Poemas Vinicius de Moraes Mulher Aries

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Oração da Humildade

Deus da Misericórdia!...
Auxilia-me a conservar o anseio de encontrar-te.
Quando haja tumulto, ao redor de mim, guarda-me o silêncio interior em que procure ouvir-te a voz.
Se algum êxito me busca, deixa-me perceber a tua bondade sobre a fraqueza que ainda sou.
Diante dos outros, consente, oh! Pai, que te assinale o infinito amor, valorizando-me a insignificância, através daqueles que me concedam afeto.
Se aparecerem adversários em meu caminho, faze-me vê-los como sendo instrumentos de trabalho, dentre aqueles com que me aperfeiçoas.
Na alegria, induz-me a descobrir-te a proteção paternal, estimulando-me a seguir para frente.
Na dor, fortalece-me os ouvidos para que te escutem os chamamentos de paz.
E, quanto mais possa conhecer, em minha desvalia, os recursos iluminados do oceano de mundos e de seres que construíste no Universo, concede-me, oh! Deus de Misericórdia, que eu tenha a simplicidade da gota d’água, se sente tranqüila e feliz porque se vê capaz de refletir-te a luz no brilho eterno da Criação.

Os homens (diz uma antiga máxima grega) são atormentados pelas ideias que têm das coisas, e não pelas próprias coisas. Haveria um grande ponto ganho para o alívio da nossa miserável condição humana se pudéssemos estabelecer essa asserção como totalmente verdadeira. Pois, se os males só entraram em nós pelo nosso julgamento, parece que está em nosso poder desprezá-los ou transformá-los em bem. Se as coisas se entregam à nossa mercê, por que não dispomos delas ou não as moldarmos para vantagem nossa? Se o que denominamos mal e tormento não é nem mal nem tormento por si mesmo, mas somente porque a nossa imaginação lhe dá essa qualidade, está em nós mudá-la. E, tendo essa escolha, se nada nos força, somos extraordinariamente loucos de bandear para o partido que nos é o mais penoso e dar às doenças, à indigência e ao desvalor um gosto acre e mau, se lhes podemos dar um gosto bom e se, a fortuna fornecendo simplesmente a matéria, cabe a nós dar-lhe a forma.

Porém vejamos se é possível sustentar que aquilo que denominamos por mal não o é em si mesmo, ou pelo menos que, seja ele qual for, depende de nós dar-lhe outro sabor e outro aspecto, pois tudo vem a ser a mesma coisa. Se a natureza própria dessas coisas que tememos tivesse o crédito de instalar-se em nós por poder seu, ele se instalaria exactamente da mesma forma em todos; pois os homens são todos de uma só espécie e, excepto por algo a mais ou a menos, acham-se munidos de iguais orgãos e instrumentos para pensar e julgar. Mas a diversidade das ideias que temos sobre essas coisas mostra claramente que elas só entram em nós por mútuo acordo: alguém por acaso coloca-as dentro de si com a sua verdadeira natureza, mas mil outros dão-lhes dentro de si uma natureza nova e contrária.

Michel de Montaigne

Nota: in Ensaios

Você pra mim é como um vício,
que laragar é quase impossível......
logo agora que eu me considerava limpo,
vem você pra me oferecer mais,mais,mais..
Eu não entendo a sua volta,
não entendo a sua indecisão,
num dia sou seu grande amor...no outro dia não....

Ditoso seja aquele que somente
Se queixa de amorosas esquivanças;
Pois por elas não perde as esperanças
De poder n'algum tempo ser contente.

Ditoso seja quem estando ausente
Não sente mais que a pena das lembranças;
Porque, inda que se tema de mudanças,
Menos se teme a dor quando se sente.

Ditoso seja, enfim, qualquer estado,
Onde enganos, desprezos e isenção
Trazem o coração atormentado.

Mas triste quem se sente magoado
De erros em que não pode haver perdão,
Sem ficar na alma a mágoa do pecado.

Luís de Camões
Sonetos (1880).

Um olhar distante... um pensamento constante.
No sossego do silêncio... dar vontade de voar!
Trazendo-me a esperança de um dia ele(a) voltar.

Teu Beijo

Neste desejo
De beijar
O teu beijo
Amaciar
Tua pele
Nesta dura
Loucura
De saciar
Uma dor
Que vem
Do fundo
De uma paixão
Sem coração
Eu me regozijo
Com um lampejo
Impar
Do teu olhar
Neste desejo
De beijar
O teu beijo

Há sempre uma escolha
Há sempre um caminho que as folhas do chão vão me indicar
Que saem dos meus sonhos, do simples desejo
Que tive a vida toda de te encontrar

Ditirambo

Meu amor me ensinou a ser simples
Como um largo de igreja
Onde não há nem um sino
Nem um lápis
Nem uma sensualidade...

Oswald de Andrade
ANDRADE, O. Trechos escolhidos, Volume 91. Rio de Janeiro: Agir, 1967.

Minha mão está suja.
Preciso cortá-la.
Não adianta lavar
A água está podre.
Nem me ensaboar
O sabão é ruim.
A mão está suja,
suja há muitos anos

(A mão suja)

Busca do amor

Busco um amor
Que seja verdadeiro
Que seja real
Que seja único
Que seja amoroso
Que seja eterno
Que seja amável

Um amor...
Que tenha alegria
Que tenha paz
Que tenha confiança
Que tenha lembrança
Que tenha coragem

Um amor..
Que seja companheiro
Que seja amigo
Que possa caminhar ao infinito em todo o momento

Um amor...
Que tenha intimidade
Que tenha amizade
Que tenha um sorriso amável
Que tenha olhos de alegria

Um amor...
Que acredite no amor
Que acredite na liberdade
Que acredite na paixão

Cujo amor...
Nasça do amargo
Nasça da briga
Nasça de um espinho
Nasça em um coração

Um amor....
Que tenha sinceridade
Que tenha naturalidade
Que tenha simplicidade

Que seja capaz de chorar
Que seja capaz de sorrir
Que seja capaz de gritar
Que seja capaz de amar

Que acredite
Que tenha
Que seja
Que nasça

Do amor e do reflexo de Deus

Anjo Bento

Destes que campam no mundo
Sem ter engenho profundo
E, entre gabos dos amigos,
Os vemos em papafigos
Sem tempestade, nem vento:

Anjo Bento!

De quem com letras secretas
Tudo o que alcança é por tretas,
Baculejando sem pejo,
Por matar o seu desejo,
Desde a manhã té à tarde:

Deus me guarde!

Do que passeia farfante,
Muito prezado de amante,
Por fora luvas, galões,
Insígnias, armas, bastões,
Por dentro pão bolorento:

Anjo Bento!

Destes beatos fingidos,
Cabisbaixos, encolhidos,
Por dentro fatais maganos,
Sendo nas caras uns Janos:
Que fazem do vício alarde:

Deus me guarde!

Que vejamos teso andar
Quem mal sabe engatinhar,
Muito inteiro e presumido,
Ficando o outro abatido
Com maior merecimento:

Anjo Bento!

Destes avaros mofinos,
Que põem na mesa pepinos,
De toda a iguaria isenta,
Com seu limão e pimenta,
Porque diz que o queima e arde:

Deus me guarde!

Lembre-se de que não devemos humilhar ninguém.
Os erros que os outros cometem hoje, nós podemos cometê-los amanhã.
Não se julgue inatingível nem infalível.
Todos podem falhar.
Trate os outros com tolerância, para que possa reerguê-los, se errarem.
A perfeição não é desta terra.
Não exija dos outros aquilo que você também ainda não pode dar.

''A honestidade purifica o espírito
E traz ao homem a certeza
De que se um dia lhe for requerido
Que preste contas do que foi vivido,
Ele não precisará abaixar a cabeça''.

Boa noite.
Como vai seu feriado?
Descansou bem?
Viajou para casa da família?
Dormiu até tarde?
Comeu o que mais gosta?
Conheceu alguém?
Lembrou de alegrar a todos?
Já perguntei se está bem?
Já percebeu que estou com saudade?
Já disse que estou com saudade sua?
Boa noite
Está tudo bem?
Está com saudade de alguém?

Rimas ricas

No céu da sua boca
Há um santo bem...
Que alivia meus males
Que controla meus desejos
Que desperta em mim estrelas!!!

No céu da sua boca
Há um gosto puro e doce
De um pecado perdoado
De uma reza inventada
Que não me deixa parar...

No céu da sua boca
Há milhões de diabinhos
Disfarçados de anjinhos
Que não param um só instante
Me fazendo delirar...

No céu da sua boca
Não existe noite nem dia
Não existem coisas de um céu comum
Mas há um deus de poesia
Que encaixa minhas rimas simples
Nas minhas rimas mais profundas
Num poema de saliva e amor...

No céu da sua boca...
Eu me perco no infinito
E me encontro se medo
Nesse nosso paraíso.

O silêncio é a linguagem de quem ama;
é melhor que a palavra humana
renuncie e se exprima
com afeto.

Somente a alma, na sua
linguagem silenciosa,
consegue fazer o que sentimos.

Medo do desconhecido, parece ser tão normal, mas não é.

A vida parece ter mais sentido quando você consegue dizer ‘eu te amo’, e essa vontade só passa quando você tem alguém pra se apoiar, as vezes até acha uma pessoa errada para dizer essas palavras, não da certo, e você acaba se machucando de novo.

Meu conceito sobre sentimento nunca tem sido o melhor, cada vez eu tropeço e caio, mas o que é amar? Um sentimento tão inútil que nos faz viver as melhores experiencias da vida? Ou apenas um sentimento que damos a quem nos apegamos mais?

E se apaixonar? Não seria a mesma coisa?

Já não sei o que pensar, onde o mundo em que eu vivo se traduz em dizer eu te amo p/ todos que se aproximam, é inevitável criar um relacionamento no qual esse sentimento não pode ser manifestado.

Hoje em dia, o medo é maior. E com ele as esperanças se vão… Meu cansaço é ter que esperar saber qual dos dois eu devo sentir, e esperar que sintam o mesmo. Se amar é ser feliz, eu amo muitas pessoas, espero que isso não afete minha visão, e não me faça cair de novo.

Botão de Rosa

Nos reconcavos da vida jaz a morte
Germinando no silêncio.
Floresce como um girassol no escuro.
De repente vai se abrir.
No meio da vida, a morte jaz profundamente viva.

Soneto

Tanta lágrima hei já, senhora minha,
Derramado dos olhos sofredores,
Que se foram com elas meus ardores
E ânsia de amar que de teus dons me vinha.

Todo o pranto chorei. Todo o que eu tinha,
caiu-me ao peito cheio de esplendores,
E em vez de aí formar terras melhores,
Tornou minha alma sáfara e maninha.

E foi tal o chorar por mim vertido,
E tais as dores, tantas as tristezas
Que me arrancou do peito vossa graça,

Que de muito perder, tudo hei perdido!
Não vejo mais surpresas nas surpresas
E nem chorar sei mais, por mor desgraça!

Mário de Andrade
ANDRADE, M. Poesias completas: Volume 2, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014

FUNÇÃO DA ARTE E DO ARTISTA

A importância do escritor está, sobretudo, na função que ele exerce de tornar a experiência expressável. Porque a linguagem é o único recurso que o ser humano tem para isso. E tudo o que não é verbalizado nos domina. São aqueles estados obscuros que existem dentro de você e você não sabe o que são, aquele lusco-fusco, aquela coisa meio fantasmagórica. Quando você se expressa, tudo se ilumina e cai sob o teu domínio. Então, uma sociedade que não tem um número suficiente de poetas, romancistas, dramaturgos não é capaz de verbalizar a sua experiência verdadeira. Resultado: cria-se um abismo entre a experiência vivida e a fala. A experiência vivida torna-se obscura, opressiva e incompreensível; e a fala só repete estereótipos. Quando você não sabe o que está acontecendo, você fala do que não está acontecendo. Isso é um estado totalmente esquizofrênico e gravíssimo.