Textos de Chico Chavier sobre o Amor
"Do horizonte só descem soluções para quem abraçou os problemas"
- Existe uma extrema cumplicidade entre o problema e a solução, de tal maneira que, a inexistência de um torna irrelevante a existência do outro.
Abrace com intensidade cada problema pois a solução é a real razão para a existência do mesmo.
Evitemos choques destrutivos e doemos o melhor de nós aos programas de ação que nos propomos a realizar, exercitando entendimento e tolerância, conscientes de que para coibir quaisquer calamidades, no terreno do espírito, a paciência é o preservativo ideal.
Não te detenhas a lamentar problemas e crises.
Se te engajaste na causa do bem, guarda-te em serviço constante e, usando paciência e amor, certamente vencerás.
De uns tempos pra cá
telefone, bicicleta
minhas saídas mais secretas
tô pensando em deixar
dê no que tiver que dar
seu amor me basta ter
pra ficar só com você
isso de uns tempos pra cá
Coisas são só coisas
servem só pra tropeçar
têm seu brilho no começo
mas se viro pelo avesso
são fardo pra carregar
Súplica do Natal
Na noite santificada,
Em maravilhas de luz,
Sobem preces, cantam vozes
Lembrando-Te, meu Jesus!
Entre as doces alegrias
De Teu Natal, meu Senhor,
Volve ao mundo escuro e triste
Os olhos cheios de amor.
Repara conosco a Terra,
Angustiada e ferida,
E perdoa, Mestre Amado,
Os erros de nossa vida.
Onde puseste a alegria
Da paz, da misericórdia,
Desabam tormentas rudes
De iniquidade e discórdia.
No lugar, onde plantaste
As árvores da união,
Vivem monstros implacáveis
De dor e separação.
Ao longo de Teus caminhos
Sublimes e abençoados,
Surgem trevas pavorosas
De abismos escancarados.
Ao invés de Teus ensinos
De caridade e perdão,
Predominam sobre os homens
A sombra, o crime, a opressão.
Perdoa, Mestre, aos que vivem
Erguendo-Te a nova cruz!
Dá-nos, ainda, a bonança
De Tua divina luz.
Desculpa mundo infeliz
Distante das leis do bem,
Releva as destruições
Da humana Jerusalém...
Se a inteligência dos homens
Claudicou a recaiu,
A Tua paz não mudou
E ao Teu amor não dormiu.
Por isso, ó Pastor Divino,
Nos júbilos do Natal,
Saudamos a Tua estrela
De vida excelsa e imortal.
Que o mundo Te guarde a lei
Pela fé que nos conduz
Das sombras de nossa vida
Ao reino de Tua luz!...
Encontro Divino
Na bênção do Natal,
quando o aprendiz desditoso
contemplou toda a luz
que o Mestre lhe trazia
a Terra transformou-se
aos seus olhos em pranto.
Renovado a feliz
reconheceu que a lama
era adubo sublime;
Notou em cada espinho
uma vara de flores
e descobriu que a dor,
em toda parte, é dádiva celeste.
Assombrado,
viu-se, enfim, tal qual era,
um filho de Deus-Pai
ligado em si à Humanidade inteira.
Descortinou mil sendas para o bem
no chão duro que lhe queimava os pés.
Encontrou primaveras
sobre o frio hibernal
e antegozou colheitas multiformes
na sementeira frágil e enfermiça.
Deslumbrado,
sentiu, nas flores, estrelas mudas,
nas fontes, bênçãos do céu exilados no solo,
e nas vozes humildes da natureza
o cântico da vida
a Bondade Imortal.
Abrira-se-lhe n'alma o Grande Entendimento...
Não conseguiu articular palavra
à frente do mistério.
Somente o pranto
de alegria profunda
orvalhou-lhe o semblante em êxtase divino.
E, desde então,
passou a servir sem cessar,
dentro de indevassável silêncio,
qual se o Mestre e ele se bastassem um ao outro,
morando juntos para sempre,
à maneira de duas almas
vivendo num só corpo
ou de dois astros
a brilharem unidos,
em pulsações de luz,
no Coração o Amor.
Aprendɑ ɑ viver dentro dɑs suɑs possibilidɑdes.
Buscɑr umɑ vidɑ de ɑpɑrênciɑs, forɑ de suɑ reɑlidɑde,
só o levɑrá pɑrɑ um ɑbismo sem voltɑ.
Construɑ ɑ suɑ vidɑ ɑos poucos,
lutɑndo ɑ cɑdɑ diɑ e extrɑindo dɑ vidɑ
o que elɑ tem de melhor – ɑ simplicidɑde.
TAPERA ESQUECIDA
De passagem no Sertão,
Eu parei pra contemplar
A tristeza de um lugar
Esquecido num grotão.
A palavra solidão
Não descreve uma tapera
Tão deserta que coopera
Com o vil termo ruína...
A Caatinga Nordestina
Dizimada não prospera!
Na tapera eu vi sentido
D’um celeiro de lembrança
E lembrei que fui criança
Num lugar bem parecido.
Senti-me desprotegido,
Órfão de identidade
Tomado pela saudade
Do meu tempo pueril...
Retomei o meu perfil
Com certa dificuldade!
No terreiro desolado,
Um grande mandacaru,
Ao longe pés de umbu,
Pinhão na cerca trançado
Que apesar de estar florado
Parecia mais alerta
Naquela cena deserta
Como um aflito recado
De um chão desertificado
Em decadência, na certa.
Apenas um solitário
Concriz catando no mato
Na calha de um regado
Seco compondo o cenário,
O pássaro qual relicário
Trouxe-me sinal de vida.
Apressei minha partida
Um tanto impressionado
Por ali ter contemplado
A tal tapera esquecida.
SOB AVARIA
Sinto-me sendo punido,
Porque o véu da poesia
Fez de mim um ser ungido
No parnaso e na porfia
Da verve que alimenta
Os poetas de magia.
Só sendo castigo ou erro
Em minha epigenesia...
Quem sabe minha genética
Ocorreu sob avaria?
Sou como espuma-do-mar
Dispersa na maresia!
Na ruminação do tempo
Tenho buscado trazer
O fardo que me pertence
Sorrindo, pra não sofrer,
Na ordem do crescimento
Das malhas do meu tecer.
Causei ciúmes no amor
Que um dia me amou também,
A despeito dos meus versos
Procurou me ver além...
Mas restou-me a poesia
Por ser o meu único bem!
O ROUXINOL E EU
Por vezes, quando eu canto, o rouxinol
Responde-me trinando o seu cantar,
Mas sei que ele quer mesmo é me agradar
Nas manhãs que saudamos ao deus sol.
O meu trovar tropeça em tom bemol
Já que o meu canto é simples laurear...
E o rouxinol, contralto singular
Que por si só encanta, qual farol!
Mesmo assim eu me sinto tão feliz
Por ser de cantador, um aprendiz
Que vive a declamar os versos seus.
O rouxinol e eu, consortes somos,
O que já me é bastante, pois compomos
Ajustado dueto... Préstimos meus!
PONTEIO À MADRUGADA
Eu não sou de improvisar,
Mas se verso é na bitola
Saltitante, cabriola
Com um quê de emocionar.
Já fui carcará a ciscar
Na terra fértil sulcada...
Se ponteio à madrugada
Meu arpejar denuncia
Que respiro poesia
Junto com a passarada!
Sou difícil de juntar
Se me espalho... É minha sina
Ser um galo de campina
De galho em galho a trinar
Ou calango a rastejar
Em lajedos da Caatinga,
Meu camuflar de coringa
Me esconde e ninguém acha
No barro do chão que racha
Se não chove e nada vinga.
Sou o aboio do vaqueiro
No semiárido cinzento,
Ligeiro quão pensamento
A peitar o marmeleiro,
Flor e fruto de cardeiro
A desafiar mormaço,
Eu sou água de cabaço
Na sombra da umburana,
Sou tapera, sou choupana
Esquecida qual retraço.
No meu tempo de menino
Eu fui rico fazendeiro,
Plantação de umbuzeiro
Tratei com zelo e refino.
Fui calça boca de sino
Em caminho de carrapicho,
Não tive medo de bicho,
Sempre fui desassombrado
E estradeiro acelerado
Destacado por capricho.
Eu sou desse mundo agreste
Onde fui peão no eito...
Chão que tem o meu respeito
No coração do Nordeste.
Caboclo é Cabra da Peste
No Sertão Paraibano,
Tem miolo, tem tutano,
Tem um que de sábio ser
Que o tempo sabe ler
Em cada estação do ano.
Convidei um rouxinol
Para uma parceria
Quando entrei na moradia
Tão deserta quão paiol.
Na viola um tom bemol,
Começamos a cantar...
Mas terminei por chorar
De tanta melancolia,
Tudo se fez poesia
Ao voltar ao meu lugar.
QUANDO A NATUREZA EXCEDE
NA BELEZA SINGULAR
Os que contemplam o belo
Na fauna e no vergel,
Nas nuvens soltas no céu,
Num fruto, num cogumelo,
Num veio d’água singelo,
Vivem a valorizar
O meio ambiente, o lar
Onde vive e até se mede
Quando a natureza excede
Na beleza singular.
O poeta que se inspira
Nas cores que a natura
Dispensa com a ternura
Do arco-íris que tira
O fôlego de quem o mira,
D’um artista a pincelar
Quadro que faz meditar
No abstrato que procede
Quando a natureza excede
Na beleza singular.
As flores que na floresta
Enchem a vista da gente,
Faz qualquer olhar plangente
Convidado para a festa,
Nos embala na seresta
D’aves a cantarolar,
De um constante sibilar
Logo passa a ser a sede
Quando a natureza excede
Na beleza singular.
Do tucano ao beija-flor
Tem beleza sem igual,
Capacete de calau
Também tem o seu valor
E faz parte do esplendor
Da fauna espetacular,
Costa litorânea, o mar,
Amazônia que não cede
Quando a natureza excede
Na beleza singular.
Nos mistérios do pavão,
Na semente germinada
Dando fruto que agrada
Quando há degustação,
Num quintal de criação,
Galinha a cacarejar
É como gado a pastar
No cercado que concede
Quando a natureza excede
Na beleza singular.
O sol nasce do arrebol
Para aquecer a manhã
Do lago da jaçanã,
A estender seu lençol
Para que o girassol
Desabroche ao luar
Quão poesias no ar,
A ternura é que sucede
Quando a natureza excede
Na beleza singular.
TODO TEMPO O TEMPO TODO
Majestosa é a natura
Que apresenta fauna e flora!
Coloração se mistura
No Vergel a toda hora!
Eu que sou um nordestino
Que tem força igual bambu,
Meu contemplar vespertino
Exalta o mandacaru!
Sobre o bem viver das aves
Quase sempre me debruço...
Porque vivem sem entraves,
Com Deus controlando o pulso!
Todo tempo o tempo todo
Pulsa a vida em nosso ser,
Não importa, se no lodo,
Ou onde o ente viver!
"A Poesia é" mui bela...
Nos eleva às alturas...
E nos faz navegar nela
Sobre mares de ternuras!
MANDACARU EM FLOR
A flor do mandacaru
Traz beleza e esperança
Ao semiárido cinzento,
Qual marco de confiança,
A transmitir singeleza
À Caatinga, à natureza,
Num sugerir de aliança.
Desabrocha entre espinhos
Esbanjando majestade,
No atrair de passarinhos
Que a beijam com bondade.
Mandacaru faz-se grato,
Floresce solo, no mato
Seco, mostrando humildade.
O mandacaru em flor
Devolve vida a savana,
Mata branca nordestina
Que de seca, desengana!
Bendito seja o cardaeiro
Que junto ao juazeiro,
Mostra resistência e gana!
Salve o vermelho fruto
Do mandacaru primeiro,
Sã porção que alimenta
A atraídos pelo cheiro,
Passarinhos, roedores,
Que desfrutam dos primores
Presentes no tabuleiro!
A política, a Religião e o Futebol só serve para dividir o povo, são paixões capazes de imbecilizar o homem, pois, toda contestação é inútil. Discutir racionalmente com o outro uma opinião de origem afetiva ou mística só terá como resultado exaltá-lo.
Visto que os tolos acreditam que politica, religião e futebol não se discute, por esse motivo os ladrões continuam no poder e os falsos profetas continuam a pregar, conscientes de que o melhor catalisador para o emburrecimento é o apego incondicional a uma ideologia.
Todos sabemos que a Política, a Religião e o Futebol há muito tempo tornou-se a arte da conquista e da conservação do poder e a luta contra essas instituições são difíceis, porque elas são organizados, e nós não.
Com adaptações de Chico Nauta
Carta às mães
Minha irmã, se Deus te deu.
A luz da maternidade,
Deu-te a tarefa divina
Da renúncia e da bondade.
Busca imitar no caminho
A Rosa de Nazaré,
Irradiando o perfume
De amor, de humildade e fé.
Lembra sempre em tua estrada,
Que a paz de tua missão
É feita dessa ternura
Que nasce do coração.
Contempla em cada filhinho
Um luminoso sorriso
Da alegria dolorosa
Que te leva ao paraíso.
Porque, ser mãe, minha irmã,
É ser prazer sobre as dores,
É ser luz, embora a estrada.
Tenha sombras e amargores.
Ser mãe é ser a energia
Que domina os escarcéus,
É ser nas mágoas da Terra
Um sacrifício dos céus.
Pensa nisso e não duvides
Da grande misericórdia,
Que te deu na senda escura
A lâmpada da concórdia.
Ouve ainda. Tem cuidado
Com o teu próprio coração.
Não deixes que se transforme
O teu amor em paixão.
Muita vez, a mãe terrestre.
Em vez de salvar, condena,
Porque do amor que redime
Faz a paixão que envenena.
Há muitas mães nos Espaços
Chorando na desventura,
Os perigosos desvios
De sua imensa ternura.
Ama o filho de outra mãe
Qual se fora teu também,
E estarás santificado
Teu lar nas luzes do Bem.
Castiga amando o teu filho
Em teu carinho profundo.
Prefere o teu próprio ensino
Às tristes lições do mundo.
Recorda que está contigo
A missão de renovar,
De corrigir perdoando,
De esclarecer e ensinar.
Nos teus exemplos repousa
A esperança do Senhor,
Que há de salvar este mundo
Por meio de teu amor.
Carinho e reconhecimento
Querida Mamãe,
Pedindo-lhe me abençoe com o seu carinho de todos os dias, venho trazer-lhe meu abraço.
É sempre doce acenar, à senhora, com o sinal de nossa ternura, de nosso reconhecimento.
Tenho a ideia de que nós, seus filhos, somos pássaros incapazes de esquecer a árvoreacolhedora que os viu nascer.
Por muito vastos sejam os nossos voos, chega o momento em que sentimos sede do aconchego suave do ninho e, alegres e confiantes, tornamos aos seus braços, renovando as energias para as incursões no espaço infinito! Graças a Jesus, vemo-la corajosa, refeita.
A ventania arrasadora rouba-lhe os galhos de esperança, decepa as flores de seu ideal deesposa, mãe e mulher; mas a senhora permanece firme, à frente do temporal.
Rendamos graças à Divina Providência pela dádiva de sua coragem e de seu heroísmo.
As mãos de Jesus operam milagres nos corações que a elas se entregam com segurança.
Afastam pesares, curam chagas, adormecem a dor.
Levantam-nos para o trabalho e sustentam-nos na tarefa que nos cabe desenvolver.
Dissipam a neblina da angústia e acendem nova luz nos horizontes de nossa fé.
Multiplicam nossas forças, dilatando-as no serviço a que nos afeiçoamos a favor denosso próprio bem.
Cerram nossos lábios quando a fadiga nos sugere observações imprudentes e constituem infalível apoio para que não venhamos a cair nos despenhadeiros que se alongam nasmargens do caminho que devemos trilhar.
São arrimos valiosos que nos sustentam de pé, transportando-nos através de asas luminosas,às visões do Céu...
Procuremos, cada dia, as mãos do Senhor.
Sem elas, Mamãe, não seria possível um passo à frente, na estrada de redenção a quefomos conduzidos pela Bondade Celestial.
Com a senhora, aprendi a buscar esse bendito sustentáculo de minha jornada nova...
Deus a recompense por todas as bênçãos de sua maternal dedicação.
Ainda e sempre, rogo-lhe não esmorecer...
Com o Mestre da Verdade, sabemos que tudo perder no mundo transitório é tudo reencontrar na vida eterna.
Seu espírito valoroso tem sabido planejar o bem e executá-lo, sem desligar-se da certeza de que tudo é de Deus e de que tudo permanece n'Ele, nosso Amoroso Pai.
Compreendo-lhe a suprema renúncia.
Sem ela, contudo,não lhe seria possível realizar tanto, em nosso benefício.
É por isso que, em preces silenciosas e constantes, peço ao Senhor a conserve resistentee calma, nobre e forte.
Recordemos que as mãos de Jesus permanecem nas diretrizes de nossa marcha.
O tempo é um empréstimo de Deus.
Elixir miraculoso – acalma todas as dores.
Invisível bisturi – sana todas as feridas, refazendo os tecidos do corpo e da alma.
Com o tempo erramos, com ele retificamos.
Em companhia dele, esposamos graves compromissos e, por ele amparados, resgatamostodos os nossos débitos.
Enquanto acreditamos que o tempo nos pertence, muitas vezes, caímos presas de cipoais de sombra; mas, quando compreendemos que o tempo é de Deus, o nosso retorno à paz seconcretiza em abençoada recuperação de nós mesmos para o amor que tudo regenera e tudosantifica.
Confiemos, assim, no tempo que o Senhor nos concede à própria libertação e prossigamos convertendo nossos problemas em lições e as nossas lições em bênçãos da divina imortalidade.
Jesus está conosco e, ao toque de sua infinita bondade, todas as nossas experiências setransformam em motivos de felicidade imperecível.
A todos os nossos, o meu abraço carinhoso de sempre.
E beijando-a com o meu coração reconhecido, sou a filha sempre ao seu lado.
Mãe
“Honrarás pai e mãe" – a Lei determina. Não te esquecerás, porém, de que nove mesesantes que os outros te vissem a face, a tua presença na Terra era um segredo da vida, entre odevotamento e o Mundo Espiritual.
Na juventude ou na madureza, lembrar-te-ás da mulher frágil que, sendo moça, envelheceu, de repente, para que desabrochasses à luz, e trazendo o ideal da felicidade como sendo uma taça transbordante de sonhos, preferiu trocá-los por lágrimas de sofrimento, para quetivesses segurança no berço.
Agradecerás a todos os benfeitores do caminho, mas particularmente a ela que transfigurou em força a própria fraqueza, a fim de preservar-te.
Quando o mundo te aclama a cultura ou o poder, o renome ou a fortuna, recorda aquelaque não apenas te assegurou o equilíbrio, ensinando-te a caminhar, mas também atravessoulongos meses de vigília, esperando que viesses a pronunciar as palavras primeiras, para melhor escravizar-se à execução de teus desejos.
Muitos disseram que ela estava em delírio, cega de amor, que nada via senão a ti, entretanto, compreenderás que ela precisava de uma ternura assim sobre-humana, de modo a esquecer-se e suportar-te as necessidades, até que lhe pudesses dispensar, de todo, o carinho.
Se motivos humanos a distanciam, hoje de ti, que isso aconteça tão-só na superfície dascircunstâncias, nunca nos domínios da alma, porque, através dos fios ocultos do pensamento,sentir-lhe-ás os braços, sustentando-te as esperanças e abençoando-te as horas.
Nunca ferirás tua mãe. Ainda quando o discernimento te coloque em posição diversa,em matéria de opinião. Porque ela se tenha habituado a interpretação diferente do mundo,não lhe dilaceres a confiança com apontamentos intempestivos e espera, com paciência, queo tempo lhe descortine novos horizontes, relativamente à verdade.
‘Honrarás pai e mãe – a Lei determina. Não te esquecerás, porém, de que se teu pai é o companheiro generoso que te descerrou o caminho para a romagem terrestre, tua mãe é o gêniotutelar que te acompanha os passos, em toda a vida, a iluminar-te o coração por dentro, com abondade e a perseverança da luz de uma estrela.”
Meu tesouro
Agradeço, senhor, o mundo em verde e flor Que nos fizeste...
– A Terra – O lar de luz que se equilibra, em pleno Lar Celeste!...
Agradeço a esperança que me acalenta o ser,
A benção de servir, o Dom de compreender...
Agradeço a amizade em que meu coração se renova e se ufana, toda vez que se alegraou se refaz, no entendimento da ternura humana.
Agradeço a lição do sofrimento, no cadinho da prova em que me exaltas, entregando-me a dor por auxílio divino e apagando em silêncio as minhas próprias faltas !...
Agradeço a instrução e o carinho da escola,
O socorro do bem e a palavra tranquila que me ajuda ou consola!...
Agradeço a alvorada, o Sol que me sustenta e acaricia,
A noite que me acalma o pensamento, o pão de cada dia...
Entretanto, meu Deus, mais do que tudo, agradeço-te em prece enternecida
O regaço materno que me trouxe para a glória da vida!...
Em tudo, em todo o tempo e em toda a parte, sê bendito, Senhor,
Pela santa Mãezinha que me deste, me tesouro de amor!
Minha mãe
Desejava, mãezinha, para testemunhar-te afeto e gratidão,
escrever-te um poema que me fotografasse o coração.
E, ao servir-me do verbo, quisera misturar
a beleza das flores e das fontes, o azul do céu, o ouro do sol e os lírios do luar...
Anseio enaltecer-te! A palavra, no entanto, mãe querida,
não consegue mostrar as bênçãos incessantes que nos trazes à vida.
Em vão consulto dicionários! Não encontro a expressão lúcida e bela
que nos defina claramente a luz que o teu sorriso nos revela...
Ofereço-te, assim, ao carinho perfeito
o doce pranto de agradecimento que me verte do peito.
As lágrimas que choro de alegria refletem, uma a uma
as estrelas de amor que te engrandecem, – a tua glória em suma!
És tudo de mais lindo que há no mundo, – o agasalho, a ternura calma e boa,
o refúgio de santo entendimento, a presença que abençoa...
Desculpe, meu tesouro de esperança, se não te sei nobilitar
o reino de bondade e sacrifício, no sustento do lar!
E não sabendo, mãe, como louvar-te a celeste afeição,
rogando a Deus te glorifique a vida, trago-te o coração.
Cada espírito é um canal de bênçãos, em se mantendo ligado às Leis do
criador.
Lembre-se: você pode espalhar compreensão e otimismo.
Contemple a fonte ao dissipar as formações de lama que se lhe atira à
corrente.
Não se detenha em pessimismo e azedume.
Qualquer tristeza manifestada impulsiona os tristes a ficarem mais tristes.
Fraqueza à mostra enfraquece os fracos ainda mais.
Encoraje o próximo com o seu sorriso, entregando suas mágoas a Deus.
Não se sabe de benefício algum que o desânimo tenha realizado.
Siga em frente, criando simpatia e amizade, esperança e cooperação.
Felicidade é um fruto que se colhe da felicidade que se semeia.
Plante amor e paz e a vida lhe trará farta colheita de paz e amor.
Quando a provação lhe apareça, terá surgido o seu momento mais
importante para comunicar fé e coragem aos companheiros.
Quando o sofrimento desponte na estrada de alguém, estará você obtendo
o instante dourado de auxiliar.
Haja o que houver, distribua confiança e bom ânimo, porque a alegria é
talvez a única dádiva que você é capaz de ofertar sem possuir.
Evite amargura e desespero, porque todos estamos seguindo ao encontro
do júbilo imperecível.
Se você não acredita que Deus é plenitude de paz e amor, alegria e luz,
pense que a Terra poderá envolver-se nas sombras da noite, mas haverá sempre no Céu a fatalidade do alvorecer.
