Poema Ordem e Progresso
Ó morte, quão tarde vos amei.
A corrupção que tu instauraste em minha alma
destruiu minha mente.
E a impiedade matou minha alma.
Encantar-me-á o vosso olhar,
vós me seduzistes até o abismo,
e neste abismo encontro-me agora.
Não pode haver verdadeira paz
onde as feridas da dor
penetraram tão profundamente.
Só a morte e somente ela me livrará
deste sofrimento sem fim.
Solidão, por que fizeste isso?
Que mal fiz a ti, para me torturares dentro de minh'alma,
Torturas-me com teu estrondo silencioso;
Roubaste a luz dos meus olhos;
Sem abrigo para me esconder de ti;
Pois estás a cada passo meu,
O silêncio em mim é devastador,
Corvos rodeiam-me;
Eles sentem minha alma apodrecendo;
Não resta mais nada além de aceitar a morte..
Redenção nas Palavras
Me perdoa, o meu eu de ontem já está morto,
Pelos erros cometidos, carrego um fardo,
Hoje, humildemente, estendo a mão,
Na poesia, encontro redenção.
No rio do tempo, o eu se molda a cada dia,
Ontem se desfez, como a luz que se esvai,
Hoje é a tela em branco, onde a vida se cria,
E no amanhã incerto, o amadurecer que aí vem sai.
As lágrimas de ontem, como chuva que cai,
Lavaram as feridas, para o eu se renovar,
As escolhas do agora, são a voz que nos guia,
No eterno ciclo de aprender, amar e recomeçar.
Assim, perdoamos o eu que já não persiste,
Abrimos as portas para o que há de vir,
Na dança do tempo, cada passo é um artista,
E o eu que se forma, é um poema a existir.
o amor não é rodovia
mas a estrada que nos põe a viajar
o amor não é passarela
mas a avenida que nos faz atravessar
não é pista de pouso
mas a pista que precisamos para nos guiar
conexões
diagonais
e bifurcações
o caminho e o atalho
que faz a gente sempre se encontrar
e ainda que ajam curvas
e o destino até ele me faça capotar
escolherei você
para sempre me acidentar
Que eu seja uma ponte de travessia para os bons sentimentos
Que quem por mim passar só encontre a paz,
Que eu jamais seja barreira.
Que eu jamais atravanque o caminho de alguém.
Que eu seja a melhor ponte de passagem, aquela onde a bondade sobressai o rancor;
E quem por mim passar,
Mesmo se a dor carregar,
Só vai sentir amor
Metade de mim é um mar revolto,
Ondas quebrando em desespero,
Em busca de um porto seguro,
Um abrigo para o meu coração incerto.
Metade de mim é um céu estrelado,
Brilhando em meio à escuridão,
Sonhos que voam alto e distante,
Buscando a paz na imensidão.
Metade de mim é um rio calmo,
Fluindo suavemente em seu curso,
Levando consigo lembranças e histórias,
Que se entrelaçam em cada verso.
Metade de mim é um sol radiante,
Iluminando os caminhos que trilho,
Espalhando calor e esperança,
Em cada sorriso que compartilho.
Metade de mim é um jardim florido,
Cores e perfumes que encantam,
Desabrochando a cada estação,
Embelezando a vida que se planta.
Metade de mim é um vento suave,
Sussurrando segredos ao ouvido,
Levando consigo palavras de amor,
Que ecoam no coração ferido.
Metade de mim é um abraço apertado,
Que acolhe e acalma a alma aflita,
Um refúgio seguro e acolhedor,
Que transforma a tristeza em alegria infinita.
Metade de mim é um poema,
Versos que se entrelaçam em melodia,
Expressando sentimentos profundos,
Que transbordam em poesia.
Metade de mim é um eterno aprendizado,
Um constante caminhar em busca de ser,
Um encontro comigo mesmo,
Para me encontrar e me reconhecer.
Metade de mim é um enigma,
Um mistério a ser desvendado,
Uma busca incessante pela completude,
Em cada pedaço que sou fragmentado.
Metade de mim é um todo,
Um ser em constante transformação,
Um reflexo do universo que me habita,
Em cada verso, em cada emoção.
Não deu para esconder o sorriso
E das palavras que falei sem pensar
Admirei com atenção seu sorriso
E sua boca, só queria beijar
Doce, pura e muito peculiar
Séria, madura e cheia de atenção
Disciplinada, centrada e donairosa
A doce moça que conquistou meu coração
Se eu pudesse voltar no tempo
Queria novamente te dizer
Que foi muito especial e legal
Conversar, brincar e sorrir com você
Como um exímio amante do saber
Queria em pequenos versos te definir
Mesmo não sendo literal ou figurado
Mas juro com dedos juntos, que ia amar ouvir
Pinga. Pinga. Pinga.
Debaixo da pia sem pudor
Garganta inteira pede
Agua, poesia e amor.
Tontura permeia em meu corpo
Ao banheiro no caminho
Piso no chão de quadrados
Piso, como se fosse espinhos.
Lâmpeja na minha cabeça
Situações começa a criar,
Olheiras brutas nos olhos
Começam a afundar.
Deito. Olho. Penso.
00:00
Mais uma noite em claro
Descrito no meu caderno.
Resisti a crônica passada
noite inteira pesada
Do meu coração ela veio; rasgada.
Por inteira me rasgou
Ultima gota me tirou
E os versos; externou.
Mesmo com certa pressão
Da crônica; expressão
Liberdade canta o coração.
Feira do Rolo
meu pote aberto
teu pote aberto
te dou meu treco
me dá seu teco
a poesia é uma junção ,
alegoria de potes poéticos
a palavra desloca, inspira, provoca
e promove a troca
Eu nunca seria poeta
Eu seria alcoólatra
Não quero saber de versos
Nem sentimentos
Beberia até sem sentir
Só para sentir o amargar
De uma vida não vivida.
Tem sido dias difíceis
não dá tempo de explicar,
Sinto saudades do que não vivi
imagino a mesa posta no jantar.
Uma vida paralela a essa
A alegria fazendo festa
Sem hora para acabar.
Sonho com a tal felicidade
Aquela vida de verdade
Espero que não demore
a esse dia chegar.
Nos cabelos castanhos, um brilho sutil,
No olhar felino, encanto incontestável,
Seu sorriso, estrela em noite tão hostil,
Ilumina meu mundo, torna-o memorável.
Jovem de idade, maturidade rara,
Encanta-me com sua sabedoria,
Comunicativa, qual pérola rara,
Conversas contigo são minha alegria.
Teu ser, uma poesia em movimento,
Cabelos, olhar, sorriso, tudo é encanto,
Na juventude, encontras entendimento,
És a musa que meu coração aguardo.
Oh, garota dos cabelos castanhos dourados,
Com teu olhar de felina, és meu fado,
Teu sorriso ilumina meus dias findos,
És a razão dos meus versos, minha felina.
Rua
Rua escura, sem saída
Sombras se movem na sarjeta
Um grito ecoa na noite
Um corpo é arrastado
Rua fria, sem alma
O vento sussurra segredos
Um choro é ouvido ao longe
Um espírito vaga
Rua perigosa, sem vida
O crime impera na esquina
Um assassinato é cometido
Um cadáver é jogado
Rua macabra, sem esperança
A morte é o único destino
Um funeral é realizado
Um caixão é fechado
Rua tenebrosa, sem futuro
O medo é o único sentimento
Um pesadelo se torna realidade
Um terror sem fim
No silêncio da minha mente confusa,
Eu me perco em uma busca incessante,
Comparando-me com um ideal ilusório,
Que me faz sentir tão distante.
Busco a perfeição que nunca alcanço,
Nas sombras da minha própria imagem,
Me cobro, me culpo, me machuco,
Nessa busca constante por uma miragem.
Vejo o mundo lá fora, tão cheio de luz,
E me vejo na penumbra do meu ser,
Me comparando com o que não sou,
Esquecendo o valor que há em me conhecer.
Às vezes, me sinto pequeno e frágil,
Diante do espelho implacável da idealização,
Mas preciso lembrar que sou único,
E encontrar a beleza na minha imperfeição.
Rosa Branca
Essa é uma mensagem para a Rosa Branca no meio do campo.
Que se mostrou tão linda no meio de tanta ausência e abundância
Expressou sua beleza derivada do contraste
Plantada ali, no meio do mundo
Era só uma rosa branca no meio do campo
Se escondendo propositadamente no mato alto
Onde só se vê as pétalas macias
Você clamou o meu toque, pediu a minha mão
Rosa Branca no meio do campo, escondeu teus espinhos?
Você precisa de cor, o vermelho do meu sangue te colore.
Essa cor não é sua, Rosa Branca
Vermelho não te favorece,
sua beleza não precisa de pintura, não precisa do meu corte
Embora doa, eu não sofro, Rosa Branca
E o que te falta é você enxergar presença na sua cor ausente
Tenho vivido o tempo das intensidades.
Entrego-me ao amor de forma plena.
Já não aceito ser amado de forma superficial...
ATÉ QUEM NÃO VIU
Até quem não viu o vento o sentiu passar
Até quem não viu a água a sentiu ao provar
Até quem não viu a energia a sentiu ao eletrizar
Até quem não viu o som o sentiu tocar
Até quem não viu o tempo o sentiu passar
E passou...
16/09/2023
À TARDE
Agradeço a Deus pelo silêncio
Que às vezes se faz.
O silêncio permitido
Pelo rádio desligado,
A TV muda e vazia,
As vozes cessadas.
O som da voz de uma criança,
Medido e sentido pela distância;
O som do canto de um pássaro
Crescendo no silêncio.
O som de um serrote é o som do aço
E da madeira, tão primitivo
Quanto nos dias de Noé.
Baixo contínuo é o vento,
De tudo um violoncelo desafinado.