Poemas de Conversa

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⁠TARDES NO MONTE DE VÉNUS

Naquela tarde dengosa,
Dolente,
Por fora quente,
Por dentro ansiosa,
Eram dois corpos revolvidos
Nos mais loucos sentidos
Da matéria vaporosa.

Passava uma brisa de vento
Quando ele lhe acariciou
Com a mão teimosa
A vegetação sedosa
Que ela tinha espessa e negra,
No monte de vénus, gostosa
E ele, em êxtase, beijou
Como se beijasse uma rosa.

Ela tremeu, ansiosa,
E ele osculou,
Beijou,
A entrada da mina dela
Naquela configuração
Da profundidade uterina,
E com os genes atribuídos
Ao seu aparelho de vida,
Processou
E procriou
Pela primeira vez
Um ser,
Sem até saber
Como se procedia...

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Triste Por Escrever, em 20-08-2024)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

DEFECAÇÕES DE OUTRORA E DE AGORA

Eu era um poeta
Pateta
Sem saber
Como defecar a poesia.

Agora, que julgo saber,
Escrevo sem ser poeta
Só de ver e ler
Como escrevem a poesia,
Defecada,
Com cheiro
Por inteiro,
A nada.

Salvam-se alguns da fornada.
Quase como fúnebre elegia,
A mim, só me apetece dizer:
Ó arte da fantasia
Do pensar e escrever,
Minha irmã poesia,
Diz-me: se és tudo, ou nada!

(Carlos de Castro, in Há um Livro Triste Por Escrever, em 23-09-2024)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

LOS COJONES DE SALVADOR DALI
(tradução rápida: Os colhões de Salvador Dali)

⁠Ele desenhava, pintava
E fotografava,
Esculpia
Sem esquadria
No cubismo, dadaísmo
Num surrealismo
Que arrepia.
E quando a musa obtusa
Mas sempre difusa
O inspirava,
Ele o bigode retorcia
Como um bode que está com cio
E perde o pio
De uma assentada.
Ele pintava relógios derretidos
Nos tempos cerzidos
Pelas sua memórias.
Neste desfiar de vanglórias
Lembro-me de alguém que pintou
Em telas por demais inglórias
Aquilo que ele mais amou -
Os cojones, os seus colhões
Ao dependuro.
E com razão e sentidos no duro,
Esse pintor de tomates
Espécie de Bonifrates -
Sou eu!
Fui eu!

(Carlos de Castro, in Há Um Livro Triste Por Escrever, em 02-10-2024)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠QUANDO VIERES TRAZ-ME SAUDADES

Quando vieres,
Se vieres
E quiseres,
Ó minha amada,
Traz-me uma coisa de nada...

Sabes que sou como o tronco
De uma árvore a apodrecer,
Inexoravelmente,
Implacavelmente
A sumir-se num ronco,
Que dá dó de se ver.

Ó minha idolatrada,
Desgastada
E dolorosa amiga,
Revela quem me castiga
Este lombo carcomido
Desta árvore corpo esvaído,
Sem saudades já de nada
Nesta vida desditada.

Ó amor desta emoção,
Ó minha ténue inspiração,
Quando vieres e quiseres,
Traz um coro de mulheres
Vestidas de branco ou negro
Que te satisfaçam o ego,
Encostadinhas a ti
E trazei-me saudades,
Sem vaidades,
Que até isso eu perdi.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Triste Por Escrever, em 08-10-2024)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

JURAMENTO AINDA O PRIMEIRO ( 1 )

Que me interessa ter abandonado
A vida ágria, corrosiva, pustulenta,
Se na verdade a minha fiel tormenta
O dó ré mi dum fá sem sol, é meu fado.

Eu, velho decrépito, desventurado,
Firmo na pena da água benta escrito,
O juramento deste ser proscrito,
Em nome do pai e do filho castrado.

Juro, Castro, a quem pediram pró morto
Infeliz pequenino recém-nascido,
Fruto de um amor que já nasceu torto,
Uns versinhos na lápide do ser já ido.

Angustiado, sem inspiração, fiquei retido
Se havia de escrevinhar ao casto ou doloso,
Mas eis que uma voz me gritou ao ouvido:
Escreve a verdade pura, dura e sem gozo.

E eu então, amante da pureza, escrevi:

"Aqui jaz um recém-nascido
Que jamais a luz do dia viu,
Filho de pai desconhecido
E da dama que o pariu."
..................................................................
(Já passaram quarenta e mais anos e na lápide fria da campa do infeliz inocente, encoberta, por silvas, sem a luz do sol, continua gravada, teimosamente, esta dolorosa quadra minha, que já mal se lê... mas que eu sei de cor e salteado até ao fim da minha existência...)


(Carlos De Castro, in Há Um Livro Triste Por Escrever, em 16-10-2024)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠Quando começamos a crescer, queremos sofregamente crescer, crescer até obter o estatuto de maioridade.
Que obtuso dilema, que terrível contradição é esta, quando chegados à idade da cor castanha da vida, temos aquele saudoso e inatingível desejo de querer regressar à era em que éramos inocentes, crianças na sua plenitude poética.
Comos somos uns ridículos cataventos - pobres seres, mortais.

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠RESISTÊNCIAS sei lá quantas já escrevi

Resisto,
Porque quero
E não por acaso mero,
Porque sou tão teimoso
Que até as pedras da rua
Quando me sentem mancando
Pelas dores negras e cruas
Que me vão martirizando,
E mostrando que nada valho,
Dizem em jeito jocoso:
- Que resistente bandalho!
Resisti,
A promessas de riquezas vãs,
Prometidas por gentalhas
Canalhas, com olhos de rãs;
Seres avaros, repugnantes
Com cartões de governantes,
Sei lá por graça de quem
Foi o santo que os pôs na cripta
De donos de tantas parvónias
Que mencioná-las irrita
E revolta até também
Algumas orquestras sinfónicas.
Continuo a resistir,
Ao meu relógio sem horas
Porque só me traz a desoras,
Sem saber que mal lhe fiz,
As notícias mais pandoras
Deste meu ledo País.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Triste Por Escrever, em 17-11-2024)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠QUIÇÁ TALVEZ PORVENTURA EU FORA DAS REDUNDÂNCIAS PLEONÁSTICAS OU O MESMO DO IGUAL SEMPRE

Será que vim das profundezas
Das rochas eruptivas magmáticas
Nos subsolos de seres estranhos
Encobertos em caras de putos
Com máscaras carnavalescas
Em poesias de rachas quentes, porém
Sem rima, mas sempre frescas.
Rimou uma, acaso meu, sem certeza
Se nasci em Marte ou nas Áticas
Das civilizações helénicas dos espertos.
Nasceria eu na Ásia dos Sete Mares
Das mil e uma noites dos pensares
Quando Sinbad, o marujo, por ali ferreava!?...
Tudo mentira, porque eu nasci aqui,
Na Chamusca de Argoncilhe,
no Bairro Pobre da Ilha das Canárias,
Da Feira de Santa Maria.
Minha parteira da miséria, particular,
Tinha por graça ser
Elisa Santa Ouvida -
-Deus a resguarde e não lhe apague a Luz.
Disse-me sempre ela, em bondade:
Que veio uma cegonha que poisou na Serzelha
Na fonte velhinha, para beber água pura, cristalina;
Subiu às Canárias e me deixou já embrulhado
E tudo, ao lado de minha mãe no leito pobre.
Acreditei no milagre até alguma idade da inocência.
Hoje, não acredito em nada.
A parteira morreu.
A cegonha dizem que nunca mais se viu.
A Fonte da Serzelha já não dá água pura.
E eu, finalmente, consegui casar com um poema
Que não rima,
Lá dizia a minha prima (quando lhe arrimava...)

(Carlos De Castro, in Há um Livro Triste por Escrever, em 14-01-2025)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠A minha calma, visto isso,
faz nervos a muito boa gente.
Vou ter de ser mais nervoso,
para que os outros possam
ter mais calma.

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠MELANCOLIA

Cai a tarde lenta em brasa,
Num céu de mar ondulante,
Enquanto este vai e vaza,
Meu coração está distante
Pensando em ti, ó sereia
Que vi uma vez ao luar,
Em noite de lua cheia
Nas águas de prata, a rolar.

Que saudades sobre o mar
Meu coração lá deixou;
Tristezas de fazer chorar...

Enquanto eu não encontrar
Esse amor que lá ficou,
Farei na areia um altar...

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Triste Por Escrever, em 08-03-2025)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠MISTÉRIOS DE VIDAS

Só agora soube, soube mesmo agora -
Não ser o tal - o outro, quando nasci;
Enganei a mãe e meu pai pela vida fora,
Face à razão de uma vida que já vivi
E desta outra minha que tão triste chora
Por aquela já passada que nunca senti.

(Carlos De Castro, In Há um Livro Triste Por Escrever, em 15-05-2025)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠ABRENÚNCIO Ó ALMAS PENADAS E OUTRAS PANADAS

Naquele tempo
De um tempo
Em que não havia tempo
Para pintar,
Eis que veio uma mão suja
Com bico de coruja
Das tintas dos tempos
E dos tormentos
Que dava só em pensar...

Teimosa mão pintou
Na tela do meu peito
Uma vereda de árvores negras
Onde copulavam pegas
A torto e sem direito
Num sentido único que ficou
A ser como que metamorfose
De um destino feito osmose
Mesmo sem água,
Só mágoa
Ao natural,
Nada de solvências de sal...

Ainda hoje eu mostro este peito
A quem queira ver a pintura
Que aquela mão suja e impura
Gravou para sempre sem jeito
Este quadro malfeito
De uma vereda de árvores negras
Onde copulavam pegas
A torto e sem direito.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Tão Triste Por Publicar, em 08-07-2025)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

**Mulher, Guerreira do Mundo**
Mulher, flor que brota no concreto,
Com alma de fogo, coração repleto,
Carrega em seus ombros o peso do céu,
Luta sem medo, enfrenta o véu.
No silêncio da dor, sua voz ressoa,
De um universo que a vida entoa,
Como chaminé que não se vê,
Seu poder é imenso, não se pode conter.
Guerreira, mãe, amiga e amante,
No brilho dos olhos, um olhar distante,
Com as mãos calejadas, ergue a esperança,
E com passos firmes, dança a mudança.
No calor da vida, sua força é vasto,
Cada ferida é um pedaço de contrato,
Ela ressurge, mais forte que antes,
Mostrando ao mundo que é grande em instantes.
Mulher, és poesia viva no ar,
Nos detalhes, nos gestos, no amar.
Valorizar-te é apenas o começo,
Porque em ti reside o nosso progresso.

A nossa alma é um livro, escrito no tempo,
Cada página um sopro, um breve momento.
A poesia da vida se escreve sozinha,
Com tinta invisível, em linha por linha.
Reclamamos do vento, da chuva, da dor,
Esquecemos que a vida é feita de cor.
Não basta palavras jogadas ao ar,
Se o coração não aprende a amar.
Não é só beijo ou palavras no papel,
O amor verdadeiro é puro, é fiel.
É sentir a dor que não é sua,
É ser luz na noite mais nua.
Entender a vida é mais que existir,
É ver além, é saber dividir.
É ser esperança, é ser emoção,
É ter atitude, é dar sua mão.
Que cada verso seja um despertar,
Que cada alma aprenda a amar.
Pois viver é mais que apenas passar,
É deixar no mundo um brilho a iluminar.

tempo e com os erros:
**Vidro Quebrado**
Nossa alma, como vidro sem direção,
Perdida na busca de um novo chão,
O tempo passa, e mal se nota,
Que o cristal da vida se despedaça, e aflora a dor na rota.
Caminhamos, sem saber,
Errando em passos, sem entender,
Os erros se acumulam, como cristais quebrados,
E o coração, por vezes, fica marcado.
Cada falha é uma rachadura,
Na estrutura da nossa alma, que se mistura
Com a dor e a saudade de quem fomos,
Mas a vida, em sua curva, nunca perdoa os gritos mudos.
O vidro da alma, em sua fragilidade,
Reflete a beleza e a crueldade,
Do amor, da perda, do passo incerto,
Onde o coração ainda busca um porto aberto.
E o que sobra depois do impacto,
São cacos que brilham, mas ao mesmo ato,
Mostram a dor e a superação,
De um ser humano que vive em reconstrução.

⁠O Espelho da Alma
No reflexo da alma, há um brilho sincero,
Um mundo de sonhos num olhar tão sincero.
A vida é um verso que canta ao vento,
Feito de escolhas, de cada momento.
Esquecemos, às vezes, do dom de amar,
De olhar para dentro e se reencontrar.
A vida não é só pressa e dor,
Ela é feita de fé, de carinho e calor.
Quantas vezes o amor nos fez chorar,
Mas mesmo feridos, seguimos a amar.
Pois a alma transborda, não se limita,
É chama que brilha, é luz infinita.
Então escreve, irmão, seu próprio poema,
Deixa que a alma revele o tema.
Pois cada sorriso é um novo refrão,
Cantando a vida, pulsando emoção.

⁠O céu ⁠de hoje é laranja
Montanhas que se misturam entre nuvens
Escrevo outra vez o meu futuro
Com sabor de deserto
Eu sinto falta desses ventos
Sua voz ecoa na imensidão desses montes
Tua grandeza nos grãos de areia
Agora sou escriba, my husband and ouro سليل...

Inserida por ARRUDAJBde


A estrada é um livro aberto de terra,
onde a alma escreve passos,
sem título, sem ponto final,
só versos
entre curvas e silêncios.

Inserida por vilsondealmeida

⁠Bloco de gelo


Olhando para o horizonte alaranjado eu tinha como companhia apenas as ondas do mar, o barulho suave dos pássaros e as verdades do passado recente,
Um trauma vivido, uma dor continua, o respirar quase sem sentido,

Na areia vi a marca dos teus pés lindos, o som ouvido ao fundo me trouxe até três semanas atrás; estava tudo tão perfeito entre nós, éramos dois seres renascendo a cada longa época de tempo,

Ver teus olhos me dizendo o quanto era bom viver cada momento, foi mágico; sentir teu corpo era uma iluminação de sentimentos e sonhos anteriores realizados,

A cada segundo uma conquista no meu coração era comemorada com aplausos e muitos fogos,

Até que...

Não entendermos os porquês das perdas revela nossa fraqueza em espírito,

Sim, me sinto sem roupas, sem alma, acho que nem existo mais, talvez eu seja apenas uma sombra cansada de um corpo em forma de um iceberg,

O ponto que me mantém acordado é olhar com lágrimas para o horizonte imaginando que depois daquela manhã nós iremos novamente nos encontrar.

Na vida você foi tudo,
Hoje eu não sou nada,
No amanhã distante seremos novamente o amor mais puro que esse mundo já viveu.

Inserida por Ricardossouza

⁠A deriva

A carne é santa ao mesmo tempo que é dinâmica e age na rebeldia,

Secreta, sagaz, solitária, fugaz, voraz na fulga, no poço è tenaz no despertar,

Sonoros são os desejos, tempestuosos são os significados,

Em terra ou mar o destino alimenta e da asas ao tempo que se perde em sensações e sentimentos,

Do carvalho ao baobá a carne ganha força e reage com vigor juvenil aos nuances e dejavus da vida,

Perdida na sede e na fome, vive intensa na arte de navegar entre corpos, paixões e lembranças.

Inserida por Ricardossouza

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