Poemas de Shakespeare o Menestrel
Se não fosse o que os outros dizem de mim, eu nunca saberia o que sou.
Juiz de mim próprio, nunca. Poderia correr o risco de ser parcial.
A poesia não sacia a fome de estômago, mas alimenta a alma e o espírito
àqueles que os tiverem ainda.
Fujo sempre das luzes e altifalantes anunciadores de grandes gestos.
Prefiro ficar pelos pequenos atos, mas de intervenção séria no terreno.
Quando me sinto solitário no meio de falsos confrades, fujo, fujo até ficar sozinho.
Aí sim, estou maravilhosamente acompanhado.
Há quem meça os outros somente pelo lado da obesidade, esquecendo-se das qualidades nobres de cada um.
Eu, pelo contrário, meço essa gente pelo comprimento desmedido das suas línguas viperinas, pela largura desmesurada da sua asnice e pela altura doentia do seu coeficiente zero em sensatez.
Tenho no vento um amigo confidente fiel de raiz.
É ele que me diz às vezes que faço bem em esquecer os males do mundo, para não correr o risco de me olvidar de mim e renegar que existo.
Evita entrar em conversas de futebóis, de meretrizes, politiquices e de outras tagarelices.
Se o fizeres, não demorará muito a dar em bronca, pela certa.
Há vozes a revoltar-se dentro de mim.
Incitam-me para que seja um lutador nato, ou um gritador de injustiças, pelo menos.
Nunca são os governos, os presidentes, os ministros e outros mandões que ditam leis no seu próprio país, mas sim os poderosos grupos económicos instituídos, dos quais, os tais, são subservientes bajuladores.
Quando a alma que nunca vimos, se torna objeto na nossa mente, é porque a sentimos e lutamos com ela de frente.
A pátria minha, é aquela que eu invento nos meus sonhos.
Daí me chamarem sonhador louco de uma pátria irreal.
O coração, em termos de emoção, deve ser sempre o último a escutar.
Nestas ocasiões, vale mais a razão de bem pensar, antes de agir.
Uns esperam, outros desesperam, alguns exasperam e, no final, somos todos tontos, porque ninguém deve esperar muito tempo por algo ou alguém, mas agir urgentemente antes da espera.
Curo as feridas e as dores do meu corpo, da alma e do espírito, com a água morna e salgada que brota copiosamente dos meus tristes olhos.
