Sou o Brilho dos seus Olhos ao me Olhar
A adolescência estacionava o olhar entre as varandas da rede onde o mundo tomava dimensões que o tecido bordava, a quietude das coisas embalava uma canção de ninar naquela insanidade de brisa e grilos e os ruídos que a natureza produz; sonhava um mundo sob os cachos dos cabelos e o milagre das coisas boas viria na voz grave da mãe, que cantava uma oração misturada ao cheiro de café matinal. A aranha tecia sua teia para as noites longas a catar aliens e objetos não identificados que se prendiam a seus fios pegajosos; entre as frestas das telhas entrava um facho de luz que não doía nada, mas diziam mísseis apontados pra Washington e Moscow. Os meus cachos protegiam a testa, o medo que pudesse transparecer da guerra fria se perdia no meu jovem entendimento e na minha gentil ignorância; o meu olhar atravessava o tecido da rede, a aranha atravessava a noite, os misseis atravessavam os pesadelos tornando real a profecia do apocalipse; Londres, Nova Iorque e Paris vaporizavam os gases de ogivas letais; "não concluir meu último poema" era um grande arrependimento; Priscila jogando peteca na calçada era uma grande preocupação; não morreremos de infarto era uma constatação. Esta ansiedade estressante ditava o ritmo do cotidiano, mas tia Matilde, a professora de história ainda mencionava tratado de Tordesilhas, a colônia, o trabalho escravo e tudo o que nos fora usurpado pela coroa portuguesa. No final da tarde Priscila cantarolava Jerry Adriani, os pescadores bebericavam, entre uma, e outra história fantástica de pescarias inimagináveis; a aranha devorava suas presas, os armadores rangiam os meus medos embalados na rede, protegidos pelas varandas e as fantasias da minha adolescência
mas
Mas se o meu olhar e o teu olhar
não se encontrar na imensidão da vida
saiba que o destino as vezes se engana
mas o amor... o amor essa brisa que areja a alma...
traz uma sobrevida
e sempre que eu pensar no amor,
teu rosto vai estar sorrindo em cada rosto feminino
e nesse labirinto que é a vida,
como um milagre o amor vai se encontrar
mas se o meu olhar e o teu olhar
não se encontrar na imensidão da vida,
Ávida de prazer e de paixão
esse ciclone a clonar o amor
o que vai ser de mim,
da minha imensidão,
da imensidão do meu amor..
se o meu olhar e o teu olhar não se encontrar...
SOBRE ONTEM, O ANTEONTEM E AMANHÃ
Eu tenho um olhar
Somente um olhar
Na manhã a passar na calçada
E os sonhos que eu tive
De um dia sonhar com a manhã
Já passaram
Ficou meu olhar
A olhar
O olhar da manhã a passar...
povoa, povoa o meu olhar
a índia na lagoa
o menino na canoa
um barco nos conduz
a luz vermelha cor de telha nos cabelos ,
laranja nas unhas,
quantas testemunhas,
parece uma coisa à toa
mas há paz,
há paz...
a paz na turbulência
comportada do meu peito,
é um semi-leito,
é uma canoa,
eu não sei...não sei o que é isso
amo Messejana com suas mangueiras
e viadutos, José de Alencar e todos os seus índios
amo Messejana....
deixa eu te olhar só mais um pouco,
ainda sei sonhar e amanhã é sexta-feira
e a minha semana não tem sábado nem domingo
a vida não pode diluir-se assim
como se fossemos abstratos,
e essa paz, essa paz que abriga agora a tua alma,
essa paz tem que ser dividida
deixa eu te olhar e assimilar esse vermelho
porque a minha paz tinha a palidez dos dias invernosos
e a frieza glacial dos polos
deixa eu te olhar, e essa manhã nos teus olhos
clarear os meus caminhos
AS ILUSÕES NÃO RESISTEM ÀS NEBLINAS
mais tarde o meu olhar fica novinho
depois de passar este rio,
depois de derramar este lago
fica tudo lavado,
todo lixo vai no pranto,
todo encanto desbota na luz do luar,
As ilusões não resistem às neblinas...
já chovi tanto este passado,
já alaguei capital e municípios,
e eu que sou um cara de princípios...
fico filosofando...
conjecturando... sem querer acreditar
as ilusões não resistem às neblinas,
as ilusões não resistem às neblinas
e eu não tenho arcas nem barcas....
nem sei nadar...
EU VI
eu vi um homem que não era mais homem
e tinha um olhar que não era mais seu
e tinha a ausência de todos os fantasmas
e tinha a asma de todos os gatos
e tinha os mistérios dos cemitérios
a pele morta, sem vida,
dentes sem precedentes
um odor inconcebível;
não era mais um ser vivente,
por mais que parecesse gente,
não era um cachorro,
os cachorros são felizes e são gratos,
os gatos têm orgulho,
era maior que um rato em tamanho,
mas revirava o lixo
com a ânsia desse bicho
eu vi um homem que não era mais homem
ou vi um bicho que não era mais bicho
eu tenho um olhar
somente um olhar
na manhã a passar na calçada
e os sonhos que eu tive
de um dia sonhar com a manhã
já passaram
ficou meu olhar
a olhar
o olhar da manhã a passar
POÉTICA
Disperso meu olhar em ouro turvo
Desperto aturdido e atônito
Ainda existo, ainda existe o mundo
Das coisas vãs e supérfluas, antônimo
Quem se dedica a tal amor profundo
Nuvens magentas salpicam o horizonte;
O outono dourado dos faustos mitos
Desfolham sem alardes as florestas
A calmaria duma brisa no infinito
Sussurra a estação dourando em festa
A relva tem a idade dos delírios
Pluma leve pros tombos do passado
Momentos lacônicos de paixão suavizados
Pela insanidade de um lírico visionário
Poema do olhar vazio
Autor: Tadeu G. Memória
Ainda terei longas noites
Para lembrar-te o olhar
E nos momentos de saudades
Escreverei poemas...
Provavelmente mencionando
Ansiedade de horas intermináveis e vazias
Por desalentos e descontentamento...
Escreverei poemas...
Impróprios, secretos e insanos
Relatando com minúcias
Essa intimidade lasciva e indecente
Escreverei poemas...
Insípidos, amargos, amargurados
Pela solidão e o abandono
Escreverei poemas...
Como um álibi a essa cumplicidade
Insensata e viciosa
Que me aprisiona como refém
De prazeres mórbidos...
Escreverei poemas...
Como uma compulsão
Como se isso detivesse a hemorragia
De desanimo e desencanto
De longas noites de insônia
Que me trazem o teu olhar vazio...
Antes que seja tarde e acabe o mundo,
traga o olhar, a lente, a tarde, antes que seja tarde
traz o teu silencio e a razão das coisas simples
que não explicam a paixão
e assim, assim que chegue a tarde,
antes que seja tarde,
porque a paixão é translúcida,
transitória, e transita nos olhares
a procurar noites ardentes antes que seja tarde,
porque assim a vida sem essa perspectiva,
sem essa pressa que nos impõe a paixão,
porque viver já é a maior paixão
e amar nunca é tarde, tarde é morrer...
ACREDITAR
No meu sonhar só vejo teu olhar
só beijo teu umbigo
eu sigo meu desejo
e mais do que sonhar
eu quero acreditar
que acreditar nessa paixão
que longe do que eu penso; eu penso longe
eu quero acreditar que existe vida...
e mesmo com o olhar perdido,
o meu olhar que cai com o sol...
que cai com a tua ausência,
com os absurdos do dia a dia...
tem uma luz que conduz a crer
que o amor é que ilumina
A solidão me deixou tão só, me abandonou sozinho
me deixou perdido no teu olhar vazio
a solidão me abandonou sem horizontes,
sem pontes que eu acreditava na tua presença,
a solidão me deixou assim, sem começo e sem fim
sem nenhuma razão pra acreditar no amor...
Eu vou escrever o teu olhar e essa coisa que me dá dó
como a calmaria sinistra do Guandu conduzindo dejetos,
presuntos e fetos sem nenhum B.O
mas me leva nessa dor, me leva nessa dor
que o mundo é pequeno e arbitrário
nada é tão bonito, nada é explicitamente
definitivo como num epitáfio
a felicidade flutua nas brisas e marolas,
mas o amor se perde na imensidão dos que tem asas;
algum dia estaremos sozinhos ao nível do horizonte,
sem perceber que o futuro chegou e o passado foi ontem,
mas as canções eternas serão nossas trilhas sonoras
um dia olharemos o rio como dádiva divina que enriquece a alma
SOBRE AS ESTRELAS CADENTES
E A CADÊNCIA DAS ESTRELAS NO TEU OLHAR
Eu sei que não existe nada
além do que eu sei que não existe.
Meu olhar buscou a lua
A vacilar no firmamento
Sem saber como flutua
Minhalma neste tormento
caminho triste e confuso
indiferente às estrelas
não sei o que quero ou procuro
não sei se desejo vê-las
Amor sem par
No encanto desse olhar,
O seu sorriso me envolve
Com a paixão que paira forte
Almejando te encontrar,
Com a mesma fantasia
E com a mesma regalia
Que me faz sonhar!
E no renovo do seu sorriso
Reconstruo o lirismo
Desse doce amor sem par!
Como é bom estar protegido sob seu olhar e melhor ainda, aconchegado, iluminado e amado na mais linda moradia que possa existir: dentro dos seus olhos meu amor!
Ao olhar um semáforo de trânsito, as três cores, poderão ser indicativo para avaliar como anda sua vida amorosa, simples assim: verde – sonhando juntos, com projetos e muito carinho; amarelo – o primeiro e o último pensamento do seu dia, não são mais para aquela pessoa; vermelho – não sente falta, sua presença tanto faz. Pare, acabou!
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