Poemas de Conversa
Há um alívio secreto em se jogar sabendo que existe chão. Não falo de certezas — certezas são para quem teme a vida. Falo do chão que nasce dos próprios pés, esse solo íntimo que a gente aprende a cultivar depois de tantas quedas que já nem sabemos mais qual doeu primeiro.
É libertador sentar no meio-fio sem medo de parecer deselegante. Elegância, no fim, nunca esteve na pose, mas na coerência interna. Prefiro o cimento quente da rua me lembrando que continuo vivo do que qualquer palco que exija um personagem. Às vezes é no meio-fio que o coração finalmente se endireita.
Vestir-se de si exige propriedade afetiva. É colocar no corpo — e na vida — as camadas exatas do que se é, mesmo quando isso desagrada expectativas alheias. Sustentar as próprias escolhas é um tipo de musculatura moral: dói no começo, treme no meio, mas mantém a coluna da alma ereta.
E nas crises, é preciso gentileza. Respeitar-se como quem protege algo precioso. Gritar pra dentro, chorar pra fora, respirar onde der. Permitir-se ser humano sem desmerecer a força que existe no próprio caos.
Nas dores, ser colo. Nas alegrias, ser testemunha. Em ambas, gostar de si como quem aprende, depois de tantas tentativas, que o amor-próprio não é um estouro, mas um sussurro persistente que nos chama pelo nome quando o mundo tenta nos esquecer.
A verdade é simples e devastadora: a vida não fica mais leve, é a gente que fica mais inteiro. E quando finalmente sabemos que há sempre um chão — mesmo que seja o das escolhas que sustentamos com o peito aberto — o salto deixa de ser risco e vira rito.
Rito de fé.
Rito de coragem.
Rito de ser exatamente quem se é.
Há dias em que algo dentro da gente desperta como quem encosta a mão numa ferida antiga e, pela primeira vez, não recua. Vem uma lucidez quieta, dessas que não fazem barulho, mas deslocam tudo por dentro. Uma compreensão branda de que a vida é feita de tentativas — algumas inteiras, outras tortas — e que não há vergonha alguma nesse descompasso.
Fiquei pensando no quanto a gente insiste em sustentar a pose de quem acerta sempre, quando, na verdade, o amor se constrói é na hesitação. No passo em falso. No gesto que sai pela metade, mas ainda assim diz tudo. Amar é caminhar sabendo que o chão cede, que o corpo treme, que o coração desobedece. E, mesmo assim, continuar.
Há algo de profundamente humano em admitir que não damos conta de tudo. Que tropeçamos nos próprios medos, que às vezes derrubamos o que queríamos proteger. Essa honestidade silenciosa — a de reconhecer nossas bordas — abre um espaço onde o outro pode respirar sem performance, sem armadura, sem exigência de perfeição.
No fundo, acho que a beleza está nesse acordo invisível entre dois inacabados: a permissão de ser falho sem ser abandonado. A coragem de mostrar a rachadura e confiar que ela não será usada como arma. O abrigo construído não pelo acerto, mas pela delicadeza de tentar de novo — e de novo — mesmo sabendo que não existe garantia alguma.
E talvez seja isso que mais me atravessa: a percepção de que falhar não nos faz menores. Às vezes, é justamente o que nos torna verdadeiros. Porque só quem aceita o próprio desalinho consegue amar com profundidade — e permanecer, apesar das quedas, com uma força que não se aprende, apenas se vive.
Quando cientes
de nossa missão nesse mundo, deixamos de ser
um símbolode resistência
e nos tornamosum
modelo desuperação!
Quando os 'deuses da razão'
tramam nos punir,
eles atendem nossas preces!
Não com aquilo que desejamos,
mas com aquilo que
precisamos!
O objetivo da vida
não é ser feliz; é ser útil!
Na verdade, é essa percepção de utilidade que nos permite
ser permanentemente
felizes!
Ter consciência do divino,
não significa dobrar joelhos a qualquer
personagem ou doutrina...
Mas continuamente revestir-se
de consistentes saberes - dos graciosos
hálitos da prudência - que
nos mantenham de pé
e caminhando!
... a suprema
missão do espírito é despertar
e potencializar conteúdos
e atitudes que, sobretudo,
o testemunhem digno
de espírito!
... imprudente
solidão é a que nos afasta
de nós mesmos...
De tudo que já somos; tudo que
lutando já conquistamos; e,
não poucas vezes, nos
esquecemos!
Quem
tolere o mal
como se toda finalidade
justificasse os meios empregados;
contribui no alastramento
de sua aura doentia,
devastadora!
É parte da cura
o firme desejo de ser curado,
diz o honrado Sêneca!
Logo, não há porque nos
afeiçoarmos a certos hábitos
e deformidades
que apartados de mínima
sensatez, tão só nos
adoecem!
Nunca esperes
por condições favoráveis
para realizar o que
desejas - na verdade, caberá
a ticriá-las, como um primeiro
passo na feitura daquilo
que ambicionas!
Saiba, caro amigo,
que 99% do que cinge
teu espírito; do que harmoniza
e estimulatuas mais caras
competências, teu senso realizador,
permanecem intocáveis,sem uso...
Logo, não te subestimes
nem desanimes diante da vida:
floresça o que te falta
e viva!
... um gesto de perdão
evidencia a virtuosa estatura
de um Ser... E, aos ora acolhidos por
misericordioso aceno, a chance de
remediar suas criadas demandas e
deslizes - ainda que, em muitos casos,
resgatados mediante o amoroso
bálsamo da contrariedade
e da dor!
... a Verdade
enquanto verdade não hesita,
tampouco se contradiz - sequer
acata viciosos jargões, os fortuitos
maldizeres que presos a sinuosidade
dos maus hábitos e imperfeições,
tramam criar brechas e pretextos - os
mais febris artefatos, no intuito
de maliciosamente
contestá-la!
... e quem passe a vida
juntandoe acariciandopróprios
'cacos'e mágoas, unicamentealimenta
e perpetua omais vil e embaraçoso
dos desamores...
Na medida em que raramente
observa e mesmo desconhece as especialíssimase singulares
'inteirezas'
de si!
Aos olhos
do nosso Criador não existe
o grande ou o pequeno; o
mais sábio ou os que ainda penam
por respostas - como não existirão as grandes ouas pequenas obras...
O que na verdade existe
é o justo e necessário atribuído
a cada espírito - portanto se apegue
e viva o necessário
de cada dia!
... não é
preciso ser perfeito
para que um bem maiorpossa
acontecer; prevaleça!
Necessário é reconhecer e viver
o bem por todos meioseeficiência
que sejas capaz - e,por tal
atitudealcances a
perfeição!
... tão logo
reconheçam os homens que
não são meros coadjuvantes, mas
legítimos protagonistas da sua
própria história - as temerárias
complexidades do viver, não mais
acomodarão tanto
peso!
... mais do que
lamentar nossos fracassos,
sejam os presentes ou pretéritos
na verdade, estamos adiando
melhores soluções as nossas
vidas!
... grandes ideias
são as capazes de - vencendo
todos os limites e contradições
de mentes emundos - redobrarem-se
em tantas eoutras grandes ideias...
Do contrário, resultarão em
dogmas inexpressivos
comprazos de
validade!
