Que Saudade dos meus 15 anos
Nunca tinha parado para pensar no real significado daquele pedaço dobrado de papel. Outrora era só mais uma folha em branco, guardada junto a outras 500 iguais em um pacote.
Não entendia o que ele representava quando o ganhei de uma pessoa especial e continuei sem o entender quando o queimei junto a outras lembranças de um passado não tão distante que, apesar de sombrio, guardava em uma parte especial da mente.
Pedaço esse que tinha a forma de um coração, dobrado uma parte de cada vez, construído assim como se constrói o amor.
Hoje, escrevendo essa carta, me pego a imaginar no que pensava enquanto o dobrava, o que sentia? É um exercício inútil de mais para me aprofundar, pois existem tantas possibilidades que não caberiam em uma carta e nem se quer em um livro de mil páginas. Mas se eu fosse resumir, acho que amor.
Tu me deste em minhas mãos o fruto de um sentimento, eu o guardei por tanto tempo, por tantos invernos onde podia sentir a gélida mão da solidão pesar sobre meu peito, guardei até mesmo depois de não fazer mais sentido algum tê-lo em minha posse.
Nunca entendi o significado daquele papel dobrado.
Lembro-me que por cima de tantas dobras, havia ali uma flor que também nunca soube identificar, mas apesar disso, me pego pensando em como foi colher no jardim. Penso até no real propósito disso! Poderia apenas ter me dado aquela dobradura que eu iria amar de todo modo, mas para você não foi o suficiente, desceu as escadas de casa, andou por algum jardim e escolheu uma flor, uma única e específica flor! Por que aquela? E não outra qualquer?
Enfim, já disse para mim mesmo que não posso pensar de mais nessas coisas, pois eu vou longe, tudo o que eu preciso agora é de manter os pés no chão e o mais importante: a cabeça no lugar.
Nunca entendi o significado daquele papel dobrado, mas se eu me permito imaginar, posso então lembrar de todas às vezes que me olhou e sem dizer nada eu sabia que tudo o que queria, era poder amar.
Amor… Esse que se foi com o vento, levado sem dó pelo tempo.
Amor era o que aquele pedaço de papel representava.
Éramos como um barquinho de papel, moldados do início ao fim para velejar apenas em uma rasa poça d'água.
Fantasiei nós dois no incessante exercício de pisar no real,
sou o eu lírico do meu mundo irreal ideal.
Fugi do amor para viver
em um mundo mudo
cheio de silêncio que fala.
Forjado por memórias
de um pretérito
mais-que-perfeito.
Como era bom poder amar,
deixar o amor nos tocar.
Me faz pensar se
ainda existe um jeito.
Poetizo-te hoje, na esperança
de te encontrar de novo.
A fase da minha existência
na qual vivia pela
inconsistência, parte do
processo de amadurecimento
da consciência.
Dou de cara com a presente
realidade e, por um momento,
vem a saudade que em breve
voltará, sem mais nem menos,
em outra ocasionalidade.
Vi o amor tão distante quanto
a fumaça que meu cigarro
exala, que acaba com uma
última tragada vazia, intoxicada.
Não há hora melhor pra
te tragar em minha mente,
o desejo latente então toma
forma, as horas que pareciam
paradas, começam a se
movimentar.
Ascendo mais um,
e a fumaça que via longe,
me mostra de perto
dias maisencantadores.
No dia que te vi pela primeira vez, o tempo parou,
entre as luzes e as sombras, você brilhou.
Coração acelerado, borboletas no ar,
era o início de tudo, sem eu saber.
Seus olhos, como faróis na multidão,
Um passo, um giro, uma batida do coração,
e de repente, tudo era só você.
Depois naquele gramado verde do quintal sob o
céu azul, seu olhar encontrou o meu, tão puro e tão cru.
O mundo silenciou, só nós dois a vibrar,
Naquele instante eterno, difícil de explicar.
Mas o tempo, cruel, não sabe esperar,
nos trouxe ao momento de nos separar.
Seus olhos de novo, agora cheios de adeus,
e o peso das palavras que nunca dissemos
carregavamo meu peito e o seu.
Despedi-me com o peito a sangrar,
um sorriso trêmulo, tentando disfarçar.
E as borboletas, antes vivas no peito,
se foram deixando um vazio tão perfeito.
E assim carrego cada olhar,
cada toque, cada passo, sem lugar.
Um amor que nasceu no brilho do teu olhar,
Se desfez no silêncio, sem esperança.
Mas ainda escrevo, por não saber calar,
essas lembranças que o tempo não vai levar.
Porque mesmo na dor, há beleza em sentir, em lembrar.
Filósofos dizem que para algo existir de verdade, basta pensar.
Isso mantém vivo o que insiste em ficar. Me pego a refletir sobre grandes nomes da história – Einstein, Tesla, e tantos outros que governaram tempos distantes. Embora tenham partido há milênios, suas marcas no mundo ainda são constantes.
É o que faço agora, escrevendo esta carta, esta poesia. Chame como quiser, mas é assim que mantenho viva a memória de algo que não deveria ter acabado tão cedo. Escrevo para que, de alguma forma, eu nunca me esqueça de você. Mesmo quando eu já não estiver mais aqui, que estas palavras fiquem, gravadas, enquanto alguém, em algum canto do mundo, possa acessá-las.
Escrevo para além da vida, para além do meu tempo, o amor que permanece em meu peito. Dedico essas palavras a você, escrevo para que o esquecimento não me alcance, para que, acima de tudo, eu sinta você um pouco mais perto de mim.
Que seja feita essa vontade, cravo aqui, embora egoico, o que sinto por ti.
Eu até poderia tentar rimar, mas hoje só quero escrever. Talvez seja uma forma de tentar entender.
Pensei em nós dois, o que me parece engraçado. Já faz tanto tempo, e, hoje, "nós" já não faz sentido em nenhum lado. E pensar que, anos atrás, era tudo o que importava.
Acho que é isso que me inquieta. O fim, talvez, nem seja o problema, mas o fato de eu ter te afastado, sempre que tive a chance. Promessas vazias, palavras ditas em vão... Talvez dizer que nunca partiria não tenha sido a melhor decisão. Porque tudo tem um fim, tudo precisa de uma conclusão.
O que quero dizer é que a jornada importa, e só agora percebo isso com clareza. Engraçado, não é? A gente só entende quando tem algo a comparar, mas perde o processo no caminhar. Se soubesse o que sei agora, talvez nunca tivesse deixado você partir. Mas, se não tivesse te deixado ir, talvez não entendesse o quanto você foi importante para mim naquele curto momento.
Me sinto como se estivesse no espaço, longe da Terra, sozinho com meus pensamentos. Eles me consomem, mas me fazem enxergar o que aconteceu. Só que, por mais que eu grite, o que volta é apenas o silêncio, sem solução.
Agora, sou apenas um observador, sem você aqui. Observo o tempo que passa, o que um dia foi e já não é. Sinto que essa jornada me leva de volta ao começo, onde tudo começou. E eu lembro bem daquele dia.
Garota... Eu só precisava ter estado ali, com o mesmo sentimento de quando te conheci. Aquela primeira vez, aquele momento... Talvez fosse o suficiente para te manter aqui. Ou talvez não. Nunca vou saber...
Estou voltando ao início, e espero que, quando chegar lá, eu entenda mais do que sei agora. Que essa jornada me revele algo novo.
Cometi o erro de abraçar fantasmas,
aquele tipo de abraço que sufoca a alma.
Pedi perdão ao tempo, por nunca o ter deixado partir,
por prendê-lo demais, assim como prendo a fumaça do cigarro em meu pulmão, êxtase.
Vivi em um labirinto de memórias, onde cada curva me levava ao mesmo ponto: o que poderia ter sido? Corredores vazios, sussurros do passado.
Se soubesse antes o que sei agora, teria feito do amanhã o meu refúgio, a certeza da incerteza, cada novo dia uma forma diferente de ver as coisas, sem pressão, sem arrependimentos.
Mas aqui estou, um pouco mais cansado, um pouco mais sábio, e percebo, enfim, que o passado é um livro já lido, e o futuro, ah, o futuro é a página em branco onde eu posso finalmente escrever minha história.
Soltar a fumaça presa no pulmão, me libertar dessa ilusão.
Vivo através dos reflexos,
o não palpável se torna um
mero detalhe quando o assunto
é fantasiar. Para te encontrar,
basta imaginar.
Eu não sou o que escrevo,
sou o que imagino através
da escrita.
Apenas um contador de
histórias que distorce a
realidade a sua vontade.
Um poeta? Um canalha?
Só sei que carrego junto a
mim um universo idealizado,
que por fim torna-se um
sonho realizado.
No mundo da fantasia o limite
é só mais uma ilusão para quem
tem medo de imaginar.
Cá estou eu, ascendo o
quarto cigarro consecutivo
e anseio pelas palavras
certas escrever, como se
isso fosse me fazer esquecer.
Não penso mais tanto naquilo
quanto antigamente, mas,
ainda é como aquele livro
na minha cabeceira que nunca
termino de ler, parece me olhar
com um tom de julgamento e
eu escolho ignorar e
deixar para outra hora.
Nesse momento a fumaça
preenche meu pulmão, bato
o cigarro no cinzeiro e lembro
de quando era teu meu coração.
Cadê o isqueiro? Não quero
me entorpecer de uma mera ilusão.
Virar a esquina e dar de cara com aquela rua é como ver um portal para outra dimensão, essa que só existe na minha memória, essa que se materializa em forma de dor física ao lembrar, ao imaginar todas às vezes em que lá passei e senti como se tudo valesse a pena, como se a cada passo, me levasse para o lugar que eu realmente queria estar, ao seu lado.
É como andar sobre a linha fina que divide dois mundos completamente diferentes um do outro. Como se, ao mesmo tempo que o vazio e a certeza da solidão momentânea me consumissem, eu pudesse sentir a sua presença ali, como tantas outras vezes tive.
No meio do caminho, eu olho para trás e consigo ver a primeira vez que ali passei, com o coração acelerado, ansioso para te conhecer. Olho para frente e vejo a última vez na qual eu te abracei com um singelo e triste adeus, com a promessa de nunca mais te ver.
Ao final daquela rua coberta de memórias, eu fixo o olhar no horizonte e, com peso no coração, sigo em frente para não cair de novo em uma ilusão.
Ah, quem me dera ser o verso que a fascina!
Só tive tempo o bastante para guardar seu sorriso na memória,
somente o toque etéreo das possibilidades.
Apenas um poeta, um cigarro e um céu estrelado,
palavras brilhando por um instante, perdendo-se na vastidão, como as estrelas.
Escrevo, na esperança de que alcancem alguém,
ou, na melhor das hipóteses, a mim mesmo.
Mas, no fim, são apenas palavras, palavras, palavras…
A fumaça se dissipa, e eu me pergunto: algum verso escapou?
Talvez eu tenha passado por lá, na inocente vontade de querer te encontrar. Mesmo sabendo que já não está mais lá, mesmo sabendo que isso pode machucar.
Ver a recepção me faz pensar: será que essa não pode ser a minha nova memória favorita? Ao invés de só lamentar, sobrepujar uma memória na outra. Sorrir ao pensar em como subia as escadas do prédio só para ver teu olhar brilhar.
Talvez eu nunca mais suba aquelas escadas de novo e seja só algo em que vou me lembrar daqui a alguns anos.
Mesmo assim, é bom lembrar.
Talvez eu devesse procurar outras escadas, fazer novas memórias.
Talvez um dia eu esbarre em você em alguma escada da vida, alguma rua logo após sair do bar, igual a essa aqui.
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