Poemas Amor que Rima
SONETO DO AMOR EXATO
Da ventura, terá sempre o invejoso
Por não ter a lua amasia tão divina
E uma paixão tão pouco peregrina
No coração eleito no olhar amoroso
Amor, será sempre suspiro glorioso
Regado de adulação pura e cristalina
Vermelhas rosas, e emoção inquilina
Um gesto, revelado um tanto airoso
É harmonia que nos amestra, contina
Não emulando, e sim no afeto ditoso
O sentimento no espírito, lamparina
Que então, não seja o ter ambicioso
Que o mal que queira o bem ensina
Pra no amor não ter amor enganoso
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano
Saudade e carestia
No amor há sempre uma saudade.
Carestia do ato de amar.
Se se está perto, saudade na distância que há na proximidade.
Uma distância voraz incessante.
Se longe, saudade da contemplação,
saudade da consumação de corpos na unidade,
abreviação da distância insistente.
No amor há sempre uma saudade e carestia,
um querer a mais,
um querer...
mais.
SONETO ANTES DE TU
Antes de amar, amor, era amador
Não tinha nome, rua ou endereço
Nada importava ou queria apreço
Expresso era o suspiro de amor
Eu sonhava sonhos pelo avesso
Nas fases da lua um devaneador
Em silêncio cochichava a tal dor
Num desprazer plácido, impresso
Tudo era um vazio, morto, clamor
Caído em um horizonte espesso
Onde escorria olhar tão sofredor
Antes de tu, não existia começo
Até que vieste com o teu amor
E pude no soneto ter ele impresso...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 21 de 2017
Cerrado goiano
SONETO SUPLICANTE
Amor, o meu plangor rasga o céu
Como lavradores no chão inviolado
Querendo arar o peito aqui calado
Com o teu olhar, e no teu amor, réu
Neste universo dum amor imolado
Escrevo sentimento neste cordel
Triunfante e tão cheio de tropel
Que faz o pensamento enevoado
Venha ver as emoções deste anel
De luz, quantidades e, de agrado
Num vento de virtude, nunca infiel
E entre muitos, o meu a ti destinado
É fulgor transparente, sem ser cruel
Apenas a sorte de amar e ser amado
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
16'00", janeiro de 2016
Em um piscar de olhos
O dia acabou
Em um piscar de olhos
O amor acabou
E um piscar de olhos
O tempo passou
E um piscar de olhos
A vida acabou
Este é um amor que teve sua origem
em um sonho imaculado
e em um medo tão ligeiro como brisas de verão.
Um amor inventado pela escuridão dos seus olhos,
um amor com aroma de chuva cálida,
um amor que não tem cura nem salvação,
nem o golpe derradeiro, nem sequer um breve alívio.
Este é um amor rodeado de plantas carnívoras
e de mil luas ardentes
e de lágrimas que queimam como o fogo
e da ânsia que se respira sob um céu de Abril
E de tudo o que se oculta e se esquece
e se deseja e não se alcança
e se sucumbe e volta a crescer.
Pois o amor é dono da derrota e do triunfo
e nos faz escravos e senhores
e deuses e vagabundos.
E o amor é minha desgraça e elevação
meu reino e minha ruína,
um castigo com sabor a vinho doce e perdição.
Esta é a história de um amor com escuros e raros orígens:
Veio nas asas feridas de um joão de barro
e cruzou países de nomes estranhos
e oceanos repletos de monstros
e campos de florzinhas azuis
E me senti tão grande a ponto de tocar o céu
e tão miserável a ponto de tocar o inferno
E escrevi poemas em nuvens de outono
e esqueci meu nome na cauda de um cometa
e roubei os anéis de Saturno,
porque queria gritar que te amo
e que o amor no meu peito não fez morada
porque é maior que o cosmo
e mais poderoso que o trovão.
E eu vi algo indizível nos seus olhos
uma mescla de milagre e perigo
que condenou meu espírito e minha vontade.
E até as rochas
e os infames
e o crepúsculo
e a morte, adivinharam que estou com o amor
até o sangue,
até o estômago e os poros da pele.
E sabem as ruas emudecidas
e as fotografias
e o chuvisco
e as senhoras detrás das janelas.
E sabem os anjos
e os caídos
e as criaturas do abismo
e do arco-íris.
E sabem porque eu sei,
eu sei que passaremos a vida lutando contra as tragédias
para que não rompamos a alma
e morramos de amor.
O que é o amor?
É a ansiedade?
A essência pura?
O valor?
O quê é estar apaixonado?
É quando ele ou ela precisar,
Você estar sempre ao seu lado?
O valor da amizade,
É ajudar,
Estar presente?
Rir junto, cuidar da gente?
O que é esse sentimento
Que eu tenho por você?
Ouvir sua voz, me derreter,
Ao sentir você, me acolher...
Afinal, o que é isso que temos?
Amor,
Na alegria e na dor,
Paixão,
Nas intrigas e união?
Amizade,
Estar juntos na eternidade?
Questionar não importa nada.
Somos o que somos.
Amigos na risada.
Amigos vendo gnomos.
Apaixonados no beijo.
Amigos brincando.
Amantes em desejo.
Malucos se amando.
Só sou o que nasci pra ser
Quando amo o meu semelhante,
Com o mesmo amor que eu me amo,
Nesse ponto descubro a minha identidade.
Identidade perdida
Já fui tantos nesta vida,
Que nem sei mais quem sou.
Ainda pouco era amor, mas já
Fui esperança que me
Roubaram. Fui a dor de um
Parto que me trouxe
Felicidade. Fui saudade,
Que se perpetuou. Fui
Sorrisos intermináveis
Que se extraviaram e
Abraços dos quais fui
Privado pela vida num
Ato de covardia extrema.
Sou feito de memórias
E lembranças de outrora.
Do que o tempo me furtou
E não tornou a trazer.
Quem sou agora ? Sou mendigo,
Sou humilde, sou um
Catador de sentimentos
E emoções perdidas. Se
Por acaso você encontrar
Esse tal alegria por aí,
Me avise, pois, é a minha
Identidade perdida.
Linha do tempo
Nessa tênue e frágil
Linha da vida, Ora
Somos dor, ora somos
Amor. Ora somos tudo,
Ora somos nada. E quem dera
Se pudéssemos tecer
A eternidade além
Do que nos é previamente
Concebido pelo destino,
O qual ousa romper
Nossos laços sem
Aviso prévio. E colocamos
Um ponto, onde deveria
Haver continuidade.
Somos inocentes diante da
Morte, já que sábio é o
Tempo.
Poeminha do amor
De todos os olhares, no teu é onde
Me encontro e me perco.
Dentre todos os sorrisos é o teu
Que me faz prisioneiro.
De todos os meus pensamentos.
O que me foge é o que procuro.
O que me desobedece e se faz
Rebelde é o que me preocupa.
Não o culpo por tal ato. Tal delito.
Se é que amar-te é um pecado,
Que me prendam dia e noite
E me julguem a revelia, ante minha
Ausência, que me faz réu confesso
do meu amor por ti. Que me
Condenem a solidão eterna,
Pois, amar-te-ei mesmo sem
Teu consentimento. E quem é
Que manda no coração?
Ser criança
Ser criança é não saber.
Não saber sobre a dor,
Mas saber sobre o amor
Materno e paterno sem
Nem saber de onde vem
Esse sentimento que o
Alimenta desde o cordão
Umbilical até o seu fim.
É não saber que o tempo
Que ontem engatinhava,
Hoje corre. Ser criança
É sorrir com a inocência
Inerente ao seu não saber.
Não saber que a imaturidade
Logo amadurece diante da
Árvore da vida. Ser criança
É brincar com tempo e
Brindar com a vida
A juventude que logo
Tornar-se-á adolescente
E mais tarde irá se vestir
Como adulto que será.
Ser criança é olhar para
O relógio preso a parede
Sem a pressa vindoura.
Ser criança é não saber o
Que fazer com os dias que
Ficaram mais longos. Ser
Criança é um não saber
Tão cheio de dengos, mimos
E doçuras. Ser criança, quem
Dera se Deus por um descuido
Tivesse eternizado esse não
Saber que o tempo passa
Levando essa criança que
Um dia fomos sem saber.
D'EXISTÊNCIA
Para viver, antes exista
Para existir, antes amor
Se preciso do teu amor para viver..
Renuncio a minha existência
O nosso "amor"
Às vezes penso que foi em vão
Que para você eu tenha sido apenas um caso
Mas como dizem os poetas
Nada nessa vida é por acaso
Talvez eu tenha apressado demais
Talvez não tenha visto que você não era capaz
Não era capaz de me amar
Não era capaz de estar lá
Não era capaz e estar comigo
Assim como eu estava contigo
Não era capaz de estar ao meu lado nem que seja apenas como amigo
Poderia ter durado mais
Você poderia ter sido capaz
Mas como dizem os poetas
Nenhuma das pessoas são iguais
Talvez não tenha acabado
Talvez esteja só começando
Mas como dizem os poetas
Erga a cabeça e siga andando
Nosso "amor" foi muito bom
Porém não durou aquele tempão
Como é que eu faço pra tirar da cabeça algo que não sai do coração?
Quanto vale o teu amor?
Quanto vale o teu amor? - sei dizer...
vale mais do que a terra, o mundo inteiro!
Pois nada compra um amor verdadeiro,
ele é presente de Deus, sem merecer...
Quanto vale o teu amor? - sei dizer...
vale mais que a vida que há em mim;
pois este amor que sentes não tem fim,
ele é essência eterna dentro do ser!...
Quanto vale o teu amor? - sei dizer;
muito mais do possa parecer,
este amor que só me trás f'licidade!...
Por isto que ao meu Deus, que tudo vê,
agradeço esta bênção que é você,
que amarei por toda eternidade!
Atrito
Água
Quente
Cai no
Copo
Frio e
Quebra
Amor
Fervente
Pousa no
Topo do
Coração
De pedra
Rocha
Persistente
Não resiste
E como
O copo
Quebra
Derramar
O amor é como um copo:
Se muito cheio, derrama
Para o copo, uso medida
Para o amor, transbordo
E sempre peço
Mais um copo
Amor literário
Somos palavra.
Ora somos hiato,
Ora ditongo.
Sou consoante.
Ela, semi(nua)vogal.
Fazemos elisões
Isolados entre parênteses.
Nossa vida é conjugar-se,
Tornar-se verso.
Parasita
Não amo você
Apenas amo
Se um dia
Desaparecer
Meu amor encontrará
Outro hospedeiro
Para viver
Ressaca
O amor é como o álcool:
É bom quando entorpece,
Mas é inflamável e,
A qualquer momento,
Pode te explodir
Por dentro.
A embriaguez é pacata,
Difícil é a ressaca.
