Texto eu Amo meu Namorado
Eu não sei dizer se foi a literatura ou a música que tocaram minha alma e me fizeram ficar tão sensível, tão triste, tão frágil a ponto de eu vir aqui na sacada, de pijama, às 22 horas escrever. Creio que eu seja feita dessas duas coisas, de literatura e de música, como se a melodia e a poesia fossem duas linhas que se entrelaçassem dentro de minha composição genética, como se fossem meu próprio DNA. (Anseios de uma jovem escritora).
Eu estou aprendendo a fazer sentenças, eu estou curando a ESMESC, eu sou advogada, eu sou formada, eu sou escritora, eu sou eu e eu sou feliz da maneira como sou, com cada detalhe, cada cicatriz, cada queda que me conduziu até aqui. Eu sei que estou ainda no começo de uma longa jornada até a magistratura, mas sinto que neste ano eu subi alguns degraus importantes. Então, se eu fosse falar sobre minha versão de novembro, eu diria que ela é determinada. Capital inicial canta: “ são águas passadas, escolha uma estrada e não olhe pra trás” e a música está certa. Eu escolhi minha estrada e sou muito grata a tudo e todos que me trouxeram até aqui. As coisas boas eu vou guardar comigo e levar sempre , mas as ruins , as dores, ansiedades, aflições e traumas apesar de importantes para minha evolução, são águas passadas , eu não me prenderei a sentimentos ruins de impotência, baixa-autoestima e culpa. Eu escolhi minha estrada e não olharei para trás.
Hoje eu trabelhei em home office, assim como todo o Poder Judiciário e isso foi tão estranho para mim... Parece uma gripe, mas não é uma simples gripe, é um vírus que está matando as pessoas! As determinações são para não sairmos de casa e pouco a pouca as cidades vão se tronando cidades fantasmas. Parece que estamos vivendo em um filme, um filme ruim digno de uma framboesa de ouro no qual 80% do elenco morre em decorrência do vírus e os 20% restantes precisa lidar com a fome, a escassez de recursos e as mortes. Em meio ao caos, precisamos ter fé, calma, respirar e ficar em casa. Tudo parece tão distante de nossa realidade agora...Eu realmente entrei na formatura com "everybody wants to rule the world" há um ano? Eu realmente sonhava acordada totalmente apaixonada ouvindo "Just like heaven" há um ano e meio? Quem tem a ousadia de sonhar agora? Quem tem coragem para viver um romance agora? O mundo de repente parece envolto em trevas e eu me sinto mais adulta do que nunca trabalhando em home office e assistindo o noticiário. Ontem houve 1 morte, hoje 4, amanhã 8, e assim sucessivamente. Foi mesmo nesta vida que ouvimos "More than words" no fisk? Foi nesta vida que eu estudei no fisk ou realizei um intercâmbio? Quem possui a coragem para fazer um intercâmbio agora? Precisamos ter fé e eu por enquanto ainda tenho. Há tanta beleza e tragédia no mundo...mas em meio ao caos eu ainda tenho fé.
Quando eu escrevo, o mundo inteiro desaparece por baixo das palavras, meus dramas deixam de ser dramas e passam a ser histórias, as preocupações se amenizam, os amores intensificam, os parágrafos tomam forma, a caneta desliza no papel suavemente como se dançasse ao ritmo de uma música e as histórias pouco a pouco se petrificam para sempre no papel.
Enfim, hoje à tarde eu fui até a sacada e fiquei ouvindo a música “poema”, que é lindíssima. A música é de Cazuza, mas ninguém supera a versão do Ney Matogrosso. Então, eu estava na sacada pensando sobre a viagem que faremos com a turam daqui a uns dias, sobre as provas que se aproximam e o ensino médio que está logo aí quando subitamente, meus pensamrentos tomaram outra direção como que soprados pelo vento. Ney Matogrosso cantava “Poema, Frejat tocava guitarra e eu de repente me sentia tonta e sentimental. De repente eu sentia falta daquele sentimento doce de amor que se esvaia de mim, que quem sabe já havia se esvaído...! Eu tentava me agarrar a ele, agarrar-me a esse amor, a um tempo que já foi e sentia uma súbita vontade de chorar! Eu lembrava da quinta-série, da quarta, daquele arrepio na espinha que eu sentia quanto chegava perto do Rick! O fato é que eu não sentia mais isso quando falava com ele, quando conversávamos, e o fato era que o Rick não era mais a mesma pessoa por quem eu me apaixonei no passado. Talvez, quem sabe, eu não fosse a mesma pessoa...O fato é que esse sentimento doce de amor me iluminava diariamente. Eu sentia-me banhada de amor como quem se sente banhada pelo sol em um dia quente na praia, no entanto..., no entanto, eu já não amava mais o Rick e eu percebia isso agora. Eu me prendi a ele com medo de perder qualquer coisa, com medo de perder uma parte importante de mim, mas eu não o amava mais há algum tempo e mesmo assim o amor florescia em mim como uma rosa vermelha e fazia minha alma se arrepiar inteira. Eu estava cheia de amor, mas não pelo Rick e eu não entendia, não entendia esse sentimento doce de onde vinha, para onde ia e eu tropeçava naquela frase de Camões, que dizia: “Ah o amor... que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê”. Esse amor me doía e me queimava ao mesmo tempo que afagava minha alma, como que me embalando o sono. Minha mente estava tão confusa e tentava organizar os pensamentos e entender. Eu jamais me senti tão poética, tão cheia de versos, tão cheia de amor. Eu jamais tive tanto medo e o que eu conhecia como amor era algo diverso do que eu sentia agora. Era um sentimento diferente. O final de tarde exalou um perfume de flores desabrochando na primavera e eu me senti leve. “De repente a gente vê que perdeu ou está perdendo alguma coisa morna e ingênua que vai ficando no caminho” dizia a música e eu me sentia assim. Parecia que eu havia perdido algo que deixei não sei quando, não sei onde, mas então por que é que minha alma parecia transbordar de amor?
Eu me vi chorando e ouvindo Ney Matogrosso cantar “retrato em branco e prato” sem entender o porquê. Eu não sabia se chorava porque havia perdido o Rick, se eu o amava, se o queria, porque eu já nem sabia mais nada! Eu me sentia um lixo e nem estava de TPM para isso. Parecia que ele tinha ido para sempre e isso era muito triste. Eu abracei um travesseiro chorando e pensei que as palavras dele foram ásperas, foram rudes! Ney cantava e eu sentia que a música era para mim pois eu me sentia uma tola procurando o desconsolo que eu cansei de conhecer. Eu escrevia, eu trazia o peito repelto de lembranças do passado e colecionava um soneto, uma carta, uma porção de sentimentos e palavras. Eu negava o amor que eu sentia pelo Rick, evitava, mas parecia que ele voltava a me enfeitiçar como se eu fosse uma tola e não tivesse me imunizado para o vírus que era o amor dele. Eu não sei na verdade o que eu sentia pois parecia que eu sentia de repente todo amor e toda dor do mundo e isso vinha tudo de uma vez e caía sobre mim como se eu fosse acertada por um raio e isso me deixava subitamente tonta!! Eu não queria ficar com o Rick, mas não queria perde-lo, diário, e eu sei que você vai dizer que isso é egoísta, porque é! Eu o queria amarrado, preso a mim do mesmo modo que eu fui presa a ele por anos, mesmo sem eu querê-lo agora.
Lembrei da viagem para Porto Alegre e da vontade súbita que eu tive de chamar Josh para falar da música que eu estava ouvindo, tendo a sensação de que ele me compreenderia. Eu naquele momento não entendia racionalmente porque eu sentia vontade de conversar com ele. Racionalmente, eu não entendia, mas talvez meu coração já entendesse. Talvez durante esse tempo todo o meu coração estivesse tentando me dizer o quanto eu gostava de Josh e eu não tenha dado ouvidos a meu coração, prestando atenção somente no cérebro, somente no que eu conhecia como fatos científicos. Quem sabe durante esse tempo todo meu coração tenha tentado me avisar pouco a pouco, cantando uma música bem baixinho, bem suave, uma música que eu não tinha parado para ouvir...uma música ao longe que eu não tinha dado conta de que existia. Esse tempo todo eu tenho evitado o Rick não apenas porque ele é esnobe e eu saiba que mereça alguém melhor, mas porque meu próprio coração já tem dono. Coloquei um CD do Tom para tocar e fui adormecendo lentamente embalada pelo som do piano e das batidas do meu próprio coração que batiam ao som do piano, ao som da poesia, ao som da paixão.
Querido Josh, eu primeiramente queria dizer que eu odeio, odeio você! Eu pensei, por um breve momento de felicidade, que você de fato gostasse de mim- sim, eu acreditei nisso! Eu pensei que poderíamos ser como Baby e Johnny em Dirty Dancing, apesar de eu não saber dançar, mas você poderia me ensinar! Eu pensei que você me lançaria diversos olhares, como estava fazendo, e certo dia diria algo como “ninguém deixa Baby de lado” e me puxaria para uma dança, para um beijo e tudo ficaria bem entre a gente. Eu...eu realmente acreditei em você e isso me dói. A consciência clara me liberta da cegueira do amor, da ilusão que eu acreditei ser verdade. Por alguns dias eu cri que você estivesse sendo verdadeiro comigo. Eu cri que você fosse verdadeiro, mas agora vejo como é falso como bijuteria e isso me dói. A consciência de que fui enganada me dói como uma faca cravada nas costelas e me arde com a fúria do sol do meio dia. Eu odeio! Meu Deus, como eu o odeio, Josh! Eu o odeio por ter me beijado e tirado minha inocência, como se eu fosse uma donzela que tivesse perdido sua virtude e estivesse destraçada e perdida para sempre! Você foi quem me deixou à mercê da ruína e eu odeio por isso! Eu o odiarei para sempre! Meu Deus, como eu o odeio! Odeio mais do que posso suportar escrever! Eu odeio o fato de eu ter gostado de ter te beijado, odeio o fato de eu ainda te amar e desejar beijá-lo de novo. Eu odeio a mim mesmo de modo que quero vomitar! O pior é que eu quis, eu realmente insisti nessa história e eu achei que tudo seria diferente quando a gente ficasse. Eu achei...eu prefiro vomitar do que ver sua cara novamente! Eu o odeio por ter estragado Dirty Dancing e Blck Eyed Peas para mim para sempre e ter feito com que minha mente associasse a música a você de algum modo e não sei se algum dia vou poder ouvir “the time” sem me lembrar de você! Arg, eu o odeio mais do que suporto escrever Adeus!
Eu tive um sobressalto ao ouvir a música pois ela parecia ter sido feita para mim. Parecia ter sido feita para mim pois durante as aulas eu me sentia queimar e parecia que eu estava em brasa, em fogo e ardia e me consumia em mim mesma e Josh... Josh só estava lá no canto dele olhando para mim como se nada tivesse acontecido nunca, como se ele nunca tivesse me beijado, como se nunca tivesse causado uma erupção dentro de mim, uma explosão que destruiria continentes com a intensidade que é o meu amor por ele. O pior era que eu gostava de tudo isso como se eu fosse uma espécie de pessoa doente e masoquista que gostasse da dor que ele me causava pois se eu nunca tivesse o beijado eu jamais teria sentido a intensidade avassaladora do amor. Por isso eu não, não me arrependendo nenhum pouco de ter ficado com ele, mesmo que isso estivesse me destruindo agora. Ele tinha me visto chorar aquele dia e nem tinha se abalado como se para ele estivesse tudo bem, como se ele gostasse de me ver chorar e sangrar por ele constantemente com o se eu fosse uma espécie de diversão para ele, um ratinho que ele pudesse torturar. Meu Deus, a música era tão minha, tão minha e nada da Rihanna no final das contas pois eu o amava, amava o jeito que ele mentiu que me amava para ficar comigo, pois se ele tivesse sido sincero desde o início eu teria me sentido ofendida e não teria ficado com ele. Eu amo o jeito que ele mentiu para mim e que me deixou tão vulnerável a ele. Eu gostava do jeito que o amor dele doía em mim como um corte aberto ainda sangrando. Gostava de toda dor que acompanhava o amor como se eu soubesse que o amor nunca vem só, sendo sempre acompanhado da dor, sendo grata pela dor pois sem ela não haveria o amor.
Eu não sei lidar com as coisas dando certo na minha vida amorosa, definitivamente. Eu fico esperando o momento em que ele vai pisar na bola e fazer algo errado, como ser estúpido, perder o interesse ou simplesmente sumir para aí eu me encher de razão e orgulho e dizer: "tá vendo? os homens são todos iguais". No entanto, até agora ele não fez nada errado e isso me assustou porque eu estou habituada a lidar com coisas ruins ou desagradáveis, mas não sei lidar com o bom do amor e isso fez eu querer sair correndo e me boicotar, fugir para as colinas como um ratinho assustado.
Eu esperei. Eu imaginei uma música que não veio. Eu aguardei um frio na barriga, uma facada no peito ou algo que me fizesse desmoronar, mas eu não desmoronei. Na verdade, meus pés nunca estiveram tão lindos em um scarpin preto e minhas unhas nunca estiveram tão bonitas e eu nunca fui tão bem-sucedida. Na verdade, eu não perdi nada e só ganhei um aumento na minha autoestima, um admirador na minha vida, uma conquista na minha lista, mas eu não seria um prêmio para ele pôr na estante. Porque eu sou maravilhosa demais para ele e ele não é nada além de um rostinho bonito e um beijo bom. Eu sou inteligente, bem-sucedida, independente, poderosa e ele já não é nada. O fato é que ele não tem nada que eu admire e eu acho que é por isso que eu jamais me apaixonaria por ele. Não que eu não flerte, pois ele para mim é um flerte e como já dizia uma mulher foda, “até que eu quero amor, mas meus olhos estão no game” e ele faz parte do game, mas é apenas isso e não mais que isso e acabou, pois, eu mereço mais. Eu mereço alguém que me venere e que lamba o chão que eu piso e não alguém que esteja no game comigo e com mais quatro mulheres porque eu realmente sou uma mulher extraordinária e não mereço nada menos que o extraordinário e a devoção. Eu sinto pena. Pena das quatro mulheres mendigando o afeto dele como se ele fosse muitíssimo especial a ponto de suprir todo amor e carência delas. Eu sinto pena porque eu já sofri também por outro homem que me fez comer o pão que o diabo amassou e me transformou da rainha das flores para rainha do gelo. Eu queria abraça-las. Queria dizer que vai ficar tudo bem e que elas valem muito e são diamantes sendo jogadas a um porco. Eu queria dizer que eu nem as conheço, mas que as compreendo e que elas são incríveis, maravilhosas, poderosas e capazes de conquistar o mundo, embora elas não saibam disso ainda, mas um dia vão saber. Eu não preciso aprender isso porque eu já aprendi, porque eu sofri e sofri tanto que o sofrimento me valeu por uma encarnação e hoje eu consigo falar disso e rir. Falar do meu antigo amor enquanto degusto o melhor vinho de uma vinícola famosa sentindo o clima da serra. Hoje eu dou as cartas e tenho minha independência profissional e financeira. Hoje eu sou a minha melhor versão.
Insensatez ou não, pela primeira vez eu senti algo que por muitos anos eu não sentia: segurança. Ele fazia eu me sentir segura e isso era estranho e assustador. Eu sentia vontade de sair correndo pois eu não era boa em relacionamentos, porque isso era novo e assustador e eu não sabia, não sabia lidar com isso. Eu queria dizer para ele se afastar de mim pois, como bem classificou um amigo meu na faculdade, eu era uma gata arisca e eu arranhava e lesionava facilmente quem chegasse perto demais de mim. Mesmo assim, apesar do meu medo e receio eu tinha a sensação estranha de que ele me protegeria e de que eu poderia ser eu mesma com ele. Eu não precisaria aplicar a regra "amar e fugir" e quem sabe eu poderia me permitir ficar... Então eu comecei a olhar para ele. Olhar de verdade como se eu o visse pela primeira vez na minha vida e isso me assustou. Isso me assustou porque eu pela primeira vez em muitos anos cogitei a possibilidade de confiar em alguém, de dar o benefício de dúvida e não agir com desconfiança como se alguém fosse me apunhalar a qualquer momento. Isso me assustou e ainda me assusta quando eu paro para pensar pois eu tenho certeza de que ele vai me machucar mais cedo ou mais tarde.
Querido Josh, o outono começa a dar seus primeiros sinais pois se eu presto atenção posso ver as folhas caindo das árvores lentamente lá fora. É uma mudança lenta, mas se você prestar atenção elas estão lá. É tudo questão de prestar atenção. É assim que eu tenho sentido tudo. É assim que eu tenho me sentido. Mudanças lentas se operam me mim, mudanças sutis, mas ainda assim mudanças. É só questão de prestar atenção. É assim que eu tenho me sentido porque eu tenho 16 anos agora. Você pode dizer que nada realmente mudou e foi só mais um aniversário que eu celebrei mas eu me sinto diferente. Eu estou diferente. Não consegue notar? Eu olho para mim mesmo no espelho, dou voltas pelo quarto, analiso meu rosto, meu corpo e não vejo nada diferente porque as mudanças são internas, são profundas...Eu olho para dentro de minha alma e mergulho...e me perco no vasto oceano que é o meu coração. Eu olho para mim mesma no ano passado nesta mesma época um ano atrás e me vejo neste mesmo quarto ouvindo Paula Toller cantar "nada por mim", do Herbert Vianna, sentindo lágrimas escorrendo por meu rosto. Porque eu era tua e cantava "não vá pensando que sou seu" quando na verdade eu era. Quando na verdade eu pertencia mais a você do que a mim mesma e eu te amava mais do que amava a minha própria vida e esse amor me queimava de dentro para fora. Mesmo assim, eu me iludia cantando "não vá pensando que sou seu" quando na verdade eu teria dado minha vida a você se você me pedisse. Eu gostava mais de você do que de mim mesma, mas isso é errado, Josh! A gente não pode dar esse poder para alguém. Não é certo gostar de alguém assim a ponto de se anular como eu me anulei por você. O fato é que eu não sei quando eu passei a gostar muito mais de mim do que de você. Não sei se teve a ver com o fato de eu passar a gostar de Yuri. Não, acho que foi até antes disso. Ocorre que eu passei a pensar que estava cansada de me humilhar foquei em mim, nos meus livros, nos meus amigos, meus estudos, meu curso de inglês. O engraçado foi que quando eu passei a gostar mais de mim você passou a olhar para mim. É estranho. Eu não compreendo. Talvez eu seja jovem para entender. Talvez um dia eu entenda. O que eu queria dizer é que as mudanças forma e são sutis e se operam a cada instante. Eu não sei se um dia lerá isso, mas eu queria que compreendesse como eu amo a vida pelo o que ela é e não porque você está nela. Marcelo Jeneci canta "Felicidade" no radio eu me deixo invadir por um sentimento de leveza. Eu amo meus amigos, as palavras, as festas, a escola, adolescência , a beleza e a fragilidade da vida. Amo a poesia a ponto de me doer a alma e meu byronismo por vezes me faz sentir toda a dor do mundo, porém eu sinto tudo com uma intensidade que me queima e eu sinto uma vontade absurda de viver. Eu sou jovem, a vida é aqui e agora eu eu gostaria que compreendesse o que se passa comigo, até porque eu não me compreendo inteiramente. Por isso eu queria dizer que não é que eu não te ame, é apenas que descobri que existem outras coisas no mundo além de você. Com amor, Annie.
Eu virei a taça de vinho ele colocou "Pontos de exclamação" para tocar e partir daí eu já não respondi mais por mim. O vinho inundou minha corrente sanguínea, o fogo da lareira aqueceu meu corpo e eu o devorei com os olhos, puxando- o para mim, para a cama e para meu próprio incêndio particular...
A mensagem dele me fragilizou e eu quase pude ouvir os bloquinhos de gelo dentro de mim derretendo e parte de mim pareceu ter virado gelatina. Eu quis dizer que também acordei pensando nele e sentindo falta dos abraços e beijos e quis dizer que ele conseguiu tornar o final de semana maravilhoso e que ele fez meu mundo ganhar cores mais brilhantes por um dia. Claro que eu não disse isso a ele, limitando-me a dizer que sento falta dos beijos dele. Para que eu iria dizer tudo isso? Para ele ficar convencido? Para ele se gabar para os amigos dele? Para ele me jogar na lata de lixo? Não, obrigada.
Eu me sinto boba ao pensar em como eu fico vulnerável vendo- o de terno, pois ao vê-lo de terno eu subitamente fiquei toda mole, frágil, retardada e me senti Lily Braun desmilinguindo feito uma gema no chão. Ele me deixa vulnerável ao mesmo tempo que me faz querer arrancar a roupa dele com os dentes.
Eu cresci. Eu evoluí. A rejeição dela me salvou. A rejeição dela me fez evoluir. A rejeição dela foi como um presente pois sem ela eu jamais sairia de casa e não teria respirado novos ares, conhecido tantas pessoas incríveis e não teria tido novas experiências e quem sabe não teria nem me apaixonado...sem essa rejeição eu ainda seria Cora e não Perséfone. Porque a gente expande, cresce, evolui e passa a estudar novos temas, conhecer pessoas, tomar consciência de novas realidades e se torna alguém extraordinário neste processo.
Eu não sei explicar a paz que me invade quando eu deito no peito dele e ele me abraça e beija o topo de minha cabeça. Eu me sinto protegida, acolhida, amada...sinto o cheiro do mar, o sopro do vento e uma música suave como se Caymmi cantasse ao fundo. Eu sinto como se eu estivesse navegando e ele fosse meu porto seguro.
Eu achei que estivéssemos jogando com paridade de armas, mas não estávamos, porque por muito tempo eu estive armada, eu vesti a armadura completa e segurei facas e espadas como se ele fosse me golpear e ferir a qualquer momento, no entanto, ele não feriu. Ele me abraçou e ensinou que eu não preciso estar armada para uma batalha o tempo todo. Eu não preciso ser Atena o tempo todo e às vezes posso me permitir ser Afrodite em certos momentos. Está tudo bem eu derreter feito geleia quando ele me toca e está tudo bem sentir saudades. Está ok ele quebrar minhas barreiras e me fazer ser frágil e doce e sensível, partes minhas que são bonitas, mas que eu não mostro para todo mundo.
Eu lembro daquele dia de junho, um sábado, em Bom retiro, em que a neblina deu uma trégua e o sol surgiu , surgiu com uma clareza avassaladora e esquentou meu corpo e também , ouso dizer, meu coração. O sol me iluminava com intensidade, Fleetwood Mac cantava “everywhere” no rádio do carro e eu compreendia , eu passei a compreender a verdade na voz de Stevie nicks quando dizia “ I wanna be with you everywhere”. Eu não sei se foi ali exatamente que passei a entender que eu realmente queria estar com você em qualquer lugar ou se foi nos dias que se seguiram. Eu não sei se eu devia estar lhe contando isso. De todo modo, ou foi a música, ou foi o sol ou foi a direção do vento, mas naquele dia alguma coisa iluminou minha mente e coração e eu passei a compreender que queria estar com você. Engraçado como pareceu certo. Uma amiga minha veio aqui no gabinete e entre conversas e cafés me disse que “ o que é para ser tem força “ e isso foi como um “clique “ na minha cabeça, pois eu acho que é verdade e eu acho que tem sido. Pode ser bobagem minha , mas eu tenho fé . A fé é esse sentimento dentro de nós que não tem explicação , nem certezas , nem garantias , ela apenas é, e eu tenho fé em nós. Não há certezas, não há garantias , mas eu tenho fé em nós dois. Um dia você vai saber - e entender , talvez ? - como eu te amo . Um dia eu vou dizer. Vou dizer que eu quero você e que gostaria de estar com você em qualquer lugar e para irmos para algum lugar longe dessa confusão , alguma cidade menor e no interior . Não sei se é loucura minha pensar assim, mas é o que eu tenho sentido ultimamente
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