Poemas de Deuses do Amor
Ontem eu me via sem sorte
Sem direção, amigo da morte
O destino queria somente o medo
As palavras desenhavam este enredo
Num coração vazio, escuro de ilusão
Tudo parecia enorme, uma imensidão
Queria desistir nesta circunstância
O horizonte estava sem fragrância
E neste sentimento de abandono e dor
Percebi que maior era o meu amor
Romaria
Acordei e vi que hoje era mais um dia
Mais um dia destes qualquer
Que o destino escreve à revelia
Com horas, minutos, segundos tudo que o dia quer:
Manhã, tarde, entardecer
E não é que o dia foi igual aos outros dias
No acontecer!
Contudo porém, foi mais um dia, de silêncio, gritarias, solidão, companhia (meu agradecer)
É a dádiva da existência que anoitece para mais um novo amanhecer
Até quando o dia me deixar nesta romaria...
Meu tempo
Meu tempo se faz acelerado
Muitas vezes, também, lento
Meu tempo por mim temperado
Nas cores das rajadas do vento
Tempo, meu tempo tão atento
Que num piscar de olhos é raio
Num simples sorriso sedento
No afago doces brisas de maio
Este meu tempo do tempo ao tempo
Das nostalgias sem tempo de alistar
Do tempo de saudade ao relento
Não perde tempo só quer amar
Se o tempo é o dono do meu tempo
O meu tempo no tempo quer se libertar
Pra isto no tempo tenho contento
Fazendo do tempo, tempo de poetar
Oh! Tempo do meu tempo
Traz pra mim mais pulsação
Mais paciência e mais atempo
No meu tempo, tempo do coração...
Tu tempo do meu tempo, agitação!
PRESÉPIO FACTUAL
Na gruta de pedra fria
Sob o céu e a estrela guia
Nasce o Filho, da Mãe Maria...
Reiterada com tantas outras na favela
Entre os burros e os bois de todo o dia
Na casinha humilde de porta e janela
Os Josés e Marias de coragem e ousadia
Encenam seus presépios a luz de vela
Ornados de sonhos, ilusões e valentia
Rangendo no peito está endurecida tramela
Dos solavancos da labuta e da hipocrisia
É um povo simples, pastor, de puída lapela
No ontem, hoje a mesma analogia (Desigualdade)
O homem não sabe do amor ter tutela
Não quer na vida conviver com fraternidade.
QUANDO VOCÊ VOLTAR
Nas asas da saudade você partiu
Na bagagem promessas de voltar
Acenando com o seu triste olhar
Com um sorriso você despediu
Eu sozinho, angustiado, calado
Num vazio enorme sem você
Meus pensamentos só a ti vê
Meu sentimento está enlutado
Amor cuide-se pela estrada
Por nós, nesta ausência delirante
Saiba o que sinto é forte e constante
E quando você voltar!
Traga consigo o nosso amor
Enquanto no meu canto, velador...
Sim para o não...
Olha só...
Foi bom encontrar você
Meu coração estava de dar dó
Sozinho, e eu buscava o amor ter
Pois no para brisa d’alma nada se via
Porque ninguém no vazio existia
Ou ao meu lado desenhava alegria
E foi tão importante assim para mim
Tudo no começo já tinha fim
E no fim o não era o sim
Olha só...
Agora que te encontrei
Nos desencontros da paixão
Quero acreditar na sua emoção
Ficar ao teu lado, silenciar, deitar
Poder ser amado e a ti ofertar
Sentir a tua respiração, ser feliz
E falando em amor sou eterno aprendiz
Então, vamos deixar de lado a ilusão
Olho no olho, e dizer sim para o não...
...Pedaço de mim é poesia
Escritas em pedaços de vigor ou melancolia
Pedaço de mim é paixão
Nos pedaços do afeto onde sempre fiz alusão
Pedaço de mim é dor
Antagonizada nos pedaços da alma em louvor
Sou pedaços, parte, um todo no amor...
Pedaço de Mim...
Em cada verso sangrado, deixo um pedaço de mim
Largado nas trilhas do desconhecido confim
Da alma, que almejou sempre a emoção
Florescendo nas margens do coração
E nesta arte de rimador
Se com alegrias, fantasias, realidades ou dor
Fui sempre fiel cavalheiro
Em cada estrofe, um aparente verdadeiro
Se por acaso omisso, pura necessidade
Pra não me machucar nos espinhos da rosa
Oferecidos em verso e prosa
A cada uma das lágrimas vertidas
Das chegadas e das partidas
Traduzidas na ofertada flor
Das necessidades de um amor...
A cada uma das lágrimas vertidas
Das chegadas e das partidas
Traduzidas na ofertada flor
Das necessidades de um amor...
Deixo um pedaço de mim...
Curso
Amanhece a manhã
Numa alvorada de prece
O ontem uma escrivã
Da noite que encanece
Num novo amanhã
Que nasce e anoitece
...Tal como o suspiro carece da atmosfera
A lágrima necessitar da emoção
Em cada poema há quimera
Em cada quimera oblação...
Abraça-me...
Afeto este que me cativas
Quero um abraço teu
Sem que fale negativas
Só assim seremos um eu
No teu e no meu amor
Noite está de apogeu
Juntos como caule e flor
Onde saberei ser teu
Somente teu, amador
Num laço de emoção
Num cansaço sem pudor
Ousando sair da razão
Num sentimento forte
Sendo em tudo paixão
Dando a alma suporte
Abraça-me nesta unção
Ser criança
Na magia de ser criança
Pouco foi o tempo
Calça curta na lembrança
Saudade ao vento...
(Traz à alma alento!)...
Pés no chão jogando biloca
Banho na chuva, diversão
Finca, guaraná com pipoca
Queimada, nas mãos o pião...
(Eita! Como é bão!)...
O simples da ingenuidade
O complexo da pureza
Faz da infância felicidade
E da recordação certeza...
(Que não volta mais!)...
Tempos nunca demais
Com gostinho de querer
Outros iguais
Acompanha o nosso viver...
(Ser criança nosso primeiro aprender!)...
Soneto Amoroso
Este é um soneto amoroso
Que verseja alacridade
Recoberto de docilidade
E rimas de um olhar airoso
São versos tão teus
Desenhados nos sonhos
Aqueles doces risonhos
De momentos teus e meus
Sirvo-te em oferenda
Está tão terna prenda
De entrelaçada renda
Assim, aqui metrificado
E na alma concretizado
O amor deste apaixonado
Em suas vestes da cor do João de barro
Empoeiradas, ressecadas, ofuscando o arrebol
O cerrado, este peão árido, plano e piçarro
Hoje é sexta feira
A cerveja com cara de fim de semana
Dia de leveza, falar bobeira
Ver as horas de forma insana
Vestir a alma de anseio, de baladeira
Porque hoje é sexta feira...
Que não tem nada de santa
Pois agiganta a vontade rueira
Os goles zoeira na garganta
E os convites companheiros
É sexta feira! Somos brasileiros...
Bom final de semana!
Menino Interior
Ainda embalado pela cantiga de Natal
Minh’alma pedala o velocípede com emoção
A bola os aniversários a piorra em coral
Enfeitam a memória da minha recordação
A brincadeira de queimada na calçada
As férias esperadas com ansiedade
O pique esconde com a meninada
Escreveram histórias e felicidade
Hoje acordei pensando no meu menino
O menino ingênuo, menino pequenino
Sorridente, alegre, brilhante, divino
Este menino interior que um dia evoluiu
Perdendo-se na saudade que o subtraiu.
Desenhando o adulto que surgiu...
Ah! Menino por que partiu?
