Sou Igual a minha Irma
As noites ensinaram disciplina. Pela manhã, transformei cansaço em obra. Minha rotina é a minha vitória.
Não espero aplausos, construo testemunhos, quem precisa vê-los verá nas obras, minha voz é o trabalho concluído.
Minha visão é produto de subida e clareza, quanto mais alto subi, melhor vejo o todo, a perspectiva orienta minhas escolhas.
Minha voz ganhou tom de autoridade serena, falo o necessário, faço o suficiente, o mundo foi acostumando-se ao meu ritmo.
O desprezo alheio virou combustível discreto, usei-o para polir minha determinação, hoje ele alimenta minha calma.
A chuva incessante lá fora assemelha-se à minha fé, não se interrompe, não se exaure, apenas persiste.
Em algum lugar, à beira do mar da minha querida Florianópolis, sob a chuva que cai incessante, as sonatas de Beethoven não são apenas música, são tempestades que rasgam a alma, ondas que se confundem com notas e silêncios que ecoam na vastidão do céu cinzento.
Minha compaixão brota de ter sofrido, conhecer a dor ensinou a aliviar, dou mãos onde precisei delas
Até aqui, minha existência tem sido uma verdadeira odisseia. Sobrevivi a provações que desafiaram os limites do possível, aprendi a domar o ímpeto do coração e a pronunciar um “te amo” somente quando a alma reconheceu a verdade do sentimento. Vivi realizações tão grandiosas que reduziram meus antigos sonhos à mera sombra do que a realidade me concedeu.
A paz chegou no instante em que deixei de justificar minha dor, e aprendi que nem tudo precisa ser entendido para ser superado.
Andei sozinho, mas tinha direção, a bússola interior guiou cada passo, sozinho, ouvi melhor minha fé e rumo, aprendi a andar com coragem e sentido.
Por meio das lágrimas, Deus reescreveu minha história, o sofrimento tornou-se tinta que autenticou minhas palavras.
Foi preciso espaço para a minha reconstrução, nos remendos, aprendi a humildade do ser. Acabei moldado em meu próprio formato, inteiro.
Fui ferido por sonhos, mas não parei de sonhar, as feridas não mataram minha vontade de voar, sonhar é resistência que insiste em ressurgir, mesmo ferido, continuo a mirar o horizonte.
