarei no seu presente.
Por hora, faço em mim morada
e caminho na autoestrada onde fui colocado.
Mas, desatento, fabrico minhas passadas
e vou de encontro àquilo que era meu anseio.
Vou sem receios, sem bagagens e sem
muitas lembranças; só o que restou de mim
do hoje é o que levo.
Talvez, no meio do caminho,
haja um novo despertar,
anunciando o agora que não é mais presente,
observando que o que é vindouro
está logo ali, diante de tudo que rejeitei,
refazendo momentos gravados em mim
como quebra-cabeças em um jogo
de vida ou morte.
Transformando, assim, meu eu,
em um espectador das minhas escolhas
e o carregador das decisões tomadas.
A vida anuncia seu início, meio e fim.
Ficar a esperar o fim desse jogo
traz a pressa dos afazeres
e das pequenas promessas sutis
que delineadas estão no caminho.
Então vou, sem pressa...
Pressa? Para quê?
Se no final, morremos no presente,
sendo que quem acaba de nascer
sonha com um futuro
e irá percorrer a mesma autoestrada,
a autoestrada da vida.
Um ciclo que não se acaba,
um recomeço que todos almejam
e um agora que poucos vivem.
Viver é sonhar...
E poucos têm sonhado em vida.
Eu, acomodo-me no sofá
e me proponho a sonhar
sem me dar ao trabalho
de nenhuma reflexão,
deixando tudo como está,
sendo o contraponto
da vida, do mundo e do eu
que me propus a apenas estar aqui!
Eu achava que eu era fria. Achava que não precisava do amor, que meu coração tinha aprendido a sobreviver sem se abrir. Eu dizia isso com certa firmeza, como quem repete uma verdade para não encarar o vazio. Mas então você apareceu, e tudo o que eu achava que sabia sobre mim começou a se desfazer.
Quando pensei em você, pensei em presente. Não por obrigação, mas por cuidado. Fiquei me perguntando do que você mais gostava, tentando entrar no seu mundo. A camiseta do time surgiu quase sem perceber, e eu ri sozinha pensando: “como não pensei nisso antes?”. Talvez porque amar seja isso prestar atenção.
Te vi pela primeira vez e me apaixonei. Não foi barulhento, foi silencioso. Um reconhecimento. Como se algo em mim dissesse: é aqui. Nosso primeiro beijo foi no cinema. O filme era de terror, e eu estava assustada, mas você segurou minha mão, beijou meus dedos, acariciou com calma. Ali, no escuro da sala, eu me senti segura. Foi meu primeiro beijo que não pediu nada além de presença.
Foi meu primeiro date. Meu primeiro carinho sem sufoco. Pela primeira vez, o afeto não me prendeu me acolheu.
E não foi apenas um final de semana. Foram idas e vindas, beijos repetidos, carinho constante. Foi esforço. Foi escolha.
Eu te tocava com cuidado, fazia massagem no seu corpo, te dava beijos como quem aprende uma língua nova a do afeto sem medo. Com você, meu corpo não pediu defesa. Ele descansou.
O tempo está frio, nublado, com chuvinhas finas. Você está distante agora. E dói. Mas há algo que ninguém pode me tirar: eu vivi isso. Eu senti. Nunca vou te esquecer. Estou aprendendo a viver sem você, e enquanto a chuva cai, as lágrimas escorrem dos meus olhos. Mas não são só de perda. São de descoberta. Porque foi com você que eu descobri que havia amor em mim. Compaixão. Doçura. Presença. Talvez essa história nunca tenha sido só sobre nós dois. Talvez, no fundo, sempre tenha sido sobre mim sobre quem eu me tornei ao permitir sentir.
E isso, mesmo doendo, é para sempre.
Querida
Pra que quer achar culpado
Não temos culpa querida
Você não conseguia gostar
Eu ficava com minhas cartas
Minhas flores
E meu amor a deriva
Enquanto você se ausentava
Rezando pra que eu te vangloriasse
Ilusório
Não posso
Não sou seu brinquedo
Me desculpa querida
Estou indo
E joguei as cartas, as flores
E chocolates no lixo
Espero que entenda.
Jean César
