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O amargo se dissipa com o tempo. E o tempo se dissipa com o futuro. Dependendo do ponto de vista espiritual. O nosso tempo já é o futuro se estamos momentos antes com a alma do que com os pés.
Nada é igual como era. Tudo é novo e modifica-se em direção ao perfeito. A concepção disso baseia-se na nossa própria perfeição – tida como inalcançável pelos que param no meio do caminho e para quem nem se quer no caminho entra.
Enquanto vejo reuniões com propósitos de caos, eu me reúno comigo mesmo e com todas as forças que por detrás de mim trabalham – com propósitos dignos; e não existe externalização nenhuma capaz de transformar meus caminhos, pois eles já foram percorridos antes mesmo do acordar.
hoje, só amanhã!
acordei com o sopro divino do 'Poetinha' me chamando à realidade.
e lembrei que poesia, música, samba, cerveja e amor, são coisas que residem no meu dia a dia sem qualquer ordem de prioridade. residem e opinião por que caminhos devo trilhar.
mas hoje, o dia era de aula. de aprender. afinal se renovar é a mola mestra para continuar a existir num mundo cada dia mais competitivo.
e, fui.
mas o Vinícius ficava me tentando "é sexta-feira, vamos tomar umas, ouvir uma bela poesia, cantar... poxa! é meu aniversário!
na sala de aula estava dividido entre a lousa e o corredor; a rua e o bar; a mesa e a gelada; e, o violão e os amigos.
mas, fiquei.
agora, após as 17h, vejo que tem um monte de mensagens no face.
ah! hoje não!!!
hoje ninguém quebra o meu encanto, ninguém vai tirar a minha alegria. hoje, é dia do Poetinha... vamos festar!
"Poeta, poetinha vagabundo
Quem dera todo mundo fosse assim feito você
Que a vida não gosta de esperar
A vida é pra valer,
A vida é pra levar,
Vinícius, velho, saravá"
Com um gesto fulgurante o Arcanjo Gabriel
Abre de par em par o pórtico do poente
Sobre New York. A gigantesca espada de ouro
A faiscar simetria, ei-lo que monta guarda
A Heavens, Incorporations. Do crepúsculo
Baixam serenamente as pontes levadiças
De U.S.A. Sun até a ilha da Manhattan.
Agora é tudo anúncio, irradiação, promessa
Da Divina Presença. No imo da matéria
Os átomos aquietam-se e cria-se o vazio
Em cada coração de bicho, coisa e gente.
E o silêncio se deixa assim, profundamente...
Mas súbito sobe do abismo um som crestado
De saxofone, e logo a atroz polifonia
De cordas e metais, síncopas, arreganhos
De jazz negro, vindos de Fifty Second Street.
New York acorda para a noite. Oito milhões
De solitários se dissolvem pelas ruas
Sem manhã. New York entrega-se.
Do páramo Balizas celestiais põem-se a brotar, vibrantes
À frente da parada, enquanto anjos em nylon
As asas de alumínio, as coxas palpitantes
Fluem langues da Grande Porta diamantina.
Cai o câmbio da tarde. O Sublime Arquiteto
Satisfeito, do céu admira sua obra.
A maquete genial reflete em cada vidro
O olho meigo de Deus a dardejar ternuras.
Como é bela New York!
Aço e concreto armado
A erguer sempre mais alto eternas estruturas!
Deus sorri complacente. New York é muito bela!
Apesar do East Side, e da mancha amarela
De China Town, e da mancha escura do Harlem
New York é muito bela! As primeiras estrelas Afinam na amplidão cantilenas singelas...
Mas Deus, que mudou muito, desde que enriqueceu
Liga a chave que acende a Broadway e apaga o céu
Pois às constelações que no espaço esparziu
Prefere hoje os ersätze sobre La Guardia Field
Vinícius de Moraes
Crepúsculo em New York
Rio de Janeiro , 1954
A única direita criminosa que conheço é a direita da Esquerda. Essa sim é capaz de apertar o gatilho, assinar decretos para eliminar inocentes de forma absurda e apontar o dedo para criminalizar oponentes.