Poema com o None de Andreia
É necessário preservar o avesso, você me disse. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina nosso modo de estar no mundo. E por mais que sua vida seja medida pela cor, por mais que suas atitudes e modos de viver estejam sob esse domínio, você, de alguma forma, tem de preservar algo que não se encaixa nisso, entende? Pois entre músculos, órgãos e veias existe um lugar só seu, isolado e único. E é nesse lugar que estão os afetos. E são esses afetos que nos mantêm vivos.
E essa é a perversidade do racismo. Porque ele simplesmente te impede de visitar os próprios infernos.
Você não só mostra que é capaz, como também precisa mostrar que é sempre melhor. E quando você falha, quando você cai, você precisa abrir mão da autopiedade, mesmo que seja a sua única bengala, mesmo que haja um mundo nefasto ao seu redor, é preciso ser honesto com seus afetos.
Naquele momento, você não sabia bem o que queria fazer. Na verdade, você estava perdido, porque, até ali, a vida não passava de um amontoado de obstáculos que você tinha de superar. Resistir fazia parte da sua vida e você nunca havia se questionado por que as coisas eram assim.
Lembro que você disse, certa vez, que a morte pode ser inesperada, mas as palavras não.
A gente tem sempre que descobrir de onde vem a culpa, porque é assim que a gente aprende a partir.
Até o fim você acreditou que os livros poderiam fazer algo pelas pessoas. No entanto, você entrou e saiu da vida, e ela continuou áspera.
Às vezes você fazia um pensamento e morava nele. Afastava-se. Construía uma casa assim. Longínqua. Dentro de si. Era esse o seu modo de lidar com as coisas.
Viver passou a ser uma questão de evitar a dor a qualquer custo. Numa espécie de encarceramento voluntário, você vai sendo acossado dia após dia pelo medo do desconforto.
A verdade é que vocês não se amavam o suficiente para suportarem os seus fantasmas.
Trauma está na moda nos dias de hoje. É uma piada. Tudo é trauma. Brigar com amigos é trauma, notas ruins são traumas. Eles precisam crescer.
O que é absolutamente verdade é que tenho pensado muito em você e realmente sinto que faremos algo muito especial juntos.
Sonhar é um tipo de psicose. Nosso cérebro decide começar a alucinar enquanto dormimos. Como se ele fizesse uma faxina. Por alguma razão, precisamos que isso aconteça.
A culpa confere um poder espantoso. E simplifica tudo, não só para os espectadores e vítimas, mas, sobretudo, para os culpados. Ela impõe uma ordem à escória. A culpa ensina uma lição muito clara da qual outras pessoas talvez possam obter consolo: se ao menos ela não..., e com isso torna a tragédia evitável.
Se você mente, você rouba. Se você rouba, você mata. E eu não estou aqui pra tirar ninguém da cadeia.
Você já teve aquela sensação de “era isso que eu precisava ouvir hoje”?
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