Pablo Neruda Mensagens de Despedida

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No dia de hoje, pelo menos, coloca beleza nos teus olhos, a fim de fitares a vida com lentes mais claras.
Enfrenta o dia novo, disposto a vencer e conquistando o espaço bom que te está reservado no mundo.

Se todas as minhas palavras não falaram por mim, então meu silêncio falará...

Quando Jesus disse para as mulheres de Jerusalém "Não chores por mim. Chorai por vós" suas palavras profetizavam o governo do Senhor Juscelino. Penado de agruras para o povo brasileiro. Penado que o pobre há de comer o que encontrar no lixo ou então dormir com fome. Você já viu um cão quando quer segurar a cauda com a boca e fica rodando sem pegá-la? É igual o governo Juscelino!

A experiência de vida faz-se não pela quantidade de tempo que se vive, mas pela intensidade dos momentos vividos.

Amor... e Morte...

O amor
é como a morte
ato banal de todo dia...

Emoção forte
de tristeza ou de alegria,
ele sempre nos surpreende, e a ele nunca nos acostumamos
talvez...

O amor é como a morte:
quando amamos
é sempre a primeira vez.

Amo-te na alegria suprema e indivisível, de humilhar-me aos teus pés o tanto quanto possível.

Quando chegares...

Não sei se voltarás
sei que te espero.

Chegues quando chegares,
ainda estarei de pé, mesmo sem dia,
mesmo que seja noite, ainda estarei de pé.

A gente sempre fica acordado
nessa agonia,
à espera de um amor que acabou sendo fé...

Chegues quando chegares,
se houver tempo, colheremos ainda frutos, como ontem,
a sós;
se for tarde demais, nos deitaremos à sombra e
perguntaremos por nós...

Soneto à tua volta

Voltaste, meu amor... enfim voltaste!
Como fez frio aqui sem teu carinho....
A flor de outrora refloresce na haste
que pendia sem vida em meu caminho.

Obrigado... Eu vivia tão sozinho...
Que infinita alegria, e que contraste!
-Volta a antiga embriaguez porque voltaste
e é doce o amor, porque é mais velho o vinho!

Voltaste... E dou-te logo este poema
simples e humilde repetindo um tema
da alma humana esgotada e envelhecida...

Mil poetas outras voltas celebraram,
mas, que importa? – se tantas já voltaram
só tu voltaste para a minha vida...

(Do livro "Eterno Motivo" " - Prêmio Raul de Leoni, da Academia Carioca de Letras - 1943)

A BICICLETA

Me lembro, me lembro
foi depois do jantar, meu avô me chamou,
tinha um riso na cara, um riso de festa:

- Guilherme, vou tapar seus olhos,
venha cá.

Os tios, os primos, os irmãos, na grande mesa redonda
ficaram rindo baixinho, estou ouvindo, estou ouvindo:

- Abre os olhos, Guilherme!

Estava na sala de jantar, junto da porta do corredor,
como uma santa irradiando, num altar,
como uma coroa na cabeça de um rei,
a bicicleta novinha, com lanterna, campainha, lustroso selim de couro,
tudo.

Me lembrei hoje da minha bicicleta
quando chegou a minha geladeira.

Mas faltou qualquer coisa à minha alegria,
talvez a mesa redonda, os tios, os primos rindo baixinho,

– abre os olhos, Guilherme!

Oh! Faltou qualquer coisa à minha alegria!

Hoje eu quero paz, desejo amor e lhe entrego a fé que meu transborda em meu coração

Não é apenas só que estou me sentindo

É muito pior:
- Estou me sentindo sem você.

Mas quem disse que as folhas de Outono são folhas mortas? Elas dançam valsa bem lenta, quando o vento as embala ao redor das árvores.

Marilina Baccarat de Almeida Leão
LEÃO, M., Pelos Caminhos do Viver, Scortecci Editora, 2013

Manhã para se feliz

Esta é uma manhã para ser feliz
em um lugar, de algum modo,
é uma manhã para ser feliz...

Esta é uma manhã para dois, para dois juntos
abraçados e tontos, num remoinho
não como nós, eu aqui, diante do sol, das árvores,
de tudo envergonhado porque estou sozinho...

Esta é uma manhã que me fala de ti, nas nuvens,
na transparência do ar,
neste azul do céu, imaculado,
na beleza das coisas tocadas de sonho
e imaturidade...

Uma manhã de festa
para ser feliz de verdade!
Esta é uma manhã
para te Ter ao meu lado...

Quando Deus fez uma manhã como esta
estava com certeza apaixonado...

Capricho da memória:
de tantos momentos em que te vejo
e em que no meu pensamento
tua imagem se insinua,

havia de fixar-te, naquele íntimo instante
em que mais te desejo:
inteiramente nua!

Noturno n.º 1

Pela madrugada o rádio põe em surdina
um fundo musical de filme
em meu desespero.

E a serenidade da noite, impassível,
com sua felicidade de luar e estrelas
me faz mal,
parece afrontar meu desejo impossível
e ainda me torna mais triste, mais sentimental...

Você está em todas as formas do pensamento
E no pensamento que conforma todas as coisas...

Em vão tento fugir com a música, tento evadir-me com a noite,
em vão!

Você é a música, a noite, você é tudo!
É a própria forma e o conteúdo
Da minha solidão...

Noturno

Agora, à noite, fujo às vezes
e aporto em algum bar

Como antigamente.
Marinheiro do amor, de porto em porto,
a vida como um navio, de mar em mar...

Pensei que tinha lançado ancora,
que plantara raízes,
que não partiria mais.

E de repente, desarvoraste meu destino,
e te foste
- volto a ser o antigo marinheiro -
e sozinho, preciso embebedar-me,
agora num navio encalhado,
sem mar...

À sua passagem a noite é vermelha
E a vida que temos parece
Exausta, inútil, alheia.

Ninguém sabe onde vai nem donde vem,
Mas o eco dos seus passos
Enche o ar de caminhos e de espaços
E acorda as ruas mortas.

Então o mistério das coisas estremece
E o desconhecido cresce
Como uma flor vermelha.

obra poética I caminho 1999

O caos do ser humano, é que ninguém nunca entende o que ele tem dentro de si, ninguém sabe o que ele carrega, somos mestres e doutores em decepcionar em dizer palavras sem pensar, em argumentar sem coesão, em discutir sem pensar no outro, no que o outro pode passar, no que o outro pode sentir.

"Sócrates Por Acaso"

Estas coisas sem nenhum sentido,
Estes pensamentos que me confundem,
Estes desejos que me dominam
E me levam a estes atos inconseqüentes.

Parece um tanto lúdico,
Um tanto louco,
E é claro que por tudo isso: MUITO BOM!
Se não fosse eu não estaria assim.

Difícil de descrever,
Impossível de se demonstrar,
Mas o complicado mesmo
É saber no que vai dar.

Incerto? Talvez.
Concreto? Não sei.
É como Sócrates falou:
“Só sei que nada sei!”

Só através do equilíbrio e da moderação é que podemos nos tornar pessoas felizes ou "harmônicas".