Texto sobre o Passado
Passa um pano para o tempo passar...
O passado é o que o nome diz,
Use-o como um livro,
Experiências são preciosas,
Nem sempre o livro é um romance,
Às vezes rola um drama,
Uma comédia,
E tem até aqueles de ficção científica ou terror barato de sangue que espirra em pó,
A decisão é sua de como usar em seu favor,
Conhecimento ou dor?
Guarde-os na prateleira da vida,
Releia os seus capítulos favoritos,
O que não te serve, deixa lá,
No canto empoeirado,
Onde nem espanador se arrisca chegar,
Deixe as traças da superação com ele acabar,
E siga alerta,
Vivo,
Nada contido,
De tanto ler,
Que agora escreve seus livros.
Às vezes, não é o passado que machuca, é o quanto insistimos em revivê-lo. Reabrimos feridas antigas, como se quiséssemos sentir de novo o que nos quebrou. Mas certas lembranças não merecem moradia dentro de nós. Elas pedem despedida.
A ansiedade cresce justamente aí, entre o que já passou e o medo de que se repita.
E, por mais difícil que pareça, a cura começa quando decidimos soltar.
...As Amarras da Liberdade...
Por que clamo ser livre se o passado me acorrenta,
um eco de "e se" que na mente se sustenta?
Por que digo ser livre se a sombra da opinião alheia
me rouba o ar, me prende a cada ideia?
Liberdade, não é mero sussurro, nem desejo fugaz,
é abismo que se explora, mar de paz.
Não é ilha solitária, nem segredo guardado,
é ponte que se ergue, laço compartilhado.
Que adianta o meu voo, se o irmão ao lado
está preso em si, em seu próprio fardo?
Engolido pela norma que a sociedade dita,
onde a liberdade vira ilusão, bendita.
No fundo, um grito mudo, uma verdade crua:
a liberdade, hoje, é a hipocrisia nua.
Descoberto o amargo, o preço do viver:
sem o vil metal, como podemos ser?
A liberdade se esvai, um conto que se perde,
na cela dourada onde a alma se vende.
Não me faça falar
do inverno passado,
Não me faça falar
de tudo desde março,
Não me faça falar
de tudo que eu passei,
Não me faça falar
tudo que ainda passo,
Não me faça falar
do que não é fácil,
Não me faça falar
dessas noites em claro,
Não me faça falar
tudo que eu guardei,
Não me faça falar
promessas que eu paguei,
Não me faça falar
das que não paguei,
Não me faça falar
tudo que eu não sei.
Me encontro no quarto turbulento,
sempre na cama, olhando o teto,
perdido no passado — que insiste,
presente em mim a todo momento.
Na minha solidão repetida,
quase igual, mas sempre distinta,
ecoam sensações antigas
de um abandono sem partida —
sem ninguém que me deixasse,
e mesmo assim, ferida aberta.
Hoje, tenho quem me ouça,
quem responde minhas perguntas,
mas me faltam os assuntos
num mundo caótico e mudo,
que conheço por telas vazias.
Me perco em silêncio concreto,
num quarto quieto demais,
onde minha solidão tem metas —
incompletas, desfocadas,
tão perto… porém distantes
o bastante pra me cegar.
Sereno espírito tenho,
Quando em ti penso
Em que no passado há,
O que hoje não há
Mas se hoje não há,
No que amanhã haverá?
Um espírito remato,
Ou um sequioso ser
Que nunca se farta do hoje,
Em que há em você.
O que em ti há,
De tão longe a conquistar?
Perpétua corrente estás,
Na superstição que há
Não no que em ti há,
Mas no que em mim há...
A vida humana, entre lições e aprendizados.
…o momento atual ao qual passamos não difere do passado, nos impõem lições e aprendizados.
Que possamos então rever comportamentos, atitudes, julgamentos. Que possamos então meditar, sobre o bem e sobre o mal. Que influência nós temos sobre a vida de alguém? Por mais que você se ache independente, somos todos impactados por cada pessoa a nossa volta, seja involuntariamente e vice-versa. Não estamos sozinhos, não vivemos sozinhos não importa o seu mundo.
O Sonho
Sonhar com as cinzas do passado
fenecem a felicidade do presente
no jazigo da chance do renovado
opondo o novo de surgir novamente
Sonhe com aquilo que quiser
com a dor se assim vier
com o sorriso doce e forte
com a tristeza ou a sorte
sem medo, sonhe, peça aporte
O contentamento está na diversidade
na luta dos que buscam a fraternidade
no olhar de tentar sempre acreditar
que é possível amar, recomeçar
num simples gesto, nos abraços
na mão que afaga o embaraço...
(Nunca em vão daqueles que nos dão laços)
FOLHAS SECAS (soneto)
As saudades das lembranças não feitas
Acorrentadas no passado e não dadas
Perdidas, sonhadas e até tão desejadas
Assim, para a indagação, são estreitas
E no como seria, são apenas fachadas
Tal como viscosas felicidades suspeitas
De possível outro rumo, e boas receitas
Na ilusão do tempo, por suas chegadas
O ser humano e suas incríveis emoções
No ter e querer um prumo de intenções
Quando o amor é espera em movimento
Encanta-me a ação da vida, as razões
As utópicas e inúteis e frágeis aflições
Todas, folhas secas, levadas ao vento...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
SONETO PASSADO
Nem o tempo pode voltar
Nem ninguém tal querer
O passo dado vai varrer
O passado no caminhar
Se quiser voltar e ver
Saudade irá encontrar
O ontem perdido no ar
E a vida sem se viver
No olhar, o velho e tal pesar
No coração, revés a abater
E a alma sem se transformar
Então, sigamos no outro ter
Pro vário podermos amar
Passar... um novo alvorecer!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
SONETO DO AMOR QUERIDO
Ah! Amor! Eu estou por aqui
Podes até ter passado por mim
Se tive de olhos fechados, enfim,
Sem tê-lo é tão ruim, fico por aí
E se são tantos no pouco assim
Não se esqueça que a ti persegui
No coração, quer seja acolá ou ali
Pra então, ornar-te no meu jardim
Quero me dar na emoção só pra ti
Com servilismo e, um doce carmim
De afeto, que do querer eu te pedi
Repousar nas tuas carícias de cetim
E ter a certeza de que nunca desisti
Tu amor querido, és sentido no meu fim...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
EU, EU MESMO (soneto)
Eu, nos cansaços, as saudades
quantas as lembranças estilam
que o passado no exato pilam
assim, cheios de passividades
Afinal, tudo no tempo expilam
eu, eu mesmo nas fatuidades
duvidei, imperfeito, vontades
me levaram, na baixa bailam
Pois tudo é eu, sem metades
eu sou eu, e nada anteviram
e do meu eu, sai as verdades
E eu, que no eu, me inspiram
dele um passado, variedades
que do uno eu, “áses” extraíram
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
Luciano, quem você é?
Sou um gajo que de ilusão me trajo.
Do século passado
como um sonhador, ajo
Trago comigo o chão do cerrado
entre currais e fogão de lenha
longe do presente e do passado
perto do devaneio, sem resenha
numa quimera que aqui eu caibo...
Cá chorei, ri, tive vario saibo
do fado!
E neste mundo diverso
adentro do sertão
nasci em fevereiro, do universo
sou das águas, da criação
e na razão, um tanto disperso...
Tive asas na inspiração
Confesso!
E no possível, muita emoção.
Aos anseios pouca meta
padeço a uma geração
quase nada me completa
quase tudo a minha admiração
sou planalto numa reta
porém, altos e baixos na imensidão
coração ferido pela seta...
Pelo menos penso
na minha opinião
se não, ah! sou intenso
eterno na paixão
e nos versos, denso.
Um poeta? amador... sei não!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 de março de 2020 – Cerrado goiano
paráfrase Cora Coralina
PROSA ...
Não demore, venha já, velho estou
Há tanto para relembrar, o passado
Teu olhar no meu, ver o que restou
Apertar tuas mãos, ficar ao teu lado
Quero sonhar afagos do que passou
E não comunique que está ocupado
O amor foi tanto, ainda não acabou
Sorva, que só assim, pra ser amado
O tempo fugaz voou, e tal o alcance
A saudade, de nós, assim, suponho:
- pois, desta prosa ainda há traços...
Não se pode silenciar este romance
Ele decerto faz parte do doce sonho
Pressinto desejar-nos nos abraços!...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
06/03/2021, 19’20” – Araguari, MG
AGRADO ..
Quando a saudade me aperta o passado
de quando nostálgico me acho perdido
vejo que de tudo pouco me foi temido
e que todo o afeto me foi bem amado
Sempre no mais valioso e mais cuidado
tudo que a emoção valia me era podido
os desenganos, as venturas, tudo válido
tudo querido, um tanto e mais arrojado
Os sonhos que solevava o pensamento
no ponto supremo do prazer os erguia
chorava, ria, mas vivia cada momento
Que diversas somas nos faz a fantasia:
alegria, tristura, vida e morte. Sustento
de ternura, agrado e o saciar na poesia! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/03/2021, 14’58” – Araguari, MG
MADUREIRA
Minha Madureira, além cerrado, lamento
Tê-la deixado, no passado, saudade havia
Em cada ideia, indo mais longe a cada dia
Silêncio, falta do agito, penoso detrimento
Para ti, então, voltar não mais alimento
Nem nos sonhos, nem na ávida fantasia
Certo de contar é envelhecer na agonia
Que há de trovar memória e sofrimento
De toda a dor, pudera eu em ti caminhar
Olhar, estar e sentir o movimento, enfim
Esperar é navegar na ilusão, eu bem sei
Porque por não te ver é que vivo a poetar
E nem a poesia é um conforto para mim
Pois, por tuas ruas, julgo, não mais andarei...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
21 maio, 2021, 15'15" – Araguari, MG
SONETO COBIÇOSO
Talvez, depois do soneto chorar o passado
De tanto malogro, de tanto nublar comigo
Eis que ressurge verso tão cheio de abrigo
Nunca perdido, sonhado, sempre inspirado
É bom conservá-lo sempre ao meu lado
Com o cheiro e prazer de desejo antigo
Sempre presente e assim transformado
Vivo, e como sempre adejante comigo
Um verso simples, singular, cotidiano
Mas bem alindado na poética a incitar
Nada ímpar, basta o sentir humano...
De amor, sensação que não se explica
Surgi tão vário como vário é o poetar
E o soneto cobiçoso só se multiplica!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15/08/2021, 14’58” - Araguari, MG
PRISIONEIRO
E o meu poetar está no passado
Escrevendo somente recordação
Prosas dum coração apaixonado
De legado sensações na emoção
A poética que vivia enamorada
Tornou-se boa saudade infinda
Agora memorável e mais nada
Narrativas, sempre bem-vinda!
No acaso o cenário é acoitado
Estórias e histórias hão reviver
E cada qual um fato imaculado
Pois, na recordação se é inteiro
E sem tal não se define o viver
Cativo, do passado prisioneiro!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03 outubro, 2021, 06’15” – Araguari, MG
INVOCAÇÃO
E quando a saudade for um passado
Pra habitar, por fim, a sensação fria
Nesse momento de soltura e valeria
Eu peço que o carinho seja louvado
Não quero ter sentimento neste dia
Pois, nesse afeto fui tão enamorado
Se o ocaso quis ter o revés ao lado
Da agrura, imploro, que seja vazia
Depois que tudo mudar, tudo se for
Não faça do meu olhar abandonado
Quero o surgir de um apego maior
Se já te perdi no desfolhar do fado
Quero noutra vida tê-lo meu amor
Existindo no que nos foi negado...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21, outubro, 2021, 01:50 – Araguari, MG
TRIBUTO
Eu acato cada verso de uma poesia
Com gosto de ventura e de passado
Onde cada ritmo é um elevo sagrado
De dourado sonho e sentimental via
Bendigo o vocabulário em sintonia
A ousadia duma inspiração, ao lado
A poética que faz do bardo fadado
Ao tom intenso que d’alma contagia
Os versos são eternos, com riqueza
Da mente que tem saudade, tristeza
Também, de ser emotivo, ser amado
Sensação que torna vez em quando
A imaginação no imaginário voando
Para se tornar no aplauso venerado
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13 fevereiro, 2022, 15’25” – Araguari, MG
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