Te Amei e ñ te Amo mais
Caminhando lentamente fica mais latente a dor, inconfundível sentimento de vazio que tua ausência deixa. A incansável busca da resposta por não ter-me feito morada no início da jornada, um passado já distante que não conseguiu apagar as marcas que foram poucas mais intensas. A cada passo sinto as pegadas deixadas para trás, evidenciando uma consciência sobrecarregada por um momento cheio de sentimentos mais inegavelmente ilícito ao pensamento, já não somos imaturos para quebrar regras no entanto nosso desejo vai além da experiência adquirida com as muitas primaveras, delicadamente a juventude volta a brilhar nos olhos e nos deixamos levar pela fraqueza da alma. Inevitavelmente o medo faz presença constante e perspicaz mas a volúpia perpetua e ficamos novamente a vagar nos nossos sonhos.
As relíquias que guardamos na alma servem para lembrar o passado, evitar que o presente seja meramente vivido e não sentido no seu esplendor sem anular os sonhos, naufragar os pensamentos e corromper os sentimentos, não deixar as falhas antigas serem repetidas, procurar dar um novo rumo aos contos e encantos que a vida proporciona. A lucidez partilha da mesma trilha que a insensatez, ambas se debatendo por prioridade, deliberadamente nos envolvemos com uma pitada de carinho, afeição e humor, sem no entanto perder o sabor que o momento traz. Assim lentamente vamos demarcando uma fatia do coração para explorar nossos mais profundos desejos sem reservas, sem cobranças, sem limites.
Quando desdobramos o amor, ele não cabe mais no peito, fica espremido e transborda pelas beiras e faz um bem tamanho dividi-lo...
Ditas e benditas palavras que acalentam, lamentam e curam, tem o poder da fúria, da lamúria e da luxúria. Muitas são jogadas ao vento sem o menor sentimento, tem as que se enchem de drama e as que vem e difamam. Há as que expressam fé, purificam e semeiam paz, aquelas que escondem a verdade no que dizem, e as que se corrompem antes mesmo de serem ditas, tem as que são pronunciadas com carinho e tem o poder de despir e acariciar a alma, essas nos tiram a calma. Nem sempre palavras são apenas palavras, muitas são sufocadas no coração e deixadas lá sem opção e outras arrancadas muitas vezes sem permissão. Sejamos cercados de doces e meigas palavras, pois as com veneno não se tem antídoto.
Quem diria a calmaria de um coração que ama, mesmo com drama e tantas tramas, nem mesmo o conflito de ser ilícito tira a leveza inebriante do momento, tão marcante sentimento que se traduz em minúcias. Tem a notável capacidade de tocar meu íntimo, me transporta e nem se importa com o caos que causa, todos os sentidos são aliados para uma perfeita conspiração é assim se dá a nossa inevitável conexão. A cada instante atamos mais o nó, vulneráveis a carregar com cuidado a alma um do outro com a delicadeza de não arranhar a fina proteção que nos impomos.
Às vezes nosso dia amanhece mas a alma insiste em flutuar, não se alinha com o momento, persiste em sonhar, um remoto e longínquo pensamento paira à beira do caminho não deixa a angústia amansar, e nas batidas confusas do peito vai o coração a delirar. De repente os olhos transcendem a tênue barreira do tempo e aos poucos a realidade aflora com cheiro de presente e com gosto insosso de empatia. Difícil saber se a alma pesa pelo excesso de sentimentos ou pela metade que me falta.
Não quero esquecer os abraços
Nem tão pouco as palavras
Quero lembrar a cada instante os olhares
E devagarinho me entusiasmar com o afago
Deixar na penumbra as dúvidas
E sentir tão somente a carícia que me envolve
Transpor a sombra que oculta a distância
E fazer valer a doçura que paira no ar
Palpitando o coração ainda está
Divagando o pensamento ainda fica
E a pele inflama ao lembrar teu toque
E se consome com a tua ausência
Dilacera a alma minha fraqueza
Não me condene pela eloquente forma de ver a vida
Meu pudor me priva mais de mim
Do que de ti mesmo
Só me desnudei pelas beiras
Me falta ainda uma porção de mim para mostrar. N Arnaud
Meu coração por ti bate;
Assim como um pulsar,
no meio do vazio.
Energia e massa
se confrontam liberando uma diversidade de sentimentos.
Meu amor por ti oscila;
Entre vales e cristas,
em uma frequência inquietante;
Nestes altos e baixos,
não se encontra um fim, apenas reflexão...
... em mim mesmo.
Nunca me julgue simplesmente pelas palavras ditas, meu coração é maior em extensão, cabe-lhe não somente linhas mas também uma porção de tudo que me encanta. Tente me dominar pelas beiras da minha fraqueza que é meu despertar e assim terá o tudo da minha alma. Não queira me tirar de mim se não for por inteira, pois de metades estou, cultive o que de melhor há em mim a outra parte somente eu sei lidar. Terá no entanto que tatear lentamente as gavetas empoeiradas se tiver muita curiosidade em me abrir. Enfim, aos anjos amigos que emprestam seus risos e seus ombros; nos alfinetam para acordar para a vida e muitas vezes são o doce que nos move, a esses, meus beijos e abraços com muito carinho.
Fui pressionada pela alma
A expor o que ali não cabe mais
Nada foi planejado
O inesperado e inevitável
Traduzir de que forma
Não tem medida
Não é palpável
Insano
Imprudente
Inconsequente
Latente
Talvez engano
Já no início condenado
A ficar guardado
Não foi um mero desejo
Teria o tempo rompido
A distância reprimido
Insensato um coração dependente
De que forma ponderar
Ultrapassa o limite
Imploro a razão
Não me peça sensatez
Me dá apenas o prazer
De viver essa paixão.
N Arnaud
Tem uma coisa difícil de aceitar... Nascemos lindos e engraçadinhos, geralmente perfeitos e saudáveis. Mas... a medida que avançamos no tempo a coisa muda. Lá pela metade da vida, já não somos assim tão graciosos, e nem tão saudáveis, o que agrava a situação. E, mais para o final, a beleza e a saúde já eram! Não restando vestígio algum do que fomos na juventude e muito menos de nossa infância. Envelhecemos e as doenças nos atacam, a nossa aparencia beira a de alguns personagens da série "The Walking Dead".
Mas pensando bem, acho que tem coisa errada aí...
Acredito que não foi só um frutinho que nossos primeiros pais comeram, eles devem ter depenado o Jardim do Eden!... Pra ocasionar uma desventura tão catastrófica que atingiu e segue atingindo a humanidade toda?!... E olha, que é sem reversão!... O que eles fizeram só pode ter sido algo muuuuito pavoroso, irremediavelmente sem conserto. É lamentável... Sabe, creio que não nos contaram a história toda, não nos passaram exatamente o que aconteceu lá no princípio...
Deixo aqui o benefício da dúvida em favor dos primeiros humanos... talvez, haja mais coisas envolvidas... é que nos falta conhecimento... conhecimento que foi destruído no início das grandes religiões, junto com inúmeros manuscritos, onde versava a historia da nossa criação.
Enfim, aguardemos com fé e esperança, aquela por quem toda a criação geme, a prometida regeneração...
Demorar pra dormir reflete a longitude de pensamentos que tão dentro e tão fora se aproximam à distancia.
Nas reticências da vida deixamos muitos atos, fatos e relatos pelo caminho, bagunçamos e falhamos e sem méritos ficamos nem mesmo nos acertos. Parecemos comida insossa, sem teor, de um paladar já costumeiro. Nem mesmo o reflexo sem nexo nos traduz, sem brilho, sem vida, sem luz e assim nos embriagamos de tédio e fazemos desse momento uma repetida cruz. Já não sou mais alma que acalma, beleza que inflama e presença que faça a diferença, me tornei o não sei quem de alguém...e assim quase que inevitável as reticências consomem as palavras, se perdeu os motivos, os conflitos já não geram atrito e o tanto faz se fez constante. Já não sou mais eu, o nós se rompeu, caminho vagando invisível procurando decifrar onde chegamos, onde nós perdemos, remendar já não é possível há muitas brechas, rupturas sem volta é assim fico eu no anonimato de meus dias sem tons.
Cativas com tuas doces palavras minha cansada alma, ensina-me de novo a sentir a leve sintonia que palpita no coração, meu respirar manso te sente, te acolhe. Vem furtivamente moldando os traços já quase apagados do meu contido desejo, arranca de mim lentamente a solidão e ilumina meus sentidos. Percebo quase que tarde um pulsar latente no peito, um amarrotado e ainda vivo anseio de amar, por vezes verte sandices dos lábios, toscas palavras usadas como barreira para esconder o medo, mas tua ternura se projeta como lança e me desequilibra. Não temos a tão desejada liberdade para nós conduzir aos braços ternos e aconchegantes um do outro, temos tão somente o sonho audacioso que transborda de puro amor.
