Ruth Rocha Amor
Canções ao vento do tempo
Escrevi canções com o coração sangrando,
num tempo em que ele era sol nos meus dias.
Agora leio versos que o tempo desfez,
e me pergunto por que a estrada virou bruma.
Ficaram as notas, os ecos, os refrões,
mas ele...
foi embora como poeira no horizonte.
Talvez nem saiba que vive em cada estrofe.
Choro sozinho, como a chuva na varanda,
mas lembro do riso, do jeito de amar o mundo.
Ele era lindo —
não só no rosto, mas na alma que dançava.
Essa canção é confissão e altar,
é onda do mar que quebrou em mim.
Homem feito de céu e sal,
de estrela-do-mar e alvorada.
Ele era arte sem moldura,
jazz tocado por deuses errantes,
riqueza rara colhida em jardins de sonho.
E eu?
Fiquei com a beleza que restou:
a lembrança, o verso,
e o dom de ter amado alguém assim.
Nos caracóis dos seus cabelos
Ela enrolava os cabelos em caracol
Porque os seus pensamentos eram parafusos.
E era tudo por minha causa.
Quanto mais ela disfarçava, mais ela demonstrava,
Não sabia ela que estava no jogo do amor.
Quanto a mim?
Revirava-me na cama,
Porque bom mesmo é sonhar acordado.
No encontro do nosso beijo pairávamos no ar
Como borboletas dançantes.
E naquele cativante olhar cor de mel enlouqueci,
Enlouqueci de vez pra ser feliz de vez.
Ríamos à toa,
Na menor distância,
Corríamos para o abraço.
E tudo por causa
Dos caracóis do seu cabelo.
Antologia Poetas Brasileiros Contemporâneos - Vol. 120 (2014)
Câmara Brasileira de Jovens Escritores
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"Quando se está apaixonado, é impossível não descrever o objeto amado com poesia. Más, quando nos apaixonamos pela poesia, é impossível não fazer poesia."
"Um dia, as palavras não se farão mais necessárias. Simplesmente, alguém olhará para o outro e se corresponderão em sorrisos ou em lágrimas. E sem uma palavra dizer, apenas se amarão. Nesse dia, apenas nesse dia, um poeta poderá morrer em paz"
"Um teólogo complica e descomplica, constrói e desconstrói, crê e descrê, ama ou odeia, se apega ou abandona, e no final da vida, chega a verdade evidente que um dia teve: Deus é amor"
"O 'eu te amo' é patrimônio sentimental da humanidade. Deixa de vandalismos! Preserve-o você também".
"Quando o poeta deixou de escrever, o mundo ficou mudo. Quando a poesia acabou, o mundo ficou cego. Quando amanheceu, não existia mais o amor, e o mundo acabou. Sem poeta, sem poesia, sem amor... quem quer viver num mundo assim?"
"Sabe por que fechamos os olhos ao orar? Porque, ao fechar os olhos, Deus continua sendo a única coisa real em nossas vidas"