Saudades de Alguém que Mora Longe
Onde Ela Mora
Vou embora pra Bahia
Porque lá é onde ela mora
num cortiço do Pelourin
Beco estreito, um botequim
Onde rola um samba arretado
cerveja, acarajé e a manga rosa tarpeado
aquele gingado da danada
E o sorriso de mão beijada
enfeitiçou meu coração
flexada exata, mexeu cá minha emoção
seu rebolado d'arerê
combina com o dendê
que apimenta nossa relação
quero de volta essa preta
deitada em meu colchão
seu perfume é brisa
essencia de rosas brancas e artemisia
o Nag Champa pode até tá rolando
Mas devido a sua presença
é só teu cheiro exalando
em extrema conexão
nossos olhares mesmo distantes
se atraem
deixando assim meu coração
saudoso e ansioso
acelerado quase parado
na subida da ladeira
que ela tá me esperando.
VIVE EM MIM UMA SAUDADE
Encarcerado no peito sentimentos imersos
Não vejo a inspiração que um dia pude ter
Já não tenho forças pra refazer meus versos
Pouco a pouco, eu sinto a aflição me vencer
Sou um pensamento vazio e sonho infértil
No alvor, sou noite desperta e duro fardo
Sussurra sensações escuras na alma frágil
Onde a poética já não é mais deste bardo
Minha poesia cansada, versos em pranto
O talvez cinzento, em vão, e tão infinito
Aflito. Esgotou em mim qualquer encanto
Preciso de razão, de motivo, uma vontade
Pra ter e haver aquele sentido mais bonito
Devoluto, pois, vive em mim uma saudade...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/09/2021, 18’43” – Araguari, MG
Você ainda mora em mim, e de você eu não quero sair.
De alguma maneira eu não quero deixar de me abrigar em ti.
Teu abraço imaginário é onde eu faço morada;
E quando eu fecho meus olhos, é nos teus que fico mergulhada.
Teus olhos, tão verdes, vistos tão pouco pelos meus.
E o mar tem a cor do teu olhar,
e pra ele que olho quando quero me lembrar,
do quão bom era você me olhar, antes de me dizer Adeus.
O Adeus que saiu tão friamente dos teus lábios,
estes mesmos que me beijavam,
como se nunca fossem se despedir dos meus.
E Eu viveria tudo de novo, mesmo sabendo como iria terminar,
só pra poder vivenciar cada encontro do teu corpo com o meu.
Se a condição de te ter de volta nesta vida
fosse passar por cada momento nosso de novo,
até pela despedida,
então eu iria ao teu encontro de maneira repetida.
E eu ficaria neste ciclo, sabendo que depois de cada fim,
nosso recomeço viria em seguida.
Eu teria infinitos começos e fins com você,
vários encontros e desencontros,
vários últimos beijos de boa noite,
milhares de primeiros olhares de bom dia.
Eu teria as caricias no cabelo a cada manhã,
e os beijinhos rápidos de “Até a próxima vista!”
Eu teria a gente na cozinha no lanche da madrugada,
e você me esperando no posto de gasolina.
Eu teria os encontros com os amigos, as risadas, as piadas;
E você me dizendo: mais 10 minutinhos e já vamos pra casa.
Tua casa!
Minha morada nos fins de semana,
minha paz com hora marcada.
Mas agora tive que fazer do meu coração o teu lar,
e te abrigar em cada parte do meu ser.
Porque agora pra te encontrar eu tenho que olhar pra dentro de mim.
É o que resta de um amor que chegou ao fim,
sem nem ter chegado a ser amor enfim.
Os que tem os corações puro e bondoso entende os que com justiça pratica a bondade, os que não, tudo para eles é pura falsidade ,pois em seus corações escravizado, mora maldade.
"A profundidade mais bela de encanto mora em seu olhar, meu coração intensamente vibra e sempre me apaixono ao te observar."
“O corpo é o lugar fantástico onde mora, adormecido, um universo inteiro. [...] Tudo adormecido”... O que vai acordar é aquilo que a Palavra vai chamar. As Palavras são entidades mágicas, potências feiticeiras, poderes bruxos que despertam os mundos que jazem dentro dos nossos corpos, num estado de hibernação, como sonhos. Nossos corpos são feitos de palavras”...
( na crônica 'Lagartas e borboletas', do livro "A alegria de ensinar". São Paulo: Ars Poética, 1994, p. 52.)
Por ti o sino dobra
O
sino
chama
com chama.
Amor em flama.
A esperar - te aqui!
Bela flor deste jardim,
venha minha doce flor.
Dar-te-ei meu coração
com profusa emoção.
Venha já apaziguar
doída contração
que me prostra.
Esta ingratidão
abafa este grito
além do infinito.
Tinindo soa hino.
Amor quase divino.
Este panteão ataviado
construído à princesa bela
a confundir com a singeleza
mais singela vestida de aquarela.
O tempo traiçoeiro e meu travesseiro
alvissareiro urgindo ao tempero inteiro
de azinhavre, vem antes que este meu amor
se agrave e a loucura-doída minh’alma trave!
Vem meu amor,
Vem meu
Amor.
jbcampos
Morada Eterna?
Nossa casa: nós mesmos!
Cuidar bem do lugar em que sempre estivemos é fazer uma declaração de amor ao Universo...