Poemas da Juventude de Paulo Coelho
Quando chegaste ainda não éramos. Foi preciso começarmos a ser para existirmos. E devagar, bem devagarinho seguimos pela estrada. Estradas diferentes. As existências fazem-se por estradas que fazemos, de alcatrão sujo e brita pontiaguda. Pés exangues, por vezes. De fadiga e esperança, de alma cabisbaixa e bonança, a estrada vai-se ladeando. Colhemos e desapegamos. Avançamos e deixamos para trás. Paramos e andamos, mas parados andamos. E chegamos, um dia. Assim, sem esperar, como se houvesse um terceiro dia. Ainda não éramos e, no entanto, poderíamos então sê-lo. Juntos. Fizemos estradas de iluminação até à madrugada.
E somos. Já somos uma nova estrada de duas vias, indo na mesma direção.
De mão dada, somos a estrada.
A despedida e o reinício
Beijou-me a face
Com ar de despedida
Com os olhos acompanhei-a partindo
Fomos felizes, eu sei...
Rimos, cantamos, dançamos, brigamos e até choramos...
Mas agora é o fim...
Volto o olhar para o horizonte
Há um novo interesse,
Um novo desafio, uma nova conquista,
Novas oportunidades...
Tão lasciva, ali em minha frente,
O momento me convoca a provar,
Não há como negar
Embriagado pelo seu encanto
Serão 366 dias de pura tentação, de amor, de inspiração!
Cante poeta... dance, cultive esse novo romance, não te negues...
deixai que esses encantos te levem...
sabe lá pra onde!
Silencie...
Temos que aprender a silenciar...
Controlar essa necessidade de querer controlar os outros... Não conseguimos nem manter o nosso controle, e queremos controlar os outros...
O pior é que nós nos aborrecemos quando os outros fazem o que querem, e não o que achamos certo ou que nós queremos...
E aí falamos, criticamos e não percebemos que assim, destruímos a harmonia, o prazer de ficarmos juntos...
Viva e deixe viver... Quer voar? Voe! Mas não obrigue os outros a voarem...
É necessário silenciar diante das escolhas dos outros, lógico que podemos até ajudar, aconselhar, mas não podemos nos aborrecer se não formos ouvidos... Cada um viverá as experiências que necessita viver... E se ele errar, vamos ficar de prontidão com os braços abertos... Você nunca errou?
É importante aprender que cada um carrega a sua bagagem de experiências...
Uns madrugam e outros dormem até tarde... Quem está certo? Você? Hummmmm...
Observe que há momentos em temos que aprender a conviver, trocar, mas não devemos impor... Isso não dará certo. Ninguém gosta de ceder o tempo todo, uma hora vai explodir...
Silencie e observe-se!
Ouça um pouco... Dois ouvidos... Dois olhos... Uma boca que parece uma metralhadora de palavras... Controle-se...
Aprenda a observar e perceba que cada um é livre para decidir... Caminhar juntos é uma opção individual de cada um... Tem que ser bom para todos...
Perceba que as palavras mal colocadas podem terminar com a harmonia... Reflita antes de falar ou mandar...
Observe se você está sempre querendo impor-se, pois isso não é bom... Perceba que o contrário, também não é bom... O equilíbrio é sempre a melhor saída...
Tem hora para ouvir... Tem hora para olhar... Tem hora para falar... Tem hora para silenciar e entender que,às vezes, o silêncio vale mais que mil palavras...
COMPANHEIRISMO
O verdadeiro companheirismo, não é andar juntos de mãos dadas, mas juntos por uma aliança.
HOMOFOBIA
Homofobia é uma palavra que transmite mais a ideia de punir alguém que ofendeu, do que preservar o direito de quem foi ofendido.
SALVAÇÃO
Salvação não é uma apólice de seguro contra o fogo das labaredas do inferno, salvação e um novo viver em Cristo cujo reflexo faz o homem sentir-no céu, mesmo estando na terra.
A FORÇA DE UM HOMEM
A verdadeira força de um homem não está nos braços, nas pernas e nem em outra parte do corpo, mas escondida atrás da fraqueza.
FOFOCAS
Descobri o nome do demônio que atua nas igrejas usando crentes para fazerem fofocas e falar mal do irmão, da igreja e seu pastor, o nome dele é "Zé tititi."
BAGUNÇA
Houve fina garoa sobre a poça
Que até então já aquietada
Sossegara brincando após
O primeiro chuvisco na praça
E assim enchendo-se novamente de chuva
Dessa vez na calmaria da rua
Transbordou vagarosa pelo declive
Ensopando as falhas entre as pedras
Cantante e desperta como toda água
Mansa, esguia, boa, límpida e fria
E lá embaixo depois de alguma andança
Espalhando-se feito enxurrada
Na lama do paralelo ao pé da calçada
De novo em descanso deu de cara com a lua
Espelhando-se em si de felicidade
Toda melada em risadas descontraída
Entra o vento apressado afeito criança
Nessa profusão de imagens fazendo bagunça
Rodopia e sacode lambendo a paisagem
Tremulando áspero entre ondas
As surpresas amigas que entredizem
- A que ponto chegamos, querida!
RECUSAR OU RESISTIR?
"Uma coisa é você recusar porque não quer, o que foi o caso de José; outra coisa é você resistir porque não pode, o que foi o caso de Sansão. Assim quando digo não posso, um dia sempre acaba podendo".
Primeiro
Dia de aula,
Dente arrancado,
Exame médico,
Beijo!
Dá frio na barriga,
borboletas no estômago,
arrepio na orelha
(nessa e em outras ordens).
A vontade é pular,
passar pro próximo,
correr, correr...
Mas a pressa é má conselheira,
inimiga da formação,
pois, de todos os passos,
o que mais importa
é o primeiro.
Aconcheguei-me a um quarto de mim
E para ti deixei três quartos de liberdade
Para em ti encontrares o teu abrigo
— Somos a casa: estás comigo.
Um dia, descobrirei no fundo da arca das palavras as mais belas sedas das sílabas. Prometo encontrar os arrepios da pele na pluma das brisas.
Quando chegar esse dia, poderei então tecer as tuas noites com fios de lua. Moldarei o planisfério na espuma do teu corpo com melodias de estrelas e cometas.
Um dia, do fundo da arca das tuas palavras.
2017
Viver mais e melhor é viver com menos, muito menos.
Aprende a ser mais e a ter menos.
Luta mais por Ser e Menos por Ter.
"Borboletas no estomago"
Em harmonia com meu coração
As borboleta dançam as batidas
A vasta e gélida sensação me consome ao seu olhar,
Mais que nunca as borboletas dançam,
E o ritmo das batidas aceleram.
Conquanto as borboletas são frágeis,
Frágeis ao sentimento,
Frágeis a melancolia,
Frágeis ao seu gelo,
Então, elas morrem.
Desafio qualquer político a não mais se referir à economia como estando em perigo, num momento tão duro e fatal para a humanidade.
A economia recupera-se, mas nenhum político poderá alguma vez recuperar a vida dos seus cidadãos.
Falemos, isso sim, com veemência,
em ECONOMIA DE VIDAS HUMANAS.
SOLIDÁRIOS & SOLITÁRIOS
Se ainda não leram o “Fenómeno Humano” do jesuíta e filósofo francês Pierre Chardin (1881-1955), recomendo vivamente. Teilhard de Chardin foi uma “persona non grata”, na sua época, tendo sido ostracizado pela Igreja, de um lado, e pela Ciência, do outro, e acabando por ser submetido ao exílio na China.
Só mais tarde, com João Paulo II, Bento XVI e, mais recentemente, pelo Papa Francisco, é que a sua obra foi reconhecida e citada.
Deixo-vos descobrir livremente o autor e a sua obra. Apenas desejo realçar uma simples e curta frase da sua autoria: “a alma humana é feita para não estar sozinha.”
De facto, não viemos a este mundo para nos sentirmos sós. Viemos, tal como todos os seres humanos, com uma força invisível que nos une. Uma certa magia grandiosa nos liga, nos prende e nos vincula. No fundo, acabamos por não estarmos sós. Como podemos sentir-nos sós, quando conhecemos o caminho similar e tão profundo da condição humana?
Hoje, com a pandemia que assola o mundo, sentimos que essa força tão viva, tão acesa e tão frágil está presente.
Cada vez estamos mais próximos uns dos outros, porque um mesmo desígnio anda a planar sobre as nossas almas. E cada vez mais sentimos a necessidade do calor humano, do abraço, do beijo, do olhar, do diálogo, da compreensão e da solidariedade de todos. Sentimos a necessidade profunda de dar e de receber, não de bens materiais, mas sim de afetos, de amor, de vida!
Hoje, começamos este caminho individual e global; esta aventura de nunca nos sentirmos sós, mas de nos sentirmos UNOS, mais do que nunca. Mais do que nunca!
A todos, os meus votos de uma encantadora caminhada, cheia de alegria e de esperança, nas vossas almas nunca sós.
2020, José Paulo Santos
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