Poema de Mario Quintana o Espelho
CONFORMAÇÃO
É preciso aceitar o destino com naturalidade
Tudo é uma questão de tempo até que o sono eterno chegue.
Ai então a insônia realmente acabará. Tudo será escuro, silencioso e frio. Talvez eu queira descansar para sempre, ou talvez sonhe com tantas coisas maravilhosas que ainda desconheço.
As coisas palpáveis não mais existirão.
as coisas que não fiz, jamais poderei fazer.
A consciência desaparecerá, e eu voltarei a ser aquilo que realmente sempre fui: nada.
Não, não rasgue a página... Pois ela, como muitas outras, compõe o livro de sua vida, e por alguma lógica ali foi inserida. Simplesmente vire-a, e ela se juntará a tantas outras páginas viradas, que fazem parte da memória de tudo o que você já viveu.
Assim, se um dia o tempo provocar suas lembranças, cada página folheada será testemunha viva das histórias que compõem a sua vida, e da intensidade com que foi usufruída. Afinal, se a vida é feita de lembranças, nós somos tudo aquilo que intensamente foi experimentado ou vivido.
Morena flor, me dê um cheirinho,
Cheirinho de amor
Depois também me dê todo esse denguinho
Que só você tem
Escreva nas margens,
nos rodapés,
entrelinhas.
Mude livremente o enredo,
sua estória
você redige dia a dia".
Quando
Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.
O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.
Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei
Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.
Marcas Do Eterno
Antes de você entrar na minha vida
De se decidir por mim
Por minha história
Haverá de ter clareza de saber bem
Quem eu sou
Pra depois não me dizer
Ter se enganado
Eu não posso ser o que você quiser
Sou bem mais do que os seus olhos
Podem ver
Se quiser seguir comigo
Eu lhe estendo a mão
Mas não pode um só momento
Se esquecer
Sou consagrado ao meu Senhor
Solo sagrado eu sei que sou
Vida que o céu sacramentou
Marcas do eterno estão em mim
Antes do seu amor chegar
Um outro amor já me encontrou
E me envolveu com tanta luz
Que já não posso me esquecer
Se mesmo assim quiser ficar
Seja bem vindo ao meu lugar
A este coração que resolveu
Plantar-se inteiro em Deus
E hoje não quer mais se aprisionar
Eu lhe peço que me ajude
A ser mais santo
Que por vezes me esqueça no meu canto
É que a minha santidade
Necessita solidão
Só assim minha presença
É mais saudável
Não me peça o que de mim
Pertence a Deus
Nem dê mais do que eu preciso receber
Ser amado em excesso
Faz tão mal quanto não ser
Eu lhe peço que me ajude a ser de Deus
Turno à Janela do Apartamento
Silencioso cubo de treva:
um salto, e seria a morte.
Mas é apenas, sob o vento,
a integração da noite.
Nenhum pensamento de infância,
nem saudade nem vão propósito.
Somente a contemplação
de um mundo enorme e parado.
A soma da vida é nula.
Mas a vida tem tal poder:
na escuridão absoluta,
como líquido, circula.
Suicídio, riqueza ciência...
A alma severa se interroga
e logo se cala. E não sabe
se é noite, mar ou distância.
Triste farol da ilha rosa.
Acordo, levanto e agradeço a Deus
Por me da tudo que pedi e peço a ele...
Agradeço pela sua grande misericórdia, pelo seu amor,
Pela força que ele me da, agradeço pelo seu olhar,
Agradeço pela sua mão me mostrando a direção
Pra onde proceguir.
Agradeço pela minha família, pelos meus amigos,
Pela comida que está sobre a mesa,
Agradeço pelo seu carinho, por nunca me deixar sozinha
Mesmo quando eu mereço está.
Agradeço a ele pela vitória, por criar uma história envolvendo eu e você.
Agradeço por ter posto você no meu caminho,
Colocando um sorriso no meu rosto, dando-me alegria,
Disposição para enfrentar o que for, querendo o meu melhor.
Agradeço pela sua vida, por da a minha vida mais cor.
Sou como um papel e você a tinta e o Senhor o criador
Dessa obra prima.
P.S: Te amo
os cabelos de minha amada
novelo de Ariadne
me conduzem pela noite escura
pelos labirintos que me afligem
Parte, e tu verás
Parte, e tu verás
Como as coisas que eram, não são mais
E o amor dos que te esperam
Parece ter ficado para trás
E tudo o que te deram
Se desfaz.
Parte, e tu verás
Como se quedam mudos os que ficam
Como se petrificam
Os adeuses que ficaram a te acenar no cais
E como momento que passaram apenas
Parecem tempos imemoriais.
Parte, e tu verás
Como o que era real, resta impreciso
Como é preciso ir por onde vais
Com razão, sem razão, como é preciso
Que andes por onde estás.
Parte, e tu verás
Como insensivelmente esquecerás
Como a matéria de que é feito o tempo
Se esgarça, se dilui, se liquefaz
E qualquer novo sentimento
Te compraz.
Repara como um novo sofrimento
Te dá paz
Repara como vem o esquecimento
E como o justificas
E como mentes insensivelmente
Porque és, porque estás
Ah, eterno limite do presente
Ah, corpo, cárcere, onde faz
O amor que parte e sente
Saudade, e tenta, mas
Para viver, subitamente, mente
Que já não sabe mais
Vida, o presente; morte, o ausente -
Parte, e tu verás.
MEU TESTAMENTO
Quando percebi que tinha meus dias contados
Que minha vida, rapidamente, chegaria ao fim
Pensei fazer meu testamento.
Dei balanço em tudo que possuía
Contei casas, contei dinheiro
Meus livros-grande tesouro!
Meus ricos pertences,
Minhas antiguidades...
Depois... somei tudo,
E vi que tudo era nada!
Cacarecos sem valor.
Coisas inúteis e supérfluas,
Expostas às calamidades,
Aos riscos dos incêndios
E dos ladrões.
Para que testemunhar
Esses bens que se podem acabar
Que as traças podem roer
Ou o fogo devorar,
Se outros bens imperecíveis
Eu conseguí amealhar?
Senhor, Tu mesmo disseste
Que nenhum copo d'água
Dado ao meu irmão
Ficaria sem recompensa
No reino do Teu Pai!
Nos celeiros eternos
Vou procurar guardar
Outras riquezas
Não as da terra!
Meus filhos não herdarão de mim
Castelos,nem faendas,
Nem ricas propriedades...
Não deixarei ouro nem prata,
Nem dinheiro em caixas fortes...
Tudo é vaidade sobre a terra
Nada há que sempre dure...
Tudo, sem valorque me seduza.
Meu testamento é minha fé,
É minha esperança,
É todo meu amor!
Que meus filhos possam herdar de mim
Todo o bem dessa fé
Que foi a minha luz,
Mais clara e mais querida,
Dessa esperança que foi a minha força
Dessa caridade
Que me fez ver Deus
Em toda a natureza
Em todas as pessoas,
Em tudo que existe
E Dêle provém!
Caridade que é amor,
Amor que é vida!
CIGARRA
Diamante. Vidraça.
Arisca, áspera asa risca
o ar. E brilha. E passa.
CHUVA DE PRIMAVERA
Vê como se atraem
nos fios os pingos frios!
E juntam-se. E caem.
OUTUBRO
Cessou o aguaceiro.
Há bolhas novas nas folhas
do velho salgueiro.
O HAIKAI
Lava, escorre, agita
A areia. E, enfim, na bateia
Fica uma pepita.
NOTURNO
Na cidade, a lua:
a jóia branca que bóia
na lama da rua.
HORA DE TER SAUDADE
Houve aquele tempo...
(E agora, que a chuva chora,
ouve aquele tempo!)
OS ANDAIMES
Na gaiola cheia
(pedreiros e carpinteiros)
o dia gorjeia.
QUIRIRI
Calor. Nos tapetes
tranqüilos da noite, os grilos
fincam alfinetes.
Mesmo que fosse cego
e existirá mil caminhos a minha frente
te encotraria no fim de todos
pois todos os caminhos levam-nos
ao que mais precisamos.
Puxei um pequeno pedaço de papel
e o brilho, dispo-se a mim, ouvi um forte
tilintar que atravessou minha alma e minhas caras
começaram a tecer um breve poema.
Um suspiro, os sons, milhares de restingues me devolviam
as origens e eu insistia em buscar os meus restos, os rastros
do que não fui ou pelo menos não pude ser.
Quando já me encontrava voltado ao velho mundo de meus deuses
bastou apenas um vulto de consciência para as reais virtudes humanas
me trouxessem bruscamente ao meu eu, quando me vi...
pobre diabo, réu, vestindo a mesma mortalha, fruto de mim mesmo
que tive tudo, mas nunca encontrei um breve instante para me devolver
ao mundo de onde vim.
Por infindos momentos busco definir-me.
Afinal,quem sou?
Quem sabe a chuva que lança a areia no Saara, de Caetano?
Ou mesmo a mosca que pousou na sopa de Raul?
Sinto, por vezes, que sou eu mesmo o trocado por Pessoa...
E outras vezes, pareço a garça triste que mora na beira do rio, de Alves...
Seria eu o que deseja ficar no teu corpo feito tatuagem,
como Chico?
Não sei... Jamais saberei!
Precisaria de duas vidas de infindos momentos para,pelo menos, supor!
A liberdade é algo bom, mas pense;
Passarinho voa livre, e existe sempre uma águia a caçar
Se queres a liberdade, terás que ter alguém, e saber que sempre vai haver a águia a te esperar.
Não perca mais tempo, pois sempre depois de uma forte chuva, há sempre um nascer do sol e de noite, a lua vai brilhar,
Jesus, foi um carpinteiro, então pense:
é preciso sempre, criar suas pontes, para cruzar o rio, e uma ponte para o abismo, ele criou mais o mataram, e está vivo em nós até hoje,
Então, crie suas estradas de terra, para ultrapassar um forte riacho, crie uma ponte !,
Mais nunca, se feche uma porta por medo, ou alguém disse que não vale a pena, vá até ela, se sofrer, a vida continua, mais você irá olhar para trás e dizer,
Eu tentei !, Eu não desisti !, Fui até o fim ...
SEM AVISO PRÉVIO
No inicio foi incerto confuso
Não imaginava o quanto seria o impacto da minha dor,
Com sua partida.
Nossas almas estão ligadas
e uma despedida agora poderá fragmentar-las
É difícil dizer adeus,
enquanto minha vontade é ficar e te esperar.
Um grande vazio se instalou dentro de mim...
Não quero este adeus que me invade a alma.
Foi um momento importuno e ágora!
Peço-te que atenue a minha falta.
É tua culpa!
Inteiramente tua culpa
que me fizer-te amá-lo tanto assim.
E agora! se despedi sem aviso prévio?
Volta! Volta para mim.
"Hoje acordei cinza
Dentro de mim morava o desassossego
Morava a inquietude por algo que nunca vi
Acordei minhas pernas e sai em busca do nada
Passei por uma moça que fazia da rua sua casa e sua cama de pedra lhe aquecia do calor insuportável que me queimava a roupa.
Me sentia despido perto de tanta falta
Passei por algumas centenas de pés enquanto vagava por horas atrás do incerto
Pés esses que andavam depressa
Que sem dúvida eram mais rápidos que meus olhos
Pés descalços que se queimavam ao tocar na cama da moça de pedra.
Me senti invadindo um espaço que deveria ser de todos
Mas até ai a palavra dever já havia sido enterrada possivelmente bem longe daqui
Talvez em outro país
Mas eu nunca sai daqui
Parei no meio daquilo tudo e olhei pro céu
Não é que ele ainda estava lá
Ele era chuva, ele era como eu
Mas era cinza por fora enquanto assim era lá dentro de mim.
Será que longe ele ainda é azul?
Os canhões da cidade nunca vão nos deixar saber
Eles não deixam escolha, ser cinza já era obrigação
E não saber se ia chover já era normal
Essa sombra negra que se confundia as nuvens já era o que nos cercava a cabeça a tempos
Mas os pés eram rápidos demais pra enxergar.
Palmei meus ouvidos, me enrolei no meu corpo dormente, ainda de olhos trancados, e por um segundo descobri o que me inquietava
Lembrei o que me faltava
Era a paz, que a tempos não vinha nos visitar
E que possivelmente já havia ido embora
Junto com o dever
Junto com a moça
Junto com os pés
Junto com o céu
E junto com o meu sossego.
Agora vou procurar por esse lugar onde eles foram parar
E se um dia você quem os encontrar
Não me avise
Aproveite o que é quieto
Por que se eu os achar
Prefiro matar meu desassossego primeiro
Do que perder mais uma vez pra quem deles não sabe cuidar"
Mateus Ribeiro de Aquino
@mateusribeir0
"O dia mais belo: hoje
A coisa mais fácil: errar
O maior obstáculo: o medo
A pessoa mais perigosa: a mentirosa
O pior sentimento: o rancor
A raiz de todos os males: o egoísmo
O maior erro: o abandono
A distração mais bela: o trabalho
O pior defeito: o mau humor
A pior derrota: o desânimo
O melhor professor: as crianças
A felicidade mais duradoura: ser útil aos demais
A rota mais rápida: o caminho certo
A sensação mais agradável: a paz interior
O presente mais belo: o perdão
O mais imprescindível: o lar
A maior proteção: o abraço
O maior remédio: o otimismo
A maior satisfação: o dever cumprido
A força mais potente: a fé
As pessoas mais necessárias: os pais
A mais bela de todas as coisas: o amor!"
