Para que Tanta Mentira Magoa e Dor
O mentiroso não engana ninguém: é a si mesmo que aprisiona. Cada mentira que conta é um véu lançado sobre a própria verdade, enquanto o diabo apenas observa e ri da ilusão que ele mesmo construiu.
A verdade é relativa e variável, não um estado fixo.
Logo, não se apaixone pela mentira alheia.
O tempo é o único responsável em mostrar a face da sinceridade.
Falarei que a verdade pode ser mentira e as mentiras podem ser verdade. Isso tudo depende de quem chegou primeiro com mais convicção.
A mentira é o engano da mente para vencer qualquer engano tire às coisas ruins para não se tornar vilão do seu próprio fracasso.
A Mentira e a verdade ambas estão juntas e caminha sempre pelos mesmos lugares, mas nunca irão se misturar.
Salmos 62, a verdade em canção, que destrói a mentira, a falsa visão.
Socialista e capitalista, ambos são miseráveis, cegos e banais.
Na verdade, você me revelou uma falsidade,
Uma mentira disfarçada de verdade.
Na tentativa de me apresentar uma realidade,
Sem querer me mostrou sinceridade.
"A pior mentira não é a que ela me contou, é a que eu quis acreditar."
— Valter Martins / Santo da Favela
A mentira precisa ser bem contada para sobreviver; a verdade, mesmo em silêncio, dura a vida inteira.
Entre o incômodo de uma mentira educada e uma verdade deselegante, o silêncio pode ser a melhor alternativa.
Seu amor é uma mentira
Sinuosa maneira de agir
Estar a passos largos
Atiradas em falas
Mostra opaco vestígios.
Quando a mentira Cansa
Eu já contei muita mentira bem construída para mim mesmo. Aquelas frases que soam inteligentes, fazem sentido num café com amigos, mas não fecham a conta com a realidade do meu dia a dia. “É só uma fase.” “Está controlado.” “Eu aguento mais um tempo.” Lá no fundo eu sabia que não era verdade, mas repetir essas justificativas era mais fácil do que admitir que eu tinha medo de mudar. O problema é que o corpo não negocia com esse tipo de mentira durante muito tempo. O cansaço aumenta, a irritação cresce, a paciência desaparece. Não é azar, não é só pressão externa: é o desgaste de sustentar uma vida que já não faz sentido para aquilo que eu sei que poderia ser.
Talvez você também tenha criado essas histórias para continuar onde já não faz sentido ficar. Um relacionamento que só se mantém por hábito, um trabalho que já não te desenvolve em nada, uma rotina que te deixa num piloto automático confortável, mas sem vida. A mente é criativa para arranjar justificativas: agora não dá, não é o momento, depois eu vejo isso. Só que cada “depois” é uma escolha. E, queiramos ou não, a identidade que temos hoje é o resultado exato da soma do que aceitamos, do que ignorámos, do que adiámos e do que escolhemos manter. Não é um rótulo abstrato. É a consequência prática da forma como temos vivido.
Quando eu parei de me ouvir como vítima e comecei a olhar para mim como responsável, a pergunta deixou de ser “por que é que a minha vida está assim?” e passou a ser “que tipo de pessoa eu tenho decidido ser todos os dias?”. Não adianta só desejar mais, querer mais, sonhar mais. A questão é: eu sou o tipo de pessoa que sustenta aquilo que diz que quer? Os meus hábitos, a forma como eu gasto o meu tempo, as conversas que eu alimento, as relações que eu tolero, a maneira como eu fujo do desconforto… tudo isso revela quem eu sou hoje, não quem eu conto que sou. E dói perceber isso, mas é uma dor lúcida.
Hoje eu entendo identidade como esse espelho que não mente. Não é sobre a imagem que eu vendo, é sobre o rasto que eu deixo. Se eu quero uma vida diferente, não basta pedir por oportunidades novas, eu preciso aceitar o custo de me tornar alguém à altura daquilo que eu diz que quer construir. Enquanto eu continuar a proteger as minhas desculpas, vou continuar a proteger também os resultados que me incomodam. A virada começa quando eu assumo, sem drama mas sem fuga: a vida que tenho hoje é a versão prática da pessoa que eu venho escolhendo ser. A pergunta que fica é simples e incômoda: eu quero mesmo continuar a ser esta pessoa?
