Poemas de Luto
Recorda-te de mim quando eu embora
For para o chão silente e desolado;
Quando não te tiver mais a meu lado
E sombra vã chorar por quem me chora.
Quando não mais puderes, hora a hora,
Falar-me no futuro que hás sonhado,
Ah de mim te recorda e do passado,
Delícia do presente por agora.
No entanto, se algum dia me olvidares
E depois te lembrares novamente,
Não chores: que se em meio aos meus pesares
Um resto houver do afeto que em mim viste,
– Melhor é me esqueceres, mas contente,
Que me lembrares e ficares triste.
a mulher de burca
entrou no metrô
atrás do marido
a mulher de burca
precisou apenas
chegar para ser
espetacular
a mulher de burca
me espanta me espanta
que se estabeleça
que uma mulher
deva usar a burca.
*
tentei decorar
um poema para
a mulher de burca
que me veio à mente
enquanto tentava
não observá-la
essa é afinal
a função da burca
e como ela deve
ser considerada
a burca tornou-se
maior que a mulher.
*
acontecem muitas
coisas no metrô
acontecem muitas
coisas na alemanha
mas ninguém se olha
nem na alemanha
e nem no metrô
pra mulher de burca
todo mundo olhou
mas ninguém a viu
ninguém julga ter
algo a ver com isso.
*
a mulher de burca
estragou meu sono
estragou meu sono
o brochinho azul
feito de miçangas
ostentado pela
burca da mulher
terrível enfeite
revolução muda
da mulher na burca.
*
embaixo da burca
há uma mulher.
corpo de delito é
a expressão usada
para os casos de
infração em que há
no local marcas do evento
infracional
fazendo do corpo
um lugar e de delito
um adjetivo o exame
consiste em ver e ser
visto (festas também
consistem disso)
laura tem um corpo
e um nome que lhe pertencem
laura de vermont presente!
foi assassinada pela nossa indiferença
e pela polícia brasileira
tinha 18 anos
Malograr
O significado de malograr é:
provocar danos, estragos em; estragar, inutilizar.
O significado mais completo do que a sociedade faz
É difícil pensar que já malogrou corações alheios
Mas é difícil também ter seu coração malogrado
Malograram meu coração
O jogaram em um abismo ao qual
eu tenho tentado tirá-lo dia após dia
Eu não os culpo afinal
que coração sensível o meu
Que só quer ser escutado
e poder escutar alguém
O ser humano precisa de alguém na vida
Precisa de carinho, amor, abraço e dar uma saidinha
Seja com um amigo querido
Ou com alguém desconhecido
Ir ao shopping, ir ao parque, ou ir viajar
Coisas que irão ser de arrasar
Ter momentos inesquecíveis
Fazer todas as coisas serem impossíveis
A pessoa que esteve no seu lado vai olhar pra você
Pensar que foi o melhor momento da vida dela
Agradecer por tê-la levado contigo e vê
Que você é uma pessoa incrível e que deseja tê-la
Precisamos de alguém na vida pra amar
Pra beijar, pra acorda no lado dela e agradecer a deus
Por ter ela na sua vida que você queria destroçar
Mas ela chegou pra resolver os problemas teus
Ser feliz não é só ter alguém
É viver, é sentir, é sonhar, o que você tem, oque sente, e oque quer na vida
Se eu estou com sede
Eu não sou a sede
Se eu estou com fome
Eu não sou a fome
Se eu estou com raiva
Eu não sou a raiva
Se eu estou feliz
Eu não sou feliz?
A cor do amor
Emprestei do arco-íris
as mais belas cores
Para pintar o amor que
por ti devoto
Juntei o divino pincel
Pedi ao Sol seu brilho
E por tela tive o céu
Insensata ousadia
Impossível representar
Inútil momento
Ou sequer esboçar
Vil fragmento
O sentimento de
Te amar.
Talvez
Talvez eu te esqueça
E desista, pare de insistir
E enfim não te mereça
E a deixe então partir
Talvez eu te esqueça
E já não sonhe mais contigo
Sequer queira ser um amigo
Te tire da minha cabeça
Talvez eu te esqueça
E jamais volte a lhe falar
E a razão então prevaleça
E eu já não queira te amar
Talvez eu te esqueça
Até com certa altivez
E outra eu conheça
E então feliz eu seja
Talvez, apenas talvez
BORBELA
A borboleta amarela
Saiu de uma aquarela
Para um dia de Cinderela
Nunca vi coisa mais bela
Voou em glória só dela
Espalhando pó de pérola
Todos encantados por ela
De pé aplaudiram Borbela
Tudo acabou num segundo
Caiu por terra o seu mundo
Findou a hora encantada
A borboleta voou pela janela
Deixando um rastro de brilho
Do pó de suas asas caído
FLOR EXÓTICA
Alcachofra, flor exótica
Flor comestível
Saiu do canteiro
E foi para a mesa
Da família das margaridas
E também do girassol
Em vez de embelezar
sua preferência é mesmo
mostrar sua eficiência
No combate a tantos males.
Inclusive o colesterol
Assim é a alcachofra
Planta medicinal
e de rico poder nutricional
Desde a antiguidade
Eficaz na fabricação
De tantos medicamentos
Haja visto que tem até coração
Para alguns deliciosa
Para outros planta sem emoção
Consideram comê-la um tédio
Embora tenha efeito de remédio
Alcachofra
Iguaria exótica
E também afrodisíaca
Nunca a experimentei
Mas digo que não gostei
Tal criança mimada
Que faz careta, torce o nariz
Diante do prato de brócolis
Dizendo que nunca gostou
Mas também não experimentou
Infortúnio
Ela está cansada não suporta mais esse flagelo
Passou por muitas coisas não suporta mais esse desgosto
Com raiva tem vontade de se livrar deste encosto
Seu ódio anda lado com sua contrariedade
Ela não que mais saber de calamidade
Ela não agüenta mais toda essa tribulação
Chegou a hora dela entrar em ação
Revigorante
Dormir.
Sonhar.
Olhar o céu, a lua, as estrelas.
Sentir o vento.
Abraçar.
Sentir que tem alguém do seu lado. Amizade. Apoio.
Descobrir que não era tão pesado o quanto você imaginava. Alívio.
Banho. Se purificar.
Ouvir sua música favorita e se ver nela, se entender nela.
Abraçar, sorrir e brincar com uma criança.
Parar para ouvir, de verdade, os pássaros cantar.
Estar no seu aconchego. Quarto. Cama. Colo de quem ama.
Acreditar que é possível e conseguir realizar.
Ficar cara a cara com um medo. Enfrentar. Bater um papo e sentar para conversar, não precisa virarem amigos, mas apenas se entenderem, quem sabe fazer um acordo.
Ouvir o barulho da chuva quando nada mais importa.
Viver.
E não apenas sobreviver.
Aprender uma coisa nova. E se dedicar.
Entender a maravilha do mundo, mas aceitar o sofrimento da vida.
Começar.
E terminar.
Não só falar.
Por em prática.
Sorrir. Sorrisos sinceros. Perceber que ainda há motivos para sorrir.
Se encantar.
E nunca perder a magia de se apaixonar pelas coisas mais belas da vida. Se perder nelas e se encontrar.
Ganhar. Saber perder.
Recomeçar.
Ter força para tal e sempre seguir em frente, continuar...
A vida sempre continua.
Não se perde os seus momentos mais importantes e revigorantes quando se está presente.
Tudo é
O que ali está
E o que ali está
Nunca mais acaba
É o concreto absoluto
E quase insuportável
De quem viu claramente visto
Como um danado
Cada detalhe vive
Inteiro
Íntegro –
Sua importância é igual
Ao inteiro mundo
O mistério dos mistérios
Ali está
Visível
Manifesto
Mas ninguém sabe o que é
Eu amava, na real eu amo
Na verdade gostava, bom eu ainda gosto
Eu era apaixonada, eu ainda sou
Mas no final tudo isso se chama amor
Eu poderia ter todos gatinhos na minha casa
Pra cuidar e me sentir aquela velha louca cheias de gatos
Mas não adiantaria fugir da única coisa que me deixou.... os rastros
Você foi embora, mas deixou pegadas,
E ca estou eu querendo saber se mudou o número que calçava
Fui apegada, agora me sinto como devesse largar
Ouço melodias do som das ondas quebrando
Me pergunto se todos esses pensamentos significa que estou desapegando?
Mas do que eu poderia desapegar?
Desapegar de me pegar imaginando seu sorriso idiota?
Desapegar de lembrar das noites tardes que fui ao seu encontro?
Desapegar da forma louca que penso em te agarrar?
Será que é desapegar das memórias?
Como seria acompanhar o ritmos das ondas indo e voltando? Elas me parecem amores que passam em nossas vidas, vão e voltam cada vez maior ou menor, depende da força do vento parar criar a onda, então significa que depende da situação que trouxe a pessoa em nossa vida para saber o quão profundo vai ser meu sentimento por ela?
As vezes penso que a melhor onda que surfei e que o vento me trouxe com todas as forças foi você, e o mais triste foi que você fechou antes mesmo de eu terminar de pegar a onda....
Um vez alguém me disse algo interessante
Se no universo existir diversas dimensões de nós mesmo, significa que algum “eu” meu encontrou o amor.... acho que o meu “eu” dessa dimensão nasceu para ser a velha louca cheia dos gatos
Jovens com mentes limitadas e incapazes de mudarem; É isso que eles pensam de si mesmos.
Mentes tomadas pela dor e sofrimento que são fruto de uma mágoa e vidas infelizes.
Completos por dinheiro, beleza e amigos, mas vazios de atenção, saúde mental e alegria.
Pensamentos que para uns são apenas drama, para eles são o caminho daquilo que eles chamariam de felicidade. Onde os problemas somem e eles conseguem sorrir para o mundo, que fora perdido.
Não é culpa da educação, não é por ser mau-agradecido, é por ser uma doença que ninguém é capaz de escolher. É por ser vazio e ninguém perceber.
Quem sou eu além de uma menina de eterno coração partido
Por mim mesma
Criança sem balanço
Sozinha na gangorra
Ouvindo músicas na noite vazia
Pensando no nada que me representa
Enquanto me escondo da lua
De vergonha
No peito apenas a coragem de partir
E na mente as correntes que me enjaularam durante todo esse tempo
Quem sou eu além de uma menina de eterno peito cheio
Vagando pela manhã a procura de algo que me transborde
Que me derreta
Vagando no desconhecido do tempo
Fugindo e correndo atrás do passado
Criança solta
Presa
Presa entre o dinheiro e a liberdade
Entre a liberdade e a solidão da noite
Mais uma vez
Livre e só
Sendo o que o coração manda
e que a mente arrebata
Boa e má
Má com o que pensa
E boa com o que faz
Sendo martelada nos pés
E amarrada pelas mãos
Mas a coragem que hoje encontrei
Que hoje me representa
Vai me fazer sorrir amanhã
Como se nada tivesse acontecido
Sorrindo embaixo do sol
E me esquivando embaixo da lua
Porque quando o frio bate
O coração quente pela luz do dia
Congela
Devagar
Rápido
Devagar de novo
A lentidão da vida me faz caminhar observando o mundo
Enxergando tudo
Mesmo precisando de óculos
Mas meu coração sempre enxergou melhor do que meus olhos
Estando tão cega
Nunca enxerguei o verde tão bem
O roxo da flor
O amarelo do piso
Os buracos na calçada
As pessoas
Seus olhares
Eterna andarilha arrependida
Mas livre
Tão livre
Voando junto ao vento
E contra o destino
Dizer o obscuro
Assim como Orfeu, toco
a morte nas cordas da vida
e ante a beleza do mundo
e de teus olhos, que comandam o céu,
só sei dizer o obscuro.
Não esqueças que tu também, de repente,
naquela manhã, teu leito
ainda úmido de orvalho e o cravo
dormindo perto de teu coração,
viste o rio obscuro
passar por ti.
A corda do silêncio
estendida sobre a onda de sangue,
agarrei teu coração soante.
Tua mecha se transformara
em sombrio cabelo da noite,
os flocos negros da escuridão
cobriram teu rosto com neve.
Mas não pertenço a ti.
Agora lamentamos os dois.
Mas assim como Orfeu conheço
a vida ao lado da morte,
e me parecem azuis
teus olhos fechados para sempre.
Madeira e lascas
Não quero falar das vespas,
pois são fáceis de reconhecer.
Nem as revoluções correntes
são perigosas.
A morte na sequência do ruído
foi desde sempre decidida.
Preocupe-se, sim, com as efemérides
E as mulheres, com os caçadores de domingo,
os cosmetólogos, os indecisos, os bem-intencionados,
com os jamais atingidos pelo desdém.
Das florestas carregamos gravetos e troncos,
e o sol demorou a brilhar para nós.
Em êxtase com o papel na linha de montagem
não reconheço os galhos,
nem o musgo, fervido em tintas mais escuras,
nem a palavra, talhada em córtices,
real e atrevida.
Usura de folhas, letreiros,
cartazes negros… De dia e de noite
estremece, sob estas e outras estrelas,
a máquina da fé. Mas na madeira,
enquanto ainda está verde, e com a bílis,
enquanto ainda está amarga, sigo
disposta a escrever o que era no início!
Tratem de ficar acordados!
A marca das lascas que esvoaçaram avança
com o enxame de vespas, e na fonte
arrepiam-se face à tentação,
que primeiro nos enfraquecia,
os cabelos.
Encontrei Minhas Origens
Encontrei minhas origens
em velhos arquivos
livros
encontrei
em malditos objetos
troncos e grilhetas
encontrei minhas origens
no leste
no mar em imundos tumbeiros
encontrei
em doces palavras
cantos
em furiosos tambores
ritos
encontrei minhas origens
na cor de minha pele
nos lanhos de minha alma
em mim
em minha gente escura
em meus heróis altivos
encontrei
encontrei-as enfim
me encontrei
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