Textos de Boas Energias
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Sonhar é ansiar o impossível
Realizar é tornar factível
Escrevi não tinha tinta
Recitei não tinha verso
Comprimi não tinha cinta
Inverti não tinha inverso
Adoeci não tinha leito
Pari não tinha feto
Amamentei não tinha peito
Dormi não tinha teto
Engordei não tinha roupa
Mastiguei não tinha dente
Ruminei não tinha boca
Atirei não tinha pente
Laborei não tinha aula
Soletrei não tinha letra
Capturei não tinha jaula
Discuti não tinha treta
Projetei não tinha escala
Plantei não tinha rosa
Viajei não tinha mala
Conversei não tinha prosa
Garimpei não tinha ouro
Meditei não tinha mantra
Amarelei não tinha louro
Contraiu não tinha câimbra
Planejei não tinha plano
Juntei não tinha caco
Enxuguei não tinha pano
Naveguei não tinha barco
Acordei não tinha sol
Encorajei não tinha luta
Relacionei não tinha rol
Atendi não tinha escuta
Rezei não tinha vela
Advoguei não tinha caso
Adotei não tinha tutela
Posterguei não tinha atraso
Subi não tinha escada
Abri não tinha janela
Queimei não tinha largada
Fritei não tinha panela
Escavei não tinha terra
Soprei não tinha vento
Amputei não tinha serra
Superei não tinha talento
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Sete dois; comecei a ensaiar o livre arbítrio no ventre da minha genitora, e materializei meu elo com o mundo já no primeiro choro. O aprendizado, a dor e o desconhecimento do provérbio "só se afoga quem sabe nadar". Afundei nas minhas primeiras tentativas ao optar pelo gume errado da faca, e lembrei que a piscina amniótica não serviu como treino.
Criei uma carapaça tão forte quanto a armadura de Ogum, "cascorei" e saí cavalgando até tropeçar com a fraqueza dos fortes. A ansiedade antagônica e latente me desviou do tempo do Homem, e hoje ainda me sinto responsável pela erupção de algo adormecido perante a visão daqueles que ignoram.
Enquanto meu âmago ainda espera por um comportamento diferente do mundo, torço calado por uma reação massiva à minha voz.
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Quando me predisponho a sentar, escrever e decifrar a vida com doses de eloquência e pragmatismo, faço associações e remissões para um raciocínio coerente e fechado. Invariavelmente, meus pensamentos estão associados ao propósito e remetidos aos vínculos estabelecidos entre o nascer e morrer.
Propósito para termos um futuro que impulsione nosso presente, e vínculos porque não construímos destinos com carreira solo. Temos os que torcem incondicionalmente, os que aplaudem, os que invejam, os que são indiferentes, e aqueles que fazem acontecer junto. Todas essas interações na busca por um sentido, tornam-se vínculos.
É muito surreal achar que um propósito almejado e plantado ao longo de uma jornada linda e exaustiva, bem como os vínculos impagáveis que construímos ao longo deste percurso, aconteçam sem explicações ou justificativas. É muito raso acreditar que tudo faz parte de uma cadeia fria e evolutiva, com legados inteiros virando pó sem uma perpetuidade espiritual. Não se trata de apego, mas de sanidade.
Prefiro acreditar em um fio invisível que estabeleça conexões após nossa desmaterialização, que nos conecte aos nossos antepassados e tudo aquilo que absorvemos de aprendizado para uma encarnação mundana. Prefiro desacreditar que depois de tanta luta e troca, tenhamos que nos preparar para uma finitude, um desfecho vazio para os que partem e cruel para os que ficam.
A vida nos ensina o poder dos significados, e por isso buscamos um sentido para tudo. Eu imagino uma morte travestida de renascimento, um legado ativo das pessoas que tive a sorte de conviver, e uma consciência imortalizada para uma evolução espiritual. Se meus pensamentos são fruto de um delírio pessoal, porque existimos e aprendemos a amar tanto a vida quanto o próximo?
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Devotei boa parte da vida ao acaso, mas foi o descaso alheio que implodiu nas minhas entranhas. Frustro, afoguei minhas expectativas em lágrimas de descrença e vi minha magia exclusa da vulgaridade que se agarra aos abecedários triviais.
Segui sem estupidificar minha mensagem, e vi os frutos da minha imaginação morrerem em terrenos inóspitos. Direcionei minha alma para os que enxergam além dos estribilhos que viram bordões na boca dos insipientes, e reagià força centrípeta que comprime toda a manada no senso comum.
Sustentei meu cerne, mas perdi para os estereótipos e protótipos que pregam o populismo. Vi o frenesi da criação transbordar de erudição pelas minhas próprias mãos, e naufraguei em um mar inepto e desprovido de sentido.
Quase meio século e sinto que estou ermo, mas prostituir meu talento seria divagar em tempestades de sucesso, enlouquecer diante de algo que não se presume e me resume sem autenticidade.
Entre aniquilar minha essência e pluralizar, fico singular.
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Existem situações que nos levam a uma saudade imensurável, e aí vemos o Universo parar no tempo. Se melancolia remete a coisas não experimentadas, nostalgia é a lembrança vivida na prática.
Ontem senti uma agrura psicológica e quis ser 36 anos mais novo. Balbuciei uma juventude de barba e cabelos brancos.
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Do samba ao fado
Subitamente
O impossível golfado
A tarde decora
Meu cárcere privado
O silêncio isola
Meu grito abafado
O tempo passou
A barba cresceu
O diabo amassou
Pão desvaneceu
A noite aflora
Meu décimo verso
Meu medo evapora
Joguei pro Universo
Pensamento fluiu
Dormi, repensei
A vida extorquiu
Meu triunfo, cobrei
O dia acalora
Meu sol, astro-rei
Caipira, caipora
Eu desenterrei
Meu tesouro perdido
Meu sonho real
Tudo faz sentido
Brasil, Portugal
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Sentei à margem do rio
Do cais espreitei o cais
Da nascente para Foz
Corrente inquieta
Barcos inertes
Observei minha tela
Emoção fluiu na inquietude
Razão ancorou na estaticidade
Distanciei os pólos do vislumbre
Legitimei a inconstância
Autentiquei a impermanência
Fechei as janelas da alma
Clamei por equilíbrio
E meu córtex reverenciou o rio
Chorei, lembrei de você
Olhei para o horizonte
E minha razão já estava longe
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Fulgurei no picadeiro ao transformar dor em metáfora. Maquiei a minha retórica e retoquei a sua anáfora.
Recitei tais repetições ao esgotar minhas alegorias. Evitei as contradições e mergulhei na poesia.
Cunhei minha resiliência ao acordar da letargia. Carreguei as raízes nas asas e abdiquei da nostalgia.
Amputei um passado longínquo ao bancar tal decisão. Alinhei o que era oblíquo e persisti na fulguração.
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A rotina encaixa, percebemos alguns passos fora do compasso e nos apoiamos nas referências para seguir em frente - mesmo que o mundo esteja diferente.
Nossa mente se adapta, sonhamos acordados e nos distraímos com coisas completamente desconexas - algumas pessoas estão reticentes.
Estamos longe do que era normal e mais perto de tudo que achamos certo. Ao passo que nossa mente se distancia do coletivo, nos aproximamos individualmente daquele que nos criou - algumas pessoas estão descrentes.
A lucidez e a realidade ao nosso redor cobram respostas intuitivas. O instinto vital nos impulsiona para o nosso propósito, o ontem desmorona e o hoje exige criatividade - algumas pessoas estão carentes.
Embora a diferença, a reticência, a descrença e a carência nos tornem desiguais, precisamos emoldurar o nosso amanhã - mesmo que o mundo esteja doente.
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A bossa virou funk
Rock, sertanejo
O idiotismo está punk
Rima pobre com cortejo
Tiririca no plenário
Milton sem bandeira
Kevinho visionário
Raul na geladeira
Cultura genocida
O Brasil da fanfarrice
Da milícia latrocida
Que saudade da Clarice
A burrice embriaga
Chico entorpecido
A asneira arrebata
Caetano absorvido
O reggae sem skunk
Inteligência sem ensejo
Cretinice, cyberpunk
Insipiência sem despejo
Presidente que conspira
Pátria amada que repele
Aliciamento que inspira
Um descaso, Mariele
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Há dezesseis anos eu me descobri pai de menino. Sempre tive muita intuição, principalmente durante minhas horas de quietude. Portanto, não só intuí o gênero como também já sabia que ele seria enviado e curado por Deus. Assim como da primeira vez, também foi algo muito natural, orgânico e incondicional. Minha disponibilidade para amar meu filho e o seu universo foi e sempre será infinita, e nossa história já começou prematuramente. Foram apenas sete meses de gestação e quase um mês na UTI Neonatal para ganho de peso.
Quase que por um lapso, abandonei as trevas do egoísmo e caminhei na direção da luz do altruísmo. Me despedi dos meus recifes egocêntricos novamente, e saí gritando para o mundo que Deus agora tinha confiado um de seus anjinhos aos meus ensinamentos. Já era mais maduro na ocasião, mesmo assim evitei lançar os dados e deixei Ele me mostrar o caminho, assim como fiz no nascimento da minha primogênita.
Quando algo mágico acontece pela segunda vez e alguém – também mais importante que você próprio - cai nos seus braços, você se reinventa de novo, se recomeça mais uma vez. Foi aí que me vi com a responsabilidade dobrada – e mais calejado – me preparei para o que estava por vir.
Depois de algum tempo você entende a diferença entre andar de mãos dadas e andar de mãos algemadas. Entende que amar não significa cobrar, prender ou até mesmo se apoiar em um estereótipo falido. Entende que presença nem sempre significa liberdade. E entende também que amor não é algo angariado contratualmente. Ninguém é livre parcialmente. A parcialidade aqui pode colocar o “ter” na frente do “ser”, e assim como anseio para sua irmã (e já escrevi isto para ela), desejo profundamente que o meu menino seja tudo que ele sempre sonhou. Pois é, resolvi colocar a liberdade na frente do amor, e por mais que este espaço me consuma, meu consolo é muito maior ao ver o quanto você está crescendo lindo, inteligente e responsável.
Hoje no dia do seu aniversário, afirmo que minha saudade virou orgulho e que meu coração (assim como a porta da minha casa), também estão escancarados para a essência e o amor do meu eterno Raphael.
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Abundância por todos os lados
Vangloriamos nossa cegueira
Plenitude escoando nos ralos
Reduzimos nossas fronteiras
Morremos de sede em certo mar
Águas de indiferença
Perdemos as asas em pleno ar
Céu de pura descrença
Nós, era eu contra você
Tudo sem "quê" nem "porquê"
Pedras formando um buquê
Obrigado, não há de quê
E nesta prosa, perdem todos
Ao escravizarem suas carcaças
E nesta lábia, fracassam os tolos
Ao admitirem suas desgraças
Troquemos nossa cegueira
Pela clarividência
Nossa limitação
Pela nossa abrangência
Nossa denotação
Pela nossa anuência
Saímos da contramão
Pela convergência
Não somos escravos
Desgraçados
Somos filhos de Deus
Não somos bastardos
Toda correção é viável
Enfim, finalmente, afinal
Retificação é fiável
Inoportuno é o ponto final
...
Meus olhos choveram
Quando perdi você
Os lábios tremeram
Pois não pude te ver
Parte do que sou, extirpado
Silêncio ecoou, gritado
O vento levou, cremado
Sua alma elevou, curado
Minhas mãos escreveram
Quando lembrei de ti
Os dentes cerraram
Quando tentei sorrir
Agonizei quando percebi
Morri depois que partiu
Renasci assim que entendi
Aceitei o que Deus decidiu
É vida que segue
Mesmo longe de ti
E onde estiver
Sei que zela por mim
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Eu e o horizonte
Um fio invisível
Dois gêmeos siameses
Simbiose perfeita
Escambo incondicional
Descanso as retinas
Clamo por inspiração
E tudo ao redor goteja
Pinga, destila
Escancaro meu cerne
E as palavras me molham
Encharco de criatividade
E simplesmente escrevo
Sempre foi assim
Registro autoral
O entorno, interpretativo
O adorno, contemplativo
Só me expresso
Banho diurno, alma lavada
Alforria das folhas de gaveta
Metamorfose, aviões de papel
Serei descortinado?
O ceticismo celebra
O ostracismo agradece
O anticeptismo expõe
O talento resplandece
E somente o tempo
Juiz da sentença
Senhor do deferimento
Saberá o futuro
E eu, poeta presente
Em vida, na morte, talvez
Que venha o que vier
Que seja o que for
Advogarei pelo anticeptico
E conduzirei meu lado cético
Ao banco dos réus
Que assim seja
...
Quem me dera decifrar
A intimidade codificada
Poderia potencializar
A sensibilidade inesgotável
Quem me dera entender
O coração intervalado
Poderia externalizar
A febre interna que não cede
Oxalá, eu tivesse
Esta habilidade sensorial
Revigorizaria minha mente
Transcenderia a obviedade
Oxalá, eu tivesse
O dom da racionalização
Endureceria minhas emoções
Amoleceria duras razões
Eu escreveria o belo inimaginável
Dissertaria o airoso extraordinário
E atropelaria a pobreza midiática
Enquanto isso
Minha mente prosa
Meu coração poesia
...
Antes romances e dramas baseados em realidade, que ficções recheadas de conversa. Nossa história não precisa de personagens fictícios, mas de protagonistas reais.
Autenticidade de dentro para fora, genuidade de fora para dentro e legitimidade de cara lavada. Sem scripts, medos ou âncoras.
Nada que nos acorrente a uma única cultura ou nos algeme em um único lugar. Tudo que possibilite imprimir nossas digitais nos lugares e pessoas que tendem a figurar nos capítulos que ainda escreveremos juntos.
Eu sou
trovador, cavaleiro
e na minha vanguarda
virei forasteiro
vesti minha farda
decidi meu roteiro
Coração devassado
evoquei pensamentos
sem meu pragmatismo
meus desdobramentos
e o meu empirismo
empoderamento
Menestrel, visceral
conservei o lirismo
nasci medieval
conservadorismo
minha credencial
sem pioneirismo
Eu sou
poeta, conteporão
criador, criação
e na minha vanguarda
vesti minha farda
com a minha versão
...
Lembrei do verão
E floresci, primavera
Muitas folhas ao chão
Fechei minha janela
Descortinei,singelo
Forma de expressão
Extraí o mais belo
Pus em uma oração
E de três em três meses
Minha constatação
Eu, plebeus e burgueses
Somos todos pagãos
Outono se afasta, propício
O frio se instala, indício
Inverno de julho, início
O sol se afasta, solstício
...
Minhas ideologias não são esquizofrênicas, apenas muito discrepantes das que me rodeiam com certa teimosia. Chego a confundir a teima com carma, mas logo dissipo a energia que me leva a apontar o indicador para supostos deslizes regressos.
Tudo que transpiro é legítimo e intenso, e legitimidade com intensidade não abre precedentes para gotas de equívoco. Amor e amizade não são sentimentos banalizáveis, algo descartável ou utilizável apenas para satisfazer o bel prazer de um dos lados da história. Ratifico tal percepção ao acessar minhas gavetas repletas de consciência, subconsciência – e porque não – inconsciência coletiva.
Há quase cinco décadas venho me intoxicando com barbitúricos intangíveis e abstratos, que também extirpam a plenitude dos seus destinatários - dia após dia. É como se eu vivesse em uma quimio recorrente, algo plantado para aniquilar toda minha alegria - homeopaticamente.
Com a idade me dei conta deste calvário tóxico e comecei a revirar tais gavetas sem aquela impulsividade adolescente e, por esta única razão, encontrei o cerne que afoga meu âmago com bolhas de angústia – vários frascos do veneno que sequestra minha essência e apaga a estrela que deveria irradiar luz.
Segurei os frascos com meus pensamentos mais lúcidos, abri minha mente com certo receio, e percebi o rótulo que estampa o casulo deste aprisionamento triste e escuro. Um princípio ativo que joga para o ostracismo todo o brilho de uma alma que nasceu para brilhar: “frustração”, dor causada pela ausência de reciprocidade.
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Os melhores bombons estão em caixas novas e velhas. Espero ter o privilégio de contemplar o mundo com as bengalas da prudência, pois criança saboreei o doce da vida.
Nos últimos vinte anos percebi que precisava armazenar suavidade para resplandecer altivez quanto meu rosto já mostrasse sinais de cansaço, e ao desembarcar na terra de Fernando Pessoa, me tornei vizinho da afabilidade, da brandura e da galanteria.
Sentimentos armazenados por aproximadamente oitenta anos, cultivados em barris de carvalho, fragrância exalada e inalada por quem tem a sensibilidade de perceber o quão mágico pode ser o odor da gratidão. De quem respira, pela chance de aprender. De quem expele, pela humildade de continuar aprendendo.
Ahhh, como é lindo contemplar a dissipação da amargura oitentista com a naturalidade de quem tem o dom de jovializar sua própria alma. Seres que souberam acumular sabedoria para hoje usufruir da sapiência ao impactar meros mortais, ainda sentados na antessala da sabedoria.
Ao passo que me tornei velho para jovens que me rodeiam, me vi criança ao ser observado pela amizade repleta de marcas de expressão e cabelos brancos. Ancoro meus princípios e valores em uma travessa sem saída, e vivo defronte à dignidade de uma velhice confessada, muito mais bela que outras disfarçadas e esticadas.
Obrigado Rio Douro, das suas margens, do Porto à Baião, tive a honraria de frutificar meu coração e fortificar minha alma ao experimentar a condescendência porta com porta e a benevolência larga e verdadeira.
Hoje penhoro toda e qualquer arrogância de dever cumprido, e me abro para um universo de possibilidades. Anos vindouros, onde também poderei historiar e dividir com mancebos de trinta, quarenta a cinquenta, a honraria que tive ao conhecer a afabilidade chamada de Terezinha, a brandura chamada de Cinda e a galanteria chamada de Lino.
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