O Sorriso Adelia Prado
Te preciso como nunca antes. Ando com saudades. Ando querendo que o mundo se foda. Que só reste nós dois, nós e o resto do resto. Nós e o resto do nosso resto.
Você me dói dentro de cada garrafa, em cada gole, em cada esquina, em cada rombo. Te sinto nos fios de cabelo, nos póros, nos dedos, na ressaca e na dor. Diga que vai me salvar, diga que vem antes que eu me jogue da torre.
Te procuro em todos os cantos, em todas as minhas meias furadas. Você me dói dentro de cada garrafa, em cada gole, em cada esquina, em cada rombo. Te sinto nos fios de cabelo, nos póros, nos dedos, na ressaca e na dor.
Normalmente não tenho resposta, fico em silêncio. Sinto muita vergonha vez ou outra de assumir pra quem escrevo.
A verdade é que ando me cansando dessa posição de viver – a – vida – olhando – da – janelinha – pra – escrever – depois. Parece já um compromisso de tristeza com a sociedade, é como se eu tivesse assinado um contrato invisível, irreversível.
Concluo então que para mim a escrita é uma forma de desapego, desprendimento. Deixa-me escrever em paz sobre ele, sobre meu passado. Um dia voltarei a pensar no futuro.
Tua voz é rouca-abafada. Tuas palavras são curtas e precisas. Acho divertida a forma que ri, só quando tem vontade, só quando acha digno. Tua gargalhada é diferente, curta e escarrada.
Não importa a quantidade nem a qualidade da companhia. Estou sempre presa, enjaulada em um mundo meu. Minha cabeça é o meu inferninho particular. Fico sempre presa em lembranças e saudades infinitas. Saudades de mim, do passado, da infância, da felicidade.
Automaticamente fechei os olhos, já úmidos, vermelhos e latentes. Colei as pálpebras por vergonha. Senti repulsa de mim e do que um dia fomos. Imaginei a cena do crime. Juntar todos meus escritos e jogá-los sem dó nem piedade na lixeira. Que deve ter te passado à cabeça? Não teve ressentimento? Dúvidas do tipo jogo-ou-não-jogo? Não te agradaram as palavras? Que houve? Iriam pesar na tua mala? Iria sentir remorso por ter me apagado de um jeito tão brutal da tua vida? Lembrariam-te constantemente a tua covardia?
Ando desmemoriada. Vejo-te agora como quem vê um fantasma. Sua figura é clarinha, quase transparente. Quase posse te sentir. Faço força – luto – reluto e não sinto nada. Tua imagem está apagadinha, pontilhada, desintonizada
Caso não queira pensar, reze por mim. Estou aceitando oração, magia branca, pensamento positivo, evocação de santo - não me importo. Lutar por nós é lutar contra o inexorável. Já sei amado, a vida continua. Conheço bem os conselhos clichês, me poupe dessas frases à la Ana Maria. Te cuida.
Me deseja coisas boas. Te vejo em um minuto nos meus sonhos. Sinto saudades. Ainda aguardo a calmaria de junho, pelo menos maio se foi.
Alimentei e cuidei do meu amor com tanto carinho, durante tanto tempo e não quero nunca deixar que ele vá embora.
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp