Refletir sobre Sofrimentos
Lá fora a água corre
descalça
em avenidas molhadas
ultrapassando as margens
despedaçando as pontes
Destruindo os rios
que pouco a pouco
me ligavam ao cais
Já nem sei se foi o cais
que partiu,
ou se fui eu
quem dele fugiu...
Deserto
Perdido no deserto, carrego minha cegueira,
onde a solidão se expande em cada grão,
e as miragens dançam como oásis,
promessas escuto com anseio,
tecendo a mente em redes de delírio.
O chão arde sob meus pés, cada passo é um fardo,
a verdade oculta se revela, queimando os olhos,
ao enxergar além, tropeço no desespero;
a liberdade resplandece, mas a esperança se evapora,
como a carta funesta que ela deixou.
Caminho por este deserto de ilusões,
traços de luz que acentuam a dor.
E, ao final, pergunto-me com pesar:
sou eu o autor da minha narrativa,
ou mero espectador, à mercê de um show de Truman,
aprisionado na cena de uma vida encenada?
Se for mudar, não mude gradualmente!
Se for mudar, não mude por uma frase, chingamento, momento, arrepio ou sofrimento. Mude de repente!
Não mude a casa, de casa, não seja a casa, mas mude, seja diferente!
O que pensa em mudar?
O que te muda, te atrapalha, rouba cena, te escangalha, o que te faz querer mudar?
Só se muda por amor?
Porque aceita sua dor?
Frio como uma porta, leve como uma pena, doce como um doce. Está a esperar pelo seu próprio desamor?
Se for mudar, mude o descontente, se guarde sem alarde e siga em frente, mude de repente!
"Na solidão do tempo, vamos aprendendo a conviver com empecilhos diários, criando paciência e resistência. Assim sendo, cria-se esperanças, foca-se em objetivos e também aguarda-se as voltas da vida, para que sejamos surpreendidos"
Cuide com o que fala...
A vida do outro é sempre mais interessante falar e comentar, mesmo que nada seja verdade ou comprovado, mas é quase uma necessidade dar a sua opinião ou versão de alguma coisa que nem lhe pertence. Cuide da sua vida, olhe para sua própria existência e pode descobrir que a sua está muitas vezes pior do que a de quem está falando. Enquanto fala de outro, outros também falam de você. Pense nisso antes de abrir a boca para falar de alguém.
Quando apontar o dedo para alguém, repare nos outros, eles estarão voltados para você mesmo, aquilo de faz ou diz, mais cedo ou mais tarde voltará para quem o fez ou proferiu em palavras e pensamentos.
Sabe levar sua vida mesmo? Será que nisto tudo acha que cuidar e falar mal de alguém vai te trazer alguma coisa boa. Pense, raciocine e tenha a capacidade de deixar que cada um cuide daquilo que lhe diz respeito.
Se cada um cuidasse da sua vida, muitos problemas e sofrimentos seriam evitados.
Em presença de um acontecimento desgraçado já ocorrido, no qual, por conseguinte, não se pode mudar nada, não devemos nos abandonar à ideia de que poderia ser de outra maneira; menos ainda refletir sobre o que poderia ter sido feito para que fosse diferente. Porque isso simplesmente intensifica a dor até o ponto em que se torna insuportável, e assim nos tornamos "aquele que atormenta a si próprio". Pelo contrário, devemos estalar os dedos e nunca mais pensar nisso. Aquele que não é bastante leve de intelecto para conduzir-se dessa maneira deve refugiar-se no fatalismo e convencer-se da verdade de que tudo que ocorre, ocorre necessariamente e, portanto, inevitavelmente.
Não obstante, essa regra só tem valor em um sentido. Em um caso de infortúnio, é útil para nos proporcionar alívio e consolo imediatos; porém, quando, como acontece muitas vezes, a culpa é de nossa própria negligência ou irreflexão, então a meditação repetida e dolorosa dos meios que poderiam ter impedido o acontecimento é uma autodisciplina saudável que nos serve como lição e aprendizado, isto é, para o futuro. Não devemos tentar desculpar, atenuar ou diminuir as faltas de que somos evidentemente responsáveis, mas confessá-las e trazê-las claramente ante nossos olhos em toda a sua extensão a fim de tomar a firme decisão de evitá-las futuramente. Temos, é verdade, de nos infligir o doloroso sentimento do descontentamento de si mesmos; entretanto, o homem não castigado, não aprende.
Não importam as pedras que passaram pelo caminho... muito menos as dificuldades que se apresentam adiante... seguir em frente é o que nos separa dos seres irracionais e nos mostra o verdadeiro significado do que é amar
A realidade de memória manifesta-se no presente. Que tal ter a capacidade de viver no tempo presente momento por aquilo que as pessoas são, não por memórias passadas repreendidas.
A psique humana evoluiu para se defender contra a visão da verdade. Para nos impedir de avistar o mecanismo. A psique é o nosso sistema de defesa – ela se certifica de que nunca entenderemos o que está acontecendo à nossa volta. Sua principal tarefa é filtrar informações, mesmo que a capacidade de nosso cérebro seja enorme. Pois seria impossível carregarmos o peso desse conhecimento. Porque cada minúscula partícula do mundo é feita de sofrimento.
Imaginações imaginadas
Pouco tempo antes;
Havia informações, mas uma quantidade inferior as de agora.
Parte, ficava por imaginar, adecorar, a esperar, a enfeitar.
Idealizações tamanhas.
Que não cabia na cabeça e explodia de felicidade, e alegria da espera.
Cingia a Vida, cheia de esperança.
Para os mortais comuns podia ser algo a mais, mas para outros não.
É pouco, muito pouco. Com suas próprias verdades não precisou descobrir, degustar.
Viver suas próprias verdades. Errar, lamentar, cair começar novamente.
Para aprender vivenciando.Essa parte do cérebro, que era a fabrica de ilusões, fantasias, esperança.
Não foi utilizado. Parte da alegria de estar vivendo.Perdeu a graça.
Como deixar escapar a graça pela vida, se a graça alimenta a vida.
Foi uma troca injusta. Se alimente de tudo, omais rápido que puder.
Para perder o seu próprio sentido do que é a Vida.
Tornou-se mais um vazio qualquer nesse vasto mundo de desilusões e sofrimento.
A vida me trouxe alguém,
Alguém importante mas não recíproco
A vida, a vida, a vida.
Ela nos apronta nos machuca e nos fortalece.
Cada dor uma experiência, e cada experiência um recomeço.
Sumir?
Você quer desaparecer eu não entendo
E como eu fico aqui sofrendo?
Sua falta me deixa angustiado
Não deixe que na sua mente entre o diabo
Fugir não encontrará refúgio
As pessoas vão apenas te julgar
E você só terá repúdio
Eu sou o único aqui que pode te amar
Fugir não trará solução
Eu também tentei e dei de cara com o chão
O mundo só traz dor e sofrimento
Dizer que vai sumir isso não é argumento
Eu te peço que não vá embora
Vamos juntos aproveitar o aqui agora
Espero que você mude de opinião
Meu amor por você vai mudar a situação
Peço que me dê ouvidos
Se você sair vai deixar muitos feridos
Fique aqui comigo em paz
E tudo de bom nos alcançarás
Dilaceração
Quando o espírito se dilacera para caber no mundo, dói a alma.
E quando a alma se aflige, as espadas laceram o seu coração.
Em sua face transparecem os vestígios de dor e prostração.
Por dentro as marcas da existência destorçam-lhe. Amargura-lhe
uma dor cruel, uma dor estranha, uma dor desmedida que se prefigura.
É uma dor que perdura porque veio para permanecer.
É anseio, é dor, é aflição, é tristeza... É martírio que faz desvanecer.
De onde vem tão profunda agonia que chamam de depressão?
Há algum remédio que a cure ou não?
Se para a dor da alma, o analgésico é o tempo
Que se esclareça ao sofrimento que o entorpecedor
chegou para sepultar a sua dor. Só que não.
Umbelina Marçal Gadelha
Não importa o que diga, o que faça ou o que professe. Se não for capaz de se sintonizar com a dor do outro, de deixar de julgar o infortúnio do próximo, nenhum feito valeu a pena.