Prosas de Amor
Dúvida fúnebre
(Marcel Sena)
Achava que entendia o toque das suas mãos
Achava que entendia a felicidade que o habitava
Achava que entendia meu sorriso ao seu lado
Achava que entendi esse amor outrora implantado.
Algo que não deveria sentir toda semana vem
Palavras sussurradas queimando em minha alma
Pomar de dúvidas, insegurança e medo
Dominam o coração de amor, afeto e esperança.
As dúvidas me aprofundando em um rio congelado
Com esvair da vida ato dramático mas necessário
Para que a esperança ao meu alcance volte
E exume o velho amor sepultado
Uma luz cintilar na lamina do gelo tu és
Clareando o fundo desse sepulcro aquático
Onde parte de mim ainda esperar que você
Me reavive desse tumulo para juntos viver.
Coração, cérebro e o Reinado.
(Marcel Sena)
O coração joga pesado, o cérebro filho bastardo se torna ingrato
Bastardo degenerado, num feudo distante é abandonado
Primogênito querido, adorna o castelo com rosas e lírios
Cérebro ferido com sua razão oprimida, repousa numa masmorra
Irmãos diferentes, regentes do corpo e da alma.
Numa algoz batalha o coração diz sim e o cérebro não.
Cérebro se rende, o primogênito vai reinar
Em seu castelo com um sublime amor para sempre viverá.
Tempos de gloria, virtude e prosperidade, momentos pelo todo reino esperado
Período de paz findado, disputas para qual o coração não estava aparelhado
Ofensivas com espada, canhões e flechas, o alvo, primogênito amado.
Num ínfimo momento acontece, por uma flecha o coração padece.
O filho bastardo ao castelo retorna e seu reino em lagrimas clama vitória
Batalha difícil, pro cérebro reprimido, sacrifícios pelo reino caído
Cérebro valente, bastardo e ingrato, com a guerra acaba num ato macabro
Aos rivais assim ele faz, sacrifica o coração como um mártir, em busca de paz.
Condenação
(Marcel Sena)
Inocente. Homem envolvente roubando a mente;
Culpado. Contemplares olhares e palavras vazias;
Usurpado. Esperanças levadas em um afago cínico;
Assaltado. Criminoso treinado lhe tirando suspiros.
Enganado. De acusador a réu escrachado;
Desmemorie. Devaneios ilícitos reincidentes;
Julgado. Para uma sombria alcova destinado;
Condenado. Prisão de gelo Cocytus mandado.
Um simples pecador com coração enjaulado;
Um prisioneiro mergulhado em medo;
Verdes campos muito tempo não tocados;
Momentos de aflição para sempre lembrados.
Cuiabá, 07 de dezembro de 2015.
Cancioneiro sonhador.
(Marcel Sena)
O cair em um sonho embalado por simples e belas canções
Que por horas seu tempo furtado, ouvindo rimas e versos cantados
Em uma noite embriagada de sensações.
O nascer do sol no cerrado, dando rumos a um refrão.
Aventureiro de estradas, rodando dias e madrugadas
Inspirado por sua amada a sempre fiel canção.
Como um sabiá entoando, um canto por garoa.
O violão implora para que sua voz ecoe.
Cá de longe observo um sabiá a cantar
Num sonho me embalo para sua voz escutar
Saberás que não és sonho, quando aplausos ouvires
Saberás que não és sonho, quando o pranto dos olhos descerem
Saberei que não é sonho, quando a cá regressar
E desperto a dizer, meu cantar venceu por você.
Cuiabá, de setembro de 2016
Alegria, tristeza e sorriso
(Marcel Sena)
Dum sorriso uma lagrima cai, alvos dentes refletindo a luz do luar
De um embriagado momento de prazeres, divagações que a mente, mente.
Dum sorriso uma lagrima cai, doce semana corrida, trabalho, aula e academia.
Luta cotidiana, entre dizeres e fazeres, entrando e saindo sorrindo.
Dum sorriso uma lagrima cai, a face de um palhaço mascarado.
Brinca e folia, alegria levando ou tentando, aos próximos do coração
Dum sorriso uma lagrima cai. Um tormento nublando o coração e a mente
Tristeza sombria, por anos habitada, nunca notada, jamais perguntada.
Dum sorriso o planto rola, coração invernal, um apêndice das trevas
Uma hora desmonta, sobre um sorriso capenga, a tristeza repousa.
Um sorriso absorvendo as lagrimas, no corpo tenta enjaula-la.
Pronto, falso sorriso iluminando a noite. Recomeçamos a vida é um globo.
Cuiabá, 06 de maio de 2017
Sou um complexo labirinto encantador, frustrante, dominante e sereno
que guarda os seus mistérios infindáveis,
e os desejos secretos de quem queira entrar.
Entrar não é fácil, muito menos sair
Encontra-se muitas portas, mas só uma chama-se destino.
Não se pode apenas percorrer com medo do inesperado
ou ainda com confiança demais, e alguma indiferença aos detalhes do caminho
nem andar depressa, nem andar muito devagar
Muito mais do que isso, é preciso velejar
respeitando o ritmo do vento ou às vezes lutando contra ele...
Decifrando 7 mares ou simplesmente pairando em águas calmas...
Em todas as incertezas e variáveis existentes
a única certeza é de que a porta de entrada é a mais ímproba de encontrar
E encontrando, deixarei adentrar-se
E adentrando-se, será guiado
Ora por você mesmo, ora por mim
E ora pelo próprio destino, e pelo que se não pode explicar
Aliás, explicar é o que menos se pode
E não entendendo, achará o entendimento
E agindo pelo coração, encontrará a razão
E agindo pela razão, nada encontrará
O que parece ser nem sempre é
As verdades dos homens e do mundo
neste mundo meu, nada valem
nada significam
mas tudo neste mundo meu, tem significado
E tendo significado, então fazem parte dele.
O que será encontrado depois da porta certa
caberá a uma única alma desfrutar.
Não é fácil ser um labirinto
não há escolha, há infinitos óbices
mas sendo ele, não se quer ser mais nada
Pois se é guardiã de algo a ser protegido a sete chaves
E, se há algo que merece ser protegido de tal forma
É porque é um raro e delicado tesouro
imperceptível aos olhos de todos, e até mesmo banal,
diria que inacessível, incompreensível a quem não cabe ver ou sentir
à espera de ser encontrado por outro erário e gracioso tesouro,
ah, outro único e singular guardião.
A inocência é um delicado perfume de fragrâncias e essências harmonizadas,
guardado em frágil frasco.
Em contato com a superfície do amor
volatiliza de forma única,
compondo notas e acordes penetrantes que elevam o sentimento,
tornando-o mais puro e leve, fresco e genuíno,
diria que quase cristalino...
Mas se o frágil frasco se quebra,
libera de forma contínua a alma e o corpo desta harmonia, e por fim, as notas de fundo se vão com todos os aromas almiscarados
e a candura de um autêntico e íntegro amor.
A formiguinha diferente
Era uma vez uma formiga.
Ela nascera em um dos milhares de ninhos de formigas que existem por aí.
Quando era pequena, ficava admirada com as outras formigas, que iam e vinham, rapidamente, trazendo alimentos e mais alimentos para o ninho.
Sentia que gostaria de fazer isso o mais breve possível. Portanto, enquanto ainda não podia trabalhar e sair pelo mundo, ela estudava maneiras de otimizar o trabalho, de conservar os alimentos, de se comunicar com as outras formigas e de ajuda-las. Ao invés de brincar, ela sentia que deveria estudar. E se preparar.
Ao mesmo tempo, seu coração se enchia de piedade por aqueles que, por alguns motivos, não conseguiam simplesmente trabalhar ou desempenhar alguma função. Algumas formigas tinham medo de sair, outras tinham alguma pequena deficiência, outras tinham algumas histórias para contar do porque simplesmente não podiam ajudar. E ela as ouvia, com empatia e generosidade.
Finalmente, chegou o dia em que ela iria poder sair e vivenciar o que era tudo isso. Estava ansiosa. Foi observando como os outros faziam, com cuidado, para não falhar. E começou a sua jornada. Às vezes, ela achava um pedaço de alimento mais interessante. Mas, ao invés de pegá-lo para si, mostrava para outra formiga e entregava para ela, que saia feliz e contente e agradecida. Às vezes, ela deixava o que estava fazendo para ajudar alguma companheira, e acaba voltando sem nada, mas com o sentimento de que fez uma boa ação durante o seu dia.
Às vezes, encontrava em seu caminho alguma formiga imprudente, que por isso mesmo comia todo o alimento que havia coletado, ou, por estar distraída o dia todo, estava devendo vários dias de produção. Então, ela, compadecida, lhe dava do seu estoque de alimento, e também cumpria jornada extra para repor o que a formiga imprudente tinha perdido.
Às vezes, alguma formiga estressada, reclamava para ela do trabalho, ou da vida, e ela, generosa, se oferecia para carregar o alimento da outra formiga, e acabou que, quase sempre, estava fazendo isso.
E ainda haviam formigas no ninho, aquelas que ela tinha cuidadosamente escutado, e entendido, levando no coração todas essas histórias. Por isso mesmo, ao sair para sua jornada, sabia que deveria fazer tudo por ela e também por aquelas que, por “n” motivos, não conseguiam ajudar. E elas acabaram contando com isso, sempre.
Mas a verdade era que, a formiga sempre tentava fazer o seu melhor. Apesar disso, o chefe das formigas estava sempre bravo e descontente com seu comportamento. Mas, dentro dela, embora buscasse a aprovação do chefe e de todos, ela sabia que contribuía não só com a produção, mas com as suas boas ações para com os demais. Isso era o que mais importava.
Acontece que, certo dia, a formiga se sentiu estranhamente cansada. Para sua tristeza, ela se sentia adoecida e não sabia por que. Avistou, de longe, uma amiga que ela havia ajudado, e que encontrara um alimento melhor naquele dia. Pediu se poderia ficar com ele, para poder se alimentar bem e talvez, recuperar as suas forças, mas a amiga, estranhamente, disse que havia visto primeiro. E ela entendeu. Era justo.
Então, foi caminhando e encontrou algumas formigas que ela havia ajudado, todas ocupadas levando suas coisas. E ela perguntou se poderiam ajuda-la, carregando um pouco para ela também, pois aquele dia ela não conseguiria. E ouviu vários nãos das formigas ocupadas com suas próprias responsabilidades e necessidades.
Então, encontrou a formiga imprudente, que estava forte e bem alimentada. Pediu se naquele dia, ela poderia dividir com ela algum alimento e se poderia, até que ela se recuperasse, substituí-la. Mas a formiga achou que se a ajudasse agora, ela poderia ficar mal acostumada.
Finalmente, voltou para casa sem nada, e um pouco triste. Foi procurar as formigas que ficavam no ninho e que ela auxiliava, para desabafar um pouco. Mas as formigas estavam zangadas com ela, porque não estava mais ajudando e colaborando, já que sabia que elas precisavam e não podiam, por suas razões, fazer o trabalho.
E se sentiu sozinha e sem nada. Perguntou-se o que vinha fazendo da vida, além de levar muitos pesos nas costas e, no fim das contas, não ter feito nada por si mesma.
Passou dias depressiva, solitária, pensativa. Ninguém entendia o que estava acontecendo com a formiga, mas também não se importavam. Achavam que ela estava, talvez, dramatizando a vida demais. A maioria, na verdade, nem a notava. Dentro dela, ela só pedia para Deus devolver as suas forças, para que ela pudesse continuar fazendo tudo da maneira que vinha fazendo, e para não perturbar ou atrapalhar ninguém à sua volta. Mas Deus parecia não escutá-la.
Foi então que, em meio a tudo isso, e esta dor que estava sentindo, que ela percebeu certas coisas da vida. Ela viu que as outras formigas sobreviveram bem sem ela, e continuaram suas vidas, independentemente de sua ajuda ou existência. À duras penas, ela enxergou que ajudar alguém não significa que o contrário será verdade. Ela percebeu que o chefe das formigas nunca reconheceria nada do que ela fazia, porque seus olhos eram diferentes do dela. Ele nem ao menos enxergava, porque um chefe só enxerga aquilo que quer. E ela percebeu que cumprir a função de outras formigas não as ajudavam, apenas as impediam de cumprir seu papel ou de colher os próprios resultados. E que ela não tinha o poder de mudar a vida de ninguém, e finalmente, de salvar ninguém.
Porque, na verdade, ela deveria salvar a si mesma. Agora se sentia livre daqueles pesos desnecessários. Portanto, percebeu que ela tinha estudado bastante, que este era o seu diferencial, mas que nem utilizava seu conhecimento. Ela nem ao menos se conhecia. Percebeu que, produzir para os outros em prol de produzir para si mesma, não a tornava uma heroína, pelo contrário, a tornava, na verdade, improdutiva.
E, agora, com toda essa consciência adquirida, ela aprendera o turno certo da vida. Se tornou diferente, apesar de sua essência ser a mesma. Descobriu que ajudar não significa ter que se prejudicar. Descobriu que amigo é diferente de colega ou conveniência. Descobriu que, em meios às dificuldades, se ela não pensar em si, ninguém irá pensar. Descobriu que não precisa se responsabilizar pelos resultados de ninguém, a não ser pelos seus próprios. Descobriu que ter alguém para contar nos momentos ruins é muito, muito raro, quase um milagre. Descobriu que não tem que se culpar por não agradar a todo mundo. Mas que valia a pena estar próximo de quem realmente gostava dela, do jeito que era, e que a valorizava, mesmo quando ela não tinha nada para dar.
Hoje em dia, a formiga está em busca de seu próprio caminho. Desistiu de carregar um ninho, que nem mesmo era seu. Abandonou as pessoas que ela tanto amava, mas que não era recíproco. Aprendeu que um ambiente hostil pode ser trocado por um ambiente saudável. Mas aprendeu que, mais importante que ser amada, é amar-se. Mais importante que ajudar, é ajudar-se. Mas importante que agradar, é agradar-se. Mas importante que ser respeitada, é respeitar-se. E mais importante que ser valorizada, é valorizar-se.
Ah, e percebeu que Deus sempre esteve com ela, durante todo o tempo. E que, na verdade, não mudou a situação da formiguinha quando ela pedira, porque estava usando a situação para mudar a formiguinha. E fazê-la crescer.
Um dia, a formiga conta o resto da história.
Até a próxima!
Mesmo que você não siga alguma religião, filosofia ou crença, é preciso aprender a viver da melhor forma. Trago hoje um bom exemplo de um homem que, em meio aos seus mistérios, deixou algumas lições de como ter um bom relacionamento consigo mesmo, com a vida e os demais ao seu redor.
Jesus, apesar de suas boas intenções, boas obras e amor, recebeu uma morte terrena um tanto quanto cruel e desumana. Hoje em dia, nós podemos acompanhar pelos noticiários tantas vidas inocentes que são tiradas injustamente, acidentalmente, tragicamente. Assim foi sua morte, sem provas de que tenha cometido algum crime ou feito algo realmente ruim e prejudicial, pelo contrário, bons testemunhos eram espalhados por onde ele passava, levando cura, milagres, libertação e uma palavra de esperança e ensinamento.
Após ser julgado injustamente e ser condenado a um triste fim, Jesus nos deixa uma das mais lindas lições de sua curta vida. O perdão verdadeiro e o amor incondicional até mesmo aos que lhe causaram dor, aflição e uma injustiça e crueldade tamanha. Pendurado em uma cruz, após ter pedido água e, ao invés disso, ter recebido vinagre para beber... após tanta humilhação, açoitamento, após ter mãos e pés pregados, ter sido perfurado à espada, sentir o latejamento do couro cabeludo cravado de espinhos, e ter vivido para escutar tantas coisas ruins que lhe berraram aos ouvidos... após uma longa caminhada com uma cruz imensa nas costas e a dilacerante dor de um chicote arrancando-lhe as carnes... ele foi capaz de perdoar a todos aqueles seres humanos que lhe tiraram, à custa de dores insuportáveis, sua dignidade, suas vestes, sua pele, sua carne e seu sangue. Talvez ele tampouco conhecesse nenhuma daquelas pessoas, sua história ou seu coração. Mesmo assim, pegou para si uma verdade que pudesse lhe proporcionar a possibilidade de perdoá-los: eles não sabem o que fazem. Tal como o fato de uma criança que, ao se aproximar de alguém, puxa-lhe os cabelos, e esta pessoa não codifica uma mensagem de raiva em seu coração para com aquela criança, ao contrário, apercebe-se da inocência e se enche de ternura. Para esta pessoa, não há o que perdoar, já que a criança não sabe o que faz. O perdão, no caso, é intrínseco e automático em seu coração. Creio que, para Jesus, acreditar verdadeiramente que pessoas que praticam o mal realmente não sabem o que fazem, por falta de uma consciência mais elevada, pelo motivo que for, permite que o perdão esteja intrínseco em seu coração para perdoar tamanha maldade e humilhação.
Às vezes, por tão pouco, já que a maioria de nós nunca será, espero eu, crucificada injustamente, nos achamos no direito de julgar, discriminar e não perdoar os demais. Às vezes, somos ofendidos, humilhados, injustiçados, e por isso acreditamos que não devemos admitir tal conduta contra nós. Mas veja bem, se até mesmo Jesus foi humilhado daquela forma, que dirá de nós? Devemos nos defender e sim, nos proteger... mas além de nos ensinar o perdão, Jesus nos ensina o amor. Somente por um amor evoluído existente em seu humano coração, é que poderia vir sincero perdão daquilo que sofreu. E somente pelo perdão de tantas falhas existentes em nós, seres humanos, é que poderia amar de tal forma a este mundo, dando a vida por quem não merecia. Por isso, quando nos depararmos com o mal, por maior que seja, tentemos, por um minuto, nos conectar a esta história, a esta cena, de amor pago com dor, e de dor paga com perdão. Se nos transportarmos ao exemplo que Jesus nos deixou como herança, poderemos melhor compreender este mundo, de que todos somos falhos, todos somos imperfeitos, todos estamos sujeitos de cometer injustiças e sermos injustiçados, humilhados, ou sofrermos dor. Não devemos aceitar uma vida de sofrimento, mas ao nos depararmos com ele, será melhor para todos que possamos rapidamente praticar o perdão e o amor incondicional de forma evoluída, acreditando que um ser evoluído jamais cometeria mal contra nós, portanto, se o fez, é por não saber o que comete ou faz, por não possuir uma consciência maior. Para mim, fica a lição de que, se Jesus, diante do que passou, foi capaz de perdoar a todos, inclusive a mim, quem sou eu para não perdoar o meu próximo? E se até mesmo Jesus passou por tamanho desgosto e dor, quem sou eu para achar que não devo passar por tais situações?
Mãe,
Você carrega todos os dias um batalhão nas costas, e eu não sei como sobrevive.
Eu oro por você esta manhã... que Deus já esteja preparando um dia leve, com sabor de mel... que o peso em suas costas seja retirado... que o dia seja claro e terno... que você possa sentir o amor de Deus por você em todos os pontos do seu corpo e do seu coração. Que o seu espírito possa receber um descanso... um escape dos fardos pesados. Que anjos acampem ao seu redor e te encham de proteção e sabedoria. Que a sua casa se encha de alegria. Que você tenha boas surpresas ao longo do dia... mãe, você sustenta a todos nós e nos edifica a todo instante. Deus, te peço que quebre as correntes de prisão desta mulher, que ela possa respirar sem pesos e pressão... livra ela de setas do mal, de palavras negativas e de todo mal do mundo. Senhor, Senhor, eu te peço um dia de paz a minha mãe e creio que o senhor já decretou a vitória. Amém
A melhor versão de mim
É aquela que
Foi forjada na dor
Que o coração se encheu de decepção
E as percepções sobre si
Chegaram a beira do abismo
De tanta ilusão
A melhor versão de mim
Passou anos e anos
Pra construir
E colar os cacos
Intrínsecos
De uma alma
Sofrida
Por não se conhecer
Não se pertencer
Como pessoa humana
A melhor versão de mim
Não entendia
Que a energia da alma
Deveria compor
As mais belas
Cores de alegria,
amor e gratidão
Pela vida
Capítulo XVIII – A Leveza Petrificada de Camille Monfort.
Livro: Não Há Arco-íris No Meu Porão.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.
Havia noites em que Camille Monfort caminhava pelo porão como quem atravessa o peito de um anjo adormecido. Sua presença...ah, sua presença: ela apenas acontecia no ar, como poeira luminosa suspensa no instante anterior ao silêncio.
Era nessas horas que eu me lembrava de um verso , como se um próprio poeta, de tão íntimo do invisível, tivesse vindo inclinar-se sobre o meu desamparo. Ele dizia que tudo o que é pesado precisa aprender a elevar-se, e tudo o que é leve conhece cedo demais o risco de se despedaçar.
Camille era isso: leveza petrificada.
Um paradoxo esculpido na carne do inefável.
Ela existia como uma aparição entalhada no voo de um pássaro que jamais tocou o firmamento. Sua voz parecia deslizar entre frestas que não existiam, e quando falava, meu nome perdia contorno, porque eu o ouvia dentro de mim, e não fora.
Havia nela a mesma melancolia enferma que se escondia nos intervalos de meus sonetos , aquela sombra que não se anuncia, mas que se sabe eterna. Quando Camille se aproximava, mesmo a luz precisava se recompor, pois havia um pacto secreto entre ela e tudo o que cintila: sua presença devorava o brilho com uma ternura silenciosa, como se segurasse um espelho que jamais refletiu ninguém.
Eu a observava, sem tocá-la.
Não por medo, mas por reverência.
Camille era feita daquilo que não se toca sem se perder.
Ela escreveu em notas lúgubres do seu vivo piano certa vez, que a verdadeira morada do ser é a interior, e que só ali o mundo encontra forma. Talvez por isso Camille transbordasse mesmo quando se calava. Seu silêncio tinha densidade de oração interrompida. Sua respiração parecia guardar o cansaço de antigas estações escuras de antes , como se carregasse nos ombros a memória de crepúsculos que nunca vi.
Ao vê-la atravessar o porão, compreendi que não há arco-íris onde a alma permanece acorrentada em si mesma, que cores voam ou cantam pelo universo distante do que sou.
Ela me olhou, como quem sabe das minhas lágrimas.
E seus olhos, claros e abissais, continham o mesmo aviso que o pó inscreveu nas margens da dor: nada floresce onde a luz tem medo de permanecer.
Camille Monfort era minha luz medrosa.
E eu, prisioneiro voluntário de sua sombra.
Não havia arco-íris no meu porão porque o espectro das cores se recusava a dividir espaço com ela. Ou talvez porque ela fosse, por si, todas as cores que se esqueceram de existir.
"Reconheça o seu valor e nunca o negocie, pois dignidade e caráter são pilares inegociáveis. Quem não enxerga o que você representa não merece a sua presença.
Nunca permita que ninguém te humilhe ou te faça sentir menos do que você é. Trate as pessoas como elas tratam você, para que possam sentir como é o reflexo de suas ações.
Mais vale estar só do que cercado por quem não sabe apreciar sua essência. Afaste-se de quem não respeita sua integridade e siga com a cabeça erguida, fiel a si mesmo e à sua grandeza."
A Questão 982 de:
O Livro dos Espíritos: Uma Análise Doutrinária Completa.
1. Introdução.
A Questão 982 situa-se na Parte Quarta — Das Esperanças e Consolações, no capítulo que trata da natureza das penas e gozos futuros. Kardec indaga sobre um ponto central para a moral espírita: a sorte futura depende de professar o Espiritismo? Ou seja, haveria uma espécie de passaporte religioso para a felicidade espiritual?
A resposta dos Espíritos, breve mas decisiva, destrói toda forma de exclusivismo doutrinário e reafirma o princípio universal do bem como lei suprema.
2. A Resposta dos Espíritos: O Bem Como Medida do Futuro.
A reposta:
“Só o bem assegura a sorte futura. Ora, o bem é sempre o bem, qualquer que seja o caminho que a ele conduza.”
Aqui se encontram três pilares doutrinários:
2.1. Universalidade da Lei Moral.
Os Espíritos deixam claro que Deus não estabelece privilégios, castas religiosas, rituais necessários à salvação ou exigências confessionais.
Se a salvação dependesse de professar o Espiritismo, então todos os povos que não o conheceram estariam “deserdados”, o que seria, como os Espíritos dizem, “absurdo”.
A lei é universal:
- O bem é a linguagem comum da evolução.
2.2. O Caminho é Menos Importante que a Conduta.
Não é a crença que define a felicidade espiritual, mas a prática do bem.
A Doutrina Espírita, portanto, não se coloca como religião salvacionista, mas como filosofia de esclarecimento moral.
Kardec demonstra que a moral é suprarreligiosa, transcendendo credos:
O bem é sempre o bem, “qualquer que seja o caminho que a ele conduza”.
Aqui está a ruptura definitiva com qualquer forma de proselitismo.
2.3. Responsabilidade pessoal.
A fala dos Espíritos restabelece nossa responsabilidade individual:
- Ninguém será salvo por rótulo, mas por transformação real.
A consciência, e não a adesão religiosa, é o tribunal da vida futura.
3. A Nota de Allan Kardec: A Função Moral do Espiritismo.
Kardec acrescenta uma reflexão essencial:
“A crença no Espiritismo ajuda o homem a se melhorar (...) mas ninguém diz que, sem ele, não possa ela ser conseguida.”
Aqui o Codificador delimita com rara precisão:
3.1. O Espiritismo é um instrumento, não um privilégio.
Ele “ajuda”, “firma ideias”, “apressa o adiantamento”.
Mas Kardec recusa enfaticamente qualquer ideia de indispensabilidade.
O Espiritismo faculta compreender, mas não dá salvo-conduto.
3.2. O esclarecimento reduz o sofrimento desnecessário.
Ao ensinar que:
a vida continua,
a reencarnação é lei,
o sofrimento tem causa e finalidade,
a felicidade é obra íntima,
o Espiritismo fortalece a paciência e a resignação ativa, evitando quedas morais que atrasariam o progresso do Espírito.
Mas isso não o torna um monopólio da evolução.
3.3. O valor moral é anterior à crença.
Kardec mostra que a Doutrina Espírita não inventa a moral:
apenas a ilumina, amplia e racionaliza.
Assim, o Espiritismo é:
- “Uma luz, não uma portaria de entrada.”
4. Análise Doutrinária Sintética.
A Questão 982 reafirma um dos fundamentos mais nobres da Codificação:
4.1. A salvação não é dogmática, mas ética.
A vida futura não se conquista por crença, mas por conduta.
4.2. Deus não exclui ninguém.
Não há favoritismo religioso. O bem é lei universal.
4.3. O Espiritismo acelera a compreensão da vida.
Ele esclarece, educa, fortalece mas não substitui o esforço individual.
4.4. O mérito está no que fazemos, não no que professamos.
O Espiritismo não promete privilégios nem prerrogativas.
4.5. O Espiritismo é ferramenta de trabalho, não de salvação.
Aqui se confirma a belíssima frase:
“O Espiritismo é uma ferramenta de trabalho, não de salvação.”
Porque a única salvação real é o progresso moral.
5. Conclusão Doutrinária.
A Questão 982 constitui uma das maiores evidências da pureza racional do Espiritismo:
ele não cria cercas, não reivindica exclusividades, não se arroga o papel de “único caminho”.
A Doutrina Espírita se propõe como farol, não como porto exclusivo.
O bem praticado com intenção reta, consciência limpa e esforço contínuo é a verdadeira senha da vida futura.
E quanto mais compreendemos, mais rapidamente avançamos.
Mas o avanço depende de nós, e não da bandeira que carregamos.
A fé espírita é, portanto, ferramenta de iluminação moral.
A salvação no sentido espírita, que é evolução do Espírito é obra do caráter, da reforma íntima e da prática do amor.
Essa é a grandeza da Codificação:
Ela educa, mas não escraviza; esclarece, mas não exige servidão.
FORMAÇÃO DE TRABALHADORES NO CENTRO ESPÍRITA.
DIRIGENTES ESPÍRITAS DESMOTIVADORES:
Quando a Liderança se Afasta da Luz.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro .
Dentro das instituições espíritas, a figura do dirigente deveria ser o eixo moral, inspirador e educativo da equipe. Contudo, quando esse papel é corrompido por desvios de conduta, surge o fenômeno do dirigente desmotivador, aquele que, ao invés de elevar, oprime; ao invés de orientar, desencoraja; ao invés de unir, fragmenta.
A seguir, os pontos essenciais que caracterizam esse perfil, à luz da ética espírita e da fidelidade a Kardec:
1. Autoritarismo travestido de liderança.
O dirigente desmotivador não dialoga: determina.
Ele confunde autoridade moral com autoritarismo disciplinar.
Ignora o princípio kardeciano de que “na Doutrina Espírita tudo deve ser discutido, analisado e raciocinado”.
Esse comportamento gera medo, silencia iniciativas e extingue talentos.
2. Falta de humildade e personalismo.
Em vez de servir à Doutrina, serve a si próprio.
Busca reconhecimento, controla tudo, não delega e interpreta discordâncias como ameaça pessoal.
Raul Teixeira chama isso de “efeito solar”: o indivíduo deseja ser o astro que tudo ilumina, sufocando as estrelas ao redor.
A consequência?
Médiuns exaustos, trabalhadores inseguros, grupos desarticulados.
3. Uso inadequado do poder simbólico.
O dirigente desmotivador impõe regras sem coerência doutrinária, interpreta funções como privilégios e cria barreiras entre “dirigentes” e “trabalhadores”.
Isso contraria a lei de igualdade moral ensinada por Kardec e reproduz padrões de clericalismo que a Doutrina combate desde sua origem.
4. Desvalorização do trabalhador e apagamento de iniciativas.
Ele age como se os colaboradores fossem “funcionários”.
Despreza sugestões, corrige publicamente, cria clima de tensão.
Com o tempo, os trabalhadores mais sensíveis silenciam ou se afastam.
Kardec chama isso de “substituição da cooperação pela imposição”, uma das causas de fracasso moral de instituições.
5. Falta de preparo doutrinário e emocional.
Muitos dirigentes chegam ao cargo sem estudo sério da Codificação e sem preparo emocional.
Por isso, lidam mal com críticas, têm dificuldade de escutar, agem por impulsos e confundem opiniões pessoais com normas doutrinárias.
O resultado é uma gestão instável, cheia de contradições e arbitrariedades.
6. Produção de um ambiente tóxico e improdutivo.
Quando a liderança não inspira, o ambiente esfria.
Cresce a fofoca, o julgamento, o abandono de tarefas e a ausência de alegria aquela alegria moral, cristã, que deveria marcar o trabalho espírita.
7. O impacto espiritual.
Dirigentes desmotivadores abrem brechas para o assédio de Espíritos perturbados, pois geram:
orgulho,
disputas,
desequilíbrio emocional,
ressentimentos,
clima de desconfiança.
E isso interfere diretamente nas reuniões mediúnicas, no passe, no atendimento fraterno e na assistência espiritual ao público.
O Caminho Doutrinário para Superar esse Problema.
1. Retorno ao Evangelho e à Codificação.
Toda liderança precisa ser reeducada à luz de Kardec: humildade, raciocínio, bom senso e caridade.
2. Formação continuada.
Dirigente que não estuda desmotiva.
Estudo sistemático é obrigação moral.
3. Escuta ativa e colegiado.
Decisões devem ser compartilhadas.
O dirigente não é dono da instituição.
4. Avaliação ética periódica.
Assim como em equipes profissionais, é necessário revisar condutas, corrigir rotas e cuidar da saúde emocional.
5. Exemplo pessoal.
A maior força motivadora do dirigente é seu exemplo silencioso, coerente, cristão.
DESISTO
Eu cansei
Cansei de te forçar
Cansei de te esperar
Cansei de me enganar
Te esperei por longos três anos
Esperei que se importasse
Esperei que se esforçasse
Esperei que mudasse
Se dói tanto porque continuo
Porque continuo essa ilusão
Porque continuo com essa resistência
Mesmo sabendo que no fim só haveria decepção
A gente é novo
A gente imaturo
A gente é insensato
A gente é indeciso
A gente é irresponsável
E a gente não sabe amar
Olhando seus olhos me surpreendi
Pela primeira vez, em todo esse tempo
Vc parece se importar, comigo
Acho que vi culpa nos seus olhos,
E então fui contagiada rapidamente por ela
Te amo além do peito, é fato
Ou então só amo as memórias além do peito
Como poderia descrever o indescritível?
Não importa o quanto eu tente
Tudo isso é simplesmente indizível
Eu desisto
Desisto de sonhar
Desisto de planejar
Desisto de te amar
Pela última vez contemplo seu sorriso
Pela última vez escuto a sua voz
Pela última vez posso te abraçar
Como uma simples partida
Com medo do adeus já determinado
Minha boca sussurra um até logo
Mesmo que não seja uma simples partida
Dessa vez eu vou
Mas eu não vou voltar
Já me decidi
Nunca mais vou voltar
sinto em te dizer,adeus
Mas não posso mais viver assim
Xeque-mate, esse é o nosso final
Finalmente Desisto desse amor desigual.
O caminho
trilhado pelo
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╰⇢ amor
nem sempre é reto.
Chega e me salva
Me faz esquecer a distância
e a intolerância do tempo
Me abraça,
seja a primeira a ver meu sorriso
Logo pela manhã
Me dá a mão
Esquece de tudo
Pois no meu mundo
Só existe nós
Caminha comigo
A um amor infinito
Te juro que nunca vistes amor assim
*Si :)
NA BATIDA CERTA
Nossos corpos tocaram em sintonia
Tocaram uma sinfonia
Aquela noite, naquela luz
A partitura mostrava suas notas
Aquele dueto de dois corpos
Num tom que subia, ressoava
Ecoava
Por hora flauta, por hora tambor
Por hora gaita de boca, teclado
Soprava, aspirava
Tocava
Tocava, tocava
E o som acalmava e ensurdecia
Até chegar na barra dupla
Onde se acabava em uma fermata
Te esperarei…
eu te esperarei,
mesmo que o tempo demore a passar,
mesmo que a vida tarde a te anunciar,
só para me ensinar…
a arte da paciência,
que vai ser preciso para o nosso
caminhar…
E eu te esperarei
e brincaremos na rua com os pés
no chão.
Andaremos na chuva, só para me
lembrar
o quanto esperei você.
Somente abrirei os braços para
abençoar…
Refletir é pensar sobre…
o que sentimos,
o porquê sentimos,
para entendermos
talvez como deveríamos ser,
fazer
e como viver enquanto esperar…
…Talvez eu passe a minha vida a te esperar,
mas eu te esperarei
até eu entender
ou talvez eu até tenha que aprender
o que ainda não sei.
Enquanto os longos dias passam,
o tempo,
a vida,
ainda acontecem
e ensinando que ainda é
feita de cada momento!
Eu te esperarei…
pois,
se o dia nasce, o sol se põe,
se a escuridão da noite vem,
é só para fazer me lembrar
que é somente assim que as estrelas
brilham, que é somente a espera que
traz a alegria da chegada…
somente a dor traz a cura,
somente a falta preenche o lugar, para
dar sentido à beleza do sentir!
