Poemas da Juventude de Paulo Coelho
Deus perfeito em tudo que faz, muitas vezes queremos que as coisas aconteçam no nosso tempo e sofremos decepções por esses desejos não realizados, ou saímos por ai atropelando os sonhos de Deus para nossas vidas, correndo demasiadamente por algo que já esta nas mãos de Dele.
Ei, acalma esse coração, diminua os passos, sossega, aquieta!
No tempo de Deus Ele faz, descanse no Senhor e creia que Deus é fiel para cumprir as suas promessas.
'ESPERA'
Mãos cruzadas e o olhar breve não vira a noite passageira,
desnorteada.
Ainda respiro a escrivaninha que não perdura.
Olhos intrigam as paixões que rodeiam.
Sou grito,
aflição.
Melodia sem compasso,
noites sem luar...
Mergulho expectativas sombrias,
avulsas.
Permuto passos que conspiram a ação do tempo.
Abraço palavras duradouras,
persistentes.
Tenho excelência pelo azul da aurora.
Relógios que não andam,
aguardos...
Tudo passa tão velozmente.
O coração imóvel ainda pulsa tua espera,
solidão.
Sou criança nas circunstâncias do tempo.
Respiro sequelas.
Murmuro abraços.
Dilacero interrupções,
proteção...
por Risomar Silva.
'BARCO'
Mundo sem continentes,
Fumaças de verbos.
O barco veleja sem linha de chegada.
Ventos sopram abrigos inexistentes,
Embriagando direções,
Satirizando lágrimas,
Velas chamuscadas...
Navegações sob escombros,
Tempo cerrado.
Razão devastada no entardecer.
À procura de tantos mares,
Terras submersas.
Sem tempo presente,
Sentidos microscópicos...
E o barco navega perpetuamente,
Sempre desvairado.
Levando os poucos homens solventes,
Sem almas,
Já cansados.
Á procura de abraços,
Uma ilha qualquer...
'SER PROFESSOR'
Ser professor,
é ser gigante.
Daqueles mirantes que veem o por do sol no infinito.
Força descomunal nos mares escaldantes.
Ensaios vários nos quadrângulos.
Investigador da essência dos homens.
Transformador de mundos...
Ser professor,
é ser explorador de mananciais a serem moldados.
Indagador das naturezas.
Na dor,
é um excepcional 'super humano'.
Com suas dormências,
melancolias...
Ser professor é ter passos largos,
talvez limitados.
Mas sempre em movimentos.
Poço de boas ações rigorosas e flamejantes.
Sorriso no rosto,
trabalho árduo,
Plantando vidas futuras...
'PAIXÃO'
Quando noites viram alvoradas,
e os dias crepúsculos.
Trilhas encontram-se sem planos,
corações colidem acelerados.
A harmonia da felicidade escorre pela face.
Reciprocidade no primeiro encontro,
nada forçado...
Quando os olhos discursam uma língua a dois.
E a vontade do abraço denota alimento.
Suspiros transformam-se delirantemente.
São paixões criando novos casulos,
sementes.
É a tortura dos enamorados à flor da pele,
sedentos na ausência do outro,
inseguros nos passos...
A paixão cria hifens,
ansiedades.
Terras inexploradas.
Mãos amparadas,
incessantes por juras de amor.
É a imaginação flutuando nos corações até então desconhecidos,
criando trama de futuros já traçados.
Quem sabe vidas,
novos escritos...
Nem a mesma rua,
Nem as mesmas casas,
nem as mesmas flores na janela.
As flores eram agora outras,
e outro também eram o seu perfume.
Meus pés pisavam outra rua,
Meus olhos, contemplavam outras faces.
Eles também eram outros.
Talvez mais duros, talvez mais frios.
Talvez por que não viu sua face,
Talvez por que não viu suas flores.
Senti areia sobre minhas córneas,
espinhos no meu coração,
e sob meus pés, paralelepípedos.
Soneto para os Dias Tristes
"Não temas, porque eu sou contigo; não
te assombres, porque eu sou teu Deus;
eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento
com a destra da minha justiça."
Isaías 41:10
Meu dia amanheceu turvo! Quase perdido
Coração afogou em minh'alma sem esperança
Virtudes foram sepultadas pela desconfiança
Emoções mortas! Minha vida perdia o sentido
Procurei verdades curativas no espelho
Desejos carnais contracenaram com o momento
Afundou-me sem piedade! Na boca o lamento
Evaporou da consciência minha lista de conselhos
Sem rumo, mas não queria que acabasse assim
Que dia triste! Estaria próximo o meu fim?
Refleti! Plantei esperança no pensamento
No apagar dos olhos, um vento corta o tormento
Ouço uma voz milagrosa! Enérgica e cheia de luz:
"Não temas, eu sou contigo!" Disse-me Cristo Jesus
Divagação
Eu quero uma cadeira
quero uma escrivaninha
quero uma folha de papel em branco
quero a folha de papel sem pauta
sem pauta por não gostar de escrever em papel pautado
escrever?
eu quero uma caneta
quero uma caneta da marca BIC
BIC transparente, tinta azul, ponta grossa e com tampa
a tampa da caneta é importante
entre o ócio e o criar
tira clipe é até cutícula
coça orelha, limpa cantinhos
entre um gole e outro do chá
a minha exigência é muita
não é fácil de realizar
mas, quero mais
quero um cesto de lixo
para dispensar o maldito rabisco.
Reflexão
Não deixou vestígio
os olhares não se encontram
e o íntimo se manifesta
através da melodia e composição
O manifesto sensibiliza
o pensamento oscila
parece afeto
mas, é só ostentação
É o coringa
é a cartada
é o jogo da cilada
vivificada vexação.
PARTIDA
A partida sem o adeus,
sem o abraço, insólito.
Uma parte se foi e a tarde nublada,
marcou um rastro desalento.
Olhares que disseram tudo
quando a admiração ausentou-se.
As bocas que não se abriram,
e o silêncio que tanto falou.
As escassas palavras em turbilhões,
flutuando com a brisa rara.
A esperança arrumou as malas,
pediu refúgio. Asilo.
A nostalgia permaneceu,
as lágrimas pediram ausência.
Já sem discurso, o tempo fugaz,
transcorreu dolorosamente.
A pulsação da música,
extinguiu-se, retórica.
A dor, que tanto sufocou,
esquivou-se da alma.
Os redemoinhos, sem forças para reerguer-se,
não mais existirá, se auto aniquilará.
Restará apenas, uma breve saudade,
da lembrança, de uma breve partida.
'TEMPO...'
No alto, casa de taipa, coberta de palha e uma paisagem deslumbrante à frente. O rio era enorme e provocava admiração. As casas eram próximas uma das outras. O acesso dava-se por uma trilha, onde, na escuridão, dificilmente se saía dele. Nas noites de lua cheia, sempre nos reuníamos, sentados à frente da casa para ovacionar àquele retrato real. Sentados em 'banquinhos', ficávamos a cantar em coro com a ajuda de um velho violão empoeirado. Nas tardes frias e cinzentas, gostávamos do frescor dos ventos. Eles falavam uma língua que só agora, depois de muitos anos, entendemos.
A vida simples do interior, marcaram nossas vidas. Muitos tiveram sua primeira paixão. O primeiro beijo no escuro. A primeira namoradinha. Eu sempre ficara vislumbrado quando via a mulher dos meus sonhos passando. Divina como sempre, esbanjava sensualidade no andar e sorriso. O amor sempre chega prematuro. Eu a amava. Era a dona das minhas direções e dos meus sonhos. Sempre escrevera poemas líricos em pedaços de papéis e imaginava filhos, muitos filhos.
Por essas e outras muitas razões, sempre digo que sou inimigo do tempo. Ele enterra tantas lembranças. Ora por vezes atormenta. Cura uma ferida e deixa tantas abertas. A vida se vai com ele e quando percebemos, ele nos diz que já estamos caído, trancafiados. Ele escreve ferozmente sua própria linha. E nos leva, não importa para onde, seja para as mais altas nuvens ou para a lama que atormenta. Quem somos? Para onde vamos? O tempo, rodeado de desamparo, nos falará ao ouvido.
Se dizem que homem inteligente é exigente, por que
então ele priorizaria a garrafa cheia e a mulher vazia?
Guria da Poesia Gaúcha
A janela
Eu posso ver as luzes da cidade
As almas que vagam penosas por lealdade
A lua que quase passa despercebida
E a rua que dá mil voltas sem saída.
Eu vejo a vida da minha janela
Procura e acha mais do que procura como Anabela
Daquele livro, daquela autora.
Do parapeito da cortina bem feitora.
O chão daqui é tão convidativo
A viagem por um desejo impulsivo
Visto assim que até então controlável
Como a luz latente da janela inviolável.
"O INTELECTO QUE NÃO MURCHA"
Belas miúdas!
Ancas carnudas
Seios parados,
Homens alertos
Face bonita,
Corpo da Nita.
ESCOLA! NEM PENSAR.
São as mulheres de hoje.
Preocupadas com as tissagens caríssimas, aliás, estas custam caro, equiparadamente à 50 sacos de cimento, ou seja, carregam casas e outras coisas valiosas sobre as cabeças.
Este é um alerta às mulheres:
(Invistam na mente enquanto jovens, pois, daqui a 40 anos, as ancas cairão, a formusura murchará, os seios murcharão, enfim, a beleza toda atrofiará, mas se existe algo que jamais murcha ou atrofiará, esse algo é O CONHECIMENTO).
Curtam e alimentem a vossa ânsia e ambição, mas lembrem de alimentar o intelecto também.
Não digo que não devem cuidar-se, tratar-se devidamente e ou comprar objectos que contribuam para a beleza feminina. Muito pelo contrário, a beleza é uma das coisas que atraem a ala masculina, mas, mais do que atrair os homens, existe algo que mais vale investir nele, e esse algo, é o INTELECTO.
À Filha
Sabemos filha, que não nos pertence
Unimo-nos por laço e por nó
O nó é o amor que lhe facultamos naturalmente
O laço permite o desate de sua alma impenetrável
Dos seus pensamentos e sonhos
Que ao se realizarem, farão parte do todo
Na formação singular de sua personalidade.
Nós somos os arqueiros, você a flecha
Nós a direcionamos para o alvo que achamos mais propício
Mas, você é quem conduzirá a trajetória à vida.
Nesse curto caminho que viveu
Mostrou-nos que adquiriu sabedoria
E criou para si valores merecedores de estima
Dos quais nos orgulhamos imensamente
E só temos de agradecê-la, filha.
Te amamos
Mãe, me ilumina pra eu poder ser melhor como
Gente, a ser paciente, a perdoar, a dar paz e
Amor a toda gente que anda carente e doente!
Guria da Poesia Gaúcha
EU ME SENTI POENTE...
Quando, num entardecer,
Simplesmente decadente,
Um a um, eu senti morrer,
Todos fragmentos do meu ser...
Guria da Poesia Gaúcha
Tentativa e erro.
Ele é mais um bom samaritano
Aquele cara, daquela banda.
Ele vai me tirar um sorriso espontâneo
Vai deixar a minha dor mais branda.
Sei que ele vai me amar
Poderei com sua mão brincar
Então, porque não?
Talvez tenha espaço no meu coração.
Forçarei o meu melhor sorriso
Talvez o seus braços não sejam o paraíso
Tentativa e erro por felicidade
Talvez a gente supra essa vontade.
Pode ser que eu venha a amar
Porque não tentar?
De repente personifique o tal alguém
Sofrer não mais me convém.
Eu não quero ter o comando das palavras;
Dos dogmas, dos valores alheios que não os convivi;
Quero seguir por minha convicção;
Dá para perceber o que digo?
Quero o sentido da minha direção;
Quero me colocar perto e, não distante de mim mesmo.
Disso, não devo me afastar.
Estou próximo, mas muito próximo de mim.
