Sou Igual a minha Irma

Que não apanha dos país, apanha da polícia.

Muitos ventos sopram.
Dentro e fora de mim uivam
lobos que não sou.

Sou velho de mais para censurar, mas suficientemente jovem para agir.

Eu sou da cor daqueles que são perseguidos.

O que sou não passa de uma preparação do que serei.

Sou como um paralítico que encontrou na imobilidade o meio de evitar as suas quedas.

É verdade: eu sou uma mulher dura cercada de homens meigos.

Sou rico? Todos estão prontos a dar-me a própria pele; / sou pobre? Ninguém me quer dar nem uma moeda.

Não sou de usar as mulheres e depois jogar fora. Tranco todas no armário.

Pego a primeira parte para mim porque me chamo leão, / a segunda, sois vós a dar-me porque sou robusto, / a terceira cabe a mim porque valho mais. / A quarta, pobre daquele que ousar tocá-la.

Sou um homem e errei; não há nada de surpreendente.

É verdade. Eu sou meio retardado. Mas também sou fantástico.

Não sou obrigado a jurar sobre as palavras de nenhum mestre.

Que receais de mim, visto que sou o impossível?

Não sei se sou autoritário. Durante as filmagens, sou decerto uma pessoa diferente, sem tempo para delicadezas. Mas será que, numa operação, o cirurgião diz: poderia me passar o bisturi, por favor? Muito obrigado. Claro que não. Ele só diz: bisturi!

Sou quem duvida e a própria dúvida.

Quero tornar-me aquilo que sou: uma criança feita de luz.

Posso nunca ter sido (...), por conseguinte não sou um ser necessário.

Sou definitivamente
louca do haikai.
Ele, também.

Sou peixe e sou pássaro
quando me afogo em teus seios
em vôo para os sonhos