Quando Sorrimos
Tudo se torna agradável, quando o que procuramos é extrair de algo a sua essência e a guardamos para sempre, sem possuí-la.
Então quase vomito e choro e sangro quando penso assim. Mas respiro fundo, esfrego as palmas das mãos, gero energia em mim. Para manter-me vivo, saio à procura de ilusões como o cheiro das ervas ou reflexos esverdeados de escamas pelo apartamento e, ao encontrá-los, mesmo apenas na mente, tornar-me então outra vez capaz de afirmar, como num vício inofensivo: tenho um dragão que mora comigo. E, desse jeito, começar uma nova história que, desta vez sim, seria totalmente verdadeira, mesmo sendo completamente mentira. Fico cansado do amor que sinto, e num enorme esforço que aos poucos se transforma numa espécie de modesta alegria, tarde da noite, sozinho neste apartamento no meio de uma cidade escassa de dragões, repito e repito este meu confuso aprendizado para a criança-eu-mesmo sentada aflita e com frio nos joelhos do sereno velho-eu-mesmo:
- Dorme, só existe o sonho. Dorme, meu filho. Que seja doce.
A gente se encontra, perdemo-nos, nos encontramos de novo e tudo isso no acaso da vida. Mas quando for o momento certo, nos reencontraremos, e dessa vez não haverá partidas nem desencontros, e será segundo Vinicius de Moraes “Que não seja imortal (...) Mas que seja infinito enquanto dure.” Ou apenas será assim, como sempre foi, será como tiver que ser.
Permita-me desfalecer enquanto disserto sobre coragens que não tenho. Deixe-me ir quando não houver mais disposição para ficar. Aceite minhas falhas que hoje me definem e me limitam, mas diga o que for preciso pra me corrigir. Deixe-me chorar pela incompletude desses dias que não passam, mesmo que seja bobagem, mesmo que minha solidão seja infundada e incompreensível. O telefone não toca e se você não conhece o desespero do silêncio, apenas aceite.
Eu ando sorrindo mentiras por aí. Fazendo novos eus, como se só houvesse possibilidade de ser verdade ao lado de alguém. É coisa de gente que se ilude, eu sei, gente que espera o aval de outras pessoas para ser feliz. Mas é que me dá um aperto, uma angústia. Você sabe do que eu estou falando, aquele sentimento que a gente tem quando todo dia é segunda-feira. Eu espalhei muito sorriso à toa, pra ver se um deles prendia alguém no canto dos lábios. Não funcionou. Mas ainda tenho alguns guardados, chorosos, quase desistentes, quase sem motivo, esperando valer à pena escapar pelos olhos.
Perdoe-me a indelicadeza, a maneira bronca no convívio humano. Falta-me a consciência de amar. Sobra-me o medo de ser mal entendida. Tenho limitações bobas que não se explicam com definições certas, palavras existentes. Tem um dicionário inteiro de termos ainda não criados para falar sobre mim. Não sei o que, não sei o motivo, não sei como. Não explico, nem me importo. Apenas sou. E isso tem que bastar.
Você me pergunta se eu não tenho coração. Eu tenho. Tenho um coração vazio de ódio ou amor. Se você não consegue ouvi-lo é porque não faz ele bater. Me provoque, me ofenda, brigue comigo, mas não me deixe presa no comum. Não permita que o tédio silencie meu coração.
Quando se ama não é necessário mudar e sim se adaptar.
Quando se ama não há cobrança e sim cuidado.
Quando se ama não há quedas e sim recomeço.
Quando se ama não há choro e sim limpeza de alma.
Quando se ama não se deixa só, apenas se ausenta.
Quando se ama não se pede nada, apenas o amor em troca.
Não precisa ser superior para perceber que tem pessoas com baixa cultura, quando não consegue aprender o que você sabe, preferem usar a pouca cultura para difamar e sentir superior pelas suas próprias mentiras.
O caminho surge quando se desapega: O apego aos objetos, ao dinheiro ou ao orgulho próprio, enfraquecem o espírito. Desapegue-se e se expresse de forma livre e espontânea.
Quando morrer não quero ser enterrado, não quero ser mais um nome gravado no cimento indicando que ali estão os restos de mais um pessoa, meu nome gravarei nas coisas boas que faço e quando morrer desejo esta em toda a parte, quero que me cremem e que todas as pessoas importantes para mim recebam um pouco de mim e se desfaçam desse pouco de cinzas da maneira que acreditam que eu gostaria de ser devolvido ao mundo, assim poderei voltar ao mundo da maneira que cada um me via.
Porque o céu fica mais lindo quando nosso coração está partido?
Porque as plantas ficam mais floridas quando tem lágrimas caindo de nossos olhos?
Porque a natureza fica mais valiosa quando a gente sofre?
Hoje o céu estava nublado, parecendo que ia chover. E no meu coração caia uma tempestade com muitos raios, nessa hora parei e olhei o céu, e vi o quão lindo ele é. Parei pra sentir o delicioso cheiro e a grande beleza das flores, enquanto dentro de mim, estava tudo murcho e sem o seu perfume. Me fragilizei ao pensar que sem a natureza nós não seriamos nada, assim como sem você, eu não existo.
E a paixão é assim. Chega devastando tudo e, quando percebemos, não há como esquivar. Pode ser que tenhamos criado mil barreiras e tenhamos dito que não iríamos nos apaixonar. Pode ser que sejamos orgulhosos. Mas um dia ela nos atinge. E quando esse dia chega, nem adianta tentar fugir. Ela incedeia.
Olhei para o Céu e vi, quando me voltei para o lado vi, na minha frente lá estava, olhei para o chão e vi novamente, tenha os olhos limpos como o da criança e você verá, está em tudo, com seus servos corajosos, bravos, justos, integros, atentos, dispostos nomento a momento, respiração a respiração, Anjos enumerosos.
Seja parte do sustento deste lugar maravilhoso.
Quando ele fala gesticula sensualmente as mãos, com a pose de-sabe-tudo-de tudo-de-tudo.
Ele ri igual criança. Sorri sorrisos diversos, completos...
Aborto Não!
Eu ia ser sua razão de viver,eu ia segurar na sua mão quando tivesse medo.
Você ia me dar abraços e todos os confortos.
Nós iriamos enfrentar os problemas juntos.
Eu iria te magoar,mas você iria me perdoar e me ensinar.
Eu iria cuidar de você mamãe,eu já te amava.
Mas,você me abortou,eu tento entender mãe,mas era minha única oportunidade.