Poesias de Amor de Vinícius de Moraes
Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor.
Se o Amor Quiser Voltar
Se o amor quiser voltar
Que terei pra lhe contar
A tristeza das noites perdidas
Do tempo vivido em silêncio
Qualquer olhar lhe vai dizer
Que o adeus me faz morrer
E eu morri tantas vezes na vida
Mas se ele insistir
Mas se ele voltar
Aqui estou sempre a esperar
A você, com amor
O amor é o murmúrio da terra 
quando as estrelas se apagam 
e os ventos da aurora vagam 
no nascimento do dia... 
O ridente abandono, 
a rútila alegria 
dos lábios, da fonte 
e da onda que arremete 
do mar... 
O amor é a memória 
que o tempo não mata, 
a canção bem-amada 
feliz e absurda... 
E a música inaudível... 
O silêncio que treme 
e parece ocupar 
o coração que freme 
quando a melodia 
do canto de um pássaro 
parece ficar... 
O amor é Deus em plenitude 
a infinita medida 
das dádivas que vêm 
com o sol e com a chuva 
seja na montanha 
seja na planura 
a chuva que corre 
e o tesouro armazenado 
no fim do arco-íris.
Seja Feliz
Foi, fico como todo amor se vai 
Sem nem dizer aonde vai 
foi e eu fiquei sem ninguém
À espera do que não vem 
Que melancolia
Foi, foi só porque eu nada fiz
Como um adeus que nem se deu 
pois seja muito feliz
Infeliz já sou eu
Pra sofrer sofro eu.
Canção Do Amor Demais
Quero chorar porque te amei demais 
Quero morrer porque me deste a vida 
Oh meu amor, será que nunca hei de ter paz 
Será que tudo que há em mim 
Só quer sentir saudade 
E já nem sei o que vai ser de mim 
Tudo me diz que amar será meu fim 
Que desespero traz o amor 
Eu nem sabia o que era o amor 
Agora sei porque não sou feliz.
O amor é uma agonia 
Vem de noite, vai de dia 
É uma alegria 
E de repente 
Uma vontade de chorar
O astronauta (Vinícius e Baden Powell)
Quando me pergunto
Se você existe mesmo, amor
Entro logo em órbita
No espaço de mim mesmo amor
Será que por acaso, a flor sabe que é flor
E a estrela Vênus sabe ao menos
Porque brilha mais bonita, amor
O astronauta ao menos
Viu que a terra é toda azul, amor
Isso é bom saber
Porque é bom morar no azul, amor
Mas você, sei lá
Você é uma mulher
Sim, você é linda porque é
Consolação 
Se não tivesse o amor 
Se não tivesse essa dor 
E se não tivesse o sofrer 
E se não tivesse o chorar 
Melhor era tudo se acabar 
Eu amei, amei demais 
O que eu sofri por causa do amor 
Ninguém sofreu 
Eu chorei, perdi a paz 
Mas o que eu sei 
É que ninguém nunca teve mais 
Mais do que eu
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto - pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente - e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - para viver um grande amor. (...)
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bem-amada - para viver um grande amor.
Soneto do Amor como um Rio
Este infinito amor de um ano faz
Que é maior que o tempo e do que tudo
Este amor que é real, e que, contudo
Eu já não cria que existisse mais.
Este amor que surgiu insuspeitado
E que dentro do drama fez-se em paz
Este amor que é o túmulo onde jaz 
Meu corpo para sempre sepultado.
Este amor meu é como um rio; um rio
Noturno, interminável e tardio
A deslizar macio pelo ermo
E que em seu curso sideral me leva
Iluminado de paixão na treva
Para o espaço sem fim de um mar sem termo.
Deve Ser Amor
Sim, sinceramente, amor
Eu não sei o que se passa em mim
É assim como uma dor
Mas que dói sem ser ruim
Sim, é ter no coração
Sempre uma canção
É tão embriagador
Deve ser, sim
Deve ser amor
Samba, samba diferente
Isto é estar contente
Gosto de chorar, de chorar, de chorar
Samba, ritmo envolvente
Como o amor da gente
Samba em chá-chá-chá
Chá-chá-chá
Chá-chá-chá
Tempo De Amor
Ah, bem melhor seria 
Poder viver em paz 
Sem ter que sofrer 
Sem ter que chorar 
Sem ter que querer 
Sem ter que se dar 
Ah, bem melhor seria 
Poder viver em paz 
Sem ter que sofrer 
Sem ter que chorar 
Sem ter que querer 
Sem ter que se dar 
Mas tem que sofrer 
Mas tem que chorar 
Mas tem que querer 
Pra poder amar 
Ah, mundo enganador 
Paz não quer mais dizer amor 
Ah, não existe coisa mais triste que ter paz 
E se arrepender, e se conformar 
E se proteger de um amor a mais 
O tempo de amor 
É tempo de dor 
O tempo de paz 
Não faz nem desfaz 
Ah, que não seja meu 
O mundo onde o amor morreu 
Ah, não existe coisa mais triste que ter paz 
E se arrepender, e se conformar 
E se proteger de um amor a mais 
E se arrepender, e se conformar 
E se proteger de um amor a mais
Amo-te afim, de um calmo amor prestante, 
E te amo além, presente na saudade. 
Amo-te, enfim, com grande liberdade 
Dentro da eternidade e a cada instante.
Deixa acontecer
Ah, não tente explicar
Nem se desculpar
Nem tente esconder
Se vem do coração
Não tem jeito, não
Deixa acontecer
O amor é essa força incontida
Desarruma a cama e a vida
Nos fere, maltrata e seduz
É feito uma estrela cadente
Que risca o caminho da gente
Nos enche de força e de luz
Vai debochar da dor
Sem nenhum pudor
Nem medo qualquer
Ah, sendo por amor
Seja como for
E o que Deus quiser
O que tinha de ser
Porque foste na vida
A última esperança
Encontrar-te me fez criança
Porque já eras meu
Sem eu saber sequer
Porque és o meu homem
E eu tua mulher
Porque tu me chegaste
Sem me dizer que vinhas
E tuas mãos foram minhas com calma
Porque foste em minh'alma
Como um amanhecer
Porque foste o que tinha de ser
Mais Um Adeus
Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho
Mais um adeus 
Uma separação 
Outra vez, solidão 
Outra vez, sofrimento 
Mais um adeus 
Que não pode esperar 
O amor é uma agonia 
Vem de noite, vai de dia 
É uma alegria 
E de repente 
Uma vontade de chorar 
Contraponto 
Olha, benzinho, cuidado 
Com o seu resfriado 
Não pegue sereno 
Não tome gelado 
O gim é um veneno 
Cuidado, benzinho 
Não beba demais 
Se guarde para mim 
A ausência é um sofrimento 
E se tiver um momento 
Me escreva um carinho 
E mande o dinheiro 
Pro apartamento 
Porque o vencimento 
Não é como eu: 
Não pode esperar 
O amor é uma agonia 
Vem de noite, vai de dia 
É uma alegria 
E de repente 
Uma vontade de chorar
Disse um poeta um dia que a vida é a arte dos encontros, embora haja tantos desencontros pela vida.
Eu me encontrei em teus desencontros e
te encontrei em meus desencontros.
Mas nada é por acaso nada é sem razão e no tempo certo, na hora certa fomos libertados das cadeias da solidão.
Hoje somos livres, libertos pelo amor que nos um une desde o sempre até o FIM.
Ah, quem me dera. Ir-me contigo agora a um horizonte firme, comum. Embora amar-te. Ah, quem me dera amar-te sem mais ciúmes. De alguém em algum lugar que nem presumes..
Vire essa folha do livro e se esqueça de mim
Finja que o amor acabou e se esqueça de mim
Você não compreendeu que o ciúme é um mal de raiz
E que ter medo de amar não faz ninguém feliz
Agora vá sua vida como você quer
Porém, não se surpreenda se uma outra mulher
Nascer de mim, como do deserto uma flor
E compreender que o ciúme é o perfume do amor
Soneto do amor demais 
Não, já não amo mais os passarinhos
A quem, triste, contei tanto segredo
Nem amo as flores despertadas cedo
Pelo vento orvalhado dos caminhos. 
Não amo mais as sombras do arvoredo
Em seu suave entardecer de ninhos
Nem amo receber outros carinhos
E até de amar a vida tenho medo. 
Tenho medo de amar o que de cada
Coisa que der resulte empobrecida
A paixão do que se der à coisa amada 
E que não sofra por desmerecida
Aquela que me deu tudo na vida
E que de mim só quer amor - mais nada.
Vinicius de Moraes
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