Te Curto de Montao
À medida que a proximidade social entre quem elogia e quem é elogiado aumenta, o impacto do elogio diminui; por outro lado, quanto mais distante socialmente, seu valor aumenta.
Vivemos no fio da navalha, onde uma única palavra que nos associe a um grupo diferente pode ser o gatilho para desencadear desentendimentos e nos tornarmos inimigos.
A prontidão e disposição dos pais em cuidar e atender às necessidades de seus filhos superam cansaços e preguiças; no entanto, o contrário nem sempre é recíproco.
A diferença entre o valor do repouso na maresia e o valor do esforço na academia é está no valor que cada um atribui à sua escolha.
O sistema neoliberal transformou a vida num grande negócio, gerando esgotamento e esfacelamento nas pessoas, caindo como uma luva para o ramo da autoajuda.
No final, tudo se torna um negócio sem fim.
Um dos paradoxos marcantes da contemporaneidade é a convivência entre o notável sucesso da tecnologia e a disseminação de concepções não alinhadas com os princípios científicos, conhecidas como pseudociências.
As implicações do analfabetismo científico são ainda mais preocupantes nos dias de hoje, considerando os riscos potenciais dos avanços tecnológicos quando mal utilizados.
A pandemia de COVID-19 tem sido descrita como o maior experimento cognitivo-comportamental da história da humanidade. Apesar do aumento da solidariedade entre as pessoas, um fenômeno extremamente positivo, as consequências desta crise se manifestam em diferentes escalas temporais: no curto, médio e longo prazo.
As implicações abrangem uma crise humanitária, o surgimento de teses negacionistas, o medo crônico do contágio e da morte, o fortalecimento de comportamentos gregários e tribalistas, uma crescente desconfiança, o aumento do conformismo e da rigidez moral, uma sensação de ameaça generalizada, o fechamento de fronteiras e a manifestação de um sistema imunológico comportamental.
As consequências emocionais são variadas e incluem irritabilidade, um sentimento difuso de perda de controle decorrente da angústia e da impotência, ansiedade, negatividade, discórdia e polarização. Além disso, observa-se um aumento significativo da violência doméstica e a emergência de problemas nas relações sexuais.
A lógica de que os mais fracos deveriam submeter-se aos mais fortes perpetua-se desde a Grécia antiga até os dias atuais, negando a humanidade dos vulneráveis e tornando teoricamente aceitável seu extermínio.
Assim, a violência perpetrada contra povos e nações que não se enquadram nos interesses das grandes potências econômicas e militares, bem como contra os residentes das periferias urbanas, muitas vezes não suscita grandes comoções, como se estes não fossem plenamente humanos.
A invocação da noção de humanidade, em muitas ocasiões, revela-se como uma mera abstração, desprovida de significado efetivo diante das realidades de marginalização e violência enfrentadas por grupos sociais historicamente excluídos.
Anteriormente, as pessoas mantinham discrição em relação à sua identidade, enquanto atualmente a reivindicam de forma ostensiva.
Esse fenômeno apresenta aspectos positivos, pois reflete um ideal de justiça, onde grupos anteriormente marginalizados agora buscam reconhecimento de seus direitos universais.
No entanto, em alguns movimentos, observa-se um excessivo fechamento em guetos, o que pode acarretar um risco de fragmentação social.
Surge então a reflexão sobre se não estamos, de fato, enfatizando em demasia nossas diferenças em detrimento do que nos une em comum.
O olhar alheio exerce uma influência primordial em nossa autopercepção.
A incessante busca por atenção e reconhecimento reflete uma competição pela validação social.
Essa interdependência entre indivíduos é essencial para nossa sensação de satisfação e autovalorização, sendo o reconhecimento externo um aspecto central da experiência humana.
Algumas mulheres afirmam não dividir o custo do motel, mantendo a visão histórica de que cabe ao homem arcar com essa despesa.
Argumentam que, por já assumirem os gastos com estética, não veem necessidade de compartilhar essa conta, o que sugere uma busca pelos benefícios da emancipação sem assumir as responsabilidades correspondentes, caracterizando, por vezes, um feminismo de conveniência.
Na era contemporânea, uma grande vantagem é a liberdade que cada indivíduo possui para escolher sua própria forma de viver.
Não vejo necessidade de substituir um modelo de vida por outro; há espaço tanto para os modelos tradicionais, como relações monogâmicas, quanto para aqueles que preferem ter três parceiros.
Ambos devem ter liberdade para escolher o estilo de relacionamento que melhor se adequa às suas necessidades e desejos individuais, sem julgamentos ou imposições externas.
Quando percebemos que o outro depende de nós e tem medo de nos perder, a conquista e a sedução tendem a desaparecer.
A tomada de decisões existenciais, como a escolha pela maternidade, é um fenômeno mais comum na esfera social da classe burguesa.
Em contraste, nas áreas periféricas, a vida cotidiana é marcada por conflitos e precariedades, onde a sobrevivência frequentemente se resume a uma dicotomia de vida ou morte.
Buscar mobilidade social sendo negra, pobre e oriunda da periferia é uma travessia dolorosa, marcada por sacrifício, abnegação, resistência, coragem e intromissão.
Essas pessoas tomam decisões em meio ao caos e às urgências do dia a dia, sem tempo para reflexão, encontrando sentido em sua trajetória apenas retrospectivamente.
Sendo a filha mais velha em uma família numerosa, algo comum no Brasil, seu destino pode ser trabalhar mais cedo para ajudar nas despesas domésticas, dificultando o processo de ascensão social.
Nessa caminhada, o apoio coletivo é imprescindível. A mãe e as tias, por exemplo, podem contribuir significativamente, oferecendo o suporte necessário para que a pessoa continue focada nos estudos e no trabalho. Isso é especialmente importante nos casos de gravidez precoce, quando a ajuda na criação dos filhos é fundamental.
Cada caso é um caso. Se for filha única em uma família monoparental, pode haver um alívio, com menos pessoas para sustentar e bocas para alimentar, permitindo mais tempo para se dedicar aos estudos e ao trabalho.
De qualquer forma, é nítido que o projeto individual de vida depende inevitavelmente do coletivo, do apoio de outras pessoas.
Além do suporte familiar, políticas públicas que incentivem a educação e a capacitação profissional são essenciais para quebrar o ciclo da pobreza.
Ações comunitárias, como redes de apoio e programas de mentoria, também desempenham um papel crucial na promoção da equidade social.
Assim, a luta pela mobilidade social torna-se um esforço conjunto, onde a solidariedade e a ação coletiva são fundamentais para a construção de um futuro mais justo e inclusivo.
Na contemporaneidade, observa-se uma tendência preocupante: a utilização da morte de indivíduos, especialmente celebridades, como uma ferramenta de autopromoção.
Nesse cenário, o luto autêntico e genuíno é relegado a segundo plano, dando lugar a uma pressa desenfreada em capitalizar o evento, buscando não apenas aumentar a visibilidade pessoal, mas também impulsionar as vendas.
Esse fenômeno revela um viés utilitarista e egoísta, no qual a morte é vista como um recurso a ser explorado em prol de benefícios individuais, como ganho financeiro e reconhecimento público.
Diante de uma ampla gama de injustiças pessoais, discriminações e experiências de marginalização, além de um questionamento persistente da autoestima, os indivíduos se veem desprovidos da capacidade de identificar adversários tangíveis para confrontar.
Esse vazio é preenchido pelo crescimento do populismo em diversas correntes ideológicas, impulsionado por um sentimento generalizado de ressentimento.
O atual contexto de múltiplas desigualdades contribui para a formação de uma sociedade permeada pela raiva e indignação.
Compreender essa dinâmica é essencial para resistir à tentação de sucumbir à vertigem da indignação.
Em um cenário de flagrante desigualdade global, os mecanismos sociais tendem a privilegiar a expressão da raiva, do ressentimento e, frequentemente, da competição com aqueles próximos na hierarquia social.
A incapacidade de canalizar essa raiva individual para uma saída política adequada tende a fortalecer os movimentos populistas que se proliferam na contemporaneidade.
A cultura, outrora um agente catalisador de transformações sociais, progressivamente evoluiu para se converter em um instrumento de sedução.
Sua finalidade atual não reside mais na iluminação intelectual das massas, mas sim em atrair e cativar seu interesse.
Em vez de satisfazer necessidades preexistentes, sua função é gerar novos anseios, perpetuando um ciclo de insatisfação constante.
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