Poemas Vinicius de Moraes Patria minha
Quando vemos, ouvimos e lemos, mas ignoramos os males da sociedade, sem escrever sequer uma letra ou articular uma só palavra, ficamos a pertencer irremediavelmente ao clube dos mais covardes da história do mundo.
Que perigosas são as mentiras ou as verdades mal confessadas,
quando houver quem queira metê-las no mesmo saco, asfixiando a pureza da verdade.
Se o meu destino tivesse sido de luz e ouro, nunca eu poderia ter escrito aquilo que gravei na escuridão da pedra rija e negra do meu ser.
O pouco que escrevo, são experiências de vida prática.
Prefiro-o, a extensas teorias amorfas que não passam do papel.
Prefiro ouvir uma história mal contada por não saberem dizer melhor, do que uma história bem contada só para iludir o parceiro.
Negro, choroso e triste fica o coração, quando o homem se recusa a pensar pela razão da sua massa cinzenta.
Evita dizer não, sem primeiro confirmar se era essa a tua real vontade e o sentido verdadeiro da tua resposta.
Só comecei a compreender quem realmente sou, após ter parado para contabilizar as turbulências de que fui acometido e cometi na minha vida.
Dizem que a dor é tratável, mas o sofrimento não…
Se a dor é já sofrimento, trate-se os dois ao mesmo tempo, digo eu.
Uns gostam de mim com sal, outros com açúcar, a maioria prefere simples, ao natural, tal como sou, sem corantes, conservantes e outros colantes.
Nunca aproves nem reproves aquilo que escrevo, sem primeiro estudares ou tentares, pelo menos, adivinhar a razão do espírito que eu senti no momento em que escrevi.
Depois que eu comecei a assumir a vertente do pensamento, da meditação feita reflexão, o globo terrestre de muita gente passou a girar ao contrário.
A quem sabe, nunca esquece.
A quem não sabe, não esquece nada, porque nunca soube nada para esquecer.
Enquanto o cerne da génese do ser humano não for cientificamente modificado, jamais deixará de existir o erro, a devassidão e o crime, à face da Terra.
Nunca desejei o ter só por tê-lo, nem o poder para podê-lo, como minhas metas de vida.
Quis ser só eu mesmo, simples, sem subterfúgios ou vãs ambições mundanas, mas até isso me quiseram negar.
Se não fosse o que os outros dizem de mim, eu nunca saberia o que sou.
Juiz de mim próprio, nunca. Poderia correr o risco de ser parcial.
A poesia não sacia a fome de estômago, mas alimenta a alma e o espírito
àqueles que os tiverem ainda.
