Ruth Rocha Amor
m arte
lua que
martela
o mar e
o amar
me leve,
leve marte
mar
martele
o tempo e
a tempestade
leve consigo
a saudade
que ainda
arde.
labirinto
No meu universo
as constelações brilham por
puro instinto, e sem o cosmos
elas não florescem
No espaço do meu silêncio os
pequenos gestos ganham voz,
forma e cor
No meu coração o único caminho
para sair do labirinto é dizer tudo
que sinto.
sejam elas palavras ou
saudades.
olhando nos meus olhos
ela me leu por inteiro
Carlos Drummond de
andrade ou paulo coelho?
fala muito sobre o amor,
com certeza é Drummond.
Nunca foi tão difícil falar
Sobre sentimentos
Aquele que sente,
Sente e não diz
Sente sozinho
Sente por dois
Sente muito por
Ser assim
A Intensidade de
Como sentem é
Uma sentença de
Morte para seus
Corações jovens
Em algum momento
A cara metade será
Inteira, sem metades.
Amor
Sem dependência
Sem resistência
Nunca foi tão difícil falar
Sobre sentimentos
Aquele que sente,
Sente e não diz
Sente sozinho
Sente por dois
Sente muito por
Ser assim
Efeitos colaterais
Sem grandes afetos
Sem grandes efeitos
Sem danos colaterais,
Mas se tu vens
Sem mais nem menos
Esse poema se desfaz.
Desdém
Meu bem
Bem mais
Do que bem
É este seu desdém
Por tudo que vem e
Se vai sem sequer
Virar saudade.
Cartas ao mar
Das cartas,
pouco mais de meia duzia
pereceram sem as suas
palavras apaixonadas
e quando penso
em seus silêncios
repentinos, sem
sinais de que serão
menos indiferentes
invento uma mentira
de um mar cruel, que
de repente decidiu
dissolver em suas águas
salgadas o sentimento
do mundo.
O tempo passa
Se ainda me quer
me queira por inteiro
o teu tempo
e o meu, amada,
morre lentamente
em longos beijos.
Antítese da liquidez
Não posso fugir
de enxergar teu
rosto em outros
rostos por ai
e de certa forma
é um alivio
um pouco de ti
ainda está vivo
dentro de mim
me lembrando
que eu não me
permito sentir
menos do que
realmente sinto.
Um pobre apaixonado
Se eu quisesse
te esquecer
escreveria
apenas um
verso sobre
você
um que me fizesse
lembrar de te esquecer
por outro lado,
eu sou um pobre
apaixonado
não consigo
escrever nada
que não tenha
um pouco você.
Eu quero
encostar
o meu olhar
no teu olhar
te desejar
como o crente
deseja o céu
te despir
corpo e alma
de seu silêncio
a sua solidão
do fio de cabelo
aos dedos dos pés.
Se eu tivesse a coragem
necessária
gritaria aos quatro ventos
que estou com saudades
que é daquela que arde
que te quero ao meu lado
nos sábados ensolarados
nos domingos chuvosos
na tediosa segunda
na terça muda
na quarta esperançosa
na quinta, quase sexta
e na sexta
enfim sexta.
A paixão é uma praia
repleta de pessoas
passageiras
e a saudade,
meu bem,
é a água do mar.
manhosa e salgada.
o que te aflige agora,
não irá se perpetuar.
descansa teu corpo
e tua alma nesta
noite de luar.
amanhã terás
o amanhecer,
e um emaranhado
de novas coisas para amar.
Ontem eu pude
me sentir livre.
me despi de mim
e me despedi de
tudo vivido até ali.
hoje é outro dia
e nada mais importa
esta pobre alma
está presa em suas
próprias memorias.
A medida
Dei-me a medida
do tempo que precisa
e deixe-me pensar se
irei te esperar ou se
estarei a procurar
outro cantinho
pra repousar.
