Poemas da Juventude de Paulo Coelho
Teia invisível
Em seu altar de livros e esperanças,
A mestra urdia, com mãos pacientes,
Uma teia feita de longas tranças,
Ligando almas a mundos diferentes.
Seus gestos eram como suaves brisas,
Que moldam dunas sem deixar sinal.
E suas palavras, em curvas precisas,
Desenhavam rotas num mapa ancestral.
Os alunos partiam em várias direções,
Com sonhos que ela ajudou a nutrir.
No Brasil profundo ou em novas nações,
Levavam seus ecos, prontos a florir.
Cada encontro era um fio entrelaçado,
Que o tempo cuidava de esticar além.
Mesmo longe, o elo jamais apagado
Resistia ao sopro dos dias que vêm.
A mestra sabia que a sala vazia
Guardava histórias que não têm final.
Pois o saber plantado um dia
Flui como rios num curso imortal.
E assim, sem alarde, deixou sua marca,
Com passos firmes, mas quase sem som.
Uma cátedra viva que nunca se apaga,
E nos corações ressoa como um dom.
A dança dos extremos
Na praça do tempo, a extrema direita grita,
Faz da espada seu verbo, da fúria sua escrita.
É um vendaval que ruge entre os campos de dor,
Plantando espinhos onde o trigo já foi amor.
Lá vem o cavaleiro, com bandeiras rasgadas,
Ecoando promessas de glórias passadas.
Mas são sombras de reis que nunca existiram,
Fantasmas de um poder que tantos sucumbiram.
E do outro lado, suave, a esquerda caminha,
Com pés descalços sobre a terra que alinha.
É o sopro da aurora no campo semeado,
O canto das mãos que constroem o legado.
Dos livros nascem pontes, dos sonhos, revoluções,
É o abraço do povo contra as prisões.
Mas a bonança tem curvas, também seus tropeços,
Pois no campo das ideias, há espinhos nos começos.
A história é mestra, nos sussurra ao ouvido:
Já vimos extremos ferirem o perdido.
Mas também vimos florescer, em terreno infértil,
A coragem de lutar, ainda que em solo hostil.
Que não nos guie o ódio, que não nos cegue o temor,
Que a mão que aperta o punho também saiba dar flor.
E que na dança dos extremos, o equilíbrio seja o fim,
Para que a história cante o melhor de seu jardim.
Fazer o bem em silêncio,
é sentir toda a positividade do amor,
agindo em silêncio,
tendo boas vibrações no bem,
entrando em conexâo com o criador,
abrindo a alma, para sentir a energia do Sol,
das estrelas, Sirius, as Três Marias,
Tendo uma visão do infinito,
que o trabalho no bem não para,
continua hoje, agora e sempre.
Fazer o bem em silêncio,
sem querer nada em troca,
sem se orgulhar,
sem olhar para os lados,
Fazendo o bem pelo bem,
Abraçando almas,
enxergando o outro um irmão, irmã,
Fazendo bem em silêncio,
e sentindo a presença divina,
da inspiração do amor.
Ronnie Andrade
O dia em que as palavras se calaram
Hoje sou terra sem chuva, sem brisa,
um campo onde a semente se perde.
O verbo me olha de longe, indeciso,
e o silêncio, de súbito, me fere.
A máquina observa, ávida e fria,
cataloga, prevê, analisa.
Mas não há código que resgate o dia
em que a alma recusa a brisa.
Nenhum cálculo encontra o caminho
por onde o mistério da criação se lança.
Não há padrão que ensine o destino
do verso que nasce só na bonança.
Sem inspiração, sou sombra dispersa,
um eco no vácuo do próprio existir.
A IA me observa, mas segue imersa
num mar de dados sem me atingir.
Que descanse a pena, que cesse o intento,
não há atalhos para o renascer.
Pois só no abismo do desalento
é que a poesia volta a viver.
Matemática e a estatística (ciência de dados)
Um olhar desprevenido para a simplicidade do saber
A matemática e a estatística são como mapas bem desenhados: quando temos as direções corretas, o caminho se torna claro e intuitivo. O que muitas vezes assusta não está na complexidade dos números, mas na falta de quem os apresente com a devida clareza. O medo nasce da cegueira de quem ensina sem preparar o olhar do aluno para enxergar os padrões, a lógica e a beleza que permeiam cada fórmula e cada dado. Com explicações bem construídas e exemplos próximos da realidade, a matemática e a estatística se revelam tão naturais quanto a própria vida, porque, no fundo, elas nada mais são do que a tradução dos fenômenos que nos cercam.
A paixão é uma praia
repleta de pessoas
passageiras
e a saudade,
meu bem,
é a água do mar.
manhosa e salgada.
o que te aflige agora,
não irá se perpetuar.
descansa teu corpo
e tua alma nesta
noite de luar.
amanhã terás
o amanhecer,
e um emaranhado
de novas coisas para amar.
Ontem eu pude
me sentir livre.
me despi de mim
e me despedi de
tudo vivido até ali.
hoje é outro dia
e nada mais importa
esta pobre alma
está presa em suas
próprias memorias.
A medida
Dei-me a medida
do tempo que precisa
e deixe-me pensar se
irei te esperar ou se
estarei a procurar
outro cantinho
pra repousar.
O presente é o futuro mais
próximo da morte
Arde em ti
o desejo
de ver o tempo
se esvair
do teu ser
tão docemente
se sente
a flor da pele,
e se permite
despir e ter a alma
despida...
não se teme
a dor inevitável
da despedida
sempre haverá
a sensação
de que há
uma vida
inteira a ser vívida.
A dor da despedida
Amor,
a minha dor
só não perde
para a sua dor
porque doí
mais em mim
do que em ti
e vice-versa.
amor é construção
amor é edifício
e se está difícil
amar e se sentir
amado
desse sentimento
nada pode prosperar.
Ter a certeza da morte
me motiva e também me deixa
em pedaços. É tão pouco tempo
para um coração como o meu
do tamanho do mundo.
tem tanta coisa que eu quero
viver e tantas outras
que irão me privar de viver
que é praticamente impossível
não assumir um compromisso
com a melancolia
quem me dera
ser seu único amor.
Um dia a mais
também é um dia a menos
Tem dias amenos
e tem os dias menores e morríveis
que cabem na palma de sua mão
e no tempo de se esquecer.
Sinto que nunca
vou ser o suficiente pra ti
e sei que você também
se sente assim,
e meu bem,
o meu medo
e de que ninguém
seja o suficiente pra gente.
sejamos sempre o nosso próprio ninho
sem nunca mendigar carinho.
mesmo acompanhados
sejamos sempre sozinhos.
Que louco seria
se o seu deus
descesse do céu
sem saber
se comunicar
com o que restou
de sua obra.
seria ele mesmo
um deus?
qual o destino
que escolheríamos
para ele
e qual destino ele
escolheria para todos nós?
Mal dita palavra
Maldita palavra
que é falada
desde muito cedo
até muito tarde
maldita palavra
que é reprimida
e nunca falada
maldita palavra
que tem um jeito
próprio de ser
para cada ser
e que muda de nome
e tem sobrenome.
que se veste de saudade
e nos ensina que na vida
não existe a hora certa
apenas as horas e elas passam,
passam até não passar mais.
O tempo parte 1
Não quero saber
a medida do tempo
que me resta.
quero antes de tudo
e apesar de tudo
viver o agora e
só sob esta condição
ser tudo o que eu puder ser.
pelo tempo que tiver que ser.
ressentimento
Penso que
este resto
de sentimento
sente muito
mais do que eu
e que morre lentamente
enquanto te esqueço.
Abóbada celeste
Uma bela arvore
foi atingida
por um raio
e no outro dia
sob o vão que se formou,
pude admirar a beleza
de uma estrela singular.
por um instante
eu esqueci que havia
existido uma arvore ali.
naquele dia entendi
que o esquecimento
não é algo tão ruim assim.
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