Poemas Vinicius de Moraes Mulher Aries
apenas resta
a indiferença,
silêncio gélido,
tem o hábito de
atrofiar qualquer
traço de compaixão.
o rancor,
raiva em brasa,
tem o dom de rasgar
em fúria
meu bom senso.
o amor,
feito saudade,
tem o costume de virar poesia
e fugir de mim.
e eu,
sombra e afeto,
tenho a sina de
me perder em tudo
e não sobrar em nada.
e você?
perdeu algo
que nunca teve?
ou nunca percebeu que faltava?
porta
passam velhos,
passam jovens,
passam felizes,
miseráveis.
passa a vida,
e ninguém nota.
abre, fecha.
fechadura seca,
chave de carne,
pulsa, sangra,
expulsa.
soleira, solitária.
passam mulheres,
ciganas, anjos,
feias, magras,
gordas, felizes,
miseráveis.
rangem
meus pecados nas
dobradiças inquestionáveis
da velha porta.
passo, tropeço,
nunca reparo
como algo
tão simples
e ordinário
meu batente
abre as portas
do meu peito
trancado.
butiquim enfer-
rujado
agora fecho.
maçaneta dura,
travada.
viro a chave,
cerro o quarto.
não vem,
não vai,
não leva,
não traz,
não volta,
não abre mais.
opióide III
escrevo versos
como quem afia pétalas
de papoula
leitosa sangria
sussurando letargia
pra folha
sinestesia líquida
(e a poesia)
é o único néctar
que nunca intoxica.
(reprovado no toxicológico).
opióide II
devaneio sussurrado
sufocando
em versos brandos,
a morfina das metáforas,
delírios brancos.
néctar, veneno,
remédio insano,
êxtase puro
em sonho arcano.
arpejo mental,
torpor visceral,
perfuração física —
dança letal,
remédio e veneno
num ciclo final.
abre espaço
para o vazio
silêncio —
a aorta dormiu.
a vertigem se desfaz
em névoa e sombra
o que da realidade me separaria
antes, ao sangue, se assimilaria.
arpejo mental —
anestésico
de braço aberto:
dança pura
entre remédio
e perfume.
e o universo
é um cobertor
de esquecimento.
provocação II
som:
esquisito radical que sem
som
bra de —
dúvidas
te as
sombram.
pois se existe
(?)
algo que
exista mais que palavras,
é som
e sombras,
perguntas.
(essa sua inclinada som
brancelha)
no teu peito
se propagam
as mesmas perguntas
mas não ressoa
o som.
e os sons
se misturam,
ao nada,
ao vácuo
e as perguntas.
e não há nada
que possamos fazer.
(sobre esse ensom
breado em você)
absolutamente nada
a respeito
do som
da sombra
das perguntas
dos por quês.
“e se’s?”
(e as razões
do seu existir?)
se perguntar:
qual a finalidade
de coexistir
à realidade?
consegue aceitar?
que não há verdade?
(e todas essas perguntas?)
no vácuo
adquirir a habilidade,
em meio a complexidade,
de simplesmente
sentir
seu som.
(e na hora de cantar,
desafinar no tom.)
floresta
tal qual um herbívoro
pastaria, lento,
nessa relva úmida —
beberia orvalho
(um doce noturno)
até que a floresta
toda se desmanchasse em chuva.
(e eu, fitófago)
ao morder teu broto
e inundar-me dela,
jamais secarei:
porque após a chuva
fica entre as folhas
o brilho da falta —
água que não evapora.
mas não há fim
para quem bebeu
de tua fonte:
o gosto que
a boca guarda
(não se perde)
— é eterno
como sede.
e teu rio,
que em mim virava mar
brotava até o que não era semente,
na boca de outro herbívoro —
secou.
antes que ele pudesse beber.
(risos)
sangue e lápis
asas da liberdade
entre linhas
algo que poucos
podem captar
perdi-me e me refiz
em refúgio abstrato,
disforme.
depois que te conheci,
ó Poesia,
ganhei forma no caos
que era meu rosto
torto.
meu eu-lírico
tornou-se
meu sangue,
meu respirar,
meu garfo.
dou corpo à dor,
a entalho—
para que ela
encontre o cinzel
e ali morra.
me dissolvo na escrita;
morro no papel
para renascer em cada linha.
se um dia eu calar,
morremos juntos:
verso e peito.
entre escrever e alívio,
escolhi sangrar.
quem escreve pra curar
continua doente.
opióide I
abre espaço
pro entorpecimento.
confusão — coração
lasso.
a sensação
do esgotamento
se esvai
em um abraço.
o traço, o laço
que entorpecia
desaparece num
retrato opaco.
letargia.
silêncio,
dormência,
espaço.
a melodia da monotonia
encontra na nostalgia
o ópio
(da poesia)
e a brisa da inércia
suspende, cessa.
sufoca a essência.
despe a alma
com delicadeza adversa.
a sensação do cansaço
encontra,
enfim, na cama, abraço.
alquimia do corpo.
torpor —
afunda travesseiro.
e o universo
mergulha em inteiro
esquecimento,
lento.
escrevo nos versos,
brincando de alquimista,
enquanto esbagaço
o pedaço
da harmonia
que novamente
encontra poesia —
e juntos
formam magia
(em suave contraste)
com a agonia.
simpatia desencontra
a euforia,
a alegria
vira utopia
(sonho acordado)
com a calmaria —
como se,
em alquimia,
essa anestesia tecesse
uma sinfonia
que se perde
em fantasia.
e os tormentos morrem
injetados entre sílabas
e remédios dourados.
provocação II
(um rascunho de pele)
es pa ço
entre nós:
meu
s
u
s
s
u
r
r
o
(quero te machucar de tão bonita que você é)
risca o ar —
seco —
(risco
risos
risco
risos
risco)
---
toque?
(mentira.
só o ar
que você roubou
do meu pulmão.)
(a alça do seu sutiã escapou do ombro por descuido?)
---
sumiço?
(mentira.
só o eco
do meu hálito
na sua boca fantasma.)
(apaguei quatro metáforas aqui: todas mentiam)
---
vontade?
(verdade e,
contra minha vontade,
te xingando
sem maldade
encerro a escrita
te deixando na...)
reticência.
Jamais tenha medo de se desfazer de coisas que te fazem mal. Não tenha medo de mudar de cidade por uma pessoa amada, um novo emprego ou desafio. Pessoas vivem infelizes pois não confiam em si mesmas. Se você fizer o que gosta, estiver em um lugar que se sinta à vontade ou com quem ame, as coisas fluirão rapidamente. Não se algeme a um salário ou a uma má companhia. A razão não deve prevalecer, deve haver um equilíbrio entre a razão e o coração.
Choverão pessoas dizendo que não será fácil arriscar, trocar o certo pelo duvidoso. Trocar o certo pelo duvidoso? Pessoas falam isso pois o evento, a indecisão ou a situação não ocorre com elas. Quem presencia e se excita com a nova oportunidade ou possibilidade de arriscar, sabe que o correto não é permanecer como está. Aceite novos desafios sem receios. Abra agora a porta para a sorte! Ou você prefere ficar com o ressentimento de não ter ao menos arriscado?
A vida é como uma árvore. Às vezes, você ficará extremamente seca e sem nenhuma folha, ou simplesmente receberá uma forte tempestade. Durante a primavera, você terá a chance de florescer e mostrar a melhor versão de si mesma. Haverá pessoas que te apreciarão durante o inverno, outras durante o verão ou mesmo aquelas que te amarão exatamente como você é, não importa em qual estação do ano você esteja.
Que tudo sejam flores, amores e cores, e para dias sem cor, guarda-chuva de flor. Viva a sua essência evoluindo a cada experiência.
Assim como um pássaro numa gaiola, pensamentos presos em nossas cabeças são só objetos de decoração de nossas próprias vidas e sem sentido algum
Sucesso é conquistar aquilo que o dinheiro não pode comprar. Seja a sua melhor versão todos os dias.
Seria eu o anormal?
O único que observa
que vivemos num mundo
totalmente desproporcional?
Não seria muita rede social
para pouca vida social?
Mas que mundo irracional!
Mas que sensacional!
A meritocracia tornou-se um ideal.
Isso é uma pura pressão mental e emocional.
Enquanto uns morrem de fome,
Outros esbanjam e desperdiçam bacalhau.
Mas que mundo desigual!
Vivemos num mundo extremamente irreal!
Nem tudo é igual
Nem todos são diferentes
Mas tudo tem um ponto em comum
Paralelas que às vezes se cruzam
eu colho o que eu planto
e não me espanto
mesmo as vezes plantando o que não quero colher
não tem o que fazer
a gente paga o preço
das consequências do nosso querer
vivendo meu itinerário
tentando a fuga
é insano o percurso
estou preso numa cúpula
a dor vai te ensinar
a ir devagar
não tem o que fazer
não adianta se revoltar
a realidade
é igual merthiolate
ninguém te conta
mas ela arde
não só arde
ela te mata
te encurrala com a foice
e te da um cheque-mate
independente das dores
seguimos sendo atores
nesse teatro de ilusões
em busca de verdadeiros amores
quem me dera se pelo menos hoje
eu tivesse a certeza
de algo real igual a tristeza
ou o efeito entorpecente da cerveja
eu e tu
nu e cru
seres autênticos e originais
vivendo na selva
iguais animais
aí vem uma pergunta na minha mente
será que realmente esse lugar nos pertence?
já nem sei mais
e já é meio tarde pra voltar atrás
me vejo em delírios frequentes
neurônios fritando em frequências diferentes
da gente que se diz normal
mas me diz aí
o que é normal?
eu realmente não sei
afinal, isso é real?
esse livro a gente começa a escrever
já sabendo do final
eu acredito numa força maior
algo inexplicavelmente misterioso
pode nos afundar ou fazer melhor
depende do quão tu és curioso
a vida por si só
vai nos deixando loucos
então cautela no que vasculhar
pequeno gafanhoto
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