Sou Igual a minha Irma
Às vezes não me quero inteira. Noutras transbordo intensamente. Sou o preenchimento absoluto de todos os meus vazios.
Eu sou uma eterna apaixonada pela vida, pelos momentos que ela reservou, pelos acontecimentos, pela música e pela natureza como um todo.
Enigma
Sou uma mulher que a vida ensinou a dar valor às pequenas coisas. Talvez pela educação que recebi. Talvez por morar numa cidade pequena. Talvez porque não tive tantas e tantas oportunidades como às de hoje ou talvez porque já nasci com este olhar que crê nas belezas que a natureza oferece.
Sou uma mulher cujo semblante quer dizer muitas coisas. No olhar há um livro a ser decifrado, cada página uma história, cada linha um segredo. Assim sou eu, cheia de enigmas como qualquer ser humano, que tem dentro da caixa seus segredos.
Sou uma mulher, que às vezes se sente tão adulta que leva no ombro o mundo inteiro e outras vezes tão frágil quanto uma criança que ainda brinca de ser feliz.
Assim, sou eu, às vezes uma criança, noutras mulher.
Que a vida me ensine a ser melhor do que já sou. Ensine-me a buscar a essência que vive nas profundezas do além e me liberte das correntes que eu mesma criei.
Sou mulher de bons papos e proveitosos. Esse negócio de futilidades, já não cabem mais no meu espaço.
No amor sou egoísta. Quero o inteiro, o sensato, o perspicaz, o maduro, o ilimitado. No amor ou vem completo ou nada feito. O superficial não está no meu dicionário. Quero o vendaval, a calmaria, o grito, a paz, o escuro, o claro, o manso, o cruel, o limitado e o ilimitado, tudo ao mesmo tempo. Quero o equilíbrio de todos os pesos da balança. Afinal, metade não me satisfaz. Sou inteira por dentro e por fora. Sou inteira até dentro de outra metade, esperando para formar o inteiro e manter o equilíbrio das massas do universo. Portanto, não me venhas com metades, traga consigo os complementos, para formarmos o total...
Sou adulta o suficiente para ter que ficar ouvindo conversinhas bobas. Tome iniciativas se quiseres me conquistar ou ficarás à mercê de pequenas atitudes infantis.
Eu sou o que sou, pelo que eu sou e não pelo que a sociedade impõe ou o capitalismo queira que eu seja.
Sou de várias formas, vários atos e vários impulsos. Mudar? Apenas se estas mudanças forem para melhorar a minha vida e de outras pessoas.
Essa sou eu
Eu sou ela.
Às vezes me vejo e não a reconheço em mim e nem nos outros.
Sou múltiplas e uma só.
Há um conflito do que sou, de quem desejo ser, do que nunca fui ou gostaria e do que serei (a partir de minhas escolhas ou para onde a maré das circunstâncias me levar).
A mim, cabe viver o eu de agora. Perdoando e acolhendo a mim mesma, na alegria e na tristeza, nas frustrações e realizações…
As derrotas, acolho-as também. Acolho tudo. Cada coisa, menor ou maior, boa ou ruim, sedimenta quem sou e quem serei.
Vivo em mim agora. Depois, talvez.
Estou na fornalha ardente, mas as chamas não me queimam,
No abismo escuro, sou chama viva e intensa.
Na cova dos leões, resisto, forte e presente,
Na prisão do tempo, minha alma se renasce e pensa.
Desço ao pó, qual Nabucodonosor,
Esmagada, sem forma, sem rumo ou chão.
Mas, em meio à dor, ao frio, ao torpor,
Sinto Suas mãos me moldando, em oração.
Madrugada fria, clamo e espero,
Na voz que me guia, encontro abrigo e calor.
Mesmo na escuridão, sigo e persevero,
Pois Sua luz é o fogo que testemunho com fervor.
Renuncio a mim, que Ele viva em mim,
Não sou mais eu, sou Seu mover e existir.
Se preciso andar sem ver o fim,
Confiarei, sem hesitar, sem temer, sem fugir.
Que se cumpra o que ainda não vi,
Que floresça o que foi plantado em silêncio.
Pois no tempo certo, enfim,
Serei vaso, ouro purificado, em Seu precioso ensejo.
E quando o fogo cessar sua labareda,
E a noite se render ao amanhecer,
Saberei que a dor foi herança predileta,
Para em Sua glória, eternamente viver.
Quem sou eu para escrever o que escrevo?
Escrevo há vinte anos. Para jornais, para sites, para quem quiser ler.
Há quinze anos, vivenciei a prática: atuei em associações culturais, comunitárias, presidi grêmio estudantil, estive em movimentos sociais — inclusive na luta LGBT — e comuniquei, com voz firme, em rádio comunitária.
Trago na pele e na palavra a marca das experiências políticas e ideológicas que atravessam minha existência desde sempre.
Tenho 38 anos de vida. E esta é, talvez, minha maior formação.
Sou inquieto. Busco, pesquiso, observo, anoto.
Gosto do que é difícil de compreender — não por vaidade, mas por necessidade. Porque há beleza no que exige mais da mente e do sentir.
Não temo a sombra: ela é natural.
Não fujo do vazio ou do silêncio: convivo com eles. E sei que são territórios que só os corajosos atravessam sem desviar os olhos do espelho.
O que escrevo nasce disso tudo.
Da coragem de pensar.
Do risco de sentir.
Da ousadia de encarar o que muitos evitam.
Sou um homem assumidamente romântico, que em tempos modernos é visto como bregua, onde há pessoas que tem o coração amargo, por não ter a coragem viver o Amor Verdadeiro.
O DIREITO
Eu tive a liberdade de escolher o que eu quero, mas o Direito decidiu que eu sou a escolha dele!
Sou um espírito indomável, sem filtros que suavizem a verdade, irreverente ao óbvio e criterioso como um artesão do próprio destino. Mas carrego em mim uma peculiaridade intransponível: quando ferido, não cicatrizo — eu renasço. O Eu de antes não sobrevive; o que resta são apenas lembranças do que já veio a existir, o ser que renasce não é uma reconstrução, mas uma nova pessoa, indiferente ao que antes era guardado como uma preciosidade, voltado apenas à preservação do seu próprio orgulho.
