Sem Sentido
Ode ao mundo que virá
Suspendeu-se o tempo. A vida passara a pulsar tão só por momentos. Não se sabe em que tempo as pessoas viviam. Elas não mais se preocupavam em contar dias, dinheiro ou vantagem. A utopia se tornara realidade, como já preconizaram os filósofos mais otimistas (por muitos, até então, considerados loucos).
Teria a vida ganhado sentido? Ou teria mesmo era o sentido largado da vida? Viviam como plantas e animais: sem questionar. No universo de e das possibilidades, questionar é, mesmo, um jogo sem fim. Afinal, é assim que tem que ser, não?
Medo e dor ainda davam suas caras. Mas todas eram tomadas como lições. Eram os famosos trampolins: deparando-se com um deles, sabia-se que era hora de ganhar algumas estrelas no rol de experiências.
Pessoas eram conhecidas tão só por seus atos de coragem da vidacotidiana. Sem glórias, sem orgulhos. Eram todos normais e aprendizes da vida. Todos gratos por partilharem da mesma sorte: abrir os olhos, todos os dias. Abrir os olhos fisicamente e no sentido da essência do viver, como bem despertara o saudoso Saramago.
Não havia espaço para a vaidade. Fingir ser o que não era causava uma baita confusão, porque ninguém conseguia, primeiro, entender o porquê de se fazer isso. E, se por alguma causa do além, alguém conseguisse, todos logo percebiam e ficavam confusos com aquela contradição entre gestos e palavras.
Aliás, falava-se pouco. O corpo, que tanto nos expressa, passou a dizer. Era comum uma leve curvatura da coluna, numa postura que muito remetia ao respeito àquele que com você cruzava. E a gratidão por qualquer gesto recebido, ainda que um olhar.
Não se apossavam de gestos, de pessoas e do amor. Tudo era fluido, sem ser banalizado. Era fluido no sentido dos rios e da vida. Momentos eram vivenciados e, quando a hora chegasse...gratidão e adeus. O bens eram poucos e o coração era tão farto!
Se, por uma ventura da vida se encontrasse com qualquer dos soulmates (todos partilhavam a alma)desse belo mundo, diriam eles não ter medo da morte. Atingiram um nirvana na vida. Por que não o encontrariam na morte? Entendera-se, finalmente, que o sofrimento é criação. Não reside em nós; não reside no mundo. E, no multiverso de possibilidades, criar felicidade era a opção daqueles que, cansados do apego que é, também, o sofrimento, entregaram seus caminhos à confiança no bem.
Pode-se falar em crença. Pode-se falar em utopia. Até se pode dizer que foi tudo obra da imaginação.
Pode-se, sobretudo, acreditar que todos temos parte disso pulsandoem nossos corações.
O SENTIDO DAS PALAVRAS
Marcial Salaverry
É preciso saber sentir
o sentido das palavras,
para não deixar ninguém sentido...
Algo dito com sentido,
e sendo consentido,
não serão palavras ao léu jogadas,
e não serão mal julgadas...
Mas, se são palavras ao acaso jogadas,
serão meras palavras cruzadas...
Sendo cruzadas com sentimento,
e tendo total consentimento,
haverá um fiel cruzamento,
entre o dito e o entendimento...
Antes de algo falar,
será bom bem pensar...
Não se apresse em julgar,
para não magoar...
Palavras são palavras... Nem mais, nem menos. O que muda, é o sentido de quem as profere, e o entendimento de quem as recebe.
Não vejo sentido em só amar as qualidades, os defeitos também são uma construção balanceada do certo e o errado!
Os pensamentos que mais agridem a nossa capacidade de sonhar são justamente aqueles que nos impedem de sentirmos o verdadeiro sentido da vida.
" Se penetrarmos no sentido da vida e desabrocharmos de dentro para fora, seremos menos miseráveis!".
Vida.
Qual seria o sentido de vivermos, passarmos um tempo relativamente grande com consciência, desfrutando das belezas da vida e, depois disso tudo, apenas acabar do nada. Por que? seria muita crueldade, não? Afinal, estamos aqui mas não fomos nós que escolhemos estar aqui na verdade. Nem nada, não escolhemos absolutamente nada e não dos deram explicação também. Apenas fomos ''jogados'' aqui e vivemos. Lógico que ao decorrer da vida começamos a refletir mais, ou deveríamos, sobre a vida em si, se tem um sentido, como será depois, etc.
E também paro para pensar o porquê, o porquê de que a vida teria que ter sentido. Creio que não conseguiremos comprovar isso aqui. O engraçado ( ou desesperador) é que vamos ou comprovar ou ....... Na verdade se a gente não comprovar, não vamos poder nem ter a chance de não comprovar, pois estaremos mortos e se morrermos não podermos comprovar nada, pois quer dizer que não existe nada além. É algo muito louco de se pensar, mas importante.
Você se dá conta de que, na maior parte da vida, não lamentamos o passar do tempo, que é lamentável não valorizar a vida em sua totalidade e que esquecer-se do que dá sentido a todo o resto em detrimento de coisas que só fazem sentido quando há vida é comum, e isso de ser comum é uma marca triste da humanidade, que por esquecer-se do essencial, acha que a vida pode ficar para amanhã.
