Te Amo meu Sonho Lindo
O Jardim
Existe um jardim antigo com o qual às vezes sonho,
sobre o qual o sol de maio despeja um brilho tristonho;
onde as flores mais vistosas perderam a cor, secaram;
e as paredes e as colunas são idéias que passaram.
Crescem heras de entre as fendas, e o matagal desgrenhado
sufoca a pérgula, e o tanque foi pelo musgo tomado.
Pelas áleas silenciosas vê-se a erva esparsa brotar,
e o odor mofado de coisas mortas se derrama no ar.
Não há nenhuma criatura viva no espaço ao redor,
e entre a quietude das cercas não se ouve qualquer rumor.
E, enquanto ando, observo, escuto, uma ânsia às vezes me invade
de saber quando é que vi tal jardim numa outra idade.
A visão de dias idos em mim ressurge e demora,
quando olho as cenas cinzentas que sinto ter visto outrora.
E, de tristeza, estremeço ao ver que essas flores são
minhas esperanças murchas – e o jardim, meu coração.
Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.
Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?
Se não houvesse montanhas
Se não houvesse montanhas!
Se não houvesse paredes!
Se o sonho tecesse malhas
e os braços colhessem redes!
Se a noite e o dia passassem
como nuvens, sem cadeias,
e os instantes da memória
fossem vento nas areias!
Se não houvesse saudade,
solidão nem despedida...
Se a vida inteira não fosse,
além de breve, perdida!
Eu tinha um cavalo de asas,
que morreu sem ter pascigo
E em labirintos se movem
Os fantasmas que persigo.
Você nunca é tão velho para ter uma nova meta ou para sonhar um novo sonho.
As Máscaras
O teu beijo é tão doce, Arlequim...
O teu sonho é tão manso, Pierrô...
Pudesse eu repartir-me
encontrar minha calma
dando a Arlequim meu corpo...
e a Pierrô, minha alma!
Quando tenho Arlequim,
quero Pierrô tristonho,
pois um dá-me prazer,
o outro dá-me o sonho!
Nessa duplicidade o amor todo se encerra:
Um me fala do céu...outro fala da terra!
Eu amo, porque amar é variar
e , em verdade, toda razão do amor
está na variedade...
Penso que morreria o desejo da gente
se Arlequim e Pierrô fossem um ser somente.
Porque a história do amor
só pode se escrever assim:
Um sonho de Pierrô
E um beijo de Arlequim!
O sonho é uma porta estreita, dissimulada no que tem a alma de mais obscuro e íntimo; abre-se sobre a noite original e cósmica que pré-formava a alma muito antes da existência da consciência do eu e que a perpetuará até muito além do que possa alcançar a consciência individual.
SER POETA
Ser poeta é fazer de cada despedida uma saudade
É ter nas mãos os sonhos, vivê-los de verdade
Chorar, sorrir, sem medo de viver.
É despir-se perante tantos espelhos
Amar a vida e, de joelhos,
Agradecer a Deus em cada anoitecer.
É cantar e amar cada minuto vivido
É acordar desejos adormecidos
Colher da vida os frutos da paixão.
Ser poeta é amar intensamente
Ter o passado como futuro tão presente
Fazer da vida sempre uma oração.
Deixa a vida te embalar,
o barulho te corroer,
a bagunça te entreter,
o sonho te alcançar,
a emoção te dominar.
Deixa tudo te doer.
E vive.
Escute, isso é só um sonho. Mas pessoas inteligentes podem ouvir sonhos. Então, por favor, apenas escute. Sei que está com medo, mas tudo bem sentir medo. Ninguém nunca disse? Medo é um superpoder. O medo pode lhe fazer mais veloz, inteligente e forte. E um dia, você irá voltar para esse celeiro e nesse dia você vai estar com muito medo, de fato, mas tudo bem. Porque se você é muito sábio e forte, o medo não tem que fazê-lo cruel ou covarde. O medo pode fazer você gentil. Não importa se não tem nada embaixo da cama, ou no escuro, contanto que você saiba que está tudo bem sentir medo. Então, escute. Se não escuta mais nada, pelo menos escute isso. Você sempre terá medo mesmo que aprenda a esconder. O medo é como um companheiro. Um constante companheiro, sempre ali, mas tudo bem, porque o medo pode nos aproximar. O medo pode levar você para casa. Vou lhe deixar uma coisa, só assim vai sempre lembrar. O medo faz companhia a todos nós.
Você estava vagando
Procurando por um sonho apagado também?
É diferente da típica definição de destino
Seus olhos doloridos estão olhando
Para o mesmo lugar que eu
SONHO DENTRO DE UM SONHO
Receba este beijo sobre a testa!
E, te deixando a partir de agora,
Então, deixe-me te contar:
Você não está errado, você que considera
Que meus dias foram um sonho;
Mesmo que a Esperança tenha sumido
Em uma noite, ou em um dia,
Numa visão ou em nada mais,
É, portanto, o que menos se perdeu?
Tudo o que vemos ou transparecemos
É nada além de um sonho dentro de um sonho.
Permaneço no meio do rugido
De uma onda agitada a “quebrar”,
E seguro dentro de minha mão
Grãos da areia dourada -
Quão poucos!! Ainda, enquanto eles escorrem
Por entre meus dedos, lá para o fundo [da água],
Como eu lamento, como eu lamento!!
Ó, Deus! Não posso agarrá-los
Com um cinto apertado?
Ó, Deus! Não posso guardar nenhum deles
Da onda impiedosa [do Tempo]???
Tudo que vemos ou transparecemos,
Não é mais que um sonho dentro de um sonho??
(In "Histórias Extraordinárias" de Edgar Allan Poe)
Pedrada no sistema de hoje: Um Sonho.
Ontem eu sonhei o teu sonho.
Sonhei que os soldados,
cantando e dançando,
libertando-se de todo mal,
surgiam de todos os lugares
para velar o funeral
de todo arsenal
das ogivas nucleares.
No sonho,
os homens não eram escravos
nem de si, nem dos outros,
tampouco das cores,
pois o dinheiro
havia sido morto
no combate com o amor.
As crianças,
cravo e canela,
dançavam com as flores,
como não tinham fome
caçavam estrelas
e quando cansadas
tornavam-se nelas!
Sonhei
que as mulheres e os homens
não tinham coisas, mas sentimentos,
e em sinal de alegria,
plantavam suas orações
não de mãos espalmadas,
mas de braços dados
com o milagre do dia.
E Deus - todo pequeno gesto de amor -
não frequentava igrejas,
livros ou estátuas,
apenas corações…
Ontem,
sonhei o teu sonh
sem saber que também era o meu.
